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9 Apr 2025, Wed

Quantas pessoas na paulista hoje? Ato pró-anistia na Paulista reúne 44,9 mil com Bolsonaro e aliados em defesa do 8 de janeiro

Avenida Paulista


O ex-presidente Jair Bolsonaro voltou a mobilizar seus apoiadores na Avenida Paulista, em São Paulo, neste domingo, 6 de abril, em um ato que defendeu a anistia para os envolvidos nos ataques de 8 de janeiro de 2023. Cerca de 44,9 mil pessoas participaram da manifestação, conforme estimativa do Monitor do Debate Político do Cebrap, em parceria com a ONG More In Common. A contagem, realizada com tecnologia de ponta, utilizou imagens aéreas captadas por drones e analisadas por inteligência artificial, apontando o pico de público às 15h44. O evento, que reuniu figuras políticas de peso e governadores aliados, reacendeu o debate sobre os episódios que abalaram a democracia brasileira há mais de dois anos.

A manifestação começou por volta das 14h, com uma oração conduzida pela deputada federal Priscila Costa, do PL do Ceará, marcando o tom inicial do protesto. Sete governadores estiveram presentes, entre eles Tarcísio de Freitas, de São Paulo, e Romeu Zema, de Minas Gerais, reforçando o apoio ao movimento liderado por Bolsonaro. Durante o evento, discursos inflamados criticaram o Supremo Tribunal Federal (STF) e defenderam um projeto de lei em tramitação na Câmara dos Deputados que busca conceder anistia aos condenados pelos atos antidemocráticos de 2023. A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro também subiu ao trio elétrico, pedindo uma “anistia humanitária” e destacando o caso de uma cabeleireira presa por pichar uma estátua em Brasília.

Avenida Paulista
Avenida Paulista – Foto: Reprodução/Monitor do Debate Político no Meio Digital & More in Common

Por volta das 15h40, Bolsonaro tomou a palavra e reiterou sua narrativa de vitimização. Ele voltou a mencionar sua viagem aos Estados Unidos dias antes do fim de seu mandato, afirmando que, caso tivesse permanecido no país em 8 de janeiro, poderia ter sido preso ou até assassinado. O ex-presidente também criticou o STF e o atual governo de Luiz Inácio Lula da Silva, enquanto defendeu a gestão de sua equipe econômica, citando a criação do PIX como um dos legados de seu governo. A presença de bandeiras verde e amarelas e objetos como batons infláveis, em referência à prisão da cabeleireira Débora Rodrigues Santos, marcou o ato visualmente.

Tecnologia revela números do ato na Paulista

A contagem de 44,9 mil participantes foi obtida por meio de um método inovador que combina imagens aéreas e inteligência artificial. Desenvolvido por pesquisadores da Universidade de Chequião, na China, e da empresa Tencent, o software Point to Point Network (P2PNet) foi treinado com bancos de dados de fotos de multidões, incluindo imagens brasileiras fornecidas pela Universidade de São Paulo. O sistema identificou automaticamente as cabeças das pessoas nas fotos captadas por drones, garantindo precisão mesmo em áreas de alta densidade.

Para o ato na Paulista, foram registradas 47 imagens em três horários distintos: 14h05, 14h42 e 15h44. Dessas, nove fotos do momento de pico, às 15h44, foram selecionadas para análise. O método apresenta uma precisão de 72,9% na identificação de indivíduos e uma acurácia de 69,5%, com um erro médio de 12% para mais ou para menos em imagens com mais de 500 pessoas. Esse mesmo sistema já havia sido usado em outra manifestação convocada por Bolsonaro no Rio de Janeiro, três semanas antes, que reuniu 18,3 mil pessoas em Copacabana.

O uso dessa tecnologia tem se mostrado uma alternativa confiável para estimar multidões em eventos públicos, especialmente em contextos politicamente sensíveis. A análise cobriu três pontos de concentração na Avenida Paulista, oferecendo uma visão abrangente da extensão do protesto. Comparado a estimativas tradicionais, como as da Polícia Militar, que muitas vezes superam os números calculados por métodos científicos, o P2PNet traz uma abordagem mais objetiva e menos suscetível a distorções.

Contexto político do ato pró-anistia

Avenida Paulista
Avenida Paulista – Foto: Reprodução/Monitor do Debate Político no Meio Digital & More in Common

A manifestação ocorre em um momento delicado para Bolsonaro e seus aliados. No último mês, a Primeira Turma do STF aceitou por unanimidade a denúncia da Procuradoria-Geral da República contra o ex-presidente e sete de seus colaboradores, tornando-os réus por tentativa de golpe de Estado em 2022. Esse grupo, considerado o “núcleo crucial” da conspiração, agora enfrenta um processo penal que pode resultar em penas de prisão. O ato na Paulista, portanto, serve como uma demonstração de força política e uma tentativa de pressionar o Congresso a aprovar a anistia.

O projeto de lei mencionado durante o evento, que tramita na Câmara, busca perdoar os condenados pelos ataques de 8 de janeiro, quando apoiadores de Bolsonaro invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes em Brasília. O vice-presidente da Câmara, Altineu Côrtes, do PL do Rio de Janeiro, afirmou que há uma articulação intensa para colocar o texto em votação. Parlamentares como Nikolas Ferreira, também do PL, subiram ao trio elétrico e criticaram os ministros do STF, chamando-os de “ditadores de toga”.

Pesquisas recentes mostram a divisão da opinião pública sobre o tema. Um levantamento divulgado no mesmo domingo revelou que 56% dos brasileiros são contrários à anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro, enquanto 34% defendem a soltura dos presos, seja por considerar a prisão injusta ou por achar que já cumpriram tempo suficiente. Os 10% restantes não souberam responder ou preferiram não opinar. Esses dados indicam que o debate está longe de um consenso, o que torna eventos como o da Paulista ainda mais relevantes no cenário político.

Detalhes visuais e simbólicos da manifestação

Vestidos majoritariamente de verde e amarelo, os manifestantes carregaram bandeiras do Brasil e objetos que remetem a episódios específicos dos ataques de 8 de janeiro. Um dos símbolos mais marcantes foi o uso de batons, tanto reais quanto infláveis, em alusão ao caso de Débora Rodrigues Santos. A cabeleireira foi presa após usar um batom para pichar a estátua “A Justiça”, em frente ao STF, durante os atos antidemocráticos. Michelle Bolsonaro, ao discursar, segurou um batom e pediu liberdade para a mulher, transformada em ícone pelos apoiadores do ex-presidente.

A presença de governadores no evento também chamou atenção. Além de Tarcísio de Freitas e Romeu Zema, outros cinco chefes de Executivos estaduais marcaram presença, consolidando o apoio de uma parcela significativa da direita brasileira ao movimento. A participação desses líderes reforça a narrativa de Bolsonaro de que há uma base sólida disposta a defendê-lo, mesmo diante das acusações criminais que enfrenta.

Durante seu discurso, Bolsonaro fez menção ao filho Eduardo Bolsonaro, que se licenciou do mandato de deputado federal e mudou-se para os Estados Unidos, alegando perseguição política. O ex-presidente sugeriu que Eduardo mantém contatos com figuras internacionais importantes, como o presidente americano Donald Trump, e que isso poderia trazer benefícios ao movimento no futuro. A fala, embora vaga, alimentou especulações entre os presentes sobre possíveis articulações externas.

Como a inteligência artificial transformou a contagem de multidões

A tecnologia empregada para estimar o público na Paulista representa um avanço significativo na forma como eventos de grande porte são analisados. O software P2PNet, utilizado no ato, foi projetado para identificar indivíduos em imagens aéreas com alta precisão, mesmo em condições desafiadoras, como áreas densamente povoadas ou com obstáculos visuais. Diferentemente de métodos manuais ou estimativas baseadas em impressões subjetivas, o sistema oferece uma abordagem científica que reduz margens de erro.

O processo começou com a captação de imagens por drones em diferentes momentos do protesto. As fotos foram então processadas pelo software, que marcou automaticamente cada cabeça visível, transformando-as em pontos numerados. Esse método permite uma contagem detalhada e confiável, especialmente em eventos que atraem multidões consideráveis. No caso da Paulista, as imagens foram tiradas de ângulos estratégicos, cobrindo toda a extensão da manifestação em seus principais pontos de concentração.

Comparado a outros atos recentes, o número de 44,9 mil participantes coloca a manifestação deste domingo como uma das maiores organizadas por Bolsonaro desde o fim de seu mandato. No Rio de Janeiro, há três semanas, o mesmo método registrou 18,3 mil pessoas, enquanto um evento em fevereiro de 2024 na mesma Avenida Paulista atraiu cerca de 185 mil apoiadores, segundo a mesma tecnologia. Esses dados mostram a capacidade do ex-presidente de ainda mobilizar uma base significativa, embora os números variem conforme o contexto e a pauta defendida.

  • Vantagens do P2PNet: Identificação automática de indivíduos, precisão em áreas densas e redução de erros humanos.
  • Limitações: Não contabiliza pessoas sob árvores ou estruturas e pode ter dificuldades com acessórios como bonés.
  • Aplicação prática: Usado em eventos políticos, culturais e esportivos para estimativas confiáveis.

Repercussão política e social do evento

A presença de Bolsonaro na Paulista reacendeu o embate entre seus apoiadores e os setores que defendem a punição aos responsáveis pelos atos de 8 de janeiro. Apenas uma semana antes, no dia 30 de março, uma manifestação contrária à anistia reuniu 6,6 mil pessoas no mesmo local, organizada por movimentos de esquerda como o Povo Sem Medo e a Frente Brasil Popular. A diferença de público entre os dois eventos foi notada por analistas políticos, que apontam a maior capacidade de mobilização da direita bolsonarista em comparação com a esquerda no momento atual.

O ato também gerou reações entre os parlamentares presentes. Nikolas Ferreira, um dos deputados mais jovens do Congresso, usou o microfone para atacar o STF e reforçar a narrativa de que os ministros extrapolam suas funções. Já Altineu Côrtes destacou a articulação para levar o projeto de anistia ao plenário, sugerindo que a pressão popular pode influenciar a decisão dos deputados. A tramitação do texto, no entanto, enfrenta resistência de partidos de centro e da esquerda, que veem na proposta uma tentativa de enfraquecer a resposta judicial aos ataques à democracia.

Na sociedade, o evento dividiu opiniões. Enquanto apoiadores de Bolsonaro celebraram a mobilização como uma demonstração de força, críticos apontaram o risco de normalizar atos antidemocráticos. A pesquisa divulgada no mesmo dia, mostrando que mais da metade dos brasileiros rejeita a anistia, sugere que o tema continuará a polarizar o debate público nos próximos meses, especialmente com a proximidade das eleições municipais.

Cronologia dos atos pró-anistia com Bolsonaro

Bolsonaro tem usado manifestações públicas como ferramenta para manter sua relevância política desde o fim de seu governo. O ato deste domingo na Paulista é mais um capítulo dessa estratégia. Veja os principais eventos recentes liderados pelo ex-presidente em prol da anistia:

  • 16 de março: Manifestação em Copacabana, Rio de Janeiro, reúne 18,3 mil pessoas pedindo anistia aos presos do 8 de janeiro.
  • 25 de fevereiro de 2024: Ato na Avenida Paulista atrai 185 mil apoiadores, com foco em apoio a Bolsonaro após investigações do STF.
  • 6 de abril: Evento na Paulista mobiliza 44,9 mil pessoas, reforçando a pauta da anistia e críticas ao Judiciário.

Esses números, calculados com a mesma tecnologia de inteligência artificial, mostram a oscilação na adesão aos atos, influenciada por fatores como local, momento político e pautas específicas. O evento de fevereiro, por exemplo, ocorreu em um contexto de maior pressão judicial sobre Bolsonaro, o que pode explicar o público expressivo.

O papel dos governadores e aliados no ato

A participação de sete governadores no protesto destacou o peso político do movimento. Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo e anfitrião informal do evento, tem se alinhado cada vez mais ao bolsonarismo, especialmente após sua eleição em 2022 com apoio do ex-presidente. Romeu Zema, de Minas Gerais, também reforçou sua posição ao lado de Bolsonaro, consolidando uma aliança que pode ter impactos nas disputas eleitorais futuras.

Outros governadores presentes incluíram nomes de estados do Sul e Centro-Oeste, regiões onde Bolsonaro mantém forte base de apoio. A presença desses líderes regionais no trio elétrico foi vista como uma tentativa de ampliar a influência do movimento além do Congresso, alcançando as esferas estaduais. Durante os discursos, Tarcísio e Zema evitaram ataques diretos ao STF, mas endossaram a pauta da anistia, alinhando-se à pressão sobre os parlamentares.

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro também teve papel de destaque, reforçando o apelo emocional do ato. Ao citar o caso de Débora Rodrigues Santos, ela buscou humanizar a causa, apresentando os presos do 8 de janeiro como vítimas de um sistema judicial punitivo. Sua participação indica que ela pode assumir um papel mais ativo na articulação política do bolsonarismo nos próximos anos.

Impactos visuais e simbologia do protesto

O verde e amarelo dominou a Avenida Paulista, com bandeiras do Brasil tremulando entre os manifestantes. O uso de batons como símbolo de resistência foi uma novidade no ato, inspirado no episódio da cabeleireira presa em Brasília. Muitos participantes carregavam réplicas infláveis do objeto, enquanto outros seguravam batons reais, transformando um gesto de vandalismo em um ícone de luta para os apoiadores de Bolsonaro.

A escolha da Paulista como palco do evento não é aleatória. A avenida tem sido historicamente um ponto de encontro para manifestações políticas no país, tanto de esquerda quanto de direita. Nos últimos anos, porém, ela se consolidou como um reduto do bolsonarismo, especialmente após atos massivos como o de 7 de setembro de 2022 e o de fevereiro de 2024. A localização central e a visibilidade da via amplificam o alcance simbólico e midiático dessas mobilizações.

A oração inicial, liderada por Priscila Costa, reforçou o tom religioso que frequentemente acompanha os eventos bolsonaristas. A presença de evangélicos, um dos pilares de apoio do ex-presidente, foi evidente, com cânticos e mensagens de fé permeando os discursos. Esse elemento religioso, combinado aos símbolos patrióticos, cria uma narrativa que mistura nacionalismo e valores conservadores, algo que ressoa profundamente com a base de Bolsonaro.

Comparação com atos anteriores e perspectivas futuras

O número de 44,9 mil participantes no ato deste domingo fica abaixo dos 185 mil registrados em fevereiro de 2024 na Paulista, mas supera os 18,3 mil de Copacabana em março. Essa variação reflete os diferentes contextos em que os eventos ocorreram. O protesto de fevereiro foi marcado por uma resposta direta às investigações contra Bolsonaro, enquanto o de março, no Rio, teve menor adesão, possivelmente devido ao foco mais restrito na anistia. Já o ato atual combina a defesa dos presos do 8 de janeiro com uma crítica ampla ao STF e ao governo Lula, o que pode ter ampliado seu apelo.

Olhando para o futuro, a capacidade de Bolsonaro de mobilizar dezenas de milhares de pessoas sugere que ele segue como uma figura central na política brasileira, mesmo inelegível até 2030. A menção a contatos internacionais, como os de Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos, indica que o ex-presidente pode estar buscando apoio externo para fortalecer sua posição. Enquanto isso, a tramitação do projeto de anistia na Câmara será um teste crucial para medir o impacto dessas manifestações no Legislativo.

A tecnologia de contagem de multidões, como a usada neste evento, continuará a desempenhar um papel importante na análise desses atos. Com precisão científica, ela oferece uma base objetiva para entender a escala das mobilizações, algo essencial em um cenário político tão polarizado. O número de 44,9 mil participantes, embora significativo, está longe das estimativas infladas de “milhões” feitas por organizadores, mostrando a diferença entre a narrativa dos apoiadores e os dados reais.

Curiosidades sobre a manifestação na Paulista

O ato pró-anistia trouxe elementos visuais e políticos que marcaram a cobertura do evento. Confira alguns pontos que chamaram atenção:

  • Batom como símbolo: Inspirado no caso de Débora Rodrigues Santos, o objeto foi usado por manifestantes como sinal de protesto contra as prisões do 8 de janeiro.
  • Presença de governadores: Sete chefes de Executivos estaduais participaram, um número raro em atos de rua liderados por Bolsonaro desde o fim de seu mandato.
  • Tecnologia de ponta: O uso do P2PNet reforça a tendência de métodos científicos em estimativas de público, contrastando com cálculos subjetivos tradicionais.
  • Divisão pública: A pesquisa mostrando 56% contra a anistia e 34% a favor reflete a polarização em torno do tema.

Esses aspectos destacam tanto a organização do evento quanto os desafios enfrentados por Bolsonaro e seus aliados em um cenário de crescente pressão judicial e social.



O ex-presidente Jair Bolsonaro voltou a mobilizar seus apoiadores na Avenida Paulista, em São Paulo, neste domingo, 6 de abril, em um ato que defendeu a anistia para os envolvidos nos ataques de 8 de janeiro de 2023. Cerca de 44,9 mil pessoas participaram da manifestação, conforme estimativa do Monitor do Debate Político do Cebrap, em parceria com a ONG More In Common. A contagem, realizada com tecnologia de ponta, utilizou imagens aéreas captadas por drones e analisadas por inteligência artificial, apontando o pico de público às 15h44. O evento, que reuniu figuras políticas de peso e governadores aliados, reacendeu o debate sobre os episódios que abalaram a democracia brasileira há mais de dois anos.

A manifestação começou por volta das 14h, com uma oração conduzida pela deputada federal Priscila Costa, do PL do Ceará, marcando o tom inicial do protesto. Sete governadores estiveram presentes, entre eles Tarcísio de Freitas, de São Paulo, e Romeu Zema, de Minas Gerais, reforçando o apoio ao movimento liderado por Bolsonaro. Durante o evento, discursos inflamados criticaram o Supremo Tribunal Federal (STF) e defenderam um projeto de lei em tramitação na Câmara dos Deputados que busca conceder anistia aos condenados pelos atos antidemocráticos de 2023. A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro também subiu ao trio elétrico, pedindo uma “anistia humanitária” e destacando o caso de uma cabeleireira presa por pichar uma estátua em Brasília.

Avenida Paulista
Avenida Paulista – Foto: Reprodução/Monitor do Debate Político no Meio Digital & More in Common

Por volta das 15h40, Bolsonaro tomou a palavra e reiterou sua narrativa de vitimização. Ele voltou a mencionar sua viagem aos Estados Unidos dias antes do fim de seu mandato, afirmando que, caso tivesse permanecido no país em 8 de janeiro, poderia ter sido preso ou até assassinado. O ex-presidente também criticou o STF e o atual governo de Luiz Inácio Lula da Silva, enquanto defendeu a gestão de sua equipe econômica, citando a criação do PIX como um dos legados de seu governo. A presença de bandeiras verde e amarelas e objetos como batons infláveis, em referência à prisão da cabeleireira Débora Rodrigues Santos, marcou o ato visualmente.

Tecnologia revela números do ato na Paulista

A contagem de 44,9 mil participantes foi obtida por meio de um método inovador que combina imagens aéreas e inteligência artificial. Desenvolvido por pesquisadores da Universidade de Chequião, na China, e da empresa Tencent, o software Point to Point Network (P2PNet) foi treinado com bancos de dados de fotos de multidões, incluindo imagens brasileiras fornecidas pela Universidade de São Paulo. O sistema identificou automaticamente as cabeças das pessoas nas fotos captadas por drones, garantindo precisão mesmo em áreas de alta densidade.

Para o ato na Paulista, foram registradas 47 imagens em três horários distintos: 14h05, 14h42 e 15h44. Dessas, nove fotos do momento de pico, às 15h44, foram selecionadas para análise. O método apresenta uma precisão de 72,9% na identificação de indivíduos e uma acurácia de 69,5%, com um erro médio de 12% para mais ou para menos em imagens com mais de 500 pessoas. Esse mesmo sistema já havia sido usado em outra manifestação convocada por Bolsonaro no Rio de Janeiro, três semanas antes, que reuniu 18,3 mil pessoas em Copacabana.

O uso dessa tecnologia tem se mostrado uma alternativa confiável para estimar multidões em eventos públicos, especialmente em contextos politicamente sensíveis. A análise cobriu três pontos de concentração na Avenida Paulista, oferecendo uma visão abrangente da extensão do protesto. Comparado a estimativas tradicionais, como as da Polícia Militar, que muitas vezes superam os números calculados por métodos científicos, o P2PNet traz uma abordagem mais objetiva e menos suscetível a distorções.

Contexto político do ato pró-anistia

Avenida Paulista
Avenida Paulista – Foto: Reprodução/Monitor do Debate Político no Meio Digital & More in Common

A manifestação ocorre em um momento delicado para Bolsonaro e seus aliados. No último mês, a Primeira Turma do STF aceitou por unanimidade a denúncia da Procuradoria-Geral da República contra o ex-presidente e sete de seus colaboradores, tornando-os réus por tentativa de golpe de Estado em 2022. Esse grupo, considerado o “núcleo crucial” da conspiração, agora enfrenta um processo penal que pode resultar em penas de prisão. O ato na Paulista, portanto, serve como uma demonstração de força política e uma tentativa de pressionar o Congresso a aprovar a anistia.

O projeto de lei mencionado durante o evento, que tramita na Câmara, busca perdoar os condenados pelos ataques de 8 de janeiro, quando apoiadores de Bolsonaro invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes em Brasília. O vice-presidente da Câmara, Altineu Côrtes, do PL do Rio de Janeiro, afirmou que há uma articulação intensa para colocar o texto em votação. Parlamentares como Nikolas Ferreira, também do PL, subiram ao trio elétrico e criticaram os ministros do STF, chamando-os de “ditadores de toga”.

Pesquisas recentes mostram a divisão da opinião pública sobre o tema. Um levantamento divulgado no mesmo domingo revelou que 56% dos brasileiros são contrários à anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro, enquanto 34% defendem a soltura dos presos, seja por considerar a prisão injusta ou por achar que já cumpriram tempo suficiente. Os 10% restantes não souberam responder ou preferiram não opinar. Esses dados indicam que o debate está longe de um consenso, o que torna eventos como o da Paulista ainda mais relevantes no cenário político.

Detalhes visuais e simbólicos da manifestação

Vestidos majoritariamente de verde e amarelo, os manifestantes carregaram bandeiras do Brasil e objetos que remetem a episódios específicos dos ataques de 8 de janeiro. Um dos símbolos mais marcantes foi o uso de batons, tanto reais quanto infláveis, em alusão ao caso de Débora Rodrigues Santos. A cabeleireira foi presa após usar um batom para pichar a estátua “A Justiça”, em frente ao STF, durante os atos antidemocráticos. Michelle Bolsonaro, ao discursar, segurou um batom e pediu liberdade para a mulher, transformada em ícone pelos apoiadores do ex-presidente.

A presença de governadores no evento também chamou atenção. Além de Tarcísio de Freitas e Romeu Zema, outros cinco chefes de Executivos estaduais marcaram presença, consolidando o apoio de uma parcela significativa da direita brasileira ao movimento. A participação desses líderes reforça a narrativa de Bolsonaro de que há uma base sólida disposta a defendê-lo, mesmo diante das acusações criminais que enfrenta.

Durante seu discurso, Bolsonaro fez menção ao filho Eduardo Bolsonaro, que se licenciou do mandato de deputado federal e mudou-se para os Estados Unidos, alegando perseguição política. O ex-presidente sugeriu que Eduardo mantém contatos com figuras internacionais importantes, como o presidente americano Donald Trump, e que isso poderia trazer benefícios ao movimento no futuro. A fala, embora vaga, alimentou especulações entre os presentes sobre possíveis articulações externas.

Como a inteligência artificial transformou a contagem de multidões

A tecnologia empregada para estimar o público na Paulista representa um avanço significativo na forma como eventos de grande porte são analisados. O software P2PNet, utilizado no ato, foi projetado para identificar indivíduos em imagens aéreas com alta precisão, mesmo em condições desafiadoras, como áreas densamente povoadas ou com obstáculos visuais. Diferentemente de métodos manuais ou estimativas baseadas em impressões subjetivas, o sistema oferece uma abordagem científica que reduz margens de erro.

O processo começou com a captação de imagens por drones em diferentes momentos do protesto. As fotos foram então processadas pelo software, que marcou automaticamente cada cabeça visível, transformando-as em pontos numerados. Esse método permite uma contagem detalhada e confiável, especialmente em eventos que atraem multidões consideráveis. No caso da Paulista, as imagens foram tiradas de ângulos estratégicos, cobrindo toda a extensão da manifestação em seus principais pontos de concentração.

Comparado a outros atos recentes, o número de 44,9 mil participantes coloca a manifestação deste domingo como uma das maiores organizadas por Bolsonaro desde o fim de seu mandato. No Rio de Janeiro, há três semanas, o mesmo método registrou 18,3 mil pessoas, enquanto um evento em fevereiro de 2024 na mesma Avenida Paulista atraiu cerca de 185 mil apoiadores, segundo a mesma tecnologia. Esses dados mostram a capacidade do ex-presidente de ainda mobilizar uma base significativa, embora os números variem conforme o contexto e a pauta defendida.

  • Vantagens do P2PNet: Identificação automática de indivíduos, precisão em áreas densas e redução de erros humanos.
  • Limitações: Não contabiliza pessoas sob árvores ou estruturas e pode ter dificuldades com acessórios como bonés.
  • Aplicação prática: Usado em eventos políticos, culturais e esportivos para estimativas confiáveis.

Repercussão política e social do evento

A presença de Bolsonaro na Paulista reacendeu o embate entre seus apoiadores e os setores que defendem a punição aos responsáveis pelos atos de 8 de janeiro. Apenas uma semana antes, no dia 30 de março, uma manifestação contrária à anistia reuniu 6,6 mil pessoas no mesmo local, organizada por movimentos de esquerda como o Povo Sem Medo e a Frente Brasil Popular. A diferença de público entre os dois eventos foi notada por analistas políticos, que apontam a maior capacidade de mobilização da direita bolsonarista em comparação com a esquerda no momento atual.

O ato também gerou reações entre os parlamentares presentes. Nikolas Ferreira, um dos deputados mais jovens do Congresso, usou o microfone para atacar o STF e reforçar a narrativa de que os ministros extrapolam suas funções. Já Altineu Côrtes destacou a articulação para levar o projeto de anistia ao plenário, sugerindo que a pressão popular pode influenciar a decisão dos deputados. A tramitação do texto, no entanto, enfrenta resistência de partidos de centro e da esquerda, que veem na proposta uma tentativa de enfraquecer a resposta judicial aos ataques à democracia.

Na sociedade, o evento dividiu opiniões. Enquanto apoiadores de Bolsonaro celebraram a mobilização como uma demonstração de força, críticos apontaram o risco de normalizar atos antidemocráticos. A pesquisa divulgada no mesmo dia, mostrando que mais da metade dos brasileiros rejeita a anistia, sugere que o tema continuará a polarizar o debate público nos próximos meses, especialmente com a proximidade das eleições municipais.

Cronologia dos atos pró-anistia com Bolsonaro

Bolsonaro tem usado manifestações públicas como ferramenta para manter sua relevância política desde o fim de seu governo. O ato deste domingo na Paulista é mais um capítulo dessa estratégia. Veja os principais eventos recentes liderados pelo ex-presidente em prol da anistia:

  • 16 de março: Manifestação em Copacabana, Rio de Janeiro, reúne 18,3 mil pessoas pedindo anistia aos presos do 8 de janeiro.
  • 25 de fevereiro de 2024: Ato na Avenida Paulista atrai 185 mil apoiadores, com foco em apoio a Bolsonaro após investigações do STF.
  • 6 de abril: Evento na Paulista mobiliza 44,9 mil pessoas, reforçando a pauta da anistia e críticas ao Judiciário.

Esses números, calculados com a mesma tecnologia de inteligência artificial, mostram a oscilação na adesão aos atos, influenciada por fatores como local, momento político e pautas específicas. O evento de fevereiro, por exemplo, ocorreu em um contexto de maior pressão judicial sobre Bolsonaro, o que pode explicar o público expressivo.

O papel dos governadores e aliados no ato

A participação de sete governadores no protesto destacou o peso político do movimento. Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo e anfitrião informal do evento, tem se alinhado cada vez mais ao bolsonarismo, especialmente após sua eleição em 2022 com apoio do ex-presidente. Romeu Zema, de Minas Gerais, também reforçou sua posição ao lado de Bolsonaro, consolidando uma aliança que pode ter impactos nas disputas eleitorais futuras.

Outros governadores presentes incluíram nomes de estados do Sul e Centro-Oeste, regiões onde Bolsonaro mantém forte base de apoio. A presença desses líderes regionais no trio elétrico foi vista como uma tentativa de ampliar a influência do movimento além do Congresso, alcançando as esferas estaduais. Durante os discursos, Tarcísio e Zema evitaram ataques diretos ao STF, mas endossaram a pauta da anistia, alinhando-se à pressão sobre os parlamentares.

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro também teve papel de destaque, reforçando o apelo emocional do ato. Ao citar o caso de Débora Rodrigues Santos, ela buscou humanizar a causa, apresentando os presos do 8 de janeiro como vítimas de um sistema judicial punitivo. Sua participação indica que ela pode assumir um papel mais ativo na articulação política do bolsonarismo nos próximos anos.

Impactos visuais e simbologia do protesto

O verde e amarelo dominou a Avenida Paulista, com bandeiras do Brasil tremulando entre os manifestantes. O uso de batons como símbolo de resistência foi uma novidade no ato, inspirado no episódio da cabeleireira presa em Brasília. Muitos participantes carregavam réplicas infláveis do objeto, enquanto outros seguravam batons reais, transformando um gesto de vandalismo em um ícone de luta para os apoiadores de Bolsonaro.

A escolha da Paulista como palco do evento não é aleatória. A avenida tem sido historicamente um ponto de encontro para manifestações políticas no país, tanto de esquerda quanto de direita. Nos últimos anos, porém, ela se consolidou como um reduto do bolsonarismo, especialmente após atos massivos como o de 7 de setembro de 2022 e o de fevereiro de 2024. A localização central e a visibilidade da via amplificam o alcance simbólico e midiático dessas mobilizações.

A oração inicial, liderada por Priscila Costa, reforçou o tom religioso que frequentemente acompanha os eventos bolsonaristas. A presença de evangélicos, um dos pilares de apoio do ex-presidente, foi evidente, com cânticos e mensagens de fé permeando os discursos. Esse elemento religioso, combinado aos símbolos patrióticos, cria uma narrativa que mistura nacionalismo e valores conservadores, algo que ressoa profundamente com a base de Bolsonaro.

Comparação com atos anteriores e perspectivas futuras

O número de 44,9 mil participantes no ato deste domingo fica abaixo dos 185 mil registrados em fevereiro de 2024 na Paulista, mas supera os 18,3 mil de Copacabana em março. Essa variação reflete os diferentes contextos em que os eventos ocorreram. O protesto de fevereiro foi marcado por uma resposta direta às investigações contra Bolsonaro, enquanto o de março, no Rio, teve menor adesão, possivelmente devido ao foco mais restrito na anistia. Já o ato atual combina a defesa dos presos do 8 de janeiro com uma crítica ampla ao STF e ao governo Lula, o que pode ter ampliado seu apelo.

Olhando para o futuro, a capacidade de Bolsonaro de mobilizar dezenas de milhares de pessoas sugere que ele segue como uma figura central na política brasileira, mesmo inelegível até 2030. A menção a contatos internacionais, como os de Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos, indica que o ex-presidente pode estar buscando apoio externo para fortalecer sua posição. Enquanto isso, a tramitação do projeto de anistia na Câmara será um teste crucial para medir o impacto dessas manifestações no Legislativo.

A tecnologia de contagem de multidões, como a usada neste evento, continuará a desempenhar um papel importante na análise desses atos. Com precisão científica, ela oferece uma base objetiva para entender a escala das mobilizações, algo essencial em um cenário político tão polarizado. O número de 44,9 mil participantes, embora significativo, está longe das estimativas infladas de “milhões” feitas por organizadores, mostrando a diferença entre a narrativa dos apoiadores e os dados reais.

Curiosidades sobre a manifestação na Paulista

O ato pró-anistia trouxe elementos visuais e políticos que marcaram a cobertura do evento. Confira alguns pontos que chamaram atenção:

  • Batom como símbolo: Inspirado no caso de Débora Rodrigues Santos, o objeto foi usado por manifestantes como sinal de protesto contra as prisões do 8 de janeiro.
  • Presença de governadores: Sete chefes de Executivos estaduais participaram, um número raro em atos de rua liderados por Bolsonaro desde o fim de seu mandato.
  • Tecnologia de ponta: O uso do P2PNet reforça a tendência de métodos científicos em estimativas de público, contrastando com cálculos subjetivos tradicionais.
  • Divisão pública: A pesquisa mostrando 56% contra a anistia e 34% a favor reflete a polarização em torno do tema.

Esses aspectos destacam tanto a organização do evento quanto os desafios enfrentados por Bolsonaro e seus aliados em um cenário de crescente pressão judicial e social.



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