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18 May 2025, Sun

Daniel Alves é absolvido em decisão unânime na Espanha e encerra caso de agressão sexual

Daniel Alves


O ex-jogador brasileiro Daniel Alves foi absolvido nesta sexta-feira, 28 de março, pela Justiça da Espanha em um caso que movimentou o noticiário internacional desde 2022. O Tribunal Superior da Justiça da Catalunha (TSJC) decidiu, por unanimidade, anular a condenação de 4 anos e 6 meses de prisão que havia sido imposta ao atleta por estupro contra uma jovem em uma discoteca de Barcelona. A reviravolta no processo, que já durava mais de dois anos, marca o fim de uma saga judicial que envolveu prisão preventiva, liberdade provisória e intensos debates jurídicos. Alves, que pagou 1 milhão de euros para sair da cadeia em março de 2024, agora está livre de qualquer acusação no sistema judiciário espanhol.

A decisão do TSJC veio após a análise de recursos apresentados tanto pela defesa de Alves quanto pela Promotoria e pela acusação particular. Preso em janeiro de 2023, o ex-lateral da seleção brasileira passou mais de um ano detido antes de obter liberdade provisória. O tribunal entendeu que o depoimento da vítima apresentava inconsistências, especialmente em trechos que poderiam ser confrontados com imagens de câmeras de segurança da boate Sutton, onde o suposto crime ocorreu na madrugada de 31 de dezembro de 2022. Com a absolvição, as medidas cautelares impostas ao jogador, como a retenção de seus passaportes e a obrigação de comparecer semanalmente à Justiça, foram revogadas.

Desde o início, o caso gerou grande repercussão, não apenas pelo envolvimento de uma figura pública como Daniel Alves, mas também pelo contexto social na Espanha, onde temas como violência sexual têm ganhado destaque. A sentença anterior, de fevereiro de 2024, havia condenado o jogador com base no relato da jovem de 23 anos, que afirmava ter sido agredida sexualmente no banheiro da área VIP da discoteca. Agora, a absolvição coloca um ponto final na batalha judicial, enquanto os advogados da vítima ainda não se manifestaram oficialmente sobre a decisão até o momento da publicação desta reportagem.

Reviravolta judicial surpreende após dois anos de processo

A absolvição de Daniel Alves representa uma mudança drástica no desfecho de um caso que parecia encaminhado para uma condenação definitiva. O processo teve início em janeiro de 2023, quando o jogador foi detido preventivamente após prestar depoimento em uma delegacia de Barcelona. A denúncia partiu de uma jovem que alegou ter sido forçada a entrar no banheiro da boate Sutton e sofrido abusos por parte do ex-jogador. Na época, a Justiça espanhola determinou a prisão sem fiança, considerando o risco de fuga devido à gravidade da acusação e à influência financeira do atleta, que possui dupla nacionalidade brasileira e espanhola.

Ao longo de 2023, a investigação avançou com a coleta de provas, incluindo exames médicos que confirmaram lesões na vítima e a presença de material genético de Alves. Esses elementos foram fundamentais para a condenação inicial, anunciada em fevereiro de 2024 pelo Tribunal de Barcelona. A pena de 4 anos e 6 meses foi considerada branda por alguns, já que a Promotoria pedia 9 anos e a defesa da vítima solicitava 12 anos, o máximo previsto para crimes de agressão sexual na legislação espanhola. A sentença também incluiu o pagamento de 150 mil euros em indenização à denunciante, valor que foi quitado com apoio financeiro da família de Neymar, amigo próximo do jogador.

O cenário mudou em março de 2024, quando a defesa de Alves conseguiu a liberdade provisória mediante o pagamento de uma fiança de 1 milhão de euros. A decisão gerou controvérsia, com críticas de que o sistema favorecia quem tinha recursos financeiros. Enquanto isso, os recursos continuaram tramitando no TSJC, que agora concluiu pela absolvição com base em falhas no depoimento da vítima. A análise das imagens de segurança foi decisiva, mostrando discrepâncias entre o relato da jovem e os registros objetivos, o que levou os juízes a questionar a credibilidade da acusação.

Cronologia do caso Daniel Alves: do incidente à absolvição

Entender o trajeto do caso exige revisitar os principais momentos que marcaram essa história judicial. Abaixo, um resumo dos eventos que definiram o processo contra Daniel Alves:

  • 30 de dezembro de 2022: O suposto crime ocorre na boate Sutton, em Barcelona. A vítima denuncia Alves por agressão sexual horas depois.
  • 20 de janeiro de 2023: Após prestar depoimento, o jogador é preso preventivamente sem direito a fiança.
  • Fevereiro de 2024: Tribunal de Barcelona condena Alves a 4 anos e 6 meses de prisão por estupro.
  • 20 de março de 2024: Justiça concede liberdade provisória ao jogador após pagamento de 1 milhão de euros.
  • 28 de março de 2025: TSJC absolve Daniel Alves, anulando a condenação anterior.

Essa linha do tempo reflete a complexidade do caso, que envolveu múltiplas versões do jogador, exames periciais e uma intensa disputa jurídica. A absolvição, embora definitiva no âmbito penal espanhol, ainda pode gerar debates sobre a condução do processo e a interpretação das provas.

Depoimentos e contradições: o que pesou na decisão

Um dos pilares da absolvição foi a análise crítica do depoimento da vítima pelo Tribunal Superior da Catalunha. Inicialmente, a jovem afirmou que foi levada à força por Alves até o banheiro da boate, onde teria sido agredida e abusada. Esse relato foi sustentado por exames médicos que indicaram lesões no joelho e a presença de sêmen do jogador em suas roupas, além de testemunhos de seguranças que a atenderam em estado de choque na noite do incidente. Esses elementos foram suficientes para a condenação em primeira instância.

No entanto, a defesa de Alves apresentou como argumento central as imagens das câmeras de segurança da Sutton. Os vídeos mostraram a vítima entrando no banheiro de forma aparentemente voluntária, sem sinais claros de coerção, o que contradizia a narrativa de que ela teria sido forçada. O TSJC destacou que o depoimento da jovem continha trechos que não se alinhavam aos registros visuais, especialmente na descrição dos momentos anteriores ao suposto crime. A corte entendeu que essa “falta de fiabilidade” comprometia a acusação, levando à anulação da sentença.

Daniel Alves, por sua vez, mudou sua versão dos fatos diversas vezes ao longo do processo. Primeiro, negou conhecer a vítima; depois, admitiu um encontro consensual com sexo oral; e, por fim, reconheceu uma relação sexual com penetração, mas sempre sustentando que houve consentimento. Apesar das contradições, a defesa conseguiu deslocar o foco para as falhas no relato da denunciante, o que acabou sendo determinante para a decisão favorável ao ex-jogador.

Impacto da absolvição na vida de Daniel Alves

Com a absolvição, Daniel Alves encerra um capítulo que impactou profundamente sua trajetória pessoal e profissional. Aos 41 anos, o ex-lateral, que já havia se aposentado do futebol profissional antes do caso, agora pode retomar sua vida sem as restrições impostas pela Justiça. Desde que deixou a prisão de Brians 2, em março de 2024, ele vinha mantendo um perfil discreto, afastado das redes sociais e vivendo em Barcelona sob medidas cautelares, como a entrega de seus passaportes e comparecimentos regulares ao tribunal.

Fora da prisão, Alves também buscou reconstruir laços pessoais. Em agosto de 2024, sua ex-mulher, a modelo espanhola Joana Sanz, publicou fotos do jogador em sua casa em Mallorca, indicando uma reaproximação após o divórcio anunciado em 2023. A relação, que foi abalada pelo escândalo, parece ter encontrado um novo equilíbrio, com Sanz defendendo publicamente o ex-marido em meio às críticas que recebeu por apoiá-lo. Além disso, o brasileiro foi visto participando de partidas amadoras de futebol na Espanha, usando um perfil anônimo em aplicativos para marcar jogos, o que sugere um esforço para manter-se ativo no esporte que o consagrou.

A decisão judicial também alivia a pressão financeira sobre Alves. Embora tenha pago 1 milhão de euros pela fiança e 150 mil euros de indenização à vítima na fase inicial do processo, ele não precisará mais arcar com custas processuais adicionais, que foram declaradas “ex officio” pelo tribunal. O jogador, que teve bens bloqueados durante a prisão, agora tem caminho livre para reorganizar sua vida, embora o impacto do caso em sua imagem pública permaneça um desafio.

Repercussão do caso na Espanha e no mundo

O caso Daniel Alves transcendeu o âmbito judicial e se tornou um símbolo de discussões mais amplas sobre violência sexual e justiça. Na Espanha, onde o tema ganhou relevância nos últimos anos, a absolvição pode reacender debates sobre a credibilidade de vítimas em casos de “palavra contra palavra”. Movimentos feministas, que acompanharam o processo de perto, já haviam criticado a liberdade provisória concedida em 2024, apontando-a como um exemplo de privilégio para quem tem recursos financeiros. A decisão do TSJC deve gerar novas reações, especialmente por questionar o depoimento da vítima com base em imagens que, para alguns, não contam toda a história.

Internacionalmente, a absolvição também chama atenção por envolver um dos maiores nomes do futebol mundial. Daniel Alves, com passagens marcantes por clubes como Barcelona, Juventus e PSG, além de ser o jogador com mais títulos na história do esporte, viu sua reputação ser abalada desde o início das acusações. A reviravolta no caso pode dividir opiniões entre torcedores e observadores, com alguns celebrando a decisão como uma vitória da verdade e outros questionando se a justiça foi plenamente feita.

Na Catalunha, onde o caso se desenrolou, a imprensa local já começou a destacar os detalhes da sentença. Jornais como “La Vanguardia” e “El País” enfatizaram a importância das imagens de segurança na argumentação do tribunal, enquanto outros veículos apontaram a unanimidade da decisão como um sinal de solidez no julgamento. A ausência de um posicionamento imediato dos advogados da vítima deixa em aberto a possibilidade de novas movimentações, embora, no âmbito penal, o processo esteja encerrado.

Detalhes da sentença: o que diz o Tribunal Superior

A sentença do Tribunal Superior da Catalunha trouxe uma análise minuciosa das provas apresentadas ao longo do processo. Os juízes focaram na discrepância entre o relato da vítima e os registros objetivos disponíveis, como as imagens das câmeras de segurança. Segundo o acórdão, a decisão de primeira instância já havia apontado problemas na confiabilidade do depoimento, mas não os considerou suficientes para absolver Alves à época. Agora, o TSJC foi além, afirmando que os trechos verificáveis do relato “não correspondiam à realidade”.

O tribunal também rejeitou os recursos da Promotoria e da acusação particular, que buscavam, respectivamente, 9 e 12 anos de prisão para o jogador. A argumentação da defesa, liderada pela advogada Inés Guardiola, prevaleceu ao demonstrar que as provas não sustentavam a condenação. Entre os pontos destacados na sentença estão:

  • A entrada voluntária da vítima no banheiro, conforme mostrado nas imagens.
  • A ausência de evidências claras de violência ou intimidação nos registros visuais.
  • A falta de consistência em partes do depoimento que poderiam ser confrontadas com fatos objetivos.

Com isso, o TSJC absolveu Alves, revogou as medidas cautelares e declarou que as custas processuais não seriam cobradas, encerrando o caso no sistema judiciário espanhol.

Vida após a prisão: como Alves se reergueu

Enquanto aguardava a decisão final, Daniel Alves já dava sinais de que buscava retomar sua rotina. Após deixar a prisão de Brians 2, em março de 2024, o ex-jogador optou por uma vida mais reservada, evitando exposição pública. Sua saída da cadeia foi marcada por imagens que circularam globalmente, mostrando-o ao lado de seu advogado ao cruzar os portões do presídio. A fiança de 1 milhão de euros, paga com ajuda de terceiros, garantiu sua liberdade provisória, mas ele ainda vivia sob a sombra do processo.

Em Mallorca, onde passou parte do último ano, Alves encontrou apoio em Joana Sanz, com quem dividiu momentos registrados em redes sociais. As fotos do jogador cozinhando na casa da ex-mulher, publicadas em agosto de 2024, foram acompanhadas de uma legenda que dizia: “Somos felizes. Quem se incomoda, é só não olhar”. A mensagem reflete uma tentativa de deixar o passado para trás, embora o casal tenha enfrentado críticas por essa reaproximação. Sanz, que pediu divórcio em 2023, voltou a se posicionar ao lado de Alves, desafiando a opinião pública.

No campo esportivo, o ex-lateral não abandonou completamente o futebol. Jornais espanhóis como “Marca” e “Sport” relataram que ele passou a jogar partidas amadoras, organizadas por meio de aplicativos, usando um perfil discreto. Em setembro de 2024, foi flagrado em um desses jogos, sendo reconhecido e tietado por outros participantes. Aos 41 anos, Alves parece buscar no esporte uma forma de manter viva sua paixão, mesmo longe dos holofotes dos grandes estádios.

O que mudou na legislação espanhola sobre agressão sexual

O caso Daniel Alves coincidiu com um período de transformações no tratamento de crimes sexuais na Espanha. Em 2022, o país aprovou a chamada “Lei do Só Sim é Sim”, que reformulou o Código Penal para reforçar a importância do consentimento em relações sexuais. Pela nova legislação, qualquer ato sexual sem consentimento explícito é classificado como agressão sexual, com penas que variam de 1 a 15 anos, dependendo da gravidade. No caso de estupro, como o inicialmente imputado a Alves, a pena máxima pode chegar a 12 anos.

A condenação inicial de Alves, em fevereiro de 2024, foi um dos primeiros casos de destaque julgados sob essa lei. A pena de 4 anos e 6 meses, atenuada pelo pagamento de indenização, foi vista como um exemplo da aplicação da norma, que também prevê liberdade vigiada e medidas de afastamento da vítima após o cumprimento da sentença. A absolvição, no entanto, levanta questões sobre como provas como vídeos e depoimentos são avaliadas nesse novo contexto legal, especialmente em situações onde não há testemunhas diretas.

A legislação também trouxe maior visibilidade a debates sobre violência de gênero no país. Casos como o de Alves, amplamente acompanhados pela mídia, testam os limites do sistema judicial e influenciam a percepção pública sobre a eficácia das leis. Embora o desfecho tenha favorecido o jogador, o impacto social do processo permanece, com reflexos que vão além do veredicto final.

Curiosidades sobre o caso que marcaram a trajetória

O processo judicial de Daniel Alves foi repleto de detalhes que chamaram a atenção ao longo dos anos. Confira alguns pontos que se destacaram:

  • Alves mudou sua versão dos fatos pelo menos quatro vezes, indo de negar o encontro a admitir uma relação consensual.
  • A fiança de 1 milhão de euros foi uma das mais altas já impostas em casos do tipo na Espanha.
  • A família de Neymar, ex-companheiro de Alves no Barcelona, ajudou a custear a indenização de 150 mil euros.
  • A boate Sutton, palco do incidente, é conhecida como um ponto frequentado por celebridades em Barcelona.

Esses elementos adicionaram camadas de complexidade ao caso, transformando-o em um dos mais comentados da história recente do futebol.

Futuro de Daniel Alves após a absolvição

Com o fim do processo, Daniel Alves agora tem a chance de planejar seus próximos passos sem as amarras da Justiça. Aos 41 anos, o ex-jogador já estava afastado dos gramados profissionais antes do caso, tendo encerrado sua carreira em 2022, após passagem pelo Pumas, do México. Sua absolvição pode abrir portas para projetos pessoais ou até mesmo um retorno ao futebol em papéis fora de campo, como treinador ou comentarista, embora sua imagem pública ainda carregue as marcas do escândalo.

Em Barcelona, onde o caso se desenrolou, Alves deixou um legado esportivo inquestionável, com mais de 400 jogos pelo clube e uma coleção de títulos que inclui três Ligas dos Campeões. A absolvição, no entanto, não apaga o impacto do processo em sua reputação. Enquanto alguns fãs celebram a decisão como uma prova de inocência, outros questionam se a justiça foi plenamente atendida, especialmente diante das provas iniciais que sustentaram a condenação.

Por ora, o ex-lateral parece focado em aproveitar a liberdade reconquistada. Sua presença em jogos amadores e a reaproximação com Joana Sanz indicam um desejo de normalidade após anos turbulentos. Seja qual for o caminho escolhido, a absolvição marca um novo capítulo para Daniel Alves, encerrando uma batalha judicial que, por mais de dois anos, manteve o mundo de olho em cada reviravolta.



O ex-jogador brasileiro Daniel Alves foi absolvido nesta sexta-feira, 28 de março, pela Justiça da Espanha em um caso que movimentou o noticiário internacional desde 2022. O Tribunal Superior da Justiça da Catalunha (TSJC) decidiu, por unanimidade, anular a condenação de 4 anos e 6 meses de prisão que havia sido imposta ao atleta por estupro contra uma jovem em uma discoteca de Barcelona. A reviravolta no processo, que já durava mais de dois anos, marca o fim de uma saga judicial que envolveu prisão preventiva, liberdade provisória e intensos debates jurídicos. Alves, que pagou 1 milhão de euros para sair da cadeia em março de 2024, agora está livre de qualquer acusação no sistema judiciário espanhol.

A decisão do TSJC veio após a análise de recursos apresentados tanto pela defesa de Alves quanto pela Promotoria e pela acusação particular. Preso em janeiro de 2023, o ex-lateral da seleção brasileira passou mais de um ano detido antes de obter liberdade provisória. O tribunal entendeu que o depoimento da vítima apresentava inconsistências, especialmente em trechos que poderiam ser confrontados com imagens de câmeras de segurança da boate Sutton, onde o suposto crime ocorreu na madrugada de 31 de dezembro de 2022. Com a absolvição, as medidas cautelares impostas ao jogador, como a retenção de seus passaportes e a obrigação de comparecer semanalmente à Justiça, foram revogadas.

Desde o início, o caso gerou grande repercussão, não apenas pelo envolvimento de uma figura pública como Daniel Alves, mas também pelo contexto social na Espanha, onde temas como violência sexual têm ganhado destaque. A sentença anterior, de fevereiro de 2024, havia condenado o jogador com base no relato da jovem de 23 anos, que afirmava ter sido agredida sexualmente no banheiro da área VIP da discoteca. Agora, a absolvição coloca um ponto final na batalha judicial, enquanto os advogados da vítima ainda não se manifestaram oficialmente sobre a decisão até o momento da publicação desta reportagem.

Reviravolta judicial surpreende após dois anos de processo

A absolvição de Daniel Alves representa uma mudança drástica no desfecho de um caso que parecia encaminhado para uma condenação definitiva. O processo teve início em janeiro de 2023, quando o jogador foi detido preventivamente após prestar depoimento em uma delegacia de Barcelona. A denúncia partiu de uma jovem que alegou ter sido forçada a entrar no banheiro da boate Sutton e sofrido abusos por parte do ex-jogador. Na época, a Justiça espanhola determinou a prisão sem fiança, considerando o risco de fuga devido à gravidade da acusação e à influência financeira do atleta, que possui dupla nacionalidade brasileira e espanhola.

Ao longo de 2023, a investigação avançou com a coleta de provas, incluindo exames médicos que confirmaram lesões na vítima e a presença de material genético de Alves. Esses elementos foram fundamentais para a condenação inicial, anunciada em fevereiro de 2024 pelo Tribunal de Barcelona. A pena de 4 anos e 6 meses foi considerada branda por alguns, já que a Promotoria pedia 9 anos e a defesa da vítima solicitava 12 anos, o máximo previsto para crimes de agressão sexual na legislação espanhola. A sentença também incluiu o pagamento de 150 mil euros em indenização à denunciante, valor que foi quitado com apoio financeiro da família de Neymar, amigo próximo do jogador.

O cenário mudou em março de 2024, quando a defesa de Alves conseguiu a liberdade provisória mediante o pagamento de uma fiança de 1 milhão de euros. A decisão gerou controvérsia, com críticas de que o sistema favorecia quem tinha recursos financeiros. Enquanto isso, os recursos continuaram tramitando no TSJC, que agora concluiu pela absolvição com base em falhas no depoimento da vítima. A análise das imagens de segurança foi decisiva, mostrando discrepâncias entre o relato da jovem e os registros objetivos, o que levou os juízes a questionar a credibilidade da acusação.

Cronologia do caso Daniel Alves: do incidente à absolvição

Entender o trajeto do caso exige revisitar os principais momentos que marcaram essa história judicial. Abaixo, um resumo dos eventos que definiram o processo contra Daniel Alves:

  • 30 de dezembro de 2022: O suposto crime ocorre na boate Sutton, em Barcelona. A vítima denuncia Alves por agressão sexual horas depois.
  • 20 de janeiro de 2023: Após prestar depoimento, o jogador é preso preventivamente sem direito a fiança.
  • Fevereiro de 2024: Tribunal de Barcelona condena Alves a 4 anos e 6 meses de prisão por estupro.
  • 20 de março de 2024: Justiça concede liberdade provisória ao jogador após pagamento de 1 milhão de euros.
  • 28 de março de 2025: TSJC absolve Daniel Alves, anulando a condenação anterior.

Essa linha do tempo reflete a complexidade do caso, que envolveu múltiplas versões do jogador, exames periciais e uma intensa disputa jurídica. A absolvição, embora definitiva no âmbito penal espanhol, ainda pode gerar debates sobre a condução do processo e a interpretação das provas.

Depoimentos e contradições: o que pesou na decisão

Um dos pilares da absolvição foi a análise crítica do depoimento da vítima pelo Tribunal Superior da Catalunha. Inicialmente, a jovem afirmou que foi levada à força por Alves até o banheiro da boate, onde teria sido agredida e abusada. Esse relato foi sustentado por exames médicos que indicaram lesões no joelho e a presença de sêmen do jogador em suas roupas, além de testemunhos de seguranças que a atenderam em estado de choque na noite do incidente. Esses elementos foram suficientes para a condenação em primeira instância.

No entanto, a defesa de Alves apresentou como argumento central as imagens das câmeras de segurança da Sutton. Os vídeos mostraram a vítima entrando no banheiro de forma aparentemente voluntária, sem sinais claros de coerção, o que contradizia a narrativa de que ela teria sido forçada. O TSJC destacou que o depoimento da jovem continha trechos que não se alinhavam aos registros visuais, especialmente na descrição dos momentos anteriores ao suposto crime. A corte entendeu que essa “falta de fiabilidade” comprometia a acusação, levando à anulação da sentença.

Daniel Alves, por sua vez, mudou sua versão dos fatos diversas vezes ao longo do processo. Primeiro, negou conhecer a vítima; depois, admitiu um encontro consensual com sexo oral; e, por fim, reconheceu uma relação sexual com penetração, mas sempre sustentando que houve consentimento. Apesar das contradições, a defesa conseguiu deslocar o foco para as falhas no relato da denunciante, o que acabou sendo determinante para a decisão favorável ao ex-jogador.

Impacto da absolvição na vida de Daniel Alves

Com a absolvição, Daniel Alves encerra um capítulo que impactou profundamente sua trajetória pessoal e profissional. Aos 41 anos, o ex-lateral, que já havia se aposentado do futebol profissional antes do caso, agora pode retomar sua vida sem as restrições impostas pela Justiça. Desde que deixou a prisão de Brians 2, em março de 2024, ele vinha mantendo um perfil discreto, afastado das redes sociais e vivendo em Barcelona sob medidas cautelares, como a entrega de seus passaportes e comparecimentos regulares ao tribunal.

Fora da prisão, Alves também buscou reconstruir laços pessoais. Em agosto de 2024, sua ex-mulher, a modelo espanhola Joana Sanz, publicou fotos do jogador em sua casa em Mallorca, indicando uma reaproximação após o divórcio anunciado em 2023. A relação, que foi abalada pelo escândalo, parece ter encontrado um novo equilíbrio, com Sanz defendendo publicamente o ex-marido em meio às críticas que recebeu por apoiá-lo. Além disso, o brasileiro foi visto participando de partidas amadoras de futebol na Espanha, usando um perfil anônimo em aplicativos para marcar jogos, o que sugere um esforço para manter-se ativo no esporte que o consagrou.

A decisão judicial também alivia a pressão financeira sobre Alves. Embora tenha pago 1 milhão de euros pela fiança e 150 mil euros de indenização à vítima na fase inicial do processo, ele não precisará mais arcar com custas processuais adicionais, que foram declaradas “ex officio” pelo tribunal. O jogador, que teve bens bloqueados durante a prisão, agora tem caminho livre para reorganizar sua vida, embora o impacto do caso em sua imagem pública permaneça um desafio.

Repercussão do caso na Espanha e no mundo

O caso Daniel Alves transcendeu o âmbito judicial e se tornou um símbolo de discussões mais amplas sobre violência sexual e justiça. Na Espanha, onde o tema ganhou relevância nos últimos anos, a absolvição pode reacender debates sobre a credibilidade de vítimas em casos de “palavra contra palavra”. Movimentos feministas, que acompanharam o processo de perto, já haviam criticado a liberdade provisória concedida em 2024, apontando-a como um exemplo de privilégio para quem tem recursos financeiros. A decisão do TSJC deve gerar novas reações, especialmente por questionar o depoimento da vítima com base em imagens que, para alguns, não contam toda a história.

Internacionalmente, a absolvição também chama atenção por envolver um dos maiores nomes do futebol mundial. Daniel Alves, com passagens marcantes por clubes como Barcelona, Juventus e PSG, além de ser o jogador com mais títulos na história do esporte, viu sua reputação ser abalada desde o início das acusações. A reviravolta no caso pode dividir opiniões entre torcedores e observadores, com alguns celebrando a decisão como uma vitória da verdade e outros questionando se a justiça foi plenamente feita.

Na Catalunha, onde o caso se desenrolou, a imprensa local já começou a destacar os detalhes da sentença. Jornais como “La Vanguardia” e “El País” enfatizaram a importância das imagens de segurança na argumentação do tribunal, enquanto outros veículos apontaram a unanimidade da decisão como um sinal de solidez no julgamento. A ausência de um posicionamento imediato dos advogados da vítima deixa em aberto a possibilidade de novas movimentações, embora, no âmbito penal, o processo esteja encerrado.

Detalhes da sentença: o que diz o Tribunal Superior

A sentença do Tribunal Superior da Catalunha trouxe uma análise minuciosa das provas apresentadas ao longo do processo. Os juízes focaram na discrepância entre o relato da vítima e os registros objetivos disponíveis, como as imagens das câmeras de segurança. Segundo o acórdão, a decisão de primeira instância já havia apontado problemas na confiabilidade do depoimento, mas não os considerou suficientes para absolver Alves à época. Agora, o TSJC foi além, afirmando que os trechos verificáveis do relato “não correspondiam à realidade”.

O tribunal também rejeitou os recursos da Promotoria e da acusação particular, que buscavam, respectivamente, 9 e 12 anos de prisão para o jogador. A argumentação da defesa, liderada pela advogada Inés Guardiola, prevaleceu ao demonstrar que as provas não sustentavam a condenação. Entre os pontos destacados na sentença estão:

  • A entrada voluntária da vítima no banheiro, conforme mostrado nas imagens.
  • A ausência de evidências claras de violência ou intimidação nos registros visuais.
  • A falta de consistência em partes do depoimento que poderiam ser confrontadas com fatos objetivos.

Com isso, o TSJC absolveu Alves, revogou as medidas cautelares e declarou que as custas processuais não seriam cobradas, encerrando o caso no sistema judiciário espanhol.

Vida após a prisão: como Alves se reergueu

Enquanto aguardava a decisão final, Daniel Alves já dava sinais de que buscava retomar sua rotina. Após deixar a prisão de Brians 2, em março de 2024, o ex-jogador optou por uma vida mais reservada, evitando exposição pública. Sua saída da cadeia foi marcada por imagens que circularam globalmente, mostrando-o ao lado de seu advogado ao cruzar os portões do presídio. A fiança de 1 milhão de euros, paga com ajuda de terceiros, garantiu sua liberdade provisória, mas ele ainda vivia sob a sombra do processo.

Em Mallorca, onde passou parte do último ano, Alves encontrou apoio em Joana Sanz, com quem dividiu momentos registrados em redes sociais. As fotos do jogador cozinhando na casa da ex-mulher, publicadas em agosto de 2024, foram acompanhadas de uma legenda que dizia: “Somos felizes. Quem se incomoda, é só não olhar”. A mensagem reflete uma tentativa de deixar o passado para trás, embora o casal tenha enfrentado críticas por essa reaproximação. Sanz, que pediu divórcio em 2023, voltou a se posicionar ao lado de Alves, desafiando a opinião pública.

No campo esportivo, o ex-lateral não abandonou completamente o futebol. Jornais espanhóis como “Marca” e “Sport” relataram que ele passou a jogar partidas amadoras, organizadas por meio de aplicativos, usando um perfil discreto. Em setembro de 2024, foi flagrado em um desses jogos, sendo reconhecido e tietado por outros participantes. Aos 41 anos, Alves parece buscar no esporte uma forma de manter viva sua paixão, mesmo longe dos holofotes dos grandes estádios.

O que mudou na legislação espanhola sobre agressão sexual

O caso Daniel Alves coincidiu com um período de transformações no tratamento de crimes sexuais na Espanha. Em 2022, o país aprovou a chamada “Lei do Só Sim é Sim”, que reformulou o Código Penal para reforçar a importância do consentimento em relações sexuais. Pela nova legislação, qualquer ato sexual sem consentimento explícito é classificado como agressão sexual, com penas que variam de 1 a 15 anos, dependendo da gravidade. No caso de estupro, como o inicialmente imputado a Alves, a pena máxima pode chegar a 12 anos.

A condenação inicial de Alves, em fevereiro de 2024, foi um dos primeiros casos de destaque julgados sob essa lei. A pena de 4 anos e 6 meses, atenuada pelo pagamento de indenização, foi vista como um exemplo da aplicação da norma, que também prevê liberdade vigiada e medidas de afastamento da vítima após o cumprimento da sentença. A absolvição, no entanto, levanta questões sobre como provas como vídeos e depoimentos são avaliadas nesse novo contexto legal, especialmente em situações onde não há testemunhas diretas.

A legislação também trouxe maior visibilidade a debates sobre violência de gênero no país. Casos como o de Alves, amplamente acompanhados pela mídia, testam os limites do sistema judicial e influenciam a percepção pública sobre a eficácia das leis. Embora o desfecho tenha favorecido o jogador, o impacto social do processo permanece, com reflexos que vão além do veredicto final.

Curiosidades sobre o caso que marcaram a trajetória

O processo judicial de Daniel Alves foi repleto de detalhes que chamaram a atenção ao longo dos anos. Confira alguns pontos que se destacaram:

  • Alves mudou sua versão dos fatos pelo menos quatro vezes, indo de negar o encontro a admitir uma relação consensual.
  • A fiança de 1 milhão de euros foi uma das mais altas já impostas em casos do tipo na Espanha.
  • A família de Neymar, ex-companheiro de Alves no Barcelona, ajudou a custear a indenização de 150 mil euros.
  • A boate Sutton, palco do incidente, é conhecida como um ponto frequentado por celebridades em Barcelona.

Esses elementos adicionaram camadas de complexidade ao caso, transformando-o em um dos mais comentados da história recente do futebol.

Futuro de Daniel Alves após a absolvição

Com o fim do processo, Daniel Alves agora tem a chance de planejar seus próximos passos sem as amarras da Justiça. Aos 41 anos, o ex-jogador já estava afastado dos gramados profissionais antes do caso, tendo encerrado sua carreira em 2022, após passagem pelo Pumas, do México. Sua absolvição pode abrir portas para projetos pessoais ou até mesmo um retorno ao futebol em papéis fora de campo, como treinador ou comentarista, embora sua imagem pública ainda carregue as marcas do escândalo.

Em Barcelona, onde o caso se desenrolou, Alves deixou um legado esportivo inquestionável, com mais de 400 jogos pelo clube e uma coleção de títulos que inclui três Ligas dos Campeões. A absolvição, no entanto, não apaga o impacto do processo em sua reputação. Enquanto alguns fãs celebram a decisão como uma prova de inocência, outros questionam se a justiça foi plenamente atendida, especialmente diante das provas iniciais que sustentaram a condenação.

Por ora, o ex-lateral parece focado em aproveitar a liberdade reconquistada. Sua presença em jogos amadores e a reaproximação com Joana Sanz indicam um desejo de normalidade após anos turbulentos. Seja qual for o caminho escolhido, a absolvição marca um novo capítulo para Daniel Alves, encerrando uma batalha judicial que, por mais de dois anos, manteve o mundo de olho em cada reviravolta.



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