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8 Apr 2025, Tue

Quadrilhas usam boa-fé para lucrar com Pix devolvido e cancelado sem vítima perceber

PIX


A honestidade de quem tenta corrigir um erro tem sido a principal arma de golpistas em uma fraude que vem ganhando força no Brasil. O chamado “golpe do Pix errado” não exige invasão de contas, roubo de senhas ou ameaças. Em vez disso, as quadrilhas contam com a boa vontade das vítimas para desviar dinheiro de forma rápida e silenciosa. Um Pix inesperado chega à conta, seguido por uma mensagem ou ligação pedindo a devolução para outra chave, e o resultado é um prejuízo que pode chegar a milhares de reais em poucos minutos. O esquema, que explora o desconhecimento sobre o funcionamento correto das transações, já movimentou milhões de pedidos de devolução só no último ano.

Luiz Cezar, professor, foi uma das vítimas desse golpe. Ele recebeu um Pix de R$ 700 sem aviso prévio e, logo depois, uma mensagem de um desconhecido alegando que o valor havia sido enviado por engano. Sem desconfiar, ele devolveu o montante para a chave indicada. “Até então, pra mim, estava tudo tranquilo. O dinheiro tinha entrado e eu tinha devolvido”, relatou. O problema veio em seguida: o Pix original foi cancelado pelo golpista, e Luiz Cezar ficou sem os R$ 700 que transferiu. Ao tentar contato, descobriu que já havia sido bloqueado pelo criminoso, restando apenas o prejuízo e a frustração.

Casos como esse não são isolados. Em 2023, o Banco Central registrou 2,5 milhões de solicitações de devolução de Pix por meio do Mecanismo Especial de Devolução (MED). No ano seguinte, o número quase dobrou, alcançando cerca de 5 milhões de pedidos. O aumento reflete tanto o crescimento do uso do Pix quanto a sofisticação das fraudes. Diferente de outros golpes, que dependem de phishing ou malware, essa tática se aproveita de uma falha humana: a falta de informação sobre como agir diante de um Pix recebido por engano. Assim, o que parece um gesto de honestidade se transforma em uma armadilha financeira.

Como funciona o golpe do Pix errado

O esquema é simples, mas eficaz. Tudo começa com o envio de um Pix aparentemente aleatório para a vítima. Imagine uma pessoa com R$ 3 mil na conta que, de repente, recebe R$ 1 mil de um remetente desconhecido. Pouco depois, o golpista entra em contato, geralmente por telefone ou mensagem, afirmando que o valor foi depositado por engano e pedindo a devolução para uma nova chave Pix ou conta bancária. Confiando na história, a vítima faz a transferência solicitada, mantendo o saldo aparentemente intacto em R$ 3 mil.

A armadilha se fecha na etapa seguinte. O criminoso solicita ao banco o cancelamento do Pix original, usando o Mecanismo Especial de Devolução. Quando o pedido é aceito, o valor inicial é retirado da conta da vítima, reduzindo o saldo para R$ 2 mil. O resultado é um prejuízo de R$ 1 mil, transferido diretamente para o golpista, sem que a vítima perceba a tempo. O golpe é tão discreto que muitas pessoas só notam o problema ao conferir o extrato dias depois, quando já é tarde para reaver o dinheiro.

O sucesso dessa fraude está na rapidez e na exploração da confiança. Diferente de ataques cibernéticos complexos, ela não exige tecnologia avançada, apenas um discurso convincente e a pressa da vítima em resolver a situação. Renata Mariano, comerciante, quase caiu na mesma tática. Ela recebeu R$ 2.500 via Pix e, em seguida, uma ligação pedindo a devolução para outra conta. Desconfiada, ela decidiu verificar antes de agir. “Nada cai do céu. R$ 2.500 iam fazer falta”, afirmou, aliviada por ter escapado do golpe.

Mecanismo oficial evita prejuízo

Existe uma forma segura de lidar com Pix recebido por engano, mas poucos a conhecem. O aplicativo do banco oferece a opção de devolução direta no extrato da transação. Basta localizar o Pix recebido e selecionar “Devolver este Pix”. Esse processo é registrado pelos dois bancos envolvidos, garantindo que a operação seja concluída sem riscos. Se o remetente tentar cancelar o valor depois disso, o pedido não será aceito, pois a devolução já foi formalizada.

Walter Faria, executivo da Febraban, destaca a importância desse método. Ele explica que o registro oficial da devolução impede que o banco de origem use o MED para estornar o Pix, bloqueando a estratégia dos golpistas. A simplicidade do procedimento contrasta com o desconhecimento generalizado, o que torna a educação financeira uma ferramenta essencial contra esse tipo de fraude. Mesmo assim, a falta de divulgação e a pressa das vítimas continuam alimentando o sucesso das quadrilhas.

Números revelam o impacto da fraude

Os dados mostram como o golpe do Pix errado ganhou escala. Em apenas dois anos, o volume de pedidos de devolução registrados pelo Banco Central saltou de 2,5 milhões para quase 5 milhões. Esse crescimento acompanha a popularidade do Pix, que desde seu lançamento, em 2020, se tornou o meio de pagamento mais usado no Brasil. Em 2024, foram realizadas mais de 50 bilhões de transações via Pix, segundo estimativas do setor financeiro, o que amplia o campo de ação dos criminosos.

A facilidade de aplicar o golpe também explica sua disseminação. Sem a necessidade de invadir sistemas ou roubar dados, as quadrilhas podem operar com baixo custo e alto retorno. Um único golpista pode atingir dezenas de vítimas em um dia, enviando Pix de valores variados e coletando devoluções antes de desaparecer. O prejuízo individual, que pode variar de centenas a milhares de reais, acumula-se rapidamente, gerando lucros significativos para os criminosos.

Outro fator que contribui para o problema é a confiança no sistema bancário. Muitas pessoas acreditam que um Pix recebido é uma transação definitiva, sem imaginar que ele pode ser cancelado. Essa percepção, aliada à pressão do golpista para agir rápido, cria o cenário perfeito para a fraude. Casos como o de Luiz Cezar, que perdeu R$ 700, e o de Renata, que quase perdeu R$ 2.500, ilustram como o golpe afeta pessoas de diferentes perfis, independentemente de idade ou profissão.

Dicas para não cair no golpe

Proteger-se do golpe do Pix errado exige atenção e alguns cuidados básicos. Especialistas recomendam verificar qualquer transação inesperada antes de tomar providências. Confira abaixo algumas orientações práticas:

  • Desconfie de Pix recebidos sem motivo aparente, especialmente se vierem acompanhados de pedidos urgentes de devolução.
  • Nunca transfira dinheiro para uma conta diferente da origem do Pix sem confirmar a situação com o banco.
  • Use a função de devolução disponível no aplicativo do banco para evitar riscos.
  • Em caso de dúvida, entre em contato com a instituição financeira antes de agir.

Essas medidas simples podem evitar prejuízos e frustrar os planos dos golpistas. A chave está em agir com calma e buscar informações confiáveis, em vez de ceder à pressão de desconhecidos.

Casos reais expõem a tática dos criminosos

Histórias de vítimas ajudam a entender a dinâmica do golpe. Luiz Cezar, por exemplo, só percebeu o problema quando tentou contato com o golpista e viu que estava bloqueado. A rapidez da fraude o pegou desprevenido, e a sensação de impotência foi inevitável. “Tentei falar com ele, mas não tinha mais o que fazer”, lamentou. O professor agora alerta amigos e familiares sobre o risco, na esperança de evitar que outros passem pelo mesmo.

Renata Mariano, por outro lado, escapou por um triz. A comerciante recebeu o Pix de R$ 2.500 e a ligação pedindo a devolução, mas algo na história não parecia certo. Ela decidiu esperar e checar o extrato antes de agir, o que a salvou de um prejuízo considerável. “Você não está esperando esse valor. Com certeza, nada cai do céu”, refletiu, destacando a importância de manter a desconfiança em situações como essa.

Outros casos relatados mostram variações do golpe. Em algumas situações, os golpistas enviam valores menores, como R$ 100 ou R$ 200, para testar a reação da vítima antes de aplicar fraudes maiores. Em outros, usam mensagens de texto com tom emocional, como “preciso desse dinheiro para uma emergência”, apelando para a solidariedade. Independentemente da abordagem, o objetivo é o mesmo: induzir a devolução e cancelar o Pix original.

Cresce o uso do Pix e das fraudes associadas

O Pix revolucionou os pagamentos no Brasil desde seu lançamento, em novembro de 2020. Criado pelo Banco Central, o sistema permite transferências instantâneas a qualquer hora do dia, sem custo para pessoas físicas. Em 2024, o volume de transações ultrapassou 50 bilhões, consolidando o Pix como o método preferido para compras, pagamentos e transferências. Essa popularidade, porém, também atraiu a atenção de criminosos, que adaptaram velhas táticas ao novo cenário.

Além do golpe do Pix errado, outras fraudes relacionadas ao sistema têm surgido. Golpes envolvendo QR Codes falsos, links maliciosos e sequestros relâmpago com uso do Pix já foram registrados. No entanto, o golpe da devolução se destaca pela simplicidade e pela dificuldade de rastreamento. Como as transações são legítimas até o momento do cancelamento, as autoridades enfrentam desafios para identificar e punir os responsáveis.

O aumento no número de pedidos de devolução reflete essa realidade. Dos 2,5 milhões registrados em 2023, muitos estavam ligados a erros genuínos, mas uma parcela significativa foi explorada por golpistas. Em 2024, com quase 5 milhões de solicitações, o problema se agravou, exigindo maior atenção das instituições financeiras e dos usuários.

O que fazer ao receber um Pix inesperado

Receber um Pix sem explicação pode ser tentador, mas exige cautela. A primeira atitude deve ser verificar o remetente no extrato da transação. Se não houver identificação clara ou se o valor não estiver vinculado a uma compra ou acordo prévio, o ideal é não mexer no dinheiro até entender a origem. Entrar em contato com o banco é uma medida segura para esclarecer a situação.

Outra recomendação é evitar qualquer interação direta com quem solicita a devolução. Golpistas frequentemente usam números descartáveis ou contas temporárias, dificultando o rastreamento. Ao usar a função de devolução do aplicativo, a vítima garante que a operação seja registrada e protegida contra cancelamentos fraudulentos. Esse cuidado simples pode fazer a diferença entre manter o saldo intacto ou amargar um prejuízo.

Para quem já caiu no golpe, o caminho é mais complicado. É possível registrar um boletim de ocorrência e acionar o banco para tentar reaver o dinheiro, mas o sucesso depende da rapidez da denúncia e da identificação do golpista. Em muitos casos, o valor perdido não é recuperado, reforçando a importância da prevenção.

Cronologia do Pix e das fraudes

O Pix e suas fraudes evoluíram juntos ao longo dos anos. Veja os principais marcos:

  • Novembro de 2020: Lançamento oficial do Pix pelo Banco Central, com adesão inicial de milhões de usuários.
  • 2021: Primeiros relatos de golpes envolvendo links falsos e roubo de dados para uso do Pix.
  • 2023: Registro de 2,5 milhões de pedidos de devolução, com aumento das fraudes do Pix errado.
  • 2024: Volume de solicitações sobe para quase 5 milhões, consolidando o golpe como uma ameaça crescente.

Essa linha do tempo mostra como o sistema, apesar de inovador, tornou-se alvo de criminosos que exploram suas brechas e a confiança dos usuários.

Educação financeira como defesa

A melhor arma contra o golpe do Pix errado é o conhecimento. Bancos e especialistas têm intensificado campanhas para alertar a população sobre os riscos de devolver dinheiro sem verificar a origem. A Febraban, por exemplo, recomenda que os usuários sempre usem os canais oficiais dos bancos para resolver situações de Pix inesperado. A divulgação dessas orientações, porém, ainda não alcançou todos os públicos, especialmente os menos familiarizados com tecnologia.

Escolas e empresas também começam a incluir o tema em programas de educação financeira. A ideia é ensinar desde cedo como identificar fraudes e proteger o dinheiro. Para Luiz Cezar, a lição veio com o prejuízo, mas ele agora compartilha sua experiência para ajudar outros. “É uma coisa que você não espera, mas acontece”, desabafou, reforçando a necessidade de estar atento.

A popularidade do Pix não deve diminuir tão cedo, o que significa que os golpes associados a ele também continuarão evoluindo. Enquanto as quadrilhas lucram com a boa-fé das vítimas, a informação segue como o principal escudo contra essas fraudes silenciosas.



A honestidade de quem tenta corrigir um erro tem sido a principal arma de golpistas em uma fraude que vem ganhando força no Brasil. O chamado “golpe do Pix errado” não exige invasão de contas, roubo de senhas ou ameaças. Em vez disso, as quadrilhas contam com a boa vontade das vítimas para desviar dinheiro de forma rápida e silenciosa. Um Pix inesperado chega à conta, seguido por uma mensagem ou ligação pedindo a devolução para outra chave, e o resultado é um prejuízo que pode chegar a milhares de reais em poucos minutos. O esquema, que explora o desconhecimento sobre o funcionamento correto das transações, já movimentou milhões de pedidos de devolução só no último ano.

Luiz Cezar, professor, foi uma das vítimas desse golpe. Ele recebeu um Pix de R$ 700 sem aviso prévio e, logo depois, uma mensagem de um desconhecido alegando que o valor havia sido enviado por engano. Sem desconfiar, ele devolveu o montante para a chave indicada. “Até então, pra mim, estava tudo tranquilo. O dinheiro tinha entrado e eu tinha devolvido”, relatou. O problema veio em seguida: o Pix original foi cancelado pelo golpista, e Luiz Cezar ficou sem os R$ 700 que transferiu. Ao tentar contato, descobriu que já havia sido bloqueado pelo criminoso, restando apenas o prejuízo e a frustração.

Casos como esse não são isolados. Em 2023, o Banco Central registrou 2,5 milhões de solicitações de devolução de Pix por meio do Mecanismo Especial de Devolução (MED). No ano seguinte, o número quase dobrou, alcançando cerca de 5 milhões de pedidos. O aumento reflete tanto o crescimento do uso do Pix quanto a sofisticação das fraudes. Diferente de outros golpes, que dependem de phishing ou malware, essa tática se aproveita de uma falha humana: a falta de informação sobre como agir diante de um Pix recebido por engano. Assim, o que parece um gesto de honestidade se transforma em uma armadilha financeira.

Como funciona o golpe do Pix errado

O esquema é simples, mas eficaz. Tudo começa com o envio de um Pix aparentemente aleatório para a vítima. Imagine uma pessoa com R$ 3 mil na conta que, de repente, recebe R$ 1 mil de um remetente desconhecido. Pouco depois, o golpista entra em contato, geralmente por telefone ou mensagem, afirmando que o valor foi depositado por engano e pedindo a devolução para uma nova chave Pix ou conta bancária. Confiando na história, a vítima faz a transferência solicitada, mantendo o saldo aparentemente intacto em R$ 3 mil.

A armadilha se fecha na etapa seguinte. O criminoso solicita ao banco o cancelamento do Pix original, usando o Mecanismo Especial de Devolução. Quando o pedido é aceito, o valor inicial é retirado da conta da vítima, reduzindo o saldo para R$ 2 mil. O resultado é um prejuízo de R$ 1 mil, transferido diretamente para o golpista, sem que a vítima perceba a tempo. O golpe é tão discreto que muitas pessoas só notam o problema ao conferir o extrato dias depois, quando já é tarde para reaver o dinheiro.

O sucesso dessa fraude está na rapidez e na exploração da confiança. Diferente de ataques cibernéticos complexos, ela não exige tecnologia avançada, apenas um discurso convincente e a pressa da vítima em resolver a situação. Renata Mariano, comerciante, quase caiu na mesma tática. Ela recebeu R$ 2.500 via Pix e, em seguida, uma ligação pedindo a devolução para outra conta. Desconfiada, ela decidiu verificar antes de agir. “Nada cai do céu. R$ 2.500 iam fazer falta”, afirmou, aliviada por ter escapado do golpe.

Mecanismo oficial evita prejuízo

Existe uma forma segura de lidar com Pix recebido por engano, mas poucos a conhecem. O aplicativo do banco oferece a opção de devolução direta no extrato da transação. Basta localizar o Pix recebido e selecionar “Devolver este Pix”. Esse processo é registrado pelos dois bancos envolvidos, garantindo que a operação seja concluída sem riscos. Se o remetente tentar cancelar o valor depois disso, o pedido não será aceito, pois a devolução já foi formalizada.

Walter Faria, executivo da Febraban, destaca a importância desse método. Ele explica que o registro oficial da devolução impede que o banco de origem use o MED para estornar o Pix, bloqueando a estratégia dos golpistas. A simplicidade do procedimento contrasta com o desconhecimento generalizado, o que torna a educação financeira uma ferramenta essencial contra esse tipo de fraude. Mesmo assim, a falta de divulgação e a pressa das vítimas continuam alimentando o sucesso das quadrilhas.

Números revelam o impacto da fraude

Os dados mostram como o golpe do Pix errado ganhou escala. Em apenas dois anos, o volume de pedidos de devolução registrados pelo Banco Central saltou de 2,5 milhões para quase 5 milhões. Esse crescimento acompanha a popularidade do Pix, que desde seu lançamento, em 2020, se tornou o meio de pagamento mais usado no Brasil. Em 2024, foram realizadas mais de 50 bilhões de transações via Pix, segundo estimativas do setor financeiro, o que amplia o campo de ação dos criminosos.

A facilidade de aplicar o golpe também explica sua disseminação. Sem a necessidade de invadir sistemas ou roubar dados, as quadrilhas podem operar com baixo custo e alto retorno. Um único golpista pode atingir dezenas de vítimas em um dia, enviando Pix de valores variados e coletando devoluções antes de desaparecer. O prejuízo individual, que pode variar de centenas a milhares de reais, acumula-se rapidamente, gerando lucros significativos para os criminosos.

Outro fator que contribui para o problema é a confiança no sistema bancário. Muitas pessoas acreditam que um Pix recebido é uma transação definitiva, sem imaginar que ele pode ser cancelado. Essa percepção, aliada à pressão do golpista para agir rápido, cria o cenário perfeito para a fraude. Casos como o de Luiz Cezar, que perdeu R$ 700, e o de Renata, que quase perdeu R$ 2.500, ilustram como o golpe afeta pessoas de diferentes perfis, independentemente de idade ou profissão.

Dicas para não cair no golpe

Proteger-se do golpe do Pix errado exige atenção e alguns cuidados básicos. Especialistas recomendam verificar qualquer transação inesperada antes de tomar providências. Confira abaixo algumas orientações práticas:

  • Desconfie de Pix recebidos sem motivo aparente, especialmente se vierem acompanhados de pedidos urgentes de devolução.
  • Nunca transfira dinheiro para uma conta diferente da origem do Pix sem confirmar a situação com o banco.
  • Use a função de devolução disponível no aplicativo do banco para evitar riscos.
  • Em caso de dúvida, entre em contato com a instituição financeira antes de agir.

Essas medidas simples podem evitar prejuízos e frustrar os planos dos golpistas. A chave está em agir com calma e buscar informações confiáveis, em vez de ceder à pressão de desconhecidos.

Casos reais expõem a tática dos criminosos

Histórias de vítimas ajudam a entender a dinâmica do golpe. Luiz Cezar, por exemplo, só percebeu o problema quando tentou contato com o golpista e viu que estava bloqueado. A rapidez da fraude o pegou desprevenido, e a sensação de impotência foi inevitável. “Tentei falar com ele, mas não tinha mais o que fazer”, lamentou. O professor agora alerta amigos e familiares sobre o risco, na esperança de evitar que outros passem pelo mesmo.

Renata Mariano, por outro lado, escapou por um triz. A comerciante recebeu o Pix de R$ 2.500 e a ligação pedindo a devolução, mas algo na história não parecia certo. Ela decidiu esperar e checar o extrato antes de agir, o que a salvou de um prejuízo considerável. “Você não está esperando esse valor. Com certeza, nada cai do céu”, refletiu, destacando a importância de manter a desconfiança em situações como essa.

Outros casos relatados mostram variações do golpe. Em algumas situações, os golpistas enviam valores menores, como R$ 100 ou R$ 200, para testar a reação da vítima antes de aplicar fraudes maiores. Em outros, usam mensagens de texto com tom emocional, como “preciso desse dinheiro para uma emergência”, apelando para a solidariedade. Independentemente da abordagem, o objetivo é o mesmo: induzir a devolução e cancelar o Pix original.

Cresce o uso do Pix e das fraudes associadas

O Pix revolucionou os pagamentos no Brasil desde seu lançamento, em novembro de 2020. Criado pelo Banco Central, o sistema permite transferências instantâneas a qualquer hora do dia, sem custo para pessoas físicas. Em 2024, o volume de transações ultrapassou 50 bilhões, consolidando o Pix como o método preferido para compras, pagamentos e transferências. Essa popularidade, porém, também atraiu a atenção de criminosos, que adaptaram velhas táticas ao novo cenário.

Além do golpe do Pix errado, outras fraudes relacionadas ao sistema têm surgido. Golpes envolvendo QR Codes falsos, links maliciosos e sequestros relâmpago com uso do Pix já foram registrados. No entanto, o golpe da devolução se destaca pela simplicidade e pela dificuldade de rastreamento. Como as transações são legítimas até o momento do cancelamento, as autoridades enfrentam desafios para identificar e punir os responsáveis.

O aumento no número de pedidos de devolução reflete essa realidade. Dos 2,5 milhões registrados em 2023, muitos estavam ligados a erros genuínos, mas uma parcela significativa foi explorada por golpistas. Em 2024, com quase 5 milhões de solicitações, o problema se agravou, exigindo maior atenção das instituições financeiras e dos usuários.

O que fazer ao receber um Pix inesperado

Receber um Pix sem explicação pode ser tentador, mas exige cautela. A primeira atitude deve ser verificar o remetente no extrato da transação. Se não houver identificação clara ou se o valor não estiver vinculado a uma compra ou acordo prévio, o ideal é não mexer no dinheiro até entender a origem. Entrar em contato com o banco é uma medida segura para esclarecer a situação.

Outra recomendação é evitar qualquer interação direta com quem solicita a devolução. Golpistas frequentemente usam números descartáveis ou contas temporárias, dificultando o rastreamento. Ao usar a função de devolução do aplicativo, a vítima garante que a operação seja registrada e protegida contra cancelamentos fraudulentos. Esse cuidado simples pode fazer a diferença entre manter o saldo intacto ou amargar um prejuízo.

Para quem já caiu no golpe, o caminho é mais complicado. É possível registrar um boletim de ocorrência e acionar o banco para tentar reaver o dinheiro, mas o sucesso depende da rapidez da denúncia e da identificação do golpista. Em muitos casos, o valor perdido não é recuperado, reforçando a importância da prevenção.

Cronologia do Pix e das fraudes

O Pix e suas fraudes evoluíram juntos ao longo dos anos. Veja os principais marcos:

  • Novembro de 2020: Lançamento oficial do Pix pelo Banco Central, com adesão inicial de milhões de usuários.
  • 2021: Primeiros relatos de golpes envolvendo links falsos e roubo de dados para uso do Pix.
  • 2023: Registro de 2,5 milhões de pedidos de devolução, com aumento das fraudes do Pix errado.
  • 2024: Volume de solicitações sobe para quase 5 milhões, consolidando o golpe como uma ameaça crescente.

Essa linha do tempo mostra como o sistema, apesar de inovador, tornou-se alvo de criminosos que exploram suas brechas e a confiança dos usuários.

Educação financeira como defesa

A melhor arma contra o golpe do Pix errado é o conhecimento. Bancos e especialistas têm intensificado campanhas para alertar a população sobre os riscos de devolver dinheiro sem verificar a origem. A Febraban, por exemplo, recomenda que os usuários sempre usem os canais oficiais dos bancos para resolver situações de Pix inesperado. A divulgação dessas orientações, porém, ainda não alcançou todos os públicos, especialmente os menos familiarizados com tecnologia.

Escolas e empresas também começam a incluir o tema em programas de educação financeira. A ideia é ensinar desde cedo como identificar fraudes e proteger o dinheiro. Para Luiz Cezar, a lição veio com o prejuízo, mas ele agora compartilha sua experiência para ajudar outros. “É uma coisa que você não espera, mas acontece”, desabafou, reforçando a necessidade de estar atento.

A popularidade do Pix não deve diminuir tão cedo, o que significa que os golpes associados a ele também continuarão evoluindo. Enquanto as quadrilhas lucram com a boa-fé das vítimas, a informação segue como o principal escudo contra essas fraudes silenciosas.



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