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2 Apr 2025, Wed

Mpox, o que é? Entenda os surtos da doença, causas e tratamento

Mpox


A mpox, doença que ganhou destaque global em 2022 como varíola dos macacos, continua a circular pelo mundo, mas um novo capítulo preocupa especialistas em 2024. Na República Democrática do Congo (RDC), epicentro de um surto recente, a variante mais agressiva do vírus, conhecida como clado 1b, registrou mais de 15 mil casos e 500 mortes até setembro do ano passado. Diferente do surto anterior, dominado pela cepa clado 2 e concentrado em transmissão sexual, essa nova onda atinge grupos antes menos afetados, como crianças, e se espalha por meios que vão além do contato íntimo. A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou emergência global diante da escalada, enquanto o Brasil, que já soma 115 casos em 2025, mantém vigilância sobre a possível chegada dessa variante.

No Brasil, os números de mpox em 2024 alcançaram 2.052 casos confirmados, bem abaixo do pico de 10 mil registros em 2022, quando a doença se espalhou rapidamente entre homens que fazem sexo com homens. A redução foi resultado de medidas como isolamento de infectados e campanhas de conscientização, mas a circulação do vírus nunca cessou por completo. Até fevereiro de 2025, os 115 casos notificados no país seguem associados à cepa clado 2, mais branda. Ainda assim, a proximidade do surto africano e a adaptação da variante 1b reacendem o alerta entre autoridades sanitárias brasileiras, que monitoram fronteiras e ampliam a capacidade de diagnóstico para evitar uma nova onda.

Originada em roedores, a mpox é uma zoonose identificada pela primeira vez em humanos em 1970, na RDC. O vírus, semelhante ao da varíola humana, é endêmico em países como Camarões, Nigéria e República Centro-Africana, onde as cepas clado 1 e clado 2 circulam há décadas. Enquanto o clado 2 foi o responsável pela disseminação global em 2022, o clado 1, mais comum na Bacia do Congo, sempre esteve ligado a quadros graves. A mutação que gerou a variante 1b, detectada em amostras de 2023, mudou esse cenário, permitindo uma transmissão mais sustentada e alcançando áreas urbanas da RDC, como a região de Kivu, marcada por conflitos e deslocamentos populacionais.

Origem e evolução do surto atual

O epicentro do surto de 2024 está na República Democrática do Congo, especificamente na província de Kivu, onde a crise humanitária agravou a disseminação. Amostras coletadas no final de 2023 revelaram a variante 1b, que se diferencia do clado 2 por sua capacidade de infectar por contato casual, gotículas respiratórias e objetos contaminados, além da via sexual. A região, afetada por anos de guerra e instabilidade, enfrenta dificuldades logísticas para conter o vírus, com campos de refugiados e comunidades vulneráveis servindo como pontos de propagação.

Diferente do surto de 2022, que se concentrou em adultos e teve transmissão limitada fora de redes específicas, a cepa 1b tem surpreendido pela quantidade de crianças infectadas. Em agosto de 2024, uma única semana registrou 2.400 casos suspeitos e 56 mortes na RDC, números que evidenciam a rapidez do avanço. A doença também cruzou fronteiras, alcançando Burundi, Quênia, Ruanda e Uganda, países que não haviam reportado casos anteriormente. Esse espalhamento levou a OMS a acionar um plano global de resposta, com foco em vigilância e acesso a recursos como vacinas e testes.

A gravidade da situação na África contrasta com os dados globais de 2022, quando mais de 100 países somaram quase 100 mil casos e cerca de 200 mortes ao longo de meses. Em 2024, apenas a RDC concentrou mais de 15 mil infecções em um período menor, com uma letalidade significativamente maior. A combinação de uma variante mais transmissível, condições precárias de saneamento e falta de infraestrutura médica explica o salto nos números e o alerta internacional.

Como a mpox se espalha

Transmitida inicialmente por roedores, a mpox ganhou notoriedade em 1958, quando primatas em um laboratório na Dinamarca apresentaram lesões semelhantes às da varíola. O primeiro caso humano, registrado em 1970 na RDC, marcou o início de sua história como doença zoonótica. O vírus provoca bolhas na pele que evoluem para crostas, acompanhadas de sintomas como febre, dor muscular e fadiga, podendo durar até 21 dias desde a infecção até a recuperação completa.

O contágio entre humanos ocorre principalmente por contato direto com as lesões, o que explica sua disseminação em relações sexuais durante o surto de 2022. No entanto, a variante 1b ampliou as vias de transmissão, incluindo gotículas expelidas ao falar ou respirar e o uso de objetos pessoais, como toalhas e roupas de cama. Essa mudança torna o controle mais desafiador, especialmente em ambientes densamente povoados ou com pouca higiene, como os campos de deslocados em Kivu.

Um aspecto crítico é o longo período de incubação, que pode chegar a três semanas, aliado a sintomas iniciais inespecíficos. Muitas pessoas só buscam ajuda médica quando as lesões já estão avançadas, o que facilita a transmissão silenciosa. Embora a maioria dos casos se resolva sem intervenção, complicações como infecções bacterianas secundárias ou pneumonia podem levar a desfechos fatais, sobretudo em crianças e indivíduos com saúde debilitada.

Dados que mostram a dimensão do problema

A escalada da mpox em 2024 reflete um cenário preocupante. Na RDC, os mais de 15 mil casos registrados até setembro superam em muito os números anuais típicos da doença na região, que historicamente variavam entre 2 mil e 5 mil. A taxa de mortalidade, próxima de 3%, é outro indicativo da gravidade, especialmente quando comparada aos 0,2% observados no surto global de 2022. A OMS estima que, sem medidas eficazes, o vírus pode se estabelecer como uma ameaça contínua em novos territórios.

  • Casos na RDC em 2024: mais de 15 mil até setembro, com picos semanais de 2.400.
  • Mortes confirmadas: mais de 500, sendo 56 em uma única semana de agosto.
  • Países afetados recentemente: Burundi, Quênia, Ruanda e Uganda, todos vizinhos da RDC.
  • Casos no Brasil em 2025: 115 até fevereiro, todos ligados ao clado 2.

Esses números reforçam a urgência de ações coordenadas, como as previstas no plano da OMS, que incluem rastreamento de contatos, campanhas educativas e distribuição estratégica de vacinas.

Desafios no tratamento e vacinação

O manejo da mpox foca no alívio dos sintomas, como febre e dor, e na prevenção de complicações. O antiviral tecovirimat, desenvolvido originalmente para varíola, tem sido usado em alguns casos, mas estudos indicam eficácia limitada contra o clado 1b. Em regiões como a RDC, a falta de acesso a medicamentos e infraestrutura hospitalar agrava o prognóstico, especialmente entre populações vulneráveis.

A vacinação, embora eficaz, enfrenta barreiras logísticas. A produção do imunizante é complexa e lenta, resultando em estoques globais insuficientes. Prioridade tem sido dada a profissionais de saúde e contatos diretos de infectados, mas a escassez impede campanhas mais amplas. Na África, onde a demanda é crítica, a distribuição é ainda mais restrita, dificultando a interrupção das cadeias de transmissão.

No Brasil, a estratégia segue semelhante, com doses reservadas para grupos de risco identificados em 2022. Até o momento, não há registro da variante 1b no país, mas a experiência do surto anterior mantém as autoridades em alerta para uma possível mudança no perfil epidemiológico.

Vacina Mpox
Vacina Mpox – Foto: QINQIE99/ Shutterstock.com

Cronologia da mpox no mundo

A trajetória da mpox revela sua evolução ao longo das décadas:

  • 1958: Primeira identificação em primatas na Dinamarca.
  • 1970: Registro do primeiro caso humano na RDC.
  • 2022: Surto global do clado 2 atinge mais de 100 países, com 100 mil casos.
  • 2023: Detecção da variante 1b na RDC, com sinais de maior transmissibilidade.
  • 2024: Emergência declarada pela OMS após 15 mil casos na África.

Essa linha do tempo destaca como a doença, antes restrita a bolsões endêmicos, ganhou escala global e continua a se adaptar, desafiando sistemas de saúde em todo o mundo.

Impactos além da África

A disseminação da variante 1b para países vizinhos da RDC sinaliza um risco crescente de expansão continental. Burundi reportou dezenas de casos em áreas próximas à fronteira, enquanto Uganda e Quênia intensificaram a vigilância em regiões rurais. A porosidade das fronteiras e o fluxo de refugiados complicam o controle, aumentando a possibilidade de que o vírus alcance outros continentes.

No Brasil, os 115 casos de 2025, embora ligados ao clado 2, mantêm o país atento. A experiência de 2022, quando a rápida resposta reduziu os números, serve de base para planos de contingência. Autoridades monitoram portos e aeroportos, enquanto laboratórios ampliam a capacidade de sequenciamento genético para identificar eventuais mutações.

A OMS, por sua vez, trabalha para mobilizar recursos internacionais, incluindo doações de vacinas e financiamento para pesquisas. O objetivo é evitar que a mpox se torne uma pandemia recorrente, exigindo esforços conjuntos entre nações e organizações.

Fatores que amplificam o surto

Condições como pobreza, desnutrição e falta de saneamento básico em Kivu agravam a disseminação da mpox. A superlotação em abrigos temporários facilita o contágio por contato físico e objetos compartilhados. Além disso, a desinformação sobre a doença leva muitas pessoas a ignorarem sintomas iniciais, atrasando o diagnóstico.

Outro ponto é a transmissão zoonótica, que persiste em áreas rurais onde o contato com roedores é comum. Esforços para reduzir esse risco incluem campanhas de educação e controle de pragas, mas a implementação é lenta diante da instabilidade regional.

A alta proporção de crianças entre os infectados levanta hipóteses sobre mudanças no comportamento do vírus ou maior exposição em ambientes como escolas e campos de deslocados. Pesquisas estão em andamento para esclarecer esse padrão, enquanto equipes de saúde tentam adaptar as estratégias de prevenção.

Medidas globais em curso

A resposta da OMS inclui um plano abrangente com foco em quatro eixos: vigilância epidemiológica, acesso a testes e vacinas, redução da transmissão zoonótica e engajamento comunitário. Na RDC, equipes locais rastreiam contatos de infectados, mas a falta de pessoal e equipamentos limita o alcance. Países doadores, como os Estados Unidos e membros da União Europeia, comprometeram-se a enviar doses de vacina, mas a quantidade ainda é insuficiente para a demanda.

No Brasil, o Ministério da Saúde acompanha a situação internacional e mantém estoques estratégicos de imunizantes. Protocolos de isolamento e tratamento estão atualizados, com base nas lições de 2022, preparando o país para um eventual agravamento do cenário global.

A longo prazo, especialistas defendem investimentos em pesquisa para desenvolver antivirais mais eficazes e vacinas de produção simplificada, visando conter surtos futuros antes que alcancem proporções emergenciais.







A mpox, doença que ganhou destaque global em 2022 como varíola dos macacos, continua a circular pelo mundo, mas um novo capítulo preocupa especialistas em 2024. Na República Democrática do Congo (RDC), epicentro de um surto recente, a variante mais agressiva do vírus, conhecida como clado 1b, registrou mais de 15 mil casos e 500 mortes até setembro do ano passado. Diferente do surto anterior, dominado pela cepa clado 2 e concentrado em transmissão sexual, essa nova onda atinge grupos antes menos afetados, como crianças, e se espalha por meios que vão além do contato íntimo. A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou emergência global diante da escalada, enquanto o Brasil, que já soma 115 casos em 2025, mantém vigilância sobre a possível chegada dessa variante.

No Brasil, os números de mpox em 2024 alcançaram 2.052 casos confirmados, bem abaixo do pico de 10 mil registros em 2022, quando a doença se espalhou rapidamente entre homens que fazem sexo com homens. A redução foi resultado de medidas como isolamento de infectados e campanhas de conscientização, mas a circulação do vírus nunca cessou por completo. Até fevereiro de 2025, os 115 casos notificados no país seguem associados à cepa clado 2, mais branda. Ainda assim, a proximidade do surto africano e a adaptação da variante 1b reacendem o alerta entre autoridades sanitárias brasileiras, que monitoram fronteiras e ampliam a capacidade de diagnóstico para evitar uma nova onda.

Originada em roedores, a mpox é uma zoonose identificada pela primeira vez em humanos em 1970, na RDC. O vírus, semelhante ao da varíola humana, é endêmico em países como Camarões, Nigéria e República Centro-Africana, onde as cepas clado 1 e clado 2 circulam há décadas. Enquanto o clado 2 foi o responsável pela disseminação global em 2022, o clado 1, mais comum na Bacia do Congo, sempre esteve ligado a quadros graves. A mutação que gerou a variante 1b, detectada em amostras de 2023, mudou esse cenário, permitindo uma transmissão mais sustentada e alcançando áreas urbanas da RDC, como a região de Kivu, marcada por conflitos e deslocamentos populacionais.

Origem e evolução do surto atual

O epicentro do surto de 2024 está na República Democrática do Congo, especificamente na província de Kivu, onde a crise humanitária agravou a disseminação. Amostras coletadas no final de 2023 revelaram a variante 1b, que se diferencia do clado 2 por sua capacidade de infectar por contato casual, gotículas respiratórias e objetos contaminados, além da via sexual. A região, afetada por anos de guerra e instabilidade, enfrenta dificuldades logísticas para conter o vírus, com campos de refugiados e comunidades vulneráveis servindo como pontos de propagação.

Diferente do surto de 2022, que se concentrou em adultos e teve transmissão limitada fora de redes específicas, a cepa 1b tem surpreendido pela quantidade de crianças infectadas. Em agosto de 2024, uma única semana registrou 2.400 casos suspeitos e 56 mortes na RDC, números que evidenciam a rapidez do avanço. A doença também cruzou fronteiras, alcançando Burundi, Quênia, Ruanda e Uganda, países que não haviam reportado casos anteriormente. Esse espalhamento levou a OMS a acionar um plano global de resposta, com foco em vigilância e acesso a recursos como vacinas e testes.

A gravidade da situação na África contrasta com os dados globais de 2022, quando mais de 100 países somaram quase 100 mil casos e cerca de 200 mortes ao longo de meses. Em 2024, apenas a RDC concentrou mais de 15 mil infecções em um período menor, com uma letalidade significativamente maior. A combinação de uma variante mais transmissível, condições precárias de saneamento e falta de infraestrutura médica explica o salto nos números e o alerta internacional.

Como a mpox se espalha

Transmitida inicialmente por roedores, a mpox ganhou notoriedade em 1958, quando primatas em um laboratório na Dinamarca apresentaram lesões semelhantes às da varíola. O primeiro caso humano, registrado em 1970 na RDC, marcou o início de sua história como doença zoonótica. O vírus provoca bolhas na pele que evoluem para crostas, acompanhadas de sintomas como febre, dor muscular e fadiga, podendo durar até 21 dias desde a infecção até a recuperação completa.

O contágio entre humanos ocorre principalmente por contato direto com as lesões, o que explica sua disseminação em relações sexuais durante o surto de 2022. No entanto, a variante 1b ampliou as vias de transmissão, incluindo gotículas expelidas ao falar ou respirar e o uso de objetos pessoais, como toalhas e roupas de cama. Essa mudança torna o controle mais desafiador, especialmente em ambientes densamente povoados ou com pouca higiene, como os campos de deslocados em Kivu.

Um aspecto crítico é o longo período de incubação, que pode chegar a três semanas, aliado a sintomas iniciais inespecíficos. Muitas pessoas só buscam ajuda médica quando as lesões já estão avançadas, o que facilita a transmissão silenciosa. Embora a maioria dos casos se resolva sem intervenção, complicações como infecções bacterianas secundárias ou pneumonia podem levar a desfechos fatais, sobretudo em crianças e indivíduos com saúde debilitada.

Dados que mostram a dimensão do problema

A escalada da mpox em 2024 reflete um cenário preocupante. Na RDC, os mais de 15 mil casos registrados até setembro superam em muito os números anuais típicos da doença na região, que historicamente variavam entre 2 mil e 5 mil. A taxa de mortalidade, próxima de 3%, é outro indicativo da gravidade, especialmente quando comparada aos 0,2% observados no surto global de 2022. A OMS estima que, sem medidas eficazes, o vírus pode se estabelecer como uma ameaça contínua em novos territórios.

  • Casos na RDC em 2024: mais de 15 mil até setembro, com picos semanais de 2.400.
  • Mortes confirmadas: mais de 500, sendo 56 em uma única semana de agosto.
  • Países afetados recentemente: Burundi, Quênia, Ruanda e Uganda, todos vizinhos da RDC.
  • Casos no Brasil em 2025: 115 até fevereiro, todos ligados ao clado 2.

Esses números reforçam a urgência de ações coordenadas, como as previstas no plano da OMS, que incluem rastreamento de contatos, campanhas educativas e distribuição estratégica de vacinas.

Desafios no tratamento e vacinação

O manejo da mpox foca no alívio dos sintomas, como febre e dor, e na prevenção de complicações. O antiviral tecovirimat, desenvolvido originalmente para varíola, tem sido usado em alguns casos, mas estudos indicam eficácia limitada contra o clado 1b. Em regiões como a RDC, a falta de acesso a medicamentos e infraestrutura hospitalar agrava o prognóstico, especialmente entre populações vulneráveis.

A vacinação, embora eficaz, enfrenta barreiras logísticas. A produção do imunizante é complexa e lenta, resultando em estoques globais insuficientes. Prioridade tem sido dada a profissionais de saúde e contatos diretos de infectados, mas a escassez impede campanhas mais amplas. Na África, onde a demanda é crítica, a distribuição é ainda mais restrita, dificultando a interrupção das cadeias de transmissão.

No Brasil, a estratégia segue semelhante, com doses reservadas para grupos de risco identificados em 2022. Até o momento, não há registro da variante 1b no país, mas a experiência do surto anterior mantém as autoridades em alerta para uma possível mudança no perfil epidemiológico.

Vacina Mpox
Vacina Mpox – Foto: QINQIE99/ Shutterstock.com

Cronologia da mpox no mundo

A trajetória da mpox revela sua evolução ao longo das décadas:

  • 1958: Primeira identificação em primatas na Dinamarca.
  • 1970: Registro do primeiro caso humano na RDC.
  • 2022: Surto global do clado 2 atinge mais de 100 países, com 100 mil casos.
  • 2023: Detecção da variante 1b na RDC, com sinais de maior transmissibilidade.
  • 2024: Emergência declarada pela OMS após 15 mil casos na África.

Essa linha do tempo destaca como a doença, antes restrita a bolsões endêmicos, ganhou escala global e continua a se adaptar, desafiando sistemas de saúde em todo o mundo.

Impactos além da África

A disseminação da variante 1b para países vizinhos da RDC sinaliza um risco crescente de expansão continental. Burundi reportou dezenas de casos em áreas próximas à fronteira, enquanto Uganda e Quênia intensificaram a vigilância em regiões rurais. A porosidade das fronteiras e o fluxo de refugiados complicam o controle, aumentando a possibilidade de que o vírus alcance outros continentes.

No Brasil, os 115 casos de 2025, embora ligados ao clado 2, mantêm o país atento. A experiência de 2022, quando a rápida resposta reduziu os números, serve de base para planos de contingência. Autoridades monitoram portos e aeroportos, enquanto laboratórios ampliam a capacidade de sequenciamento genético para identificar eventuais mutações.

A OMS, por sua vez, trabalha para mobilizar recursos internacionais, incluindo doações de vacinas e financiamento para pesquisas. O objetivo é evitar que a mpox se torne uma pandemia recorrente, exigindo esforços conjuntos entre nações e organizações.

Fatores que amplificam o surto

Condições como pobreza, desnutrição e falta de saneamento básico em Kivu agravam a disseminação da mpox. A superlotação em abrigos temporários facilita o contágio por contato físico e objetos compartilhados. Além disso, a desinformação sobre a doença leva muitas pessoas a ignorarem sintomas iniciais, atrasando o diagnóstico.

Outro ponto é a transmissão zoonótica, que persiste em áreas rurais onde o contato com roedores é comum. Esforços para reduzir esse risco incluem campanhas de educação e controle de pragas, mas a implementação é lenta diante da instabilidade regional.

A alta proporção de crianças entre os infectados levanta hipóteses sobre mudanças no comportamento do vírus ou maior exposição em ambientes como escolas e campos de deslocados. Pesquisas estão em andamento para esclarecer esse padrão, enquanto equipes de saúde tentam adaptar as estratégias de prevenção.

Medidas globais em curso

A resposta da OMS inclui um plano abrangente com foco em quatro eixos: vigilância epidemiológica, acesso a testes e vacinas, redução da transmissão zoonótica e engajamento comunitário. Na RDC, equipes locais rastreiam contatos de infectados, mas a falta de pessoal e equipamentos limita o alcance. Países doadores, como os Estados Unidos e membros da União Europeia, comprometeram-se a enviar doses de vacina, mas a quantidade ainda é insuficiente para a demanda.

No Brasil, o Ministério da Saúde acompanha a situação internacional e mantém estoques estratégicos de imunizantes. Protocolos de isolamento e tratamento estão atualizados, com base nas lições de 2022, preparando o país para um eventual agravamento do cenário global.

A longo prazo, especialistas defendem investimentos em pesquisa para desenvolver antivirais mais eficazes e vacinas de produção simplificada, visando conter surtos futuros antes que alcancem proporções emergenciais.







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