Os trabalhadores da Petrobras iniciaram nesta quarta-feira, 26 de março, uma greve de 24 horas que mobilizou diversas unidades da estatal em todo o país, como refinarias, plataformas offshore e escritórios administrativos. A paralisação, organizada pela Federação Única dos Petroleiros (FUP) e pela Federação Nacional dos Petroleiros (FNP), é um protesto contra o que os sindicatos chamam de postura autoritária da presidente Magda Chambriard, que assumiu o comando da empresa em maio do ano passado. Entre as principais reivindicações estão o pagamento integral da Participação nos Lucros e Resultados (PLR) de 2024, a manutenção do modelo de teletrabalho e a abertura de negociações coletivas efetivas com a gestão. Apesar da mobilização, a Petrobras garante que não há impacto na produção de petróleo e derivados, graças a planos de contingência que mantêm as operações essenciais funcionando. A greve reflete um crescente descontentamento da categoria com as decisões da atual administração, que, segundo os petroleiros, tem ignorado os fóruns de diálogo e imposto mudanças unilaterais em direitos trabalhistas conquistados ao longo de décadas.
A insatisfação ganhou força após a empresa anunciar uma redução de 31% no valor da PLR, um benefício variável que depende dos lucros da companhia, enquanto destinou 207% dos lucros de 2024 aos acionistas, um recorde histórico. Os sindicatos acusam a Petrobras de ludibriá-los em dezembro passado, quando uma simulação apresentou valores maiores para a PLR, apenas para depois cortar o montante em 2025. Outro ponto de tensão é a alteração no modelo híbrido de trabalho, que passará de dois para três dias presenciais por semana a partir de 7 de abril, sem que os trabalhadores tenham sido consultados de forma adequada.
Além disso, a categoria cobra medidas como o fim dos Planos de Equacionamento de Déficit (PEDs) da Petros, fundo de previdência da estatal, que afetam aposentados, e a reposição do efetivo, já que a falta de pessoal tem sobrecarregado os funcionários e comprometido a segurança nas operações. A Petrobras, por sua vez, afirma que mantém um diálogo aberto com os sindicatos e que os ajustes no teletrabalho visam alinhar-se aos desafios do Plano Estratégico da companhia, que inclui metas ambiciosas de produção e investimentos.
- Pagamento integral da PLR de 2024
- Manutenção do teletrabalho com dois dias presenciais
- Fim dos PEDs na Petros
- Reposição do efetivo e mais segurança no trabalho
Contexto da gestão de Magda Chambriard
Magda Chambriard assumiu a presidência da Petrobras em maio de 2024, indicada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva com a missão de transformar a estatal em um motor de desenvolvimento econômico e geração de empregos. Engenheira com mais de 20 anos de experiência na companhia e ex-diretora da Agência Nacional do Petróleo (ANP), ela chegou prometendo equilíbrio entre os interesses de acionistas públicos e privados, mas suas decisões têm gerado controvérsias. Em sua gestão, a Petrobras registrou um lucro líquido de R$ 36,6 bilhões em 2024, uma queda de 70,6% em relação aos R$ 124,6 bilhões de 2023, atribuída a fatores como variação cambial e acordos tributários. Apesar disso, a empresa distribuiu R$ 75,8 bilhões em dividendos aos acionistas ao longo do ano, um valor que os sindicatos apontam como contraditório diante dos cortes na PLR dos trabalhadores.
A mudança no modelo de teletrabalho é outro ponto sensível. Desde o início da pandemia, os petroleiros se adaptaram ao regime híbrido, com dois dias presenciais por semana, mas a gestão de Chambriard anunciou que, a partir de abril, o trabalho presencial será ampliado para três dias. Os sindicatos alegam que a decisão foi imposta sem diálogo, com a empresa ameaçando piorar as condições caso a proposta não seja aceita coletivamente. Para os trabalhadores, isso reflete uma volta à “cultura do medo”, com menos respeito às negociações coletivas que historicamente garantiram direitos à categoria.
Histórico de tensões trabalhistas
As greves na Petrobras não são novidade, mas a de 26 de março marca a primeira grande mobilização sob a gestão de Magda Chambriard. Em fevereiro deste ano, uma paralisação de 24 horas já havia ocorrido entre funcionários administrativos no Rio de Janeiro, Minas Gerais e Bahia, também organizada pela FUP e FNP, com pautas semelhantes. Naquela ocasião, a adesão foi significativa em escritórios, mas a produção não foi afetada, assim como agora. Historicamente, os petroleiros têm usado paralisações de advertência para pressionar a empresa, como em 2020, quando protestaram contra o fechamento de uma fábrica de fertilizantes, e em 2023, contra a venda de ativos durante o governo anterior.
O atual movimento, no entanto, ganha contornos especiais por ocorrer em um momento de reconstrução da estatal após anos de desinvestimentos. Os sindicatos argumentam que os trabalhadores foram fundamentais para recuperar a Petrobras do período de crise, e que a gestão atual deveria valorizar esse esforço, não cortá-lo. A redução da PLR, por exemplo, é vista como uma afronta, especialmente quando comparada aos dividendos recordes pagos aos acionistas. A empresa rebate que o acordo de PLR para 2024/2025 foi negociado e será cumprido, mas os petroleiros afirmam que os valores apresentados inicialmente foram alterados sem transparência.
Reivindicações em detalhes
Os petroleiros apresentaram uma lista clara de demandas que vão além da PLR e do teletrabalho. A reposição do efetivo é uma preocupação antiga, já que a falta de pessoal aumenta a carga de trabalho e os riscos em unidades operacionais como plataformas e refinarias. Em 2024, a Petrobras convocou 1.900 novos empregados e planeja contratar mais 1.780 em 2025 via concurso público, mas os sindicatos consideram o ritmo insuficiente diante das aposentadorias e da expansão das operações. Outra questão é o fim dos PEDs na Petros, que impõem contribuições extras aos aposentados para cobrir déficits no fundo, algo que os trabalhadores veem como injusto após anos de dedicação à empresa.
- Defesa do teletrabalho com negociação coletiva
- PLR nos valores originalmente simulados
- Contratação imediata de mais funcionários
- Suspensão dos PEDs da Petros
Impactos e respostas da Petrobras
Apesar da paralisação, a Petrobras assegura que a produção de petróleo e combustíveis segue intacta. Equipes de contingência, geralmente formadas por gestores e cargos de confiança, entram em ação durante greves para manter as operações essenciais, uma prática comum em paralisações de curto prazo. A empresa destaca que respeita o direito de manifestação e que os ajustes no modelo híbrido, como o aumento dos dias presenciais, são necessários para atender aos desafios estratégicos, como o aumento da produção no Campo de Búzios, que deve alcançar 2 milhões de barris por dia até 2030.
Os sindicatos, por outro lado, prometem avaliar os resultados da greve de 24 horas para definir os próximos passos. Caso a gestão de Magda Chambriard não abra negociações efetivas, paralisações por tempo indeterminado já são cogitadas. A mobilização teve adesão expressiva em unidades como a Refinaria Presidente Bernardes, em Cubatão (SP), e plataformas offshore no Litoral Paulista, onde cerca de 80% dos trabalhadores cruzaram os braços, segundo estimativas sindicais. A tensão entre a categoria e a presidência da Petrobras reflete um embate maior sobre o papel da estatal: de um lado, os lucros bilionários e os interesses dos acionistas; de outro, os direitos e as condições de quem mantém a empresa em operação.
Cronograma das negociações e paralisações
O conflito entre os petroleiros e a gestão da Petrobras vem se desenrolando há meses. Veja as datas-chave:
- Dezembro de 2024: Simulação da PLR é apresentada aos sindicatos
- Fevereiro de 2025: Greve administrativa de 24 horas em escritórios
- 12 de março: FUP aprova indicativo de greve nacional
- 26 de março: Paralisação de 24 horas em todo o Sistema Petrobras
- 7 de abril: Início do novo modelo híbrido com três dias presenciais
Desafios para o futuro da estatal
A greve expõe um dilema central na gestão de Magda Chambriard: equilibrar as expectativas do governo, dos acionistas e dos trabalhadores. Lula indicou Chambriard com a promessa de usar a Petrobras como alavanca de crescimento econômico, mas os cortes na PLR e as mudanças no teletrabalho contrastam com esse discurso, na visão dos sindicatos. Enquanto isso, o lucro de R$ 36,6 bilhões em 2024, embora menor que o de 2023, ainda reflete a capacidade da empresa de gerar resultados, o que torna a redução do benefício aos empregados ainda mais controversa.
Para os petroleiros, a luta vai além de questões salariais. Eles exigem um plano único de cargos e carreiras que elimine distorções entre funcionários antigos e novos, além de medidas de segurança para evitar acidentes, como os que já vitimaram trabalhadores em plataformas nos últimos anos. A Petrobras responde que já está repondo o efetivo e que os ajustes no trabalho presencial são parte de uma estratégia de longo prazo, mas os sindicatos cobram mais transparência e participação nas decisões que afetam suas vidas.

Os trabalhadores da Petrobras iniciaram nesta quarta-feira, 26 de março, uma greve de 24 horas que mobilizou diversas unidades da estatal em todo o país, como refinarias, plataformas offshore e escritórios administrativos. A paralisação, organizada pela Federação Única dos Petroleiros (FUP) e pela Federação Nacional dos Petroleiros (FNP), é um protesto contra o que os sindicatos chamam de postura autoritária da presidente Magda Chambriard, que assumiu o comando da empresa em maio do ano passado. Entre as principais reivindicações estão o pagamento integral da Participação nos Lucros e Resultados (PLR) de 2024, a manutenção do modelo de teletrabalho e a abertura de negociações coletivas efetivas com a gestão. Apesar da mobilização, a Petrobras garante que não há impacto na produção de petróleo e derivados, graças a planos de contingência que mantêm as operações essenciais funcionando. A greve reflete um crescente descontentamento da categoria com as decisões da atual administração, que, segundo os petroleiros, tem ignorado os fóruns de diálogo e imposto mudanças unilaterais em direitos trabalhistas conquistados ao longo de décadas.
A insatisfação ganhou força após a empresa anunciar uma redução de 31% no valor da PLR, um benefício variável que depende dos lucros da companhia, enquanto destinou 207% dos lucros de 2024 aos acionistas, um recorde histórico. Os sindicatos acusam a Petrobras de ludibriá-los em dezembro passado, quando uma simulação apresentou valores maiores para a PLR, apenas para depois cortar o montante em 2025. Outro ponto de tensão é a alteração no modelo híbrido de trabalho, que passará de dois para três dias presenciais por semana a partir de 7 de abril, sem que os trabalhadores tenham sido consultados de forma adequada.
Além disso, a categoria cobra medidas como o fim dos Planos de Equacionamento de Déficit (PEDs) da Petros, fundo de previdência da estatal, que afetam aposentados, e a reposição do efetivo, já que a falta de pessoal tem sobrecarregado os funcionários e comprometido a segurança nas operações. A Petrobras, por sua vez, afirma que mantém um diálogo aberto com os sindicatos e que os ajustes no teletrabalho visam alinhar-se aos desafios do Plano Estratégico da companhia, que inclui metas ambiciosas de produção e investimentos.
- Pagamento integral da PLR de 2024
- Manutenção do teletrabalho com dois dias presenciais
- Fim dos PEDs na Petros
- Reposição do efetivo e mais segurança no trabalho
Contexto da gestão de Magda Chambriard
Magda Chambriard assumiu a presidência da Petrobras em maio de 2024, indicada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva com a missão de transformar a estatal em um motor de desenvolvimento econômico e geração de empregos. Engenheira com mais de 20 anos de experiência na companhia e ex-diretora da Agência Nacional do Petróleo (ANP), ela chegou prometendo equilíbrio entre os interesses de acionistas públicos e privados, mas suas decisões têm gerado controvérsias. Em sua gestão, a Petrobras registrou um lucro líquido de R$ 36,6 bilhões em 2024, uma queda de 70,6% em relação aos R$ 124,6 bilhões de 2023, atribuída a fatores como variação cambial e acordos tributários. Apesar disso, a empresa distribuiu R$ 75,8 bilhões em dividendos aos acionistas ao longo do ano, um valor que os sindicatos apontam como contraditório diante dos cortes na PLR dos trabalhadores.
A mudança no modelo de teletrabalho é outro ponto sensível. Desde o início da pandemia, os petroleiros se adaptaram ao regime híbrido, com dois dias presenciais por semana, mas a gestão de Chambriard anunciou que, a partir de abril, o trabalho presencial será ampliado para três dias. Os sindicatos alegam que a decisão foi imposta sem diálogo, com a empresa ameaçando piorar as condições caso a proposta não seja aceita coletivamente. Para os trabalhadores, isso reflete uma volta à “cultura do medo”, com menos respeito às negociações coletivas que historicamente garantiram direitos à categoria.
Histórico de tensões trabalhistas
As greves na Petrobras não são novidade, mas a de 26 de março marca a primeira grande mobilização sob a gestão de Magda Chambriard. Em fevereiro deste ano, uma paralisação de 24 horas já havia ocorrido entre funcionários administrativos no Rio de Janeiro, Minas Gerais e Bahia, também organizada pela FUP e FNP, com pautas semelhantes. Naquela ocasião, a adesão foi significativa em escritórios, mas a produção não foi afetada, assim como agora. Historicamente, os petroleiros têm usado paralisações de advertência para pressionar a empresa, como em 2020, quando protestaram contra o fechamento de uma fábrica de fertilizantes, e em 2023, contra a venda de ativos durante o governo anterior.
O atual movimento, no entanto, ganha contornos especiais por ocorrer em um momento de reconstrução da estatal após anos de desinvestimentos. Os sindicatos argumentam que os trabalhadores foram fundamentais para recuperar a Petrobras do período de crise, e que a gestão atual deveria valorizar esse esforço, não cortá-lo. A redução da PLR, por exemplo, é vista como uma afronta, especialmente quando comparada aos dividendos recordes pagos aos acionistas. A empresa rebate que o acordo de PLR para 2024/2025 foi negociado e será cumprido, mas os petroleiros afirmam que os valores apresentados inicialmente foram alterados sem transparência.
Reivindicações em detalhes
Os petroleiros apresentaram uma lista clara de demandas que vão além da PLR e do teletrabalho. A reposição do efetivo é uma preocupação antiga, já que a falta de pessoal aumenta a carga de trabalho e os riscos em unidades operacionais como plataformas e refinarias. Em 2024, a Petrobras convocou 1.900 novos empregados e planeja contratar mais 1.780 em 2025 via concurso público, mas os sindicatos consideram o ritmo insuficiente diante das aposentadorias e da expansão das operações. Outra questão é o fim dos PEDs na Petros, que impõem contribuições extras aos aposentados para cobrir déficits no fundo, algo que os trabalhadores veem como injusto após anos de dedicação à empresa.
- Defesa do teletrabalho com negociação coletiva
- PLR nos valores originalmente simulados
- Contratação imediata de mais funcionários
- Suspensão dos PEDs da Petros
Impactos e respostas da Petrobras
Apesar da paralisação, a Petrobras assegura que a produção de petróleo e combustíveis segue intacta. Equipes de contingência, geralmente formadas por gestores e cargos de confiança, entram em ação durante greves para manter as operações essenciais, uma prática comum em paralisações de curto prazo. A empresa destaca que respeita o direito de manifestação e que os ajustes no modelo híbrido, como o aumento dos dias presenciais, são necessários para atender aos desafios estratégicos, como o aumento da produção no Campo de Búzios, que deve alcançar 2 milhões de barris por dia até 2030.
Os sindicatos, por outro lado, prometem avaliar os resultados da greve de 24 horas para definir os próximos passos. Caso a gestão de Magda Chambriard não abra negociações efetivas, paralisações por tempo indeterminado já são cogitadas. A mobilização teve adesão expressiva em unidades como a Refinaria Presidente Bernardes, em Cubatão (SP), e plataformas offshore no Litoral Paulista, onde cerca de 80% dos trabalhadores cruzaram os braços, segundo estimativas sindicais. A tensão entre a categoria e a presidência da Petrobras reflete um embate maior sobre o papel da estatal: de um lado, os lucros bilionários e os interesses dos acionistas; de outro, os direitos e as condições de quem mantém a empresa em operação.
Cronograma das negociações e paralisações
O conflito entre os petroleiros e a gestão da Petrobras vem se desenrolando há meses. Veja as datas-chave:
- Dezembro de 2024: Simulação da PLR é apresentada aos sindicatos
- Fevereiro de 2025: Greve administrativa de 24 horas em escritórios
- 12 de março: FUP aprova indicativo de greve nacional
- 26 de março: Paralisação de 24 horas em todo o Sistema Petrobras
- 7 de abril: Início do novo modelo híbrido com três dias presenciais
Desafios para o futuro da estatal
A greve expõe um dilema central na gestão de Magda Chambriard: equilibrar as expectativas do governo, dos acionistas e dos trabalhadores. Lula indicou Chambriard com a promessa de usar a Petrobras como alavanca de crescimento econômico, mas os cortes na PLR e as mudanças no teletrabalho contrastam com esse discurso, na visão dos sindicatos. Enquanto isso, o lucro de R$ 36,6 bilhões em 2024, embora menor que o de 2023, ainda reflete a capacidade da empresa de gerar resultados, o que torna a redução do benefício aos empregados ainda mais controversa.
Para os petroleiros, a luta vai além de questões salariais. Eles exigem um plano único de cargos e carreiras que elimine distorções entre funcionários antigos e novos, além de medidas de segurança para evitar acidentes, como os que já vitimaram trabalhadores em plataformas nos últimos anos. A Petrobras responde que já está repondo o efetivo e que os ajustes no trabalho presencial são parte de uma estratégia de longo prazo, mas os sindicatos cobram mais transparência e participação nas decisões que afetam suas vidas.
