O pianista, compositor e arranjador paraibano de Cruz do Espírito Santo, Salomão Soares, 34, que amealha 20 anos de carreira, juntou-se ao baixista paulista de Itapetininga, Felipe Brisola, e ao baterista de Osasco, Paulinho Vicente, 38, e formaram o Salomão Soares Trio.
O grupo lança em show, na sexta-feira (11), às 21h, no Sesc Pompeia, em São Paulo, o álbum “Espirais”, gravado nos dias 7 e 8 de novembro de 2022, no estúdio Gargolândia, e apresentado nas plataformas digitais em outubro de 2024, trazendo composições inéditas de Salomão Soares, em homenagens a artistas ou lugares que inspiram a obra do músico.
Uma das composições que figuram no repertório das dez faixas do álbum é “Dalí”, que ganhou a voz da cantora Stephanie Borgani para interpretá-la na gravação e no show.
Além de “Dalí”, “Saudação ao Sol”, “Luzes do Carmo”, “Teleférico”, “Flutuar”, com a participação especial do saxofonista Seamus Blake, “Espirais”, “Sonhos de Criança”, “Luar de Irôko”, “Vôo pra Minas” e “Café no Bule” completam o álbum.
Leia, a seguir, a entrevista exclusiva que Salomão Soares concedeu ao blog e assista, no final do texto, ao vídeo no qual o trio toca “Dalí”, com a participação especial da cantora Stephanie Borgani.
O que o levou à escolha dos integrantes do Salomão Soares Trio? Quais as principais características musicais de cada um deles?
Tocar em um trio na formação clássica é, para mim, uma oportunidade de interagir ao máximo com os músicos ao meu lado. A música deles influencia diretamente o que eu toco e, inclusive, componho e faço arranjos pensando neles. A grande magia desse projeto é levar o mínimo de informações escritas nas partituras para que cada um possa imprimir sua identidade no som.
Paulinho é um baterista extremamente criativo, com uma sensibilidade especial para ouvir e interagir musicalmente. Isso faz com que cada show seja uma história nova, sempre com frescor e espontaneidade.
Felipe é um baixista incrível, com uma afinação impecável e uma pulsação segura, o que me dá muita confiança e liberdade para explorar caminhos musicais com ele durante as apresentações.
Por que escolheu Stephanie Borgani para participar do projeto?
Stephanie é uma das grandes vozes da nova geração. Já fazia tempo que eu queria desenvolver um projeto com a participação dela, e a gravação de “Espirais” foi a oportunidade perfeita para esse encontro. Além de uma afinação impecável, ela possui uma concepção moderna da música, compondo, arranjando e explorando novas sonoridades. Sem dúvida, tem tudo para se tornar uma das grandes cantoras do Brasil.
Qual o conceito do álbum Salomão Soares Trio “Espirais”?
O álbum traz um conceito jazzístico, focado na interação, liberdade e espontaneidade. A ideia principal é permitir que a música flua de maneira natural, criando uma experiência autêntica tanto para nós, músicos, quanto para o público.
Comente algumas faixas do álbum.
Inspirada no pintor espanhol Salvador Dalí, “Dalí” conta com a participação especial de Stephanie Borgani. Busquei traduzir a estética surrealista dele para a música, com uma harmonia menos convencional, mas sustentada por uma melodia forte e coesa.
A música “Luzes do Carmo” foi inspirada em Egberto Gismonti, uma grande referência para mim. Ele me contou, certa vez, uma história sobre seu avô, que fazia cinema com luzes de vela na cidade do Carmo [RJ]. Essa narrativa me inspirou a compor “Luzes do Carmo”, logo após nossa convers”Teleférico” foi composta em La Paz, na Bolívia, durante uma viagem em que andei nos teleféricos que cortam a cidade. Fiquei fascinado por esse meio de transporte e, ao voltar ao hotel, gravei no celular a ideia rítmica que acabou se tornando a base da música.
“Espirais”, a faixa-título do álbum, é um rock instrumental com um groove que remete a um movimento circular, como uma espiral. Ela foi inspirada no quadro “A Noite Estrelada”, de Van Gogh, especialmente nos elementos giratórios e hipnotizantes da pintura.
Como foi a participação de Stephanie Borgani?
Stephanie trouxe um brilho especial para “Dalí”. Desde o momento em que comecei a trabalhar no arranjo, tive certeza de que a voz dela se encaixaria perfeitamente. Na gravação, ela fez de primeira. O resultado foi emocionante; ao ouvir na sala de técnica, eu já sabia que era mesmo.
Quais foram os desafios para gravar este álbum e como foram superados?
Gravar um álbum independente no Brasil é sempre um desafio, especialmente pelos custos envolvidos. Esse projeto só foi possível graças ao apoio do meu parceiro Rafael Altério e do Estúdio Gargolândia. O suporte deles foi fundamental para garantir que o disco tivesse a melhor qualidade possível. Aproveito para deixar aqui meu agradecimento especial ao Rafael.
Como você enxerga a situação da música instrumental brasileira hoje e qual a importância do trio nesse cenário?
A música instrumental segue batalhando pelo seu espaço. Em um mundo cada vez mais acelerado, onde tudo acontece de forma rápida, pode ser desafiador apresentar uma arte que exige tempo e imersão. Mas acredito que as pessoas, quando têm a oportunidade de conhecer, se encantam. Meu trio, assim como meus outros projetos, é uma forma de contar minha história musical por diferentes perspectivas.
O álbum será lançado em formato físico (CD ou vinil) ou apenas nas plataformas digitais?
Por enquanto, o álbum estará disponível apenas nas plataformas digitais e no YouTube, com registros em vídeo da gravação.
Por que as pessoas deveriam ouvir “Espirais”?
O álbum traz um forte elemento brasileiro, seja nos ritmos ou nas melodias, mas sempre com uma abordagem jazzística, baseada na improvisação e na interação musical. Cada execução é única, pois a liberdade criativa nos leva a caminhos inesperados a cada momento.
O que o show do dia 11, em São Paulo, terá de diferente em relação ao álbum gravado?
A grande magia do projeto está na liberdade musical. Cada show é único, com nuances e improvisações diferentes. Quem estiver presente vivenciará algo exclusivo, que não se repetirá exatamente da mesma forma em nenhuma outra apresentação.
SHOW DE LANÇAMENTO DO ÁLBUM ‘ESPIRAIS’
ARTISTA Salomão Soares Trio
QUANDO Sexta-feira (11), às 21h
ONDE Sesc Pompeia, 93, Água Branca, São Paulo, tel. (11) 3871.7700
QUANTO De R$ 18 a R$ 60