O dia 1° de abril, esta terça-feira (1), é conhecido como ‘Dia da Mentira’ e o g1 buscou respostas sobre a relação dos adultos a das crianças com as mentiras. Segundo especialistas, as inverdades fazem parte do desenvolvimento humano. Psicólogo explica qual a relação do desenvolvimento com as pequenas inverdades contadas na infância
Freepik
Você provavelmente não se lembra da última vez que contou uma mentira, mas com certeza se recorda da última vez em que mentiu e sofreu alguma consequência disso. Segundo um estudo britânico, uma pessoa adulta conta uma mentira a cada 10 minutos, mas, curiosamente, as crianças são frequentemente as mais associadas a este comportamento.
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Mentir na infância é considerado normal e faz parte do desenvolvimento saudável. No entanto, segundo psicólogos, esse comportamento requer atenção. Se não for tratado de forma adequada, pode trazer consequências na vida adulta.
Neste 1º de abril, conhecido como o “Dia da Mentira” (saiba mais no final da reportagem), o g1 buscou entender por que mentimos e, mais especificamente, a relação das crianças com a mentira.
🗣️ Mentirinhas e ‘mentironas’
Lívia Marquezin, mãe dos gêmeos Arthur e Elisa, de 4 anos, moradora de Santa Cruz do Rio Pardo (SP), compartilha nas redes sociais a rotina com os filhos.
Em entrevista ao g1, ela relatou que, apesar de ensinar às crianças sobre as consequências das mentiras, pequenas inverdades no dia a dia são mais comuns do que ela gostaria.
“Às vezes, entre eles, um fala que o outro fez algo, como ‘ah, o Arthur puxou meu cabelo’ ou ‘me bateu, me chamou de chata’, mas, quando eu vejo, não aconteceu nada. Eles criam muitas histórias na cabeça”, conta Lívia.
Lívia Marquezin, mãe dos gêmeos Arthur e Elisa, de 4 anos compartilha nas redes sociais a rotina com os filhos
Arquivo pessoal
Quando as histórias envolvem outras pessoas, ela procura investigar. “Eles estão na idade de contar tudo o que acontece na escola, então temos muito cuidado. Algumas mentiras são inofensivas, como dizer que comeu um bolo, mas não comeu. Outras, como dizer que um amigo bateu, exigem mais atenção, e eu preciso verificar com a escola”, explica.
Lívia conta que busca manter o diálogo aberto com os filhos, mesmo com a pouca idade deles, reforçando a importância de não mentir. “Quando isso acontece, eu explico que a verdade é importante e converso bastante com eles”, finaliza.
🧒 As crianças param de mentir?
Luan Zinsly, psicólogo especializado em psicologia infantil, explica que é difícil determinar a idade em que as crianças começam ou param de mentir, já que a mentira faz parte de toda a vida.
No entanto, ele aponta que, por volta dos 7 ou 8 anos, as crianças começam a entender melhor as consequências das mentiras e a distinguir entre realidade, imaginação e desejos.
“Muitos estudiosos indicam que, a partir dessa idade, as crianças compreendem melhor a questão da mentira. Piaget nos ensina que as crianças não mentem por mentir; existe uma razão por trás disso, relacionada à compreensão do ato e de suas consequências. Mas, como a formação cognitiva ainda está em desenvolvimento, é um processo complexo”, afirma o psicólogo.
Luan Zinsly, psicólogo especializado em psicologia infantil, explica que é difícil determinar a idade em que as crianças começam ou param de mentir
Arquivo pessoal
Luan ressalta que, na maioria das vezes, não há maldade nas mentiras das crianças. Além disso, ele alerta que a mentira excessiva pode indicar problemas maiores.
“Embora saibam que estão mentindo, as crianças geralmente não fazem isso por maldade. Compreender o motivo da mentira é essencial, mas requer que os adultos saiam da zona de conforto e se coloquem no lugar da criança.”
A principal recomendação do psicólogo para os pais é a compreensão:
. “É importante não rotular a criança como ‘mentirosa’. O ideal é manter o diálogo aberto”, conclui.
Confira as principais orientações do psicólogo reunidas pelo g1:
As crianças não mentem apenas por mentir; há uma razão por trás disso.
A mentira está relacionada à compreensão do ato e das consequências.
A partir dos 7 ou 8 anos, as crianças começam a entender melhor a mentira.
A mentira pode ocorrer pela busca de aprovação e para impressionar.
A criança não mente por maldade, mas como parte do seu desenvolvimento.
Mentir ajuda a criança a testar seus limites e habilidades de comunicação.
Pais devem evitar rotular a criança como “mentirosa” e promover o diálogo aberto.
🎫 A mentira famosa: ‘É verdade esse bilete’
Mentiras cotidianas como “Já estou chegando” ou “Hoje começo a dieta” são conhecidas de todos, mas nenhuma se compara à famosa “É verdade esse bilete”.
Em 2018, essa frase viralizou na internet. A história começou quando Gabriel, um garoto de 5 anos de Bocaina (SP), escreveu um bilhete dizendo que não haveria aula no dia seguinte, pois “poderia ser feriado”, assinando em nome da “Tia Paulinha”, sua professora. No final, ele acrescentou: “É verdade esse bilete”.
Mãe Geovana e Gabriel Lucca, hoje com 9, que ficou famoso há 4 anos com a mensagem ‘é verdade esse bilete’ para tentar enganá-la e faltar da escola em Bocaina
Geovana Santos/Arquiva Pessoal
A professora Paula Renata Robardelli pediu permissão para postar o bilhete nas redes sociais e, a partir daí, a história ganhou o país, sendo até hoje usada em conversas, postagens e campanhas publicitárias.
“É verdade esse bilete”: veja como estão crianças viralizaram nas redes sociais
🤥 Dia da Mentira
O Dia da Mentira, celebrado em 1º de abril, teve origem na França, no século XVI. Em 1564, o rei Carlos IX alterou a data de celebração do Ano Novo para 1º de janeiro, em vez do final de março ou início de abril.
Muitos resistiram à mudança e continuaram comemorando o Ano Novo em 1º de abril, sendo chamados de “bobos de abril”. As pessoas começaram a pregar peças e fazer brincadeiras, como enviar convites para eventos inexistentes ou oferecer presentes falsos.
A tradição chegou ao Brasil no século XIX, em 1828, quando o jornal A Mentira publicou uma capa falsa anunciando a morte de
Dom Pedro I representado no quadro ‘Independência ou Morte’, de Pedro Américo
Fábio Tito/g1
.
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O dia 1° de abril, esta terça-feira (1), é conhecido como ‘Dia da Mentira’ e o g1 buscou respostas sobre a relação dos adultos a das crianças com as mentiras. Segundo especialistas, as inverdades fazem parte do desenvolvimento humano. Psicólogo explica qual a relação do desenvolvimento com as pequenas inverdades contadas na infância
Freepik
Você provavelmente não se lembra da última vez que contou uma mentira, mas com certeza se recorda da última vez em que mentiu e sofreu alguma consequência disso. Segundo um estudo britânico, uma pessoa adulta conta uma mentira a cada 10 minutos, mas, curiosamente, as crianças são frequentemente as mais associadas a este comportamento.
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Mentir na infância é considerado normal e faz parte do desenvolvimento saudável. No entanto, segundo psicólogos, esse comportamento requer atenção. Se não for tratado de forma adequada, pode trazer consequências na vida adulta.
Neste 1º de abril, conhecido como o “Dia da Mentira” (saiba mais no final da reportagem), o g1 buscou entender por que mentimos e, mais especificamente, a relação das crianças com a mentira.
🗣️ Mentirinhas e ‘mentironas’
Lívia Marquezin, mãe dos gêmeos Arthur e Elisa, de 4 anos, moradora de Santa Cruz do Rio Pardo (SP), compartilha nas redes sociais a rotina com os filhos.
Em entrevista ao g1, ela relatou que, apesar de ensinar às crianças sobre as consequências das mentiras, pequenas inverdades no dia a dia são mais comuns do que ela gostaria.
“Às vezes, entre eles, um fala que o outro fez algo, como ‘ah, o Arthur puxou meu cabelo’ ou ‘me bateu, me chamou de chata’, mas, quando eu vejo, não aconteceu nada. Eles criam muitas histórias na cabeça”, conta Lívia.
Lívia Marquezin, mãe dos gêmeos Arthur e Elisa, de 4 anos compartilha nas redes sociais a rotina com os filhos
Arquivo pessoal
Quando as histórias envolvem outras pessoas, ela procura investigar. “Eles estão na idade de contar tudo o que acontece na escola, então temos muito cuidado. Algumas mentiras são inofensivas, como dizer que comeu um bolo, mas não comeu. Outras, como dizer que um amigo bateu, exigem mais atenção, e eu preciso verificar com a escola”, explica.
Lívia conta que busca manter o diálogo aberto com os filhos, mesmo com a pouca idade deles, reforçando a importância de não mentir. “Quando isso acontece, eu explico que a verdade é importante e converso bastante com eles”, finaliza.
🧒 As crianças param de mentir?
Luan Zinsly, psicólogo especializado em psicologia infantil, explica que é difícil determinar a idade em que as crianças começam ou param de mentir, já que a mentira faz parte de toda a vida.
No entanto, ele aponta que, por volta dos 7 ou 8 anos, as crianças começam a entender melhor as consequências das mentiras e a distinguir entre realidade, imaginação e desejos.
“Muitos estudiosos indicam que, a partir dessa idade, as crianças compreendem melhor a questão da mentira. Piaget nos ensina que as crianças não mentem por mentir; existe uma razão por trás disso, relacionada à compreensão do ato e de suas consequências. Mas, como a formação cognitiva ainda está em desenvolvimento, é um processo complexo”, afirma o psicólogo.
Luan Zinsly, psicólogo especializado em psicologia infantil, explica que é difícil determinar a idade em que as crianças começam ou param de mentir
Arquivo pessoal
Luan ressalta que, na maioria das vezes, não há maldade nas mentiras das crianças. Além disso, ele alerta que a mentira excessiva pode indicar problemas maiores.
“Embora saibam que estão mentindo, as crianças geralmente não fazem isso por maldade. Compreender o motivo da mentira é essencial, mas requer que os adultos saiam da zona de conforto e se coloquem no lugar da criança.”
A principal recomendação do psicólogo para os pais é a compreensão:
. “É importante não rotular a criança como ‘mentirosa’. O ideal é manter o diálogo aberto”, conclui.
Confira as principais orientações do psicólogo reunidas pelo g1:
As crianças não mentem apenas por mentir; há uma razão por trás disso.
A mentira está relacionada à compreensão do ato e das consequências.
A partir dos 7 ou 8 anos, as crianças começam a entender melhor a mentira.
A mentira pode ocorrer pela busca de aprovação e para impressionar.
A criança não mente por maldade, mas como parte do seu desenvolvimento.
Mentir ajuda a criança a testar seus limites e habilidades de comunicação.
Pais devem evitar rotular a criança como “mentirosa” e promover o diálogo aberto.
🎫 A mentira famosa: ‘É verdade esse bilete’
Mentiras cotidianas como “Já estou chegando” ou “Hoje começo a dieta” são conhecidas de todos, mas nenhuma se compara à famosa “É verdade esse bilete”.
Em 2018, essa frase viralizou na internet. A história começou quando Gabriel, um garoto de 5 anos de Bocaina (SP), escreveu um bilhete dizendo que não haveria aula no dia seguinte, pois “poderia ser feriado”, assinando em nome da “Tia Paulinha”, sua professora. No final, ele acrescentou: “É verdade esse bilete”.
Mãe Geovana e Gabriel Lucca, hoje com 9, que ficou famoso há 4 anos com a mensagem ‘é verdade esse bilete’ para tentar enganá-la e faltar da escola em Bocaina
Geovana Santos/Arquiva Pessoal
A professora Paula Renata Robardelli pediu permissão para postar o bilhete nas redes sociais e, a partir daí, a história ganhou o país, sendo até hoje usada em conversas, postagens e campanhas publicitárias.
“É verdade esse bilete”: veja como estão crianças viralizaram nas redes sociais
🤥 Dia da Mentira
O Dia da Mentira, celebrado em 1º de abril, teve origem na França, no século XVI. Em 1564, o rei Carlos IX alterou a data de celebração do Ano Novo para 1º de janeiro, em vez do final de março ou início de abril.
Muitos resistiram à mudança e continuaram comemorando o Ano Novo em 1º de abril, sendo chamados de “bobos de abril”. As pessoas começaram a pregar peças e fazer brincadeiras, como enviar convites para eventos inexistentes ou oferecer presentes falsos.
A tradição chegou ao Brasil no século XIX, em 1828, quando o jornal A Mentira publicou uma capa falsa anunciando a morte de
Dom Pedro I representado no quadro ‘Independência ou Morte’, de Pedro Américo
Fábio Tito/g1
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