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29 Mar 2025, Sat

Colapso em campo: entenda os erros táticos do Brasil diante da Argentina




A seleção levou dois gols quase idênticos, não soube reagir e acabou levando um verdadeiro baile. Não dá pra culpar o emocional. Argentina 4 x 1 Brasil | Melhores momentos | 14ª rodada | Eliminatórias da Copa 2026
A goleada de 4 a 1 para a Argentina foi a pior atuação do Brasil desde o 7 a 1 e também a pior derrota da história da Seleção Brasileira nas Eliminatórias para a Copa do Mundo.
Dois recordes negativos que doem. Mas o que realmente preocupa é o festival de erros da equipe comandada por Dorival Júnior.
O time não teve um único minuto de bom futebol. Foi engolido pelo maior rival, que marcou dois gols nos primeiros quinze minutos e, depois disso, apenas colocou a bola no chão e administrou a partida diante de uma organização brasileira praticamente inexistente.
+ Lateral da Argentina afirma que Raphinha justificou polêmica: “Disse que traduziram mal”
+ Brasil sofre maior derrota de sua história em eliminatórias
+ Dorival diz que planejamento falhou contra Argentina e admite pressão, mas avisa: “Nunca desisto”
+ Bastidores: pressão sobre Dorival atinge maior nível, e CBF debate momento da troca; Ancelotti volta à pauta
Muito se pode dizer após uma derrota dessa proporção. Muitas análises. Mas é preciso se afastar, por mais sedutores que sejam, dos argumentos fáceis e populistas. O problema não é só o treinador. Desde a Copa do Mundo de 2022, já são três técnicos no comando da seleção, e nenhum deles deu certo.
Também não cola mais o discurso de que faltam jogadores que atuam no futebol nacional — um argumento que, na era Tite, serviu para reforçar a ideia do suposto afastamento entre o time e o povo. E quanto à ausência de protagonistas? Difícil sustentar essa tese quando se tem em campo dois dos melhores jogadores da atualidade: Raphinha e Vini Jr.
Vamos olhar para onde realmente importa: o campo.
Primeiro gol começa em erro de marcação no ataque e equívoco na defesa
Dorival Júnior tem razão quando disse, na coletiva, que tudo ficou mais difícil após o gol cedo da Argentina. Mas esse gol não foi acaso. Nasceu de uma série de erros táticos do Brasil na fase defensiva.
Montada num 4-4-2, a Seleção simplesmente não conseguiu marcar Rodrigo De Paul, que teve muita liberdade em campo. Matheus Cunha e Vinícius Júnior, que deveriam pressioná-lo e fechar os espaços quando o time se defendia em duas linhas de quatro, não foram eficientes.
A imagem revela também outro erro de marcação no ataque: de Raphinha. Ele deixa Tagliafico passar completamente livre. Era sua função acompanhar o lateral para que Arana pudesse manter o posicionamento alinhado à linha defensiva. Não fez — e o Brasil pagou caro.
De Paul começa a jogada e ninguém marca ele
Reprodução
Com Tagliafico livre, ele recebe e aciona Almada, que sustenta a jogada de costas. É aí que Murilo comete um erro crucial: abandona a linha defensiva para tentar desarmar o meia.
O problema não é abandonar a linha. É a ação. Se decide sair da linha, precisa parar o adversário, nem que seja com falta. Mas Murilo não faz nem uma coisa nem outra: não trava Almada e ainda deixa um buraco nas costas. A sequência de falhas continua. André e Joelinton, os dois volantes que deveriam proteger o espaço à frente da zaga, estão mal posicionados e permitem que Julián Álvarez e Enzo Fernández se movimentem livres às suas costas.
Argentina quebra marcação do Brasil no lance do gol
Reprodução
Livre, não dá outra: Julián Álvarez recebe a bola, passa sem dificuldade pela zaga e faz o primeiro.
Enquanto isso, Vinícius, Raphinha e Rodrygo assistem o jogo no ataque. O Brasil defende com apenas seis contra o atual campeão da Copa do Mundo.
Segundo gol nasce dos mesmos erros e falha gritante de Rodrygo
Alguns minutos depois, o Brasil parecia se organizar em campo e é levado a cometer os mesmos equívocos. Começa com a marcação ineficiente do quarteto ofensivo, o volante André decide subir pressão até o campo de ataque. Até aí, tudo bem. Mas quem vai cobrir o espaço? Quem irá dar proteção ao primeiro volante?
André é levado até o ataque: olha como o meio fica despovoado
Reprodução
Com Vini e Matheus Cunha sem oferecer cobertura defensiva e André voltando para seu posicionamento original, ninguém se responsabiliza por pressionar o camisa 10 “oculto” da Argentina: De Paul.
O lance, parece um replay da primeira imagem desse texto. Veja: mais uma vez, o camisa 5 aparece livre de marcação. Tagliafico avança solto pelas costas de Raphinha. Almada, novamente, se posiciona entre as linhas, exatamente nas costas dos volantes, que seguem perdidos na dúvida de pressionar à frente ou proteger a zaga.
De Paul, novamente sozinho para pensar o jogo
Reprodução
A dúvida, durante o jogo, é o que paralisa. É o que faz um jogador não fazer nem uma coisa, nem outra.
A jogada se desenrola com Almada. O Brasil recua para se defender, Almada toca para De Paul – de novo, livre! Onde estão Vinícius, Matheus Cunha e Raphinha? Ninguém pressiona, ninguém ocupa o espaço. A defesa já está exposta. O erro já aconteceu.
E é aí que a dúvida entra em cena mais uma vez. Joelinton vê a linha de defesa formada, mas abandona sua zona para tentar interceptar De Paul. Toma uma decisão que faz sentido, se todos também tivessem tomado uma decisão certa.
Rodrygo, craque do Real Madrid e protagonista em noite histórica contra o City, comete falha quase amadora. Ao ver Joelinton marcar aquele espaço, ele simplesmente é paralisado pela dúvida e ignora o lateral Molina, que passa livre, com tempo, espaço e tranquilidade para dominar e cruzar para o segundo gol da Argentina.
Rodrygo: dúvida se vai na bola ou se protege o corredor mata a jogada
Reprodução
Muitos nomes foram citados como responsáveis pelos erros em campo. Mas é fundamental lembrar: o jogo vai muito além das falhas individuais. Não se trata de tirar um e colocar outro. É um efeito dominó. Um erro leva ao outro, o que leva a um completo desarranjo.
A lógica da culpa individual é a face mais conservadora do pensamento futebolístico brasileiro. E não vai desaparecer tão cedo. Na hierarquia que a sociedade nos coloca, a maior responsabilidade é de Dorival Júnior. Seu trabalho chegou ao ponto mais baixo até aqui.
Seleção de Dorival tenta se recuperar nas Eliminatórias
Mateus Bonomi/AGIF
Olhando para fora do campo, o problema vai além de trocar o treinador
Vamos inverter o exercício e olhar para fora do campo.
Desde a Copa de 2022, o Brasil teve três treinadores e nenhum conseguiu dar rumo ao time. Dorival melhorou a posição na tabela, algo que Fernando Diniz sequer conseguiu. Antes deles, um verdadeiro deserto sob o comando de Ramon e uma promessa vergonhosa de Carlo Ancelotti na Copa do Mundo.
Muito se fala sobre a ausência de um processo. Realmente, esse é um grande problema. Mas lembra quando o processo existiu e era forte com Tite? O argumento era que as Eliminatórias não valiam nada, que o time era europeu demais, que faltava “brasilidade”, identidade e conexão com o povo.
Mansur relaciona derrota do Brasil contra a Argentina à gestão atual da CBF
Toda vez que a Seleção vai mal, alguns vícios recorrentes de diagnóstico tomam conta do imaginátio popular. Desconstruí-los exige um olhar mais amplo e histórico.
Ao contrário do que muitos pregam, o Brasil nunca venceu uma Copa do Mundo como produto de um planejamento metódico. Sempre foi fruto de soluções urgentes. Como Zagallo, que assumiu meses antes do tri. Ou Felipão, que, a onze meses do penta, tomava 2 a 0 de Honduras. Basta procurar sobre como Scaloni chegou na Argentina e o processo da AFA chega até a ser mais tortuoso e amador do que o atual da CBF.
Denílson e Mansur falam sobre a falta de coletividade da seleção na partida
Enquanto isso, Dorival vira o bode expiatório. Mas vale lembrar que Ednaldo Rodrigues, o presidente da CBF e responsável pela atual bagunça, foi reeleito um dia antes da goleada, com apoio unânime de clubes e federações. O problema vai além de Dorival.
Agora, voltemos para o campo. Aí, sim, os problemas passam muito por Dorival.
O que se viu ontem foi um festival de falhas amadoras que uma seleção do tamanho do Brasil simplesmente não pode repetir.
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Dois recordes negativos que doem. Mas o que realmente preocupa é o festival de erros da equipe comandada por Dorival Júnior.
O time não teve um único minuto de bom futebol. Foi engolido pelo maior rival, que marcou dois gols nos primeiros quinze minutos e, depois disso, apenas colocou a bola no chão e administrou a partida diante de uma organização brasileira praticamente inexistente.
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+ Dorival diz que planejamento falhou contra Argentina e admite pressão, mas avisa: “Nunca desisto”
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Muito se pode dizer após uma derrota dessa proporção. Muitas análises. Mas é preciso se afastar, por mais sedutores que sejam, dos argumentos fáceis e populistas. O problema não é só o treinador. Desde a Copa do Mundo de 2022, já são três técnicos no comando da seleção, e nenhum deles deu certo.
Também não cola mais o discurso de que faltam jogadores que atuam no futebol nacional — um argumento que, na era Tite, serviu para reforçar a ideia do suposto afastamento entre o time e o povo. E quanto à ausência de protagonistas? Difícil sustentar essa tese quando se tem em campo dois dos melhores jogadores da atualidade: Raphinha e Vini Jr.
Vamos olhar para onde realmente importa: o campo.
Primeiro gol começa em erro de marcação no ataque e equívoco na defesa
Dorival Júnior tem razão quando disse, na coletiva, que tudo ficou mais difícil após o gol cedo da Argentina. Mas esse gol não foi acaso. Nasceu de uma série de erros táticos do Brasil na fase defensiva.
Montada num 4-4-2, a Seleção simplesmente não conseguiu marcar Rodrigo De Paul, que teve muita liberdade em campo. Matheus Cunha e Vinícius Júnior, que deveriam pressioná-lo e fechar os espaços quando o time se defendia em duas linhas de quatro, não foram eficientes.
A imagem revela também outro erro de marcação no ataque: de Raphinha. Ele deixa Tagliafico passar completamente livre. Era sua função acompanhar o lateral para que Arana pudesse manter o posicionamento alinhado à linha defensiva. Não fez — e o Brasil pagou caro.
De Paul começa a jogada e ninguém marca ele
Reprodução
Com Tagliafico livre, ele recebe e aciona Almada, que sustenta a jogada de costas. É aí que Murilo comete um erro crucial: abandona a linha defensiva para tentar desarmar o meia.
O problema não é abandonar a linha. É a ação. Se decide sair da linha, precisa parar o adversário, nem que seja com falta. Mas Murilo não faz nem uma coisa nem outra: não trava Almada e ainda deixa um buraco nas costas. A sequência de falhas continua. André e Joelinton, os dois volantes que deveriam proteger o espaço à frente da zaga, estão mal posicionados e permitem que Julián Álvarez e Enzo Fernández se movimentem livres às suas costas.
Argentina quebra marcação do Brasil no lance do gol
Reprodução
Livre, não dá outra: Julián Álvarez recebe a bola, passa sem dificuldade pela zaga e faz o primeiro.
Enquanto isso, Vinícius, Raphinha e Rodrygo assistem o jogo no ataque. O Brasil defende com apenas seis contra o atual campeão da Copa do Mundo.
Segundo gol nasce dos mesmos erros e falha gritante de Rodrygo
Alguns minutos depois, o Brasil parecia se organizar em campo e é levado a cometer os mesmos equívocos. Começa com a marcação ineficiente do quarteto ofensivo, o volante André decide subir pressão até o campo de ataque. Até aí, tudo bem. Mas quem vai cobrir o espaço? Quem irá dar proteção ao primeiro volante?
André é levado até o ataque: olha como o meio fica despovoado
Reprodução
Com Vini e Matheus Cunha sem oferecer cobertura defensiva e André voltando para seu posicionamento original, ninguém se responsabiliza por pressionar o camisa 10 “oculto” da Argentina: De Paul.
O lance, parece um replay da primeira imagem desse texto. Veja: mais uma vez, o camisa 5 aparece livre de marcação. Tagliafico avança solto pelas costas de Raphinha. Almada, novamente, se posiciona entre as linhas, exatamente nas costas dos volantes, que seguem perdidos na dúvida de pressionar à frente ou proteger a zaga.
De Paul, novamente sozinho para pensar o jogo
Reprodução
A dúvida, durante o jogo, é o que paralisa. É o que faz um jogador não fazer nem uma coisa, nem outra.
A jogada se desenrola com Almada. O Brasil recua para se defender, Almada toca para De Paul – de novo, livre! Onde estão Vinícius, Matheus Cunha e Raphinha? Ninguém pressiona, ninguém ocupa o espaço. A defesa já está exposta. O erro já aconteceu.
E é aí que a dúvida entra em cena mais uma vez. Joelinton vê a linha de defesa formada, mas abandona sua zona para tentar interceptar De Paul. Toma uma decisão que faz sentido, se todos também tivessem tomado uma decisão certa.
Rodrygo, craque do Real Madrid e protagonista em noite histórica contra o City, comete falha quase amadora. Ao ver Joelinton marcar aquele espaço, ele simplesmente é paralisado pela dúvida e ignora o lateral Molina, que passa livre, com tempo, espaço e tranquilidade para dominar e cruzar para o segundo gol da Argentina.
Rodrygo: dúvida se vai na bola ou se protege o corredor mata a jogada
Reprodução
Muitos nomes foram citados como responsáveis pelos erros em campo. Mas é fundamental lembrar: o jogo vai muito além das falhas individuais. Não se trata de tirar um e colocar outro. É um efeito dominó. Um erro leva ao outro, o que leva a um completo desarranjo.
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Seleção de Dorival tenta se recuperar nas Eliminatórias
Mateus Bonomi/AGIF
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Muito se fala sobre a ausência de um processo. Realmente, esse é um grande problema. Mas lembra quando o processo existiu e era forte com Tite? O argumento era que as Eliminatórias não valiam nada, que o time era europeu demais, que faltava “brasilidade”, identidade e conexão com o povo.
Mansur relaciona derrota do Brasil contra a Argentina à gestão atual da CBF
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Ao contrário do que muitos pregam, o Brasil nunca venceu uma Copa do Mundo como produto de um planejamento metódico. Sempre foi fruto de soluções urgentes. Como Zagallo, que assumiu meses antes do tri. Ou Felipão, que, a onze meses do penta, tomava 2 a 0 de Honduras. Basta procurar sobre como Scaloni chegou na Argentina e o processo da AFA chega até a ser mais tortuoso e amador do que o atual da CBF.
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