A partir de agora, trabalhadores com carteira assinada têm uma nova opção para aliviar o orçamento ou realizar projetos pessoais: o Crédito do Trabalhador. Lançado pelo governo federal, o programa permite contratar empréstimos consignados com juros mais acessíveis, utilizando o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) como garantia. Disponível desde 21 de março, a iniciativa já registra milhões de simulações e promete facilitar o acesso ao crédito para cerca de 47 milhões de empregados no setor privado, incluindo rurais, domésticos e contratados por microempreendedores individuais (MEI). Tudo isso pode ser feito diretamente pelo aplicativo da Carteira de Trabalho Digital, sem a necessidade de ir a bancos, pelo menos neste primeiro momento.
O programa surge como uma resposta à dificuldade histórica de trabalhadores celetistas acessarem crédito consignado. Antes, a modalidade dependia de convênios entre empresas e instituições financeiras, o que limitava sua expansão. Agora, com a integração de sistemas como o eSocial e o FGTS Digital, o processo foi simplificado, e as parcelas são descontadas automaticamente na folha de pagamento, com limite de 35% do salário bruto. Além disso, a possibilidade de usar até 10% do saldo do FGTS e 100% da multa rescisória em caso de demissão reduz o risco para os bancos, o que deve refletir em taxas mais baixas.
Funcionários de empresas privadas, que muitas vezes recorriam a linhas de crédito caras como o cheque especial ou o rotativo do cartão, agora têm uma alternativa mais vantajosa. A expectativa é que o programa movimente bilhões de reais nos próximos meses, ajudando a substituir dívidas caras e injetar recursos na economia. O governo estima que, em até quatro anos, cerca de 19 milhões de trabalhadores possam aderir, alcançando um volume de R$ 120 bilhões em empréstimos contratados.
O que é o Crédito do Trabalhador e quem pode usá-lo
Criado por uma Medida Provisória assinada em 12 de março pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Crédito do Trabalhador reformula o mercado de consignados para o setor privado. Diferentemente do modelo anterior, que exigia acordos específicos entre empregadores e bancos, o programa usa a tecnologia para conectar trabalhadores e instituições financeiras. A adesão é feita exclusivamente pelo aplicativo da Carteira de Trabalho Digital, onde o empregado autoriza o compartilhamento de dados como nome, CPF, margem consignável e tempo de empresa.
Podem participar todos os trabalhadores com carteira assinada, incluindo empregados domésticos, rurais e aqueles contratados por MEIs, que antes ficavam fora dessa modalidade. Isso amplia o alcance para um público que, até então, tinha opções limitadas de crédito com juros baixos. A estimativa é que 47 milhões de pessoas estejam elegíveis, o que inclui 2,2 milhões de domésticos e 4 milhões de rurais, segundo dados do Ministério do Trabalho.
O programa não substitui o saque-aniversário do FGTS, que segue em vigor como uma opção independente. Assim, quem já aderiu a essa modalidade ou até antecipou valores pode contratar o consignado sem restrições, desde que tenha margem disponível no salário.
Passo a passo para contratar o empréstimo
Solicitar o Crédito do Trabalhador é um processo simples, mas exige atenção aos detalhes. Tudo começa no aplicativo da Carteira de Trabalho Digital, disponível para download gratuito em smartphones. Após o login, o trabalhador encontra a aba específica do programa e autoriza o acesso aos dados necessários. Em até 24 horas, as instituições financeiras enviam propostas, que podem ser comparadas antes da escolha final.
- Baixe o aplicativo: Acesse a loja de aplicativos do celular e instale a Carteira de Trabalho Digital.
- Autorize os dados: Na aba “Crédito do Trabalhador”, permita o compartilhamento de informações como CPF e margem consignável.
- Escolha a proposta: Analise as ofertas recebidas, focando no Custo Efetivo Total (CET), que inclui juros e encargos, para encontrar a melhor opção.
- Finalize a contratação: Após selecionar a proposta, o contrato é assinado digitalmente no canal do banco escolhido.
Inicialmente, o processo é exclusivo pelo aplicativo. A partir de 25 de abril, os trabalhadores também poderão iniciar contratações diretamente pelos canais eletrônicos dos bancos, como sites e aplicativos próprios.
Como o FGTS entra na equação
Um dos diferenciais do Crédito do Trabalhador é o uso do FGTS como garantia, o que reduz o risco para as instituições financeiras e, consequentemente, os juros cobrados. O trabalhador pode oferecer até 10% do saldo disponível no fundo e, em caso de demissão sem justa causa, 100% da multa rescisória, equivalente a 40% do total do FGTS. Esses valores são bloqueados enquanto o empréstimo estiver ativo e podem ser usados pelo banco para quitar a dívida, caso necessário.
Em situações de desligamento, o desconto é feito diretamente das verbas rescisórias, respeitando os limites legais. Se o valor garantido não cobrir o saldo devedor, a dívida pode ser transferida para o próximo emprego, desde que o trabalhador continue no regime CLT. Isso garante flexibilidade, mas exige planejamento para evitar comprometer o fundo a longo prazo.
A integração com o FGTS Digital também facilita o recolhimento das parcelas. Os empregadores acessam o Portal Emprega Brasil mensalmente para baixar o “Arquivo de Empréstimos”, que detalha os valores a serem descontados na folha. O pagamento é feito por meio da guia do FGTS Digital, com data de vencimento escolhida pelo empregador, dentro das opções do sistema.
Benefícios esperados e impacto econômico
A promessa do Crédito do Trabalhador é oferecer taxas de juros bem abaixo das praticadas em outras linhas de crédito para o setor privado. Enquanto o consignado tradicional para celetistas chegava a 2,89% ao mês em dezembro passado, o governo prevê uma queda de até 40%, aproximando-se das taxas de servidores públicos (1,8%) e aposentados do INSS (1,66%). Isso é possível graças à segurança proporcionada pelo desconto em folha e pela garantia do FGTS.
Para os trabalhadores, o benefício imediato é a chance de trocar dívidas caras por uma opção mais barata. O Ministério do Trabalho estima que, nos primeiros três meses, os empréstimos superem R$ 100 bilhões, com foco na migração de linhas como o Crédito Direto ao Consumidor (CDC), que soma R$ 320 bilhões em débitos no país. Até o momento, o consignado privado representava apenas R$ 40,4 bilhões, um volume que deve triplicar com o programa, segundo a Federação Brasileira de Bancos (Febraban).
O impacto vai além do bolso dos trabalhadores. Com mais crédito acessível, a economia pode ganhar fôlego, especialmente em um momento de recuperação do poder de compra. Nos primeiros dias de operação, já foram registradas mais de 40 milhões de simulações e milhares de contratos fechados, sinalizando uma adesão inicial expressiva.
Cronograma do programa em detalhes
O Crédito do Trabalhador tem um calendário claro para suas etapas de implementação, garantindo que trabalhadores e bancos se adaptem ao novo sistema. Confira as datas principais:
- 21 de março: Início das contratações exclusivamente pelo aplicativo da Carteira de Trabalho Digital.
- 25 de abril: Liberação para contratações diretas nos canais eletrônicos dos bancos.
- 6 de junho: Início da portabilidade entre instituições financeiras, permitindo buscar melhores taxas.
- Junho: Previsão de regulamentação completa do uso do FGTS como garantia, ajustando detalhes operacionais.
Esse cronograma reflete o esforço do governo em equilibrar agilidade e segurança, dando tempo para ajustes técnicos e operacionais.
Cuidados ao contratar o consignado
Embora o programa traga vantagens, a contratação exige cautela. O limite de 35% do salário bruto inclui benefícios como abonos e comissões, o que pode reduzir a renda líquida mensal. Além disso, o uso do FGTS como garantia significa que parte do fundo ficará bloqueada, impactando saques futuros em caso de demissão ou compra de imóvel.
Especialistas recomendam comparar as propostas com atenção ao CET, que engloba todos os custos do empréstimo, e evitar decisões impulsivas. O trabalhador também tem o direito de desistir da operação em até sete dias após o recebimento do valor, desde que restitua o total recebido.

O papel dos empregadores no processo
Os empregadores têm uma função essencial no funcionamento do Crédito do Trabalhador. Eles são responsáveis por descontar as parcelas na folha de pagamento e repassá-las via FGTS Digital. Entre os dias 21 e 25 de cada mês, recebem uma notificação pelo Domicílio Eletrônico Trabalhista (DET) informando os valores a serem retidos, detalhados no Portal Emprega Brasil.
Mesmo empresas com débitos parcelados de FGTS podem participar, desde que mantenham os recolhimentos regulares em dia. Isso assegura que o programa alcance o maior número possível de trabalhadores, independentemente da situação financeira do empregVencimento da guia do FGTS Digital também permite flexibilidade, pois o empregador pode escolher a data de vencimento entre as opções disponíveis no sistema, embora haja limitações para datas futuras devido à ausência de índices de atualização monetária.
Números que impressionam
Os primeiros dias do programa já mostram seu potencial. Até 23 de março, foram realizadas 40,18 milhões de simulações, com 4,5 milhões de propostas apresentadas e 11.032 contratos fechados. Esses números indicam uma demanda reprimida por crédito acessível entre os celetistas, que agora encontram uma alternativa viável para organizar as finanças.
A Febraban projeta que, em quatro anos, o volume de consignados privados pode saltar dos atuais R$ 40,4 bilhões para R$ 120 bilhões, beneficiando cerca de 19 milhões de trabalhadores. O governo, por sua vez, espera que os desembolsos alcancem R$ 100 bilhões nos primeiros três meses, um impulso significativo para a economia.
Flexibilidade e portabilidade
Quem já possui um consignado ativo pode migrar para o novo modelo a partir de 25 de abril, dentro do mesmo banco. Para mudar de instituição financeira, a portabilidade estará disponível a partir de 6 de junho. Isso dá ao trabalhador a chance de buscar taxas mais competitivas, aumentando a concorrência entre os bancos.
A migração de dívidas como o CDC também é uma opção. O trabalhador deve procurar uma instituição financeira habilitada para negociar a transferência, aproveitando as condições mais favoráveis do Crédito do Trabalhador.
Tecnologia a serviço do trabalhador
A base tecnológica do programa é outro destaque. A integração entre a Carteira de Trabalho Digital, o eSocial e o FGTS Digital elimina a burocracia dos convênios tradicionais. Mais de 80 instituições financeiras têm acesso aos dados dos trabalhadores, respeitando a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), o que agiliza as ofertas e a contratação.
O sistema foi desenvolvido com apoio da Dataprev e da Caixa Econômica Federal, garantindo segurança e eficiência. Após a contratação, o acompanhamento das parcelas é feito mês a mês, com transparência para o trabalhador e o empregador.
Um novo cenário para o crédito privado
O Crédito do Trabalhador marca uma mudança significativa no acesso ao crédito para o setor privado. Antes restrito a quem tinha convênios com bancos, o consignado agora se torna universal para os celetistas, com potencial para triplicar o volume de operações. Em 2024, o estoque de crédito consignado privado era de R$ 39,7 bilhões, enquanto o do INSS alcançava R$ 270,8 bilhões e o do funcionalismo público, R$ 365,4 bilhões.
Com taxas mais baixas e processos simplificados, o programa abre portas para milhões de trabalhadores que antes dependiam de opções caras ou inacessíveis. A combinação de desconto em folha e garantia do FGTS cria um modelo mais seguro para os bancos e mais vantajoso para os empregados.
Dicas para aproveitar o programa
Para tirar o melhor proveito do Crédito do Trabalhador, algumas estratégias são úteis:
- Planeje o uso: Use o empréstimo para quitar dívidas caras ou investir em algo essencial, evitando gastos impulsivos.
- Compare ofertas: Priorize o CET, não apenas a taxa de juros, para entender o custo real.
- Considere o futuro: Avalie o impacto no FGTS e na renda mensal antes de contratar.
- Acompanhe os prazos: Fique atento às datas de migração e portabilidade para ajustar o contrato, se necessário.
Essas práticas ajudam a garantir que o crédito seja uma solução, não um novo problema.
O que vem pela frente
O programa ainda está em fase de maturação. A regulamentação completa do uso do FGTS como garantia deve sair até junho, definindo os detalhes operacionais. Enquanto isso, os bancos ajustam seus sistemas para atender à demanda, que deve crescer à medida que os trabalhadores se familiarizam com a novidade.
Com 47 milhões de potenciais beneficiários, o Crédito do Trabalhador tem tudo para transformar o mercado de crédito privado no Brasil, oferecendo uma alternativa concreta para quem busca alívio financeiro ou um empurrão para realizar planos adiados.

A partir de agora, trabalhadores com carteira assinada têm uma nova opção para aliviar o orçamento ou realizar projetos pessoais: o Crédito do Trabalhador. Lançado pelo governo federal, o programa permite contratar empréstimos consignados com juros mais acessíveis, utilizando o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) como garantia. Disponível desde 21 de março, a iniciativa já registra milhões de simulações e promete facilitar o acesso ao crédito para cerca de 47 milhões de empregados no setor privado, incluindo rurais, domésticos e contratados por microempreendedores individuais (MEI). Tudo isso pode ser feito diretamente pelo aplicativo da Carteira de Trabalho Digital, sem a necessidade de ir a bancos, pelo menos neste primeiro momento.
O programa surge como uma resposta à dificuldade histórica de trabalhadores celetistas acessarem crédito consignado. Antes, a modalidade dependia de convênios entre empresas e instituições financeiras, o que limitava sua expansão. Agora, com a integração de sistemas como o eSocial e o FGTS Digital, o processo foi simplificado, e as parcelas são descontadas automaticamente na folha de pagamento, com limite de 35% do salário bruto. Além disso, a possibilidade de usar até 10% do saldo do FGTS e 100% da multa rescisória em caso de demissão reduz o risco para os bancos, o que deve refletir em taxas mais baixas.
Funcionários de empresas privadas, que muitas vezes recorriam a linhas de crédito caras como o cheque especial ou o rotativo do cartão, agora têm uma alternativa mais vantajosa. A expectativa é que o programa movimente bilhões de reais nos próximos meses, ajudando a substituir dívidas caras e injetar recursos na economia. O governo estima que, em até quatro anos, cerca de 19 milhões de trabalhadores possam aderir, alcançando um volume de R$ 120 bilhões em empréstimos contratados.
O que é o Crédito do Trabalhador e quem pode usá-lo
Criado por uma Medida Provisória assinada em 12 de março pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Crédito do Trabalhador reformula o mercado de consignados para o setor privado. Diferentemente do modelo anterior, que exigia acordos específicos entre empregadores e bancos, o programa usa a tecnologia para conectar trabalhadores e instituições financeiras. A adesão é feita exclusivamente pelo aplicativo da Carteira de Trabalho Digital, onde o empregado autoriza o compartilhamento de dados como nome, CPF, margem consignável e tempo de empresa.
Podem participar todos os trabalhadores com carteira assinada, incluindo empregados domésticos, rurais e aqueles contratados por MEIs, que antes ficavam fora dessa modalidade. Isso amplia o alcance para um público que, até então, tinha opções limitadas de crédito com juros baixos. A estimativa é que 47 milhões de pessoas estejam elegíveis, o que inclui 2,2 milhões de domésticos e 4 milhões de rurais, segundo dados do Ministério do Trabalho.
O programa não substitui o saque-aniversário do FGTS, que segue em vigor como uma opção independente. Assim, quem já aderiu a essa modalidade ou até antecipou valores pode contratar o consignado sem restrições, desde que tenha margem disponível no salário.
Passo a passo para contratar o empréstimo
Solicitar o Crédito do Trabalhador é um processo simples, mas exige atenção aos detalhes. Tudo começa no aplicativo da Carteira de Trabalho Digital, disponível para download gratuito em smartphones. Após o login, o trabalhador encontra a aba específica do programa e autoriza o acesso aos dados necessários. Em até 24 horas, as instituições financeiras enviam propostas, que podem ser comparadas antes da escolha final.
- Baixe o aplicativo: Acesse a loja de aplicativos do celular e instale a Carteira de Trabalho Digital.
- Autorize os dados: Na aba “Crédito do Trabalhador”, permita o compartilhamento de informações como CPF e margem consignável.
- Escolha a proposta: Analise as ofertas recebidas, focando no Custo Efetivo Total (CET), que inclui juros e encargos, para encontrar a melhor opção.
- Finalize a contratação: Após selecionar a proposta, o contrato é assinado digitalmente no canal do banco escolhido.
Inicialmente, o processo é exclusivo pelo aplicativo. A partir de 25 de abril, os trabalhadores também poderão iniciar contratações diretamente pelos canais eletrônicos dos bancos, como sites e aplicativos próprios.
Como o FGTS entra na equação
Um dos diferenciais do Crédito do Trabalhador é o uso do FGTS como garantia, o que reduz o risco para as instituições financeiras e, consequentemente, os juros cobrados. O trabalhador pode oferecer até 10% do saldo disponível no fundo e, em caso de demissão sem justa causa, 100% da multa rescisória, equivalente a 40% do total do FGTS. Esses valores são bloqueados enquanto o empréstimo estiver ativo e podem ser usados pelo banco para quitar a dívida, caso necessário.
Em situações de desligamento, o desconto é feito diretamente das verbas rescisórias, respeitando os limites legais. Se o valor garantido não cobrir o saldo devedor, a dívida pode ser transferida para o próximo emprego, desde que o trabalhador continue no regime CLT. Isso garante flexibilidade, mas exige planejamento para evitar comprometer o fundo a longo prazo.
A integração com o FGTS Digital também facilita o recolhimento das parcelas. Os empregadores acessam o Portal Emprega Brasil mensalmente para baixar o “Arquivo de Empréstimos”, que detalha os valores a serem descontados na folha. O pagamento é feito por meio da guia do FGTS Digital, com data de vencimento escolhida pelo empregador, dentro das opções do sistema.
Benefícios esperados e impacto econômico
A promessa do Crédito do Trabalhador é oferecer taxas de juros bem abaixo das praticadas em outras linhas de crédito para o setor privado. Enquanto o consignado tradicional para celetistas chegava a 2,89% ao mês em dezembro passado, o governo prevê uma queda de até 40%, aproximando-se das taxas de servidores públicos (1,8%) e aposentados do INSS (1,66%). Isso é possível graças à segurança proporcionada pelo desconto em folha e pela garantia do FGTS.
Para os trabalhadores, o benefício imediato é a chance de trocar dívidas caras por uma opção mais barata. O Ministério do Trabalho estima que, nos primeiros três meses, os empréstimos superem R$ 100 bilhões, com foco na migração de linhas como o Crédito Direto ao Consumidor (CDC), que soma R$ 320 bilhões em débitos no país. Até o momento, o consignado privado representava apenas R$ 40,4 bilhões, um volume que deve triplicar com o programa, segundo a Federação Brasileira de Bancos (Febraban).
O impacto vai além do bolso dos trabalhadores. Com mais crédito acessível, a economia pode ganhar fôlego, especialmente em um momento de recuperação do poder de compra. Nos primeiros dias de operação, já foram registradas mais de 40 milhões de simulações e milhares de contratos fechados, sinalizando uma adesão inicial expressiva.
Cronograma do programa em detalhes
O Crédito do Trabalhador tem um calendário claro para suas etapas de implementação, garantindo que trabalhadores e bancos se adaptem ao novo sistema. Confira as datas principais:
- 21 de março: Início das contratações exclusivamente pelo aplicativo da Carteira de Trabalho Digital.
- 25 de abril: Liberação para contratações diretas nos canais eletrônicos dos bancos.
- 6 de junho: Início da portabilidade entre instituições financeiras, permitindo buscar melhores taxas.
- Junho: Previsão de regulamentação completa do uso do FGTS como garantia, ajustando detalhes operacionais.
Esse cronograma reflete o esforço do governo em equilibrar agilidade e segurança, dando tempo para ajustes técnicos e operacionais.
Cuidados ao contratar o consignado
Embora o programa traga vantagens, a contratação exige cautela. O limite de 35% do salário bruto inclui benefícios como abonos e comissões, o que pode reduzir a renda líquida mensal. Além disso, o uso do FGTS como garantia significa que parte do fundo ficará bloqueada, impactando saques futuros em caso de demissão ou compra de imóvel.
Especialistas recomendam comparar as propostas com atenção ao CET, que engloba todos os custos do empréstimo, e evitar decisões impulsivas. O trabalhador também tem o direito de desistir da operação em até sete dias após o recebimento do valor, desde que restitua o total recebido.

O papel dos empregadores no processo
Os empregadores têm uma função essencial no funcionamento do Crédito do Trabalhador. Eles são responsáveis por descontar as parcelas na folha de pagamento e repassá-las via FGTS Digital. Entre os dias 21 e 25 de cada mês, recebem uma notificação pelo Domicílio Eletrônico Trabalhista (DET) informando os valores a serem retidos, detalhados no Portal Emprega Brasil.
Mesmo empresas com débitos parcelados de FGTS podem participar, desde que mantenham os recolhimentos regulares em dia. Isso assegura que o programa alcance o maior número possível de trabalhadores, independentemente da situação financeira do empregVencimento da guia do FGTS Digital também permite flexibilidade, pois o empregador pode escolher a data de vencimento entre as opções disponíveis no sistema, embora haja limitações para datas futuras devido à ausência de índices de atualização monetária.
Números que impressionam
Os primeiros dias do programa já mostram seu potencial. Até 23 de março, foram realizadas 40,18 milhões de simulações, com 4,5 milhões de propostas apresentadas e 11.032 contratos fechados. Esses números indicam uma demanda reprimida por crédito acessível entre os celetistas, que agora encontram uma alternativa viável para organizar as finanças.
A Febraban projeta que, em quatro anos, o volume de consignados privados pode saltar dos atuais R$ 40,4 bilhões para R$ 120 bilhões, beneficiando cerca de 19 milhões de trabalhadores. O governo, por sua vez, espera que os desembolsos alcancem R$ 100 bilhões nos primeiros três meses, um impulso significativo para a economia.
Flexibilidade e portabilidade
Quem já possui um consignado ativo pode migrar para o novo modelo a partir de 25 de abril, dentro do mesmo banco. Para mudar de instituição financeira, a portabilidade estará disponível a partir de 6 de junho. Isso dá ao trabalhador a chance de buscar taxas mais competitivas, aumentando a concorrência entre os bancos.
A migração de dívidas como o CDC também é uma opção. O trabalhador deve procurar uma instituição financeira habilitada para negociar a transferência, aproveitando as condições mais favoráveis do Crédito do Trabalhador.
Tecnologia a serviço do trabalhador
A base tecnológica do programa é outro destaque. A integração entre a Carteira de Trabalho Digital, o eSocial e o FGTS Digital elimina a burocracia dos convênios tradicionais. Mais de 80 instituições financeiras têm acesso aos dados dos trabalhadores, respeitando a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), o que agiliza as ofertas e a contratação.
O sistema foi desenvolvido com apoio da Dataprev e da Caixa Econômica Federal, garantindo segurança e eficiência. Após a contratação, o acompanhamento das parcelas é feito mês a mês, com transparência para o trabalhador e o empregador.
Um novo cenário para o crédito privado
O Crédito do Trabalhador marca uma mudança significativa no acesso ao crédito para o setor privado. Antes restrito a quem tinha convênios com bancos, o consignado agora se torna universal para os celetistas, com potencial para triplicar o volume de operações. Em 2024, o estoque de crédito consignado privado era de R$ 39,7 bilhões, enquanto o do INSS alcançava R$ 270,8 bilhões e o do funcionalismo público, R$ 365,4 bilhões.
Com taxas mais baixas e processos simplificados, o programa abre portas para milhões de trabalhadores que antes dependiam de opções caras ou inacessíveis. A combinação de desconto em folha e garantia do FGTS cria um modelo mais seguro para os bancos e mais vantajoso para os empregados.
Dicas para aproveitar o programa
Para tirar o melhor proveito do Crédito do Trabalhador, algumas estratégias são úteis:
- Planeje o uso: Use o empréstimo para quitar dívidas caras ou investir em algo essencial, evitando gastos impulsivos.
- Compare ofertas: Priorize o CET, não apenas a taxa de juros, para entender o custo real.
- Considere o futuro: Avalie o impacto no FGTS e na renda mensal antes de contratar.
- Acompanhe os prazos: Fique atento às datas de migração e portabilidade para ajustar o contrato, se necessário.
Essas práticas ajudam a garantir que o crédito seja uma solução, não um novo problema.
O que vem pela frente
O programa ainda está em fase de maturação. A regulamentação completa do uso do FGTS como garantia deve sair até junho, definindo os detalhes operacionais. Enquanto isso, os bancos ajustam seus sistemas para atender à demanda, que deve crescer à medida que os trabalhadores se familiarizam com a novidade.
Com 47 milhões de potenciais beneficiários, o Crédito do Trabalhador tem tudo para transformar o mercado de crédito privado no Brasil, oferecendo uma alternativa concreta para quem busca alívio financeiro ou um empurrão para realizar planos adiados.
