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31 Mar 2025, Mon


Agência Brasil – Arquivo

A roleta-russa no cassino do Titanic. Ninguém comprará a rifa para levar o bolsonarismo

por Fábio Zuccolotto

Sim: na apreciação da farta denúncia do golpe pelo STF nessa histórica terça-feira, 25/03/2025, o advogado do ex-presidente genocida reclamou do excesso de documentos na denúncia. Document dumping, como eles dizem lá. Tática utilizada pela república de Curitiba, na Lava Jato e aprendida “lá”. De pronto, em sua fala, o ministro Flávio Dino citou magistrados que se atentam mais ao universo jurídico dos EU do que ao brasileiro.

Apareceu, ainda, entre os defensores do indefensável, o termo fishing expedition. Prática de lançar investigações sem saber o que se procura, dando margem ao direcionamento das ações investigatórias da PF e do MPF. Mais um expediente aprendido e exemplificado pelos ex-salvadores do Brasil, Dallagnol, Moro, etc.

O estadunismo que atropela a cultura há décadas, atropela o universo jurídico brasileiro porque, de início, sempre foi uma tentativa de atropelo geopolítico. A isso chamam “soft power”. Cada vez menos “soft”, diga-se.

A sanha do bolsonarismo (outrora indignados do “padrão Fifa” de 2013, do morismo, do MBL, etc.) sempre foi a de tentar replicar a sinergia popular do período da redemocratização brasileira e aplicá-la no vetor das massas, mas no sentido contrário ao propósito original. Uma réplica negativa, em especial, do petismo – fruto histórico da composição entre bases sindicais, acadêmicos, anistiados (numa anistia possível, que não puniu os criminosos da ditadura) e setores progressistas da Igreja católica – em sua estética e linguagem.

Essa apropriação retórica e “antissistema” libertou o inconsciente reprimido de milhões, forjando uma esperança que nunca foi a de uma abertura a frente, mas de um fechamento de regime para trás. Por isso, operam nas chaves bélicas do medo, do ódio e do caos.

Ainda que sem lastro histórico e popular, uma alma neofascista foi fabricada “de uma hora para a outra” no falso vácuo de uma “crise de representatividade” a partir de 2013, como muitos acadêmicos insistiam em chamar, erroneamente, as primeiras fendas estruturais abertas pela crise do capital, iniciada em 2007-2008.

Tudo isso, claro, como muitos apontávamos, com a articulação das Big Tech, agora explícita.

Os replicantes do petismo o são somente na tentativa rudimentar de elaborar um discurso e uma estética com penetração popular, já que não têm nada a dizer, nem projeto político, a não ser o de defesa do capital especulativo, de interdição, intervenção e implosão do potencial concreto do Brasil na nova ordem global que começa a ser desenhada.

Infiltraram, assim, uma boiada que obedece a um código – um algoritmo psíquico – moldada em um universo virtual e implementada em uma impressora 3-D da geopolítica; porém, que não passa de um exército instantâneo a serviço do deep state, independentemente se democratas ou republicanos ocupam a cadeira. Robôs neofascistas do ultraliberalismo, que, nesse momento, passam a ser rifados pela nova orientação da sua matriz.

Note: Trump elogiou o sistema eleitoral brasileiro no mesmo dia em que o STF iniciou o julgamento do acolhimento da denúncia contra a cúpula do neofascismo brasileiro.

Trump elogiou as urnas eletrônicas do Brasil.

Evidentemente, no escopo do seu projeto autoritário – ao assinar um decreto para exigir comprovação de “cidadania norte-americana” para que eleitores participem das eleições dos EU – o bufão enviou um recado.

A obviedade da eficiência e da segurança do sistema eleitoral brasileiro, há tempos celebrado no restante do mundo, vendido pelo apresentador-imperador caído, cria mais um curto-circuito no chip do bolsonarista médio. Porque sinaliza que o projeto da internacional fascista ao Brasil, agora, é outro; e que o “imbroxável”, não só é um broxa desprezível, mas comível.

A cúpula anterior já foi rifada, como tantos terroristas fabricados pelos EU mundo afora, em prol dos seus interesses, e a massa bolsonarista, que achava que estava com o zap, ficou com a brocha na mão.

Desnuda-se, assim, a ida de Eduardo para a matriz, não só pra fugir, diante daquilo que provavelmente virá à tona, mas para especular sobre um acolhimento aos possíveis fugitivo. Para fazer birra diante do verdadeiro pai político do “patriota”: o deep state.

Enquanto isso, Tarcísio de Freitas apresenta o seu currículo, antecipando o projeto kassabiano-parlamentarista, já que o “Tchetchereretchetchê” foi avisado por algum amigo verdadeiro sobre a seriedade da armadilha na qual entraria.

O pânico do genocida de pagar pelos seus crimes é fato, como ocorre, uma hora, a todo canalha. Porém, o receio de ser assassinado, possivelmente, é real e ele não se deve a qualquer receio de um crime perpetrado por agentes do Estado, como aqueles que ele sempre admirou e defendeu. Eventualmente, se considerarmos “forças ocultas” de um outro Estado a quem ele presta contas, que não o brasileiro, talvez esse temor faça sentido.

Por fim, a tentativa forçada – de setores da mídia e, agora, do advogado de Bolsonaro – de tentar equiparar a perseguição ao petismo – para golpear Dilma, aprisionar Lula sem provas e desmantelar um projeto de nação -, ao presente julgamento do neofascismo brasileiro, de fato, é tanto o espasmo do próprio lavajatismo, em sua face interna e visível, quanto o expurgo do Titanic da geopolítica, em sua face externa e cada vez menos oculta.

Uma grande representação da reordenação das prioridades de um império naufragando, que insiste em ecoar nas almas de vira-latas órfãos que uivam nos salões de Brasília e nos editorais do jornalismo econômico da imprensa oligárquica. Uma grande obra, de longo prazo, sendo construída na nova sede subterrânea da embaixada estadunidense na capital federal.

O advogado do ex-presidente expulso das FFAA só está tentando fazer o seu trabalho legal. Porém, sabemos que ele sabe – porque outrora assinou um manifesto de repúdio ao genocida, afirmando que ele estimulava um golpe de Estado – que não há fishing expedition, nem document dumping na denúncia apresentada.

A sua missão impossível, na verdade, é lidar com o excesso de provas contra o seu cliente. Filmadas, gravadas, impressas, escritas, assinadas, ditas e ouvidas.

On demand, como os serviços prestados pela Netflix, pela Amazon e para o Departamento de Estado dos EU.

A propósito, cadê o Adélio? O Roberto Cabrini ou o Fantástico ainda não conseguiram uma entrevista exclusiva?

A propósito 2: cadê “o pessoal do agro”, citado por Mauro Cid?

A propósito 3: por onde anda o “hacker de Araraquara”?

Fábio C. Zuccolotto é psicanalista teórico e clínico, autor do site Café com Pepino | Psicanálise, cultura e redes sociais e cientista social pela Universidade Estadual de Campinas.

O texto não representa necessariamente a opinião do Jornal GGN. Concorda ou tem ponto de vista diferente? Mande seu artigo para [email protected]. O artigo será publicado se atender aos critérios do Jornal GGN.

“Democracia é coisa frágil. Defendê-la requer um jornalismo corajoso e contundente. Junte-se a nós: www.catarse.me/jornalggn “

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A roleta-russa no cassino do Titanic. Ninguém comprará a rifa para levar o bolsonarismo

por Fábio Zuccolotto

Sim: na apreciação da farta denúncia do golpe pelo STF nessa histórica terça-feira, 25/03/2025, o advogado do ex-presidente genocida reclamou do excesso de documentos na denúncia. Document dumping, como eles dizem lá. Tática utilizada pela república de Curitiba, na Lava Jato e aprendida “lá”. De pronto, em sua fala, o ministro Flávio Dino citou magistrados que se atentam mais ao universo jurídico dos EU do que ao brasileiro.

Apareceu, ainda, entre os defensores do indefensável, o termo fishing expedition. Prática de lançar investigações sem saber o que se procura, dando margem ao direcionamento das ações investigatórias da PF e do MPF. Mais um expediente aprendido e exemplificado pelos ex-salvadores do Brasil, Dallagnol, Moro, etc.

O estadunismo que atropela a cultura há décadas, atropela o universo jurídico brasileiro porque, de início, sempre foi uma tentativa de atropelo geopolítico. A isso chamam “soft power”. Cada vez menos “soft”, diga-se.

A sanha do bolsonarismo (outrora indignados do “padrão Fifa” de 2013, do morismo, do MBL, etc.) sempre foi a de tentar replicar a sinergia popular do período da redemocratização brasileira e aplicá-la no vetor das massas, mas no sentido contrário ao propósito original. Uma réplica negativa, em especial, do petismo – fruto histórico da composição entre bases sindicais, acadêmicos, anistiados (numa anistia possível, que não puniu os criminosos da ditadura) e setores progressistas da Igreja católica – em sua estética e linguagem.

Essa apropriação retórica e “antissistema” libertou o inconsciente reprimido de milhões, forjando uma esperança que nunca foi a de uma abertura a frente, mas de um fechamento de regime para trás. Por isso, operam nas chaves bélicas do medo, do ódio e do caos.

Ainda que sem lastro histórico e popular, uma alma neofascista foi fabricada “de uma hora para a outra” no falso vácuo de uma “crise de representatividade” a partir de 2013, como muitos acadêmicos insistiam em chamar, erroneamente, as primeiras fendas estruturais abertas pela crise do capital, iniciada em 2007-2008.

Tudo isso, claro, como muitos apontávamos, com a articulação das Big Tech, agora explícita.

Os replicantes do petismo o são somente na tentativa rudimentar de elaborar um discurso e uma estética com penetração popular, já que não têm nada a dizer, nem projeto político, a não ser o de defesa do capital especulativo, de interdição, intervenção e implosão do potencial concreto do Brasil na nova ordem global que começa a ser desenhada.

Infiltraram, assim, uma boiada que obedece a um código – um algoritmo psíquico – moldada em um universo virtual e implementada em uma impressora 3-D da geopolítica; porém, que não passa de um exército instantâneo a serviço do deep state, independentemente se democratas ou republicanos ocupam a cadeira. Robôs neofascistas do ultraliberalismo, que, nesse momento, passam a ser rifados pela nova orientação da sua matriz.

Note: Trump elogiou o sistema eleitoral brasileiro no mesmo dia em que o STF iniciou o julgamento do acolhimento da denúncia contra a cúpula do neofascismo brasileiro.

Trump elogiou as urnas eletrônicas do Brasil.

Evidentemente, no escopo do seu projeto autoritário – ao assinar um decreto para exigir comprovação de “cidadania norte-americana” para que eleitores participem das eleições dos EU – o bufão enviou um recado.

A obviedade da eficiência e da segurança do sistema eleitoral brasileiro, há tempos celebrado no restante do mundo, vendido pelo apresentador-imperador caído, cria mais um curto-circuito no chip do bolsonarista médio. Porque sinaliza que o projeto da internacional fascista ao Brasil, agora, é outro; e que o “imbroxável”, não só é um broxa desprezível, mas comível.

A cúpula anterior já foi rifada, como tantos terroristas fabricados pelos EU mundo afora, em prol dos seus interesses, e a massa bolsonarista, que achava que estava com o zap, ficou com a brocha na mão.

Desnuda-se, assim, a ida de Eduardo para a matriz, não só pra fugir, diante daquilo que provavelmente virá à tona, mas para especular sobre um acolhimento aos possíveis fugitivo. Para fazer birra diante do verdadeiro pai político do “patriota”: o deep state.

Enquanto isso, Tarcísio de Freitas apresenta o seu currículo, antecipando o projeto kassabiano-parlamentarista, já que o “Tchetchereretchetchê” foi avisado por algum amigo verdadeiro sobre a seriedade da armadilha na qual entraria.

O pânico do genocida de pagar pelos seus crimes é fato, como ocorre, uma hora, a todo canalha. Porém, o receio de ser assassinado, possivelmente, é real e ele não se deve a qualquer receio de um crime perpetrado por agentes do Estado, como aqueles que ele sempre admirou e defendeu. Eventualmente, se considerarmos “forças ocultas” de um outro Estado a quem ele presta contas, que não o brasileiro, talvez esse temor faça sentido.

Por fim, a tentativa forçada – de setores da mídia e, agora, do advogado de Bolsonaro – de tentar equiparar a perseguição ao petismo – para golpear Dilma, aprisionar Lula sem provas e desmantelar um projeto de nação -, ao presente julgamento do neofascismo brasileiro, de fato, é tanto o espasmo do próprio lavajatismo, em sua face interna e visível, quanto o expurgo do Titanic da geopolítica, em sua face externa e cada vez menos oculta.

Uma grande representação da reordenação das prioridades de um império naufragando, que insiste em ecoar nas almas de vira-latas órfãos que uivam nos salões de Brasília e nos editorais do jornalismo econômico da imprensa oligárquica. Uma grande obra, de longo prazo, sendo construída na nova sede subterrânea da embaixada estadunidense na capital federal.

O advogado do ex-presidente expulso das FFAA só está tentando fazer o seu trabalho legal. Porém, sabemos que ele sabe – porque outrora assinou um manifesto de repúdio ao genocida, afirmando que ele estimulava um golpe de Estado – que não há fishing expedition, nem document dumping na denúncia apresentada.

A sua missão impossível, na verdade, é lidar com o excesso de provas contra o seu cliente. Filmadas, gravadas, impressas, escritas, assinadas, ditas e ouvidas.

On demand, como os serviços prestados pela Netflix, pela Amazon e para o Departamento de Estado dos EU.

A propósito, cadê o Adélio? O Roberto Cabrini ou o Fantástico ainda não conseguiram uma entrevista exclusiva?

A propósito 2: cadê “o pessoal do agro”, citado por Mauro Cid?

A propósito 3: por onde anda o “hacker de Araraquara”?

Fábio C. Zuccolotto é psicanalista teórico e clínico, autor do site Café com Pepino | Psicanálise, cultura e redes sociais e cientista social pela Universidade Estadual de Campinas.

O texto não representa necessariamente a opinião do Jornal GGN. Concorda ou tem ponto de vista diferente? Mande seu artigo para [email protected]. O artigo será publicado se atender aos critérios do Jornal GGN.

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