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6 Apr 2025, Sun

Novas exigências do Auxílio-Gás e Bolsa Família atingem quem vive sozinho: descubra o que muda

bolsa familia divulgação


A partir deste mês, o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) implementou alterações significativas nos programas Bolsa Família e Auxílio-Gás, com foco nas famílias unipessoais — aquelas compostas por apenas uma pessoa. As novas regras, publicadas em portaria no Diário Oficial da União no dia 27 de março, determinam que esses beneficiários agora precisam passar por uma entrevista domiciliar para ingressar ou atualizar seus dados no Cadastro Único (CadÚnico). A medida, que visa aprimorar a gestão dos recursos e combater irregularidades, já está em vigor e promete mudar a forma como milhões de brasileiros acessam esses benefícios. Para quem já recebe os programas, o impacto inicial é mínimo, mas o MDS planeja regulamentar a situação dos atuais beneficiários em breve.

Essas mudanças chegam em um momento de ajustes nos programas sociais, que atendem mais de 20,5 milhões de famílias em todo o país. O Bolsa Família, relançado em 2023 após substituições temporárias como o Auxílio Brasil, mantém seu papel como principal ferramenta de transferência de renda no Brasil. Já o Auxílio-Gás, que cobre o custo médio de um botijão de 13 kg a cada dois meses, complementa o suporte às famílias de baixa renda. Com um orçamento de R$ 160 bilhões previsto para o Bolsa Família em 2025, o governo busca garantir que os recursos cheguem aos mais necessitados, enquanto o pente-fino no CadÚnico continua revelando discrepâncias nos cadastros.

Para as famílias unipessoais, a obrigatoriedade da entrevista domiciliar é o destaque das novas regras. Antes, o processo de inscrição ou atualização no CadÚnico podia ser feito diretamente nos Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) sem verificação presencial no local de residência. Agora, agentes municipais visitarão os domicílios para confirmar as informações declaradas, como a composição familiar e as condições de vida. A iniciativa reflete uma preocupação crescente com fraudes, especialmente após o aumento expressivo de cadastros unipessoais nos últimos anos, que nem sempre condizem com a realidade demográfica do país.

Por que o foco nas famílias unipessoais?

O aumento no número de famílias unipessoais cadastradas chamou a atenção do governo nos últimos anos. Dados mostram que, entre janeiro de 2023 e junho de 2024, o total de beneficiários nessa categoria caiu de 5,9 milhões para 3,9 milhões, resultado de fiscalizações intensivas realizadas pela Controladoria Geral da União (CGU) e pelo MDS. Esse crescimento anormal foi observado especialmente no final do governo anterior, sob a gestão de Jair Bolsonaro, quando o Bolsa Família foi substituído temporariamente pelo Auxílio Brasil. A suspeita é que muitos cadastros foram feitos de forma irregular, com indivíduos declarando viver sozinhos para receber o benefício, mesmo residindo com outros familiares.

A entrevista domiciliar surge como uma resposta direta a essas inconsistências. Durante a visita, os agentes verificarão se o beneficiário realmente vive sozinho e se as condições informadas no CadÚnico são verdadeiras. O processo será coordenado pelos municípios, que precisarão mobilizar equipes para atender à nova demanda. Em áreas urbanas, a logística pode ser mais simples, mas em regiões rurais ou de difícil acesso, como o interior do Norte e Nordeste, a implementação pode enfrentar desafios. O objetivo, segundo o MDS, é assegurar que os benefícios sejam direcionados a quem realmente precisa, sem comprometer o orçamento dos programas.

Vale destacar que nem todas as famílias unipessoais serão submetidas a essa exigência. Grupos em situação de maior vulnerabilidade, como povos indígenas, comunidades quilombolas, pessoas resgatadas de condições análogas à escravidão, catadores de materiais recicláveis e indivíduos em situação de rua, estão isentos da entrevista. Essa flexibilização reconhece as dificuldades enfrentadas por essas populações, que muitas vezes não possuem endereço fixo ou acesso facilitado aos serviços de assistência social.

Como funcionará a entrevista domiciliar?

A obrigatoriedade da entrevista domiciliar altera o fluxo de cadastro para novos beneficiários unipessoais. Antes, bastava comparecer a um posto do CRAS com documentos como CPF,washed-updated”>Cadastro Único e apresentar informações básicas. Agora, após o registro inicial, o solicitante deverá aguardar a visita de um agente municipal, que confirmará os dados no local de residência. O processo busca garantir maior precisão na identificação de quem vive sozinho e depende exclusivamente do benefício para sua subsistência.

Para quem já está inscrito, o MDS ainda definirá como será a regulamentação. Isso significa que os atuais beneficiários unipessoais podem, em breve, passar por um processo semelhante para manter o acesso aos programas. A visita será agendada pelo município, e o beneficiário precisará estar presente para responder às perguntas e apresentar documentos, se necessário. Em casos de inconsistências, o cadastro pode ser suspenso até a regularização.

  • Agendamento: O CRAS ou órgão local entrará em contato para marcar a visita.
  • Verificação: O agente checará a composição familiar e condições do domicílio.
  • Validação: Após a entrevista, o cadastro é aprovado ou rejeitado com base nas informações coletadas.

A medida, embora eficaz para coibir fraudes, exige um esforço significativo dos municípios, responsáveis pela execução do CadÚnico. Em cidades menores ou áreas remotas, a falta de estrutura e pessoal pode atrasar o processo, afetando o acesso de novos beneficiários.

cadastro unico cpf governo cadunico
Foto governo federal

Exceções às novas regras

Nem todas as famílias unipessoais precisarão passar pela entrevista domiciliar. O governo estabeleceu exceções para grupos historicamente vulneráveis, garantindo que o acesso aos benefícios não seja prejudicado. Essas isenções refletem o compromisso de manter o Bolsa Família e o Auxílio-Gás como ferramentas de inclusão social, mesmo com o endurecimento das regras.

Populações como indígenas e quilombolas, frequentemente localizadas em áreas de difícil acesso, não terão a obrigatoriedade da visita presencial. Pessoas em situação de rua, sem endereço fixo, também seguem com um cadastro simplificado. Além disso, catadores de materiais recicláveis e indivíduos resgatados de trabalho escravo estão dispensados, considerando os desafios adicionais que enfrentam para comprovar residência ou comparecer a entrevistas.

Essas exceções foram mantidas para assegurar que os programas continuem atendendo às necessidades de quem mais depende deles. Dados de 2024 mostram que o Bolsa Família alcançou mais de 274 mil famílias quilombolas, 238 mil indígenas e 237 mil em situação de rua, destacando a importância de adaptar as regras a essas realidades.

Impacto nos números do Bolsa Família

As fiscalizações no CadÚnico já tiveram efeitos visíveis nos últimos anos. Em 2023, um pente-fino excluiu 1,5 milhão de beneficiários com renda acima do permitido ou cadastros duplicados, enquanto 700 mil novas famílias foram incluídas por busca ativa. No total, desde o início da revisão cadastral, cerca de 4,1 milhões de benefícios foram cortados por inconsistências. A obrigatoriedade da entrevista domiciliar é mais um passo para qualificar os dados e reduzir irregularidades.

Atualmente, o Bolsa Família atende cerca de 20,5 milhões de famílias, com uma média de R$ 682 por benefício, incluindo adicionais como R$ 150 por criança até 6 anos e R$ 50 para gestantes e adolescentes. O Auxílio-Gás, por sua vez, beneficia 5,6 milhões de famílias bimestralmente, com um valor médio de R$ 102, calculado com base no preço do botijão de 13 kg. A redução no número de famílias unipessoais, de 5,9 milhões para 3,9 milhões entre 2023 e 2024, reflete o impacto das medidas de controle.

O governo também planeja limitar o número de beneficiários unipessoais por município, evitando concentrações suspeitas. Essa decisão será baseada em indicadores demográficos, como a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad), para alinhar os cadastros à realidade local. A expectativa é que as novas regras tragam ainda mais precisão aos programas em 2025.

Desafios logísticos para os municípios

Coordenar entrevistas domiciliares em um país de dimensões continentais não é tarefa simples. Os municípios, responsáveis pela gestão do CadÚnico, precisarão de estrutura para atender à nova demanda. Em áreas urbanas, como periferias de grandes cidades, a mobilidade dos agentes pode facilitar o processo. Já em regiões rurais, como o interior do Amazonas ou do sertão nordestino, a distância e a falta de infraestrutura podem gerar atrasos.

A capacitação dos agentes também será essencial. Eles precisarão estar preparados para identificar inconsistências e lidar com situações diversas, desde domicílios precários até beneficiários que tentem burlar o sistema. O MDS já anunciou que, a partir de fevereiro de 2025, oferecerá treinamentos online para os operadores do CadÚnico, visando uma transição suave para as novas exigências.

Outro ponto de atenção é o tempo de espera. Para novos cadastros, o agendamento da entrevista pode levar semanas, dependendo da capacidade local. Isso pode gerar frustração entre os solicitantes, especialmente aqueles em situação de extrema pobreza que dependem do benefício para necessidades básicas, como alimentação e gás de cozinha.

Comunicação oficial com os beneficiários

O MDS reforça que os únicos canais oficiais de comunicação com os beneficiários são os extratos bancários e o aplicativo do Bolsa Família. Mensagens com links externos ou ligações telefônicas não fazem parte da estratégia do programa e devem ser tratadas como possíveis golpes. Em 2024, relatos de fraudes usando o nome do Bolsa Família aumentaram, o que levou o governo a intensificar os alertas.

Caso o ministério adote métodos adicionais, como SMS ou WhatsApp, os municípios serão informados previamente por canais oficiais. Essa cautela visa proteger os beneficiários, muitos dos quais têm baixa escolaridade e podem ser alvos fáceis de tentativas de phishing ou roubo de dados.

Para consultar a situação do benefício, os usuários podem usar o aplicativo Bolsa Família ou o Caixa Tem, inserindo o CPF do responsável familiar. Lá, é possível verificar datas de pagamento, valores e o status do cadastro, sem depender de intermediários.

Calendário de pagamentos para 2025

Os repasses do Bolsa Família seguem um cronograma escalonado, baseado no último dígito do Número de Identificação Social (NIS). Os pagamentos ocorrem nos últimos dez dias úteis de cada mês, exceto em dezembro, quando começam no dia 10 por causa do Natal. Confira as datas iniciais de 2025:

  • NIS final 1: 20 de janeiro
  • NIS final 2: 21 de janeiro
  • NIS final 3: 22 de janeiro
  • NIS final 4: 23 de janeiro
  • NIS final 5: 24 de janeiro
  • NIS final 6: 27 de janeiro
  • NIS final 7: 28 de janeiro
  • NIS final 8: 29 de janeiro
  • NIS final 9: 30 de janeiro
  • NIS final 0: 31 de janeiro

O Auxílio-Gás segue o mesmo calendário, mas é pago a cada dois meses. Em fevereiro, por exemplo, o valor foi de R$ 102, refletindo a média nacional do botijão de 13 kg. Os beneficiários recebem os dois programas na mesma conta, facilitando o acesso aos recursos.

Tecnologia a favor do Cadastro Único

A partir de março, o CadÚnico passará por uma modernização com uma nova plataforma desenvolvida em parceria com a Dataprev. O sistema promete integração online com outras bases do governo federal, como a Receita Federal e o INSS, para agilizar cadastros e atualizações. O CPF será a chave principal de identificação, abrindo caminho para a conexão com a Carteira de Identidade Nacional e bases biométricas.

Essa atualização deve reduzir erros manuais e aumentar a segurança dos dados, beneficiando não só o Bolsa Família e o Auxílio-Gás, mas também mais de 40 programas sociais que usam o CadÚnico como base. A transição será feita de uma só vez, com o desligamento do sistema antigo e a ativação do novo portal, que centralizará a gestão cadastral.

O treinamento dos operadores começará em fevereiro, com cursos online em níveis básico, intermediário e avançado. A capacitação será obrigatória para todos os profissionais envolvidos, garantindo que o sistema funcione plenamente a partir do lançamento.

Benefícios extras mantidos em 2025

Apesar do corte de R$ 7,7 bilhões no orçamento do Bolsa Família para 2025, os benefícios extras foram preservados. O Benefício de Primeira Infância paga R$ 150 por criança até 6 anos, enquanto o Benefício Variável Familiar oferece R$ 50 para gestantes, nutrizes e adolescentes de 7 a 18 anos. Esses valores complementam o mínimo de R$ 600 por família, atendendo às necessidades específicas de cada lar.

Em 2024, cerca de 911 mil gestantes e 436 mil nutrizes receberam esses adicionais, totalizando mais de R$ 767 milhões em repasses. Já as crianças e adolescentes contemplados somaram 24,86 milhões, reforçando o foco do programa na proteção da infância e juventude. O Auxílio-Gás, com seus R$ 102 bimestrais, também segue intacto, ajudando a cobrir um custo essencial para milhões de famílias.

Esses valores refletem a estratégia do governo de adaptar o Bolsa Família às diferentes composições familiares, priorizando lares com mulheres e crianças. Dados mostram que 83,27% das famílias beneficiárias são chefiadas por mulheres, o que destaca o impacto social do programa na redução da desigualdade de gênero.

Integração com o mercado de trabalho

Além de garantir renda mínima, o Bolsa Família tem servido como ponte para a inclusão produtiva. Entre 2023 e 2024, mais de 91% dos empregos formais gerados no país foram ocupados por inscritos no CadÚnico, evidenciando o papel do programa na transição para o mercado de trabalho. Nos últimos dois anos, 4,4 milhões de famílias entraram na Regra de Proteção, mantendo parte do benefício enquanto buscavam autonomia financeira.

A Regra de Proteção permite que famílias com renda per capita de até R$ 706 (meio salário mínimo em 2025) recebam 50% do valor por até dois anos. Em 2024, 1,3 milhão de famílias deixaram o programa ao superar esse limite, enquanto 2,2 milhões aderiram a essa modalidade. As novas regras para unipessoais complementam essa abordagem, equilibrando suporte e fiscalização.

Em cidades menores, o repasse do Bolsa Família também impulsiona a economia local. O aumento do consumo fortalece pequenos comércios, como mercados e padarias, enquanto a inclusão de beneficiários no mercado formal reduz a dependência do auxílio a longo prazo. Esse ciclo reforça o impacto do programa além da transferência de renda.







A partir deste mês, o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) implementou alterações significativas nos programas Bolsa Família e Auxílio-Gás, com foco nas famílias unipessoais — aquelas compostas por apenas uma pessoa. As novas regras, publicadas em portaria no Diário Oficial da União no dia 27 de março, determinam que esses beneficiários agora precisam passar por uma entrevista domiciliar para ingressar ou atualizar seus dados no Cadastro Único (CadÚnico). A medida, que visa aprimorar a gestão dos recursos e combater irregularidades, já está em vigor e promete mudar a forma como milhões de brasileiros acessam esses benefícios. Para quem já recebe os programas, o impacto inicial é mínimo, mas o MDS planeja regulamentar a situação dos atuais beneficiários em breve.

Essas mudanças chegam em um momento de ajustes nos programas sociais, que atendem mais de 20,5 milhões de famílias em todo o país. O Bolsa Família, relançado em 2023 após substituições temporárias como o Auxílio Brasil, mantém seu papel como principal ferramenta de transferência de renda no Brasil. Já o Auxílio-Gás, que cobre o custo médio de um botijão de 13 kg a cada dois meses, complementa o suporte às famílias de baixa renda. Com um orçamento de R$ 160 bilhões previsto para o Bolsa Família em 2025, o governo busca garantir que os recursos cheguem aos mais necessitados, enquanto o pente-fino no CadÚnico continua revelando discrepâncias nos cadastros.

Para as famílias unipessoais, a obrigatoriedade da entrevista domiciliar é o destaque das novas regras. Antes, o processo de inscrição ou atualização no CadÚnico podia ser feito diretamente nos Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) sem verificação presencial no local de residência. Agora, agentes municipais visitarão os domicílios para confirmar as informações declaradas, como a composição familiar e as condições de vida. A iniciativa reflete uma preocupação crescente com fraudes, especialmente após o aumento expressivo de cadastros unipessoais nos últimos anos, que nem sempre condizem com a realidade demográfica do país.

Por que o foco nas famílias unipessoais?

O aumento no número de famílias unipessoais cadastradas chamou a atenção do governo nos últimos anos. Dados mostram que, entre janeiro de 2023 e junho de 2024, o total de beneficiários nessa categoria caiu de 5,9 milhões para 3,9 milhões, resultado de fiscalizações intensivas realizadas pela Controladoria Geral da União (CGU) e pelo MDS. Esse crescimento anormal foi observado especialmente no final do governo anterior, sob a gestão de Jair Bolsonaro, quando o Bolsa Família foi substituído temporariamente pelo Auxílio Brasil. A suspeita é que muitos cadastros foram feitos de forma irregular, com indivíduos declarando viver sozinhos para receber o benefício, mesmo residindo com outros familiares.

A entrevista domiciliar surge como uma resposta direta a essas inconsistências. Durante a visita, os agentes verificarão se o beneficiário realmente vive sozinho e se as condições informadas no CadÚnico são verdadeiras. O processo será coordenado pelos municípios, que precisarão mobilizar equipes para atender à nova demanda. Em áreas urbanas, a logística pode ser mais simples, mas em regiões rurais ou de difícil acesso, como o interior do Norte e Nordeste, a implementação pode enfrentar desafios. O objetivo, segundo o MDS, é assegurar que os benefícios sejam direcionados a quem realmente precisa, sem comprometer o orçamento dos programas.

Vale destacar que nem todas as famílias unipessoais serão submetidas a essa exigência. Grupos em situação de maior vulnerabilidade, como povos indígenas, comunidades quilombolas, pessoas resgatadas de condições análogas à escravidão, catadores de materiais recicláveis e indivíduos em situação de rua, estão isentos da entrevista. Essa flexibilização reconhece as dificuldades enfrentadas por essas populações, que muitas vezes não possuem endereço fixo ou acesso facilitado aos serviços de assistência social.

Como funcionará a entrevista domiciliar?

A obrigatoriedade da entrevista domiciliar altera o fluxo de cadastro para novos beneficiários unipessoais. Antes, bastava comparecer a um posto do CRAS com documentos como CPF,washed-updated”>Cadastro Único e apresentar informações básicas. Agora, após o registro inicial, o solicitante deverá aguardar a visita de um agente municipal, que confirmará os dados no local de residência. O processo busca garantir maior precisão na identificação de quem vive sozinho e depende exclusivamente do benefício para sua subsistência.

Para quem já está inscrito, o MDS ainda definirá como será a regulamentação. Isso significa que os atuais beneficiários unipessoais podem, em breve, passar por um processo semelhante para manter o acesso aos programas. A visita será agendada pelo município, e o beneficiário precisará estar presente para responder às perguntas e apresentar documentos, se necessário. Em casos de inconsistências, o cadastro pode ser suspenso até a regularização.

  • Agendamento: O CRAS ou órgão local entrará em contato para marcar a visita.
  • Verificação: O agente checará a composição familiar e condições do domicílio.
  • Validação: Após a entrevista, o cadastro é aprovado ou rejeitado com base nas informações coletadas.

A medida, embora eficaz para coibir fraudes, exige um esforço significativo dos municípios, responsáveis pela execução do CadÚnico. Em cidades menores ou áreas remotas, a falta de estrutura e pessoal pode atrasar o processo, afetando o acesso de novos beneficiários.

cadastro unico cpf governo cadunico
Foto governo federal

Exceções às novas regras

Nem todas as famílias unipessoais precisarão passar pela entrevista domiciliar. O governo estabeleceu exceções para grupos historicamente vulneráveis, garantindo que o acesso aos benefícios não seja prejudicado. Essas isenções refletem o compromisso de manter o Bolsa Família e o Auxílio-Gás como ferramentas de inclusão social, mesmo com o endurecimento das regras.

Populações como indígenas e quilombolas, frequentemente localizadas em áreas de difícil acesso, não terão a obrigatoriedade da visita presencial. Pessoas em situação de rua, sem endereço fixo, também seguem com um cadastro simplificado. Além disso, catadores de materiais recicláveis e indivíduos resgatados de trabalho escravo estão dispensados, considerando os desafios adicionais que enfrentam para comprovar residência ou comparecer a entrevistas.

Essas exceções foram mantidas para assegurar que os programas continuem atendendo às necessidades de quem mais depende deles. Dados de 2024 mostram que o Bolsa Família alcançou mais de 274 mil famílias quilombolas, 238 mil indígenas e 237 mil em situação de rua, destacando a importância de adaptar as regras a essas realidades.

Impacto nos números do Bolsa Família

As fiscalizações no CadÚnico já tiveram efeitos visíveis nos últimos anos. Em 2023, um pente-fino excluiu 1,5 milhão de beneficiários com renda acima do permitido ou cadastros duplicados, enquanto 700 mil novas famílias foram incluídas por busca ativa. No total, desde o início da revisão cadastral, cerca de 4,1 milhões de benefícios foram cortados por inconsistências. A obrigatoriedade da entrevista domiciliar é mais um passo para qualificar os dados e reduzir irregularidades.

Atualmente, o Bolsa Família atende cerca de 20,5 milhões de famílias, com uma média de R$ 682 por benefício, incluindo adicionais como R$ 150 por criança até 6 anos e R$ 50 para gestantes e adolescentes. O Auxílio-Gás, por sua vez, beneficia 5,6 milhões de famílias bimestralmente, com um valor médio de R$ 102, calculado com base no preço do botijão de 13 kg. A redução no número de famílias unipessoais, de 5,9 milhões para 3,9 milhões entre 2023 e 2024, reflete o impacto das medidas de controle.

O governo também planeja limitar o número de beneficiários unipessoais por município, evitando concentrações suspeitas. Essa decisão será baseada em indicadores demográficos, como a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad), para alinhar os cadastros à realidade local. A expectativa é que as novas regras tragam ainda mais precisão aos programas em 2025.

Desafios logísticos para os municípios

Coordenar entrevistas domiciliares em um país de dimensões continentais não é tarefa simples. Os municípios, responsáveis pela gestão do CadÚnico, precisarão de estrutura para atender à nova demanda. Em áreas urbanas, como periferias de grandes cidades, a mobilidade dos agentes pode facilitar o processo. Já em regiões rurais, como o interior do Amazonas ou do sertão nordestino, a distância e a falta de infraestrutura podem gerar atrasos.

A capacitação dos agentes também será essencial. Eles precisarão estar preparados para identificar inconsistências e lidar com situações diversas, desde domicílios precários até beneficiários que tentem burlar o sistema. O MDS já anunciou que, a partir de fevereiro de 2025, oferecerá treinamentos online para os operadores do CadÚnico, visando uma transição suave para as novas exigências.

Outro ponto de atenção é o tempo de espera. Para novos cadastros, o agendamento da entrevista pode levar semanas, dependendo da capacidade local. Isso pode gerar frustração entre os solicitantes, especialmente aqueles em situação de extrema pobreza que dependem do benefício para necessidades básicas, como alimentação e gás de cozinha.

Comunicação oficial com os beneficiários

O MDS reforça que os únicos canais oficiais de comunicação com os beneficiários são os extratos bancários e o aplicativo do Bolsa Família. Mensagens com links externos ou ligações telefônicas não fazem parte da estratégia do programa e devem ser tratadas como possíveis golpes. Em 2024, relatos de fraudes usando o nome do Bolsa Família aumentaram, o que levou o governo a intensificar os alertas.

Caso o ministério adote métodos adicionais, como SMS ou WhatsApp, os municípios serão informados previamente por canais oficiais. Essa cautela visa proteger os beneficiários, muitos dos quais têm baixa escolaridade e podem ser alvos fáceis de tentativas de phishing ou roubo de dados.

Para consultar a situação do benefício, os usuários podem usar o aplicativo Bolsa Família ou o Caixa Tem, inserindo o CPF do responsável familiar. Lá, é possível verificar datas de pagamento, valores e o status do cadastro, sem depender de intermediários.

Calendário de pagamentos para 2025

Os repasses do Bolsa Família seguem um cronograma escalonado, baseado no último dígito do Número de Identificação Social (NIS). Os pagamentos ocorrem nos últimos dez dias úteis de cada mês, exceto em dezembro, quando começam no dia 10 por causa do Natal. Confira as datas iniciais de 2025:

  • NIS final 1: 20 de janeiro
  • NIS final 2: 21 de janeiro
  • NIS final 3: 22 de janeiro
  • NIS final 4: 23 de janeiro
  • NIS final 5: 24 de janeiro
  • NIS final 6: 27 de janeiro
  • NIS final 7: 28 de janeiro
  • NIS final 8: 29 de janeiro
  • NIS final 9: 30 de janeiro
  • NIS final 0: 31 de janeiro

O Auxílio-Gás segue o mesmo calendário, mas é pago a cada dois meses. Em fevereiro, por exemplo, o valor foi de R$ 102, refletindo a média nacional do botijão de 13 kg. Os beneficiários recebem os dois programas na mesma conta, facilitando o acesso aos recursos.

Tecnologia a favor do Cadastro Único

A partir de março, o CadÚnico passará por uma modernização com uma nova plataforma desenvolvida em parceria com a Dataprev. O sistema promete integração online com outras bases do governo federal, como a Receita Federal e o INSS, para agilizar cadastros e atualizações. O CPF será a chave principal de identificação, abrindo caminho para a conexão com a Carteira de Identidade Nacional e bases biométricas.

Essa atualização deve reduzir erros manuais e aumentar a segurança dos dados, beneficiando não só o Bolsa Família e o Auxílio-Gás, mas também mais de 40 programas sociais que usam o CadÚnico como base. A transição será feita de uma só vez, com o desligamento do sistema antigo e a ativação do novo portal, que centralizará a gestão cadastral.

O treinamento dos operadores começará em fevereiro, com cursos online em níveis básico, intermediário e avançado. A capacitação será obrigatória para todos os profissionais envolvidos, garantindo que o sistema funcione plenamente a partir do lançamento.

Benefícios extras mantidos em 2025

Apesar do corte de R$ 7,7 bilhões no orçamento do Bolsa Família para 2025, os benefícios extras foram preservados. O Benefício de Primeira Infância paga R$ 150 por criança até 6 anos, enquanto o Benefício Variável Familiar oferece R$ 50 para gestantes, nutrizes e adolescentes de 7 a 18 anos. Esses valores complementam o mínimo de R$ 600 por família, atendendo às necessidades específicas de cada lar.

Em 2024, cerca de 911 mil gestantes e 436 mil nutrizes receberam esses adicionais, totalizando mais de R$ 767 milhões em repasses. Já as crianças e adolescentes contemplados somaram 24,86 milhões, reforçando o foco do programa na proteção da infância e juventude. O Auxílio-Gás, com seus R$ 102 bimestrais, também segue intacto, ajudando a cobrir um custo essencial para milhões de famílias.

Esses valores refletem a estratégia do governo de adaptar o Bolsa Família às diferentes composições familiares, priorizando lares com mulheres e crianças. Dados mostram que 83,27% das famílias beneficiárias são chefiadas por mulheres, o que destaca o impacto social do programa na redução da desigualdade de gênero.

Integração com o mercado de trabalho

Além de garantir renda mínima, o Bolsa Família tem servido como ponte para a inclusão produtiva. Entre 2023 e 2024, mais de 91% dos empregos formais gerados no país foram ocupados por inscritos no CadÚnico, evidenciando o papel do programa na transição para o mercado de trabalho. Nos últimos dois anos, 4,4 milhões de famílias entraram na Regra de Proteção, mantendo parte do benefício enquanto buscavam autonomia financeira.

A Regra de Proteção permite que famílias com renda per capita de até R$ 706 (meio salário mínimo em 2025) recebam 50% do valor por até dois anos. Em 2024, 1,3 milhão de famílias deixaram o programa ao superar esse limite, enquanto 2,2 milhões aderiram a essa modalidade. As novas regras para unipessoais complementam essa abordagem, equilibrando suporte e fiscalização.

Em cidades menores, o repasse do Bolsa Família também impulsiona a economia local. O aumento do consumo fortalece pequenos comércios, como mercados e padarias, enquanto a inclusão de beneficiários no mercado formal reduz a dependência do auxílio a longo prazo. Esse ciclo reforça o impacto do programa além da transferência de renda.







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