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1 Apr 2025, Tue

Terremoto de magnitude 7,7 devasta Mianmar e Tailândia com mais de mil mortos e 117 desaparecidos

Reprução Globo Miyammar - Foto: globo


Um poderoso terremoto de magnitude 7,7 abalou o sudeste da Ásia na sexta-feira, 28 de março, deixando um rastro de destruição em Mianmar, Tailândia e partes da China. O epicentro, localizado a apenas 16 quilômetros a noroeste de Mandalay, segunda maior cidade de Mianmar, ocorreu a uma profundidade rasa de 10 quilômetros, intensificando os danos em áreas densamente povoadas. Relatos iniciais apontam mais de mil mortos em Mianmar, enquanto na Tailândia, equipes de resgate procuram 117 desaparecidos sob os escombros de um arranha-céu na construção que desabou em Bangkok. O tremor, sentido a centenas de quilômetros de distância, expôs a vulnerabilidade da infraestrutura regional e mobilizou esforços internacionais de socorro.

O impacto em Mianmar foi devastador, com a televisão estatal reportando 1.002 mortes e 2.376 feridos até a última atualização. Edifícios desabaram em cidades como Mandalay e Naypyitaw, capital do país, enquanto estradas racharam e pontes históricas, como a Ponte Ava, ruíram sob a força do abalo. Na Tailândia, o colapso de um prédio de 30 andares em construção na capital deixou pelo menos nove mortos e toneladas de trabalhadores soterrados, evidenciando a fragilidade de construções em áreas não acostumadas a tremores dessa magnitude. A China, embora menos afetada, registou danos em casas na província de Yunnan, próxima à fronteira com Mianmar.

Em meio ao caos, as autoridades de Mianmar, governadas por uma junta militar desde 2021, declararam estado de emergência em seis regiões e fizeram um raro apelo por ajuda internacional. O tremor, seguido por uma réplica de magnitude 6,4, agravou a crise em um país já fragilizado por conflitos internos e desastres naturais recentes. Na Tailândia, a primeira-ministra Paetongtarn Shinawatra decretou emergência em Bangkok, onde vídeos chocantes mostraram água de piscinas em telhados transbordando como cachoeiras e prédios oscilando, gerando pânico generalizado entre moradores e turistas.

A destruição em Mianmar atinge níveis catastróficos

O cenário em Mandalay, cidade com cerca de 1,5 milhão de habitantes, é de devastação total. Prédios de cinco andares colapsaram diante dos olhos de testemunhas, que descreveram ruas tomadas por escombros e moradores em pânico, incapazes de retornar às suas casas. Um morador relatou que o bairro Sein Pan pegou fogo após um colapso de estruturas, enquanto linhas telefônicas e energia elétrica foram cortadas, dificultando a comunicação. Hospitais, como o Geral de Mandalay, ficaram saturados, com feridos sendo atendidos em estacionamentos e até nas ruas, muitos ainda conectados a soros e tanques de oxigênio.

Na capital Naypyitaw, o terremoto deixou marcas profundas na infraestrutura pública. As estradas exibem fissuras enormes, e o Museu Nacional sofreu rachaduras em suas paredes, com partes do teto cedendo. O Departamento de Emergência do Hospital Geral de Naypyitaw virou uma cena de guerra, com pacientes em macas improvisadas e gritos de dor ecoando pelo local. A junta militar, liderada por Min Aung Hlaing, visitou o hospital e pediu doações de sangue, sinalizando a gravidade da situação num país onde o sistema de saúde já opera no limite devido à guerra civil e à precariedade económica.

A região de Sagaing, próxima ao epicentro, também sofreu danos extensos. A ponte Ava, um marco histórico de mais de 90 anos, desmoronou, isolando comunidades e dificultando o acesso de equipes de resgate. Vilarejos menores reportaram casas reduzidas a escombros, e a falta de equipamentos pesados ​​tem forçado sobreviventes a cavar com as mãos em busca de vítimas. O Serviço Geológico dos Estados Unidos alertou para o risco de liquefação do solo, uma característica que pode transformar terrenos saturados em lama, aumentando os danos a edifícios e a possibilidade de penetração em áreas montanhosas.

Bangkok enfrenta acidente de arranhões e pânico nas ruas

Na Tailândia, o terremoto revelou a fragilidade de uma capital pouco preparada para tremores sísmicos. Um arranha-céu de 30 andares em construção, localizado no distrito de Chatuchak, desabou durante o horário de trabalho, soterrando mais de 300 operários que estavam no canteiro de obras. Até o momento, nove mortes foram reveladas, mas 117 pessoas seguem desaparecidas, enquanto equipes de resgate trabalham incansavelmente para encontrar sobreviventes. O ministro da Defesa, Phumtham Wechayachai, informou que cerca de 50 feridos foram levados a hospitais, muitos em estado grave.

Imagens impressionantes capturaram o momento do colapso, com uma nuvem de poeira engolindo as ruas próximas ao Mercado de Chatuchak, ponto turístico popular. Vídeos nas redes sociais mostram a água de uma piscina no topo de um hotel escorrendo pelas laterais do bairro, enquanto moradores e turistas evacuavam hotéis e escritórios em pânico. O sistema de trens suspensos BTS Skytrain e o metrô MRT foram fechados por segurança, paralisando o trânsito em Bangkok e deixando milhares de pessoas nas ruas, temerosas de tremores secundários.

A primeira-ministra tailandesa orientou a população a evitar prédios altos, mas horas depois declarou que a situação estava sob controle, permitindo o retorno às residências. Os especialistas apontam que a Tailândia, fora de zonas tradicionalmente sísmicas, não projeta suas construções para resistir a abalos dessa magnitude, o que explica os danos planejados em Bangkok. Em Chiang Mai, no norte do país, templos e residências sofreram rachaduras, mas não há relatos de vítimas fatais até agora.

  • Principais eventos em Bangkok:
    • Colapso de arranhões-céu em construção com 117 desaparecidos.
    • Nove mortes confirmadas e 50 feridos atendidos em hospitais.
    • Suspensão do transporte público e evacuação de prédios altos.

China registra tremores e danos leves na fronteira

Embora menos afetada, a China sofreu os efeitos do terremoto em suas províncias meridionais. Na região de Yunnan, próxima à fronteira com Mianmar, moradores relataram tremores que derrubaram telhados e quebraram janelas em cidades como Ruili. Duas pessoas responderam, mas não há registros de mortes. Em Mangshi, a cerca de 100 quilómetros de Ruili, o abalo foi forte o suficiente para impedir que as pessoas ficassem de pé, segundo relatos locais. A China Railway Kunming Bureau suspendeu cinco trens de passageiros por precaução, mas danos à infraestrutura ferroviária não foram detectados.

A resposta chinesa foi rápida, com o envio de mais de 135 especialistas em resgate e suprimentos médicos para Mianmar, além de uma promessa de ajuda emergencial de US$ 13,8 milhões. A proximidade geográfica e os laços com a junta militar de Mianmar colocaram o país em posição de destaque nos esforços de socorro, ao lado de nações como a Índia e a Rússia, que também ofereceram apoio humanitário. Usuários de redes sociais em Yunnan e Guangxi compartilharam vídeos de brilhos balançando e objetos caindo, evidenciando a extensão do alcance do tremor.

Magnitude rasa amplifica estragos na região

A profundidade de apenas 10 quilômetros do epicentro explica a intensidade dos danos registrados. Especialistas afirmam que terremotos rasos liberam energia diretamente na superfície, sem dissipação significativa, o que aumenta a destruição em áreas povoadas. Em Mianmar, a falha de Sagaing, que atravessa o centro do país entre as placas tectônicas Indiana e Eurasiática, é conhecida por sua atividade sísmica, mas eventos dessa magnitude são raros. O último grande tremor na região, em 1956, também causou acidentes significativos, mas a infraestrutura atual, marcada por construções vulneráveis ​​e planejamento urbano precário, agravou o impacto desta vez.

Na Tailândia, a ausência de uma cultura de construção antissísmica foi um fator decisivo para o colapso de edifícios em Bangkok. Um terremoto de magnitude 7,7, conforme a escala Richter, é classificado como “grande” e capaz de destruir estruturas em áreas habitadas, especialmente quando ocorre a pouca profundidade. Réplicas, como a de magnitude 6,4 registrada 12 minutos após o abalo principal, continuam a ameaçar a estabilidade de construções já danificadas, mantendo as autoridades em alerta para novos colapsos e perfurações.

O Serviço Geológico dos Estados Unidos estima que a liquefação do solo, um processo em que terrenos úmidos perdem resistência e se comportam como líquido, pode afetar mais de mil quilômetros quadrados em Mianmar. Esse particular, combinado com o risco de penetração nas montanhas do Triângulo Dourado, eleva as preocupações com os danos a longo prazo. Em Bangkok, a falta de preparação estrutural para tremores intensos tornou o colapso do arranha-céu um símbolo de imprevisibilidade do desastre.

Cronologia dos eventos sísmicos recentes em Mianmar

Terremotos não são novidade em Mianmar, mas o abalo de 28 de março se destaca pela escalada e destruição. A falha de Sagaing, responsável pelo tremor, já registrou eventos importantes no passado. Confira uma linha do tempo dos principais incidentes:

  • 1930-1956: Seis terremotos de magnitude 7 ou superiores sacudiram a região central, com danos a vilarejos e cidades.
  • Novembro de 2012: Um tremor de 6,8 matou 26 pessoas e feriu centenas em Sagaing.
  • 2016: Abalo de mesma magnitude em Bagan destruiu templos históricos e deixou três mortos.
  • 28 de março de 2025: Magnitude 7,7 causa mais de mil mortes e milhares de feridos, sendo o pior em quase 80 anos.

A frequência de tremores na região reflete sua posição na fronteira de placas tectônicas, mas a raridade de eventos tão intensos pegou as autoridades desprevenidas. Pesquisadores já alertaram sobre o potencial de ruptura na falha de Sagaing, que permaneceu “silenciosa” por cerca de 200 anos, acumulando energia que culminou no desastre atual.

Resgate enfrenta obstáculos em meio à crise

Os esforços de resgate em Mianmar enfrentaram barreiras significativas. A guerra civil, iniciada após o golpe de 2021, deslocou mais de 3,5 milhões de pessoas e deixou o país numa crise humanitária, com 15 milhões sob risco de insegurança alimentar antes do terramoto. Aeroportos como o Internacional de Naypyitaw sofreram danos, como a torre de controle inclinada e inoperante, dificultando a chegada de ajuda externa. Equipes locais relatam a ausência de máquinas pesadas, obrigando voluntários a usar as mãos para buscar sobreviventes em Mandalay, onde prédios como o Sky Villa Condominium, de 12 andares, desabaram.

Na Tailândia, as operações em Bangkok avançam com mais recursos, mas a escalada do colapso do risco-céu desafia as equipes. Parentes dos desaparecidos, como Naruemol Thonglek, aguardam notícias com angústia, enquanto sobreviventes descrevem cenas de desespero no momento do tremor. A primeira-ministra tailandesa coordenou uma resposta, mas o foco permanece nos 117 soterrados, muitos dos quais podem estar presos em elevadores ou sob toneladas de concreto. A China, por sua vez, já desembarcou especialistas em Mandalay, trazendo geradores e suprimentos médicos para apoiar os hospitais sobrecarregados.

A junta militar de Mianmar, em um movimento raro, reuniu qualquer país ou organização para enviar ajuda, registrando a incapacidade de lidar sozinha com a tragédia. Índia, Rússia e União Europeia manifestaram-se dispostas a colaborar, enquanto a ONU mobiliza equipes para avaliar os danos. No entanto, a censura à internet e aos cortes de energia, medidas comuns do regime para conter dissidências, agora dificultam a progressão dos socorros, atrasando a entrega de alimentos, abrigo e assistência médica a milhares de desalojados.

Danos históricos e culturais em risco

Além das perdas humanas, o terremoto ameaça o rico patrimônio cultural de Mianmar. Em Mandalay, antiga capital real e coração budista do país, templos e pagodes centenários sofreram danos irreparáveis. O Palácio de Mandalay teve parte de seu muro limitado a escombros, e a torre de relógio da cidade desabou, símbolos de uma história agora em ruínas. Em Naypyitaw, santuários religiosos também foram atingidos, com estruturas desmoronando e deixando a população local em luto pela perda de locais sagrados.

Na Tailândia, os impactos culturais são menores, mas o colapso das construções modernas levanta debates sobre a segurança de projetos em andamento. O Great Wall Hotel, em Mandalay, um ponto de referência para visitantes, ficou gravemente danificado, com suas paredes externas exibindo rachaduras profundas. A destruição de pontes como a Ponte Ava, além de seu valor histórico, compromete a conexão entre comunidades, agravando o isolamento em áreas já afetadas por anos de instabilidade política e econômica.

O abalo sísmico expõe as fragilidades de uma região marcada por contrastes: Mianmar, com sua infraestrutura precária e governo autoritário; Tailândia, uma potência turística despreparada para tremores; e China, com danos limitados, mas pronto a intervir. À medida que os números de vítimas aumentam e os resgates avançam, a escalada do desastre se torna mais clara, deixando um legado de perdas que pode levar anos para ser concluído.

Fatos marcantes do terremoto no sudeste asiático

Alguns dados destacam a gravidade do evento e seus efeitos em múltiplos países:

  • Magnitude 7,7 com epicentro a 16 km de Mandalay, a 10 km de profundidade.
  • Mais de 1.002 mortos e 2.376 feridos em Mianmar, segundo a TV estatal.
  • Nove mortos e 117 desaparecidos em Bangkok após colapso de arranhões-céu.
  • Réplica de 6,4 e vários tremores menores sentidos na região.
  • Danos em Yunnan, China, com duas pessoas feridas e casas afetadas.

A combinação de um tremor raso, infraestrutura vulnerável e uma resposta limitada por crises preexistentes mudaram esse terremoto em um dos mais letais da história recente do sudeste asiático, com impactos que reverberam muito além das fronteiras de Mianmar.



Um poderoso terremoto de magnitude 7,7 abalou o sudeste da Ásia na sexta-feira, 28 de março, deixando um rastro de destruição em Mianmar, Tailândia e partes da China. O epicentro, localizado a apenas 16 quilômetros a noroeste de Mandalay, segunda maior cidade de Mianmar, ocorreu a uma profundidade rasa de 10 quilômetros, intensificando os danos em áreas densamente povoadas. Relatos iniciais apontam mais de mil mortos em Mianmar, enquanto na Tailândia, equipes de resgate procuram 117 desaparecidos sob os escombros de um arranha-céu na construção que desabou em Bangkok. O tremor, sentido a centenas de quilômetros de distância, expôs a vulnerabilidade da infraestrutura regional e mobilizou esforços internacionais de socorro.

O impacto em Mianmar foi devastador, com a televisão estatal reportando 1.002 mortes e 2.376 feridos até a última atualização. Edifícios desabaram em cidades como Mandalay e Naypyitaw, capital do país, enquanto estradas racharam e pontes históricas, como a Ponte Ava, ruíram sob a força do abalo. Na Tailândia, o colapso de um prédio de 30 andares em construção na capital deixou pelo menos nove mortos e toneladas de trabalhadores soterrados, evidenciando a fragilidade de construções em áreas não acostumadas a tremores dessa magnitude. A China, embora menos afetada, registou danos em casas na província de Yunnan, próxima à fronteira com Mianmar.

Em meio ao caos, as autoridades de Mianmar, governadas por uma junta militar desde 2021, declararam estado de emergência em seis regiões e fizeram um raro apelo por ajuda internacional. O tremor, seguido por uma réplica de magnitude 6,4, agravou a crise em um país já fragilizado por conflitos internos e desastres naturais recentes. Na Tailândia, a primeira-ministra Paetongtarn Shinawatra decretou emergência em Bangkok, onde vídeos chocantes mostraram água de piscinas em telhados transbordando como cachoeiras e prédios oscilando, gerando pânico generalizado entre moradores e turistas.

A destruição em Mianmar atinge níveis catastróficos

O cenário em Mandalay, cidade com cerca de 1,5 milhão de habitantes, é de devastação total. Prédios de cinco andares colapsaram diante dos olhos de testemunhas, que descreveram ruas tomadas por escombros e moradores em pânico, incapazes de retornar às suas casas. Um morador relatou que o bairro Sein Pan pegou fogo após um colapso de estruturas, enquanto linhas telefônicas e energia elétrica foram cortadas, dificultando a comunicação. Hospitais, como o Geral de Mandalay, ficaram saturados, com feridos sendo atendidos em estacionamentos e até nas ruas, muitos ainda conectados a soros e tanques de oxigênio.

Na capital Naypyitaw, o terremoto deixou marcas profundas na infraestrutura pública. As estradas exibem fissuras enormes, e o Museu Nacional sofreu rachaduras em suas paredes, com partes do teto cedendo. O Departamento de Emergência do Hospital Geral de Naypyitaw virou uma cena de guerra, com pacientes em macas improvisadas e gritos de dor ecoando pelo local. A junta militar, liderada por Min Aung Hlaing, visitou o hospital e pediu doações de sangue, sinalizando a gravidade da situação num país onde o sistema de saúde já opera no limite devido à guerra civil e à precariedade económica.

A região de Sagaing, próxima ao epicentro, também sofreu danos extensos. A ponte Ava, um marco histórico de mais de 90 anos, desmoronou, isolando comunidades e dificultando o acesso de equipes de resgate. Vilarejos menores reportaram casas reduzidas a escombros, e a falta de equipamentos pesados ​​tem forçado sobreviventes a cavar com as mãos em busca de vítimas. O Serviço Geológico dos Estados Unidos alertou para o risco de liquefação do solo, uma característica que pode transformar terrenos saturados em lama, aumentando os danos a edifícios e a possibilidade de penetração em áreas montanhosas.

Bangkok enfrenta acidente de arranhões e pânico nas ruas

Na Tailândia, o terremoto revelou a fragilidade de uma capital pouco preparada para tremores sísmicos. Um arranha-céu de 30 andares em construção, localizado no distrito de Chatuchak, desabou durante o horário de trabalho, soterrando mais de 300 operários que estavam no canteiro de obras. Até o momento, nove mortes foram reveladas, mas 117 pessoas seguem desaparecidas, enquanto equipes de resgate trabalham incansavelmente para encontrar sobreviventes. O ministro da Defesa, Phumtham Wechayachai, informou que cerca de 50 feridos foram levados a hospitais, muitos em estado grave.

Imagens impressionantes capturaram o momento do colapso, com uma nuvem de poeira engolindo as ruas próximas ao Mercado de Chatuchak, ponto turístico popular. Vídeos nas redes sociais mostram a água de uma piscina no topo de um hotel escorrendo pelas laterais do bairro, enquanto moradores e turistas evacuavam hotéis e escritórios em pânico. O sistema de trens suspensos BTS Skytrain e o metrô MRT foram fechados por segurança, paralisando o trânsito em Bangkok e deixando milhares de pessoas nas ruas, temerosas de tremores secundários.

A primeira-ministra tailandesa orientou a população a evitar prédios altos, mas horas depois declarou que a situação estava sob controle, permitindo o retorno às residências. Os especialistas apontam que a Tailândia, fora de zonas tradicionalmente sísmicas, não projeta suas construções para resistir a abalos dessa magnitude, o que explica os danos planejados em Bangkok. Em Chiang Mai, no norte do país, templos e residências sofreram rachaduras, mas não há relatos de vítimas fatais até agora.

  • Principais eventos em Bangkok:
    • Colapso de arranhões-céu em construção com 117 desaparecidos.
    • Nove mortes confirmadas e 50 feridos atendidos em hospitais.
    • Suspensão do transporte público e evacuação de prédios altos.

China registra tremores e danos leves na fronteira

Embora menos afetada, a China sofreu os efeitos do terremoto em suas províncias meridionais. Na região de Yunnan, próxima à fronteira com Mianmar, moradores relataram tremores que derrubaram telhados e quebraram janelas em cidades como Ruili. Duas pessoas responderam, mas não há registros de mortes. Em Mangshi, a cerca de 100 quilómetros de Ruili, o abalo foi forte o suficiente para impedir que as pessoas ficassem de pé, segundo relatos locais. A China Railway Kunming Bureau suspendeu cinco trens de passageiros por precaução, mas danos à infraestrutura ferroviária não foram detectados.

A resposta chinesa foi rápida, com o envio de mais de 135 especialistas em resgate e suprimentos médicos para Mianmar, além de uma promessa de ajuda emergencial de US$ 13,8 milhões. A proximidade geográfica e os laços com a junta militar de Mianmar colocaram o país em posição de destaque nos esforços de socorro, ao lado de nações como a Índia e a Rússia, que também ofereceram apoio humanitário. Usuários de redes sociais em Yunnan e Guangxi compartilharam vídeos de brilhos balançando e objetos caindo, evidenciando a extensão do alcance do tremor.

Magnitude rasa amplifica estragos na região

A profundidade de apenas 10 quilômetros do epicentro explica a intensidade dos danos registrados. Especialistas afirmam que terremotos rasos liberam energia diretamente na superfície, sem dissipação significativa, o que aumenta a destruição em áreas povoadas. Em Mianmar, a falha de Sagaing, que atravessa o centro do país entre as placas tectônicas Indiana e Eurasiática, é conhecida por sua atividade sísmica, mas eventos dessa magnitude são raros. O último grande tremor na região, em 1956, também causou acidentes significativos, mas a infraestrutura atual, marcada por construções vulneráveis ​​e planejamento urbano precário, agravou o impacto desta vez.

Na Tailândia, a ausência de uma cultura de construção antissísmica foi um fator decisivo para o colapso de edifícios em Bangkok. Um terremoto de magnitude 7,7, conforme a escala Richter, é classificado como “grande” e capaz de destruir estruturas em áreas habitadas, especialmente quando ocorre a pouca profundidade. Réplicas, como a de magnitude 6,4 registrada 12 minutos após o abalo principal, continuam a ameaçar a estabilidade de construções já danificadas, mantendo as autoridades em alerta para novos colapsos e perfurações.

O Serviço Geológico dos Estados Unidos estima que a liquefação do solo, um processo em que terrenos úmidos perdem resistência e se comportam como líquido, pode afetar mais de mil quilômetros quadrados em Mianmar. Esse particular, combinado com o risco de penetração nas montanhas do Triângulo Dourado, eleva as preocupações com os danos a longo prazo. Em Bangkok, a falta de preparação estrutural para tremores intensos tornou o colapso do arranha-céu um símbolo de imprevisibilidade do desastre.

Cronologia dos eventos sísmicos recentes em Mianmar

Terremotos não são novidade em Mianmar, mas o abalo de 28 de março se destaca pela escalada e destruição. A falha de Sagaing, responsável pelo tremor, já registrou eventos importantes no passado. Confira uma linha do tempo dos principais incidentes:

  • 1930-1956: Seis terremotos de magnitude 7 ou superiores sacudiram a região central, com danos a vilarejos e cidades.
  • Novembro de 2012: Um tremor de 6,8 matou 26 pessoas e feriu centenas em Sagaing.
  • 2016: Abalo de mesma magnitude em Bagan destruiu templos históricos e deixou três mortos.
  • 28 de março de 2025: Magnitude 7,7 causa mais de mil mortes e milhares de feridos, sendo o pior em quase 80 anos.

A frequência de tremores na região reflete sua posição na fronteira de placas tectônicas, mas a raridade de eventos tão intensos pegou as autoridades desprevenidas. Pesquisadores já alertaram sobre o potencial de ruptura na falha de Sagaing, que permaneceu “silenciosa” por cerca de 200 anos, acumulando energia que culminou no desastre atual.

Resgate enfrenta obstáculos em meio à crise

Os esforços de resgate em Mianmar enfrentaram barreiras significativas. A guerra civil, iniciada após o golpe de 2021, deslocou mais de 3,5 milhões de pessoas e deixou o país numa crise humanitária, com 15 milhões sob risco de insegurança alimentar antes do terramoto. Aeroportos como o Internacional de Naypyitaw sofreram danos, como a torre de controle inclinada e inoperante, dificultando a chegada de ajuda externa. Equipes locais relatam a ausência de máquinas pesadas, obrigando voluntários a usar as mãos para buscar sobreviventes em Mandalay, onde prédios como o Sky Villa Condominium, de 12 andares, desabaram.

Na Tailândia, as operações em Bangkok avançam com mais recursos, mas a escalada do colapso do risco-céu desafia as equipes. Parentes dos desaparecidos, como Naruemol Thonglek, aguardam notícias com angústia, enquanto sobreviventes descrevem cenas de desespero no momento do tremor. A primeira-ministra tailandesa coordenou uma resposta, mas o foco permanece nos 117 soterrados, muitos dos quais podem estar presos em elevadores ou sob toneladas de concreto. A China, por sua vez, já desembarcou especialistas em Mandalay, trazendo geradores e suprimentos médicos para apoiar os hospitais sobrecarregados.

A junta militar de Mianmar, em um movimento raro, reuniu qualquer país ou organização para enviar ajuda, registrando a incapacidade de lidar sozinha com a tragédia. Índia, Rússia e União Europeia manifestaram-se dispostas a colaborar, enquanto a ONU mobiliza equipes para avaliar os danos. No entanto, a censura à internet e aos cortes de energia, medidas comuns do regime para conter dissidências, agora dificultam a progressão dos socorros, atrasando a entrega de alimentos, abrigo e assistência médica a milhares de desalojados.

Danos históricos e culturais em risco

Além das perdas humanas, o terremoto ameaça o rico patrimônio cultural de Mianmar. Em Mandalay, antiga capital real e coração budista do país, templos e pagodes centenários sofreram danos irreparáveis. O Palácio de Mandalay teve parte de seu muro limitado a escombros, e a torre de relógio da cidade desabou, símbolos de uma história agora em ruínas. Em Naypyitaw, santuários religiosos também foram atingidos, com estruturas desmoronando e deixando a população local em luto pela perda de locais sagrados.

Na Tailândia, os impactos culturais são menores, mas o colapso das construções modernas levanta debates sobre a segurança de projetos em andamento. O Great Wall Hotel, em Mandalay, um ponto de referência para visitantes, ficou gravemente danificado, com suas paredes externas exibindo rachaduras profundas. A destruição de pontes como a Ponte Ava, além de seu valor histórico, compromete a conexão entre comunidades, agravando o isolamento em áreas já afetadas por anos de instabilidade política e econômica.

O abalo sísmico expõe as fragilidades de uma região marcada por contrastes: Mianmar, com sua infraestrutura precária e governo autoritário; Tailândia, uma potência turística despreparada para tremores; e China, com danos limitados, mas pronto a intervir. À medida que os números de vítimas aumentam e os resgates avançam, a escalada do desastre se torna mais clara, deixando um legado de perdas que pode levar anos para ser concluído.

Fatos marcantes do terremoto no sudeste asiático

Alguns dados destacam a gravidade do evento e seus efeitos em múltiplos países:

  • Magnitude 7,7 com epicentro a 16 km de Mandalay, a 10 km de profundidade.
  • Mais de 1.002 mortos e 2.376 feridos em Mianmar, segundo a TV estatal.
  • Nove mortos e 117 desaparecidos em Bangkok após colapso de arranhões-céu.
  • Réplica de 6,4 e vários tremores menores sentidos na região.
  • Danos em Yunnan, China, com duas pessoas feridas e casas afetadas.

A combinação de um tremor raso, infraestrutura vulnerável e uma resposta limitada por crises preexistentes mudaram esse terremoto em um dos mais letais da história recente do sudeste asiático, com impactos que reverberam muito além das fronteiras de Mianmar.



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