A bolsa de valores de Nova York viveu momentos de tensão nesta segunda-feira, 7 de abril, quando o índice VIX, amplamente conhecido como o “índice do medo” de Wall Street, alcançou 51,5 pontos por volta das 12h30, horário de Brasília. O indicador, que reflete a volatilidade esperada nas ações do S&P 500 para os próximos 30 dias, registrou um avanço de 13% em relação ao dia anterior, marcando o maior patamar desde 1º de fevereiro de 2020, quando chegou a 53 pontos no início da pandemia de Covid-19. A escalada atual tem como principal catalisador o anúncio feito na semana passada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de um amplo pacote de tarifas comerciais recíprocas que afetam cerca de 180 países. Esse movimento intensificou a incerteza global, abalando investidores e levando os mercados a um estado de alerta elevado.
O VIX é calculado com base nas opções de compra e venda do S&P 500, índice que reúne as 500 empresas mais representativas da economia americana. Quando os preços dessas opções oscilam de forma intensa, o indicador sobe, refletindo o aumento do risco percebido pelos investidores. Na semana passada, após Trump detalhar as tarifas em um discurso na Casa Branca, o mercado já vinha reagindo com nervosismo. A tarifa básica de 10% sobre bens importados, somada a taxas adicionais específicas – como 34% para a China, 20% para a União Europeia e 46% para o Vietnã –, pegou os investidores de surpresa pela severidade e abrangência. A ausência de sinais de flexibilização por parte do governo americano nesta segunda-feira agravou ainda mais o cenário, frustrando expectativas de negociações que pudessem amenizar os impactos.
$VIX X $BTC Parabéns a quem acumulou mais #Bitcoin, mineradoras e #Altcoins ao longo da disparada ⬆️ do $VIX (Índice do Medo).
💰 Você tem o meu eterno respeito! Vamos juntos capturar lucros expressivos até as regiões de 15,00 e 10,68. Nós merecemos! Eu ouvi um amém? #Crypto pic.twitter.com/i7bZ4PHjxB
— Jeff Maia | Business Cycle 🌎 (@jeffcmaia) April 7, 2025
Essa onda de volatilidade não se restringiu aos Estados Unidos. Bolsas asiáticas e europeias também sentiram o impacto, com quedas expressivas nos principais índices. Em Tóquio, o Nikkei 225 recuou 2,77%, enquanto o STOXX 600, que abrange as maiores empresas da Europa, caiu 2,7%, retornando ao menor nível desde janeiro. Na China, a resposta às tarifas americanas veio na forma de uma retaliação anunciada na sexta-feira, 4 de abril, com a imposição de uma sobretaxa de 34% sobre todos os produtos dos Estados Unidos a partir de 10 de abril. A troca de medidas protecionistas entre as duas maiores economias do mundo alimentou temores de uma guerra comercial em larga escala, com reflexos diretos na confiança dos investidores e no comportamento do VIX.
Como o VIX reflete o clima de Wall Street
O índice VIX tem uma relação inversa com o desempenho do S&P 500. Em períodos de otimismo, quando as ações sobem de forma estável, ele tende a permanecer em níveis baixos, geralmente abaixo de 20 pontos. Já em momentos de crise ou incerteza, como o atual, o indicador dispara, sinalizando que os investidores esperam oscilações significativas nos preços das ações. Na prática, um VIX acima de 30 pontos é interpretado como um alerta de turbulência no mercado, enquanto valores próximos de 50, como os registrados nesta segunda-feira, indicam um estado de pânico generalizado.
Na última quinta-feira, 3 de abril, o S&P 500 já havia sofrido uma queda de 4,84%, fechando a 5.396,52 pontos, o que representou o pior desempenho diário desde 2020. O Dow Jones Industrial Average caiu 3,98%, para 40.545,93 pontos, e o Nasdaq, fortemente influenciado por empresas de tecnologia, despencou 5,97%, encerrando o dia a 16.550,605 pontos. A Apple, uma das gigantes do setor, viu suas ações recuarem 9,25%, impactada diretamente pela tarifa de 54% sobre produtos fabricados na China, onde grande parte de sua produção está concentrada. Esses números mostram como o mercado americano já vinha precificando os efeitos das tarifas de Trump antes mesmo da escalada do VIX nesta semana.
A intensidade da reação reflete a percepção de que as tarifas podem gerar múltiplos choques econômicos. Além do aumento dos custos para empresas americanas que dependem de cadeias de suprimentos globais, há o risco de pressões inflacionárias que podem levar o Federal Reserve a rever sua política monetária. Enquanto isso, a possibilidade de retaliações adicionais por parte de outros países mantém os investidores em suspense, contribuindo para a manutenção de altos níveis de volatilidade.
Impactos globais das tarifas de Trump
As tarifas anunciadas por Donald Trump na quarta-feira, 2 de abril, estabeleceram uma alíquota base de 10% sobre todas as importações, com taxas extras aplicadas a nações específicas. Além da China, Vietnã e União Europeia, países como Índia (26%), Japão (24%) e Brasil (10%) também foram incluídos no pacote. A justificativa apresentada pelo presidente foi a necessidade de equilibrar as relações comerciais, cobrando dos parceiros “aproximadamente metade do que eles vêm nos cobrando”, segundo suas próprias palavras. No entanto, a medida foi recebida com críticas por diversas lideranças globais, que a classificaram como uma forma de protecionismo agressivo.
Na Ásia, as bolsas sentiram o peso das tarifas logo após o anúncio. Em Tóquio, a queda de 2,77% no Nikkei 225 foi acompanhada por uma desvalorização de 6,7% no índice do Vietnã, um dos países mais afetados pelas taxas de 46%. Na China, os índices CSI300 e SSEC tiveram perdas menores, de 0,59% e 0,24%, respectivamente, mas o governo chinês deixou claro que não pretende absorver o impacto passivamente. A tarifa retaliatória de 34% sobre produtos americanos, anunciada na sexta-feira, abrange desde bens de consumo até commodities, como soja e petróleo, e deve entrar em vigor nesta quinta-feira, 10 de abril.
Na Europa, o STOXX 600 caiu 2,7%, com os mercados da Alemanha, França e Itália registrando perdas superiores a 3%. A tarifa de 20% imposta à União Europeia, acima do que se esperava, levantou preocupações sobre o impacto no crescimento econômico da região, que já enfrenta desafios como a transição energética e a desaceleração da demanda global. Analistas estimam que o choque negativo pode reduzir o PIB europeu em cerca de 1 ponto percentual, caso as tensões comerciais se prolonguem.
- China: tarifa de 34% sobre produtos americanos a partir de 10 de abril.
- Vietnã: ações despencaram 6,7% após tarifa de 46%.
- União Europeia: STOXX 600 caiu 2,7% com taxa de 20%.
- Japão: Nikkei 225 recuou 2,77% com tarifa de 24%.
Reação do mercado americano ao tarifaço
Enquanto o VIX disparava nesta segunda-feira, os índices de Wall Street continuavam a refletir o pessimismo dos investidores. Por volta das 12h30, o S&P 500 operava em queda de 2,5%, enquanto o Nasdaq recuava 3,1%, pressionado pelas perdas em ações de tecnologia. Empresas como Nvidia, que caiu 7,82% na quinta-feira passada, e Microsoft, com recuo de 2,36%, seguiam no vermelho, evidenciando a vulnerabilidade do setor a interrupções nas cadeias de suprimentos globais.
O Dow Jones, por sua vez, registrava uma baixa de 1,8%, com destaque para a performance negativa de montadoras como General Motors e Ford, afetadas por tarifas de 25% sobre veículos importados, em vigor desde 3 de abril. A General Motors já havia perdido mais de 7% na semana passada, enquanto a Ford recuou 3,9%, números que refletem os temores de aumento nos custos de produção e queda na competitividade no mercado internacional.
A busca por ativos seguros também foi evidente. Os rendimentos dos Treasuries de 10 anos caíram de 4,127% na quinta-feira para 4,033% na segunda-feira, indicando uma corrida por títulos públicos americanos como refúgio. O ouro, outro ativo tradicionalmente procurado em tempos de crise, subia 0,96%, aproximando-se de novas máximas históricas. Já o dólar, medido pelo índice DXY, operava em queda de 1,79%, a 101,94 pontos, pressionado pela incerteza econômica e pela força relativa de outras moedas em meio ao caos comercial.
Escalada da guerra comercial e seus efeitos
A decisão de Trump de manter as tarifas sem sinais de flexibilização frustrou as esperanças de uma pausa ou renegociação, conforme afirmou a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, nesta segunda-feira. A declaração veio após dias de especulação sobre uma possível trégua, alimentada por comentários de analistas que viam as tarifas como uma estratégia inicial de negociação. No entanto, a postura firme do governo americano sinaliza que o presidente está disposto a levar adiante sua agenda protecionista, mesmo diante das reações adversas dos mercados.
A China, principal alvo das tarifas americanas, respondeu rapidamente. Além da sobretaxa de 34%, o Ministério do Comércio chinês classificou as medidas dos EUA como uma violação das regras do comércio internacional e prometeu ações adicionais caso necessário. Especialistas avaliam que Pequim pode recorrer a uma desvalorização do yuan ou a um pacote de estímulos econômicos para mitigar os impactos, que incluem uma potencial redução de 2,4 pontos percentuais no crescimento do PIB chinês e uma queda de 15,4% nas exportações para os EUA.
Outros países também estão se posicionando. O Vietnã, com sua economia altamente dependente de exportações, enfrenta um cenário crítico com a tarifa de 46%, que pode comprometer setores como o de eletrônicos e têxtil. Na União Europeia, líderes já discutem contramedidas, enquanto o Japão avalia o impacto da taxa de 24% em sua indústria automotiva. No Brasil, a tarifa de 10% é vista como menos severa, mas ainda assim pressiona exportadores de commodities como soja e minério de ferro, que já enfrentam um cenário de preços em baixa.
Cronograma das tarifas e próximos passos
As tarifas de Trump começaram a ser implementadas de forma escalonada. A alíquota de 25% sobre veículos importados entrou em vigor em 3 de abril, enquanto a taxa base de 10% e as sobretaxas adicionais passam a valer a partir de 9 de abril. A China, por sua vez, aplicará sua retaliação em 10 de abril, intensificando o confronto comercial. Esse calendário apertado mantém os mercados em estado de alerta, com investidores atentos a cada nova declaração ou medida retaliatória.
- 3 de abril: tarifa de 25% sobre carros e caminhões leves importados pelos EUA.
- 9 de abril: tarifa base de 10% e taxas extras (34% para China, 20% para UE, etc.).
- 10 de abril: China impõe tarifa de 34% sobre produtos americanos.
- Próximos dias: expectativa por reações de União Europeia, Japão e outros países.
A ausência de negociações iminentes sugere que a volatilidade deve persistir. O VIX, que já atingiu 51,5 pontos, pode subir ainda mais caso novas retaliações sejam anunciadas, especialmente se envolverem economias de peso como a União Europeia ou o Japão. Enquanto isso, os dados de emprego dos EUA, previstos para serem divulgados na sexta-feira, 11 de abril, podem oferecer pistas sobre os primeiros impactos das tarifas na economia americana.
Setores mais afetados nos EUA
Nos Estados Unidos, o impacto das tarifas já é visível em diversos setores. A tecnologia, que depende fortemente de componentes importados da Ásia, lidera as perdas no S&P 500. A Dell, por exemplo, viu suas ações despencarem 18,99% na quinta-feira passada, enquanto a Best Buy caiu 17,84%, refletindo os temores de aumento nos custos de produtos eletrônicos. O setor automotivo também sofre, com montadoras enfrentando dificuldades para realocar cadeias de suprimentos em curto prazo.
O setor de energia, por outro lado, registrou uma queda de 7,51% na semana passada, pressionado pela desvalorização do petróleo. O barril do tipo WTI caiu 6,87%, para US$ 66,78, e o Brent recuou 6,36%, para US$ 70,18, em meio a preocupações com a demanda global. Já o setor de consumo discricionário, que inclui varejistas como Nike, perdeu 6,45%, com as ações da empresa despencando 12% devido à dependência de manufatura na China e no Vietnã.
Por outro lado, o setor de consumo básico foi uma exceção, registrando alta de 0,69% na quinta-feira. Empresas de bens essenciais, menos expostas às flutuações do comércio internacional, tornaram-se um porto seguro para investidores em meio à turbulência. Essa polarização setorial evidencia como as tarifas estão redesenhando o comportamento do mercado americano.
Perspectivas para os próximos dias
Com o VIX em níveis recordes desde a pandemia, os próximos dias prometem manter os mercados em suspense. A falta de clareza sobre as respostas de outros países, combinada com a postura inflexível do governo Trump, sugere que a volatilidade deve continuar elevada. Analistas preveem que o S&P 500 pode testar o patamar de 5.200 pontos caso o cenário piore, enquanto o Nasdaq, mais sensível às tensões comerciais, pode sofrer perdas ainda mais expressivas.
A atenção agora se volta para os dados econômicos dos EUA, como o relatório de empregos de março, que será divulgado na sexta-feira. Um resultado abaixo das expectativas pode reforçar os temores de recessão, alimentando ainda mais o “índice do medo”. Enquanto isso, o ouro e os Treasuries seguem como refúgios, mas a incerteza sobre o impacto das tarifas no crescimento global mantém os investidores cautelosos.
A guerra comercial iniciada por Trump já deixou marcas profundas nos mercados. A disparada do VIX reflete não apenas o nervosismo em Wall Street, mas também a percepção de que o tarifaço pode desencadear uma desaceleração econômica em escala global. Com a China e outros países preparando contramedidas, o equilíbrio do comércio internacional está em xeque, e os efeitos dessa tensão devem reverberar por semanas.
Curiosidades sobre o VIX e o mercado
O VIX não é apenas um número em uma tela; ele carrega histórias e significados que ajudam a entender o comportamento dos investidores. Criado em 1993 por Robert E. Whaley para a Bolsa de Valores de Chicago, o índice foi desenvolvido para medir a volatilidade implícita das opções do S&P 500, oferecendo uma janela para as expectativas do mercado. Hoje, ele é uma ferramenta essencial para traders e gestores de fundos.
- Maior pico histórico: 82,69 pontos, em março de 2020, durante o auge da pandemia.
- Menor valor: 8,56 pontos, em novembro de 2017, em um período de calmaria econômica.
- Faixas de risco: abaixo de 20 (baixa volatilidade), 20-30 (média), acima de 30 (alta).
- Correlação: o VIX sobe quando o S&P 500 cai, refletindo o medo do mercado.
Esses dados mostram como o índice funciona como um termômetro do sentimento em Wall Street, capturando desde crises históricas até momentos de estabilidade. Sua escalada atual, impulsionada pelas tarifas de Trump, reforça sua relevância em tempos de incerteza.

A bolsa de valores de Nova York viveu momentos de tensão nesta segunda-feira, 7 de abril, quando o índice VIX, amplamente conhecido como o “índice do medo” de Wall Street, alcançou 51,5 pontos por volta das 12h30, horário de Brasília. O indicador, que reflete a volatilidade esperada nas ações do S&P 500 para os próximos 30 dias, registrou um avanço de 13% em relação ao dia anterior, marcando o maior patamar desde 1º de fevereiro de 2020, quando chegou a 53 pontos no início da pandemia de Covid-19. A escalada atual tem como principal catalisador o anúncio feito na semana passada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de um amplo pacote de tarifas comerciais recíprocas que afetam cerca de 180 países. Esse movimento intensificou a incerteza global, abalando investidores e levando os mercados a um estado de alerta elevado.
O VIX é calculado com base nas opções de compra e venda do S&P 500, índice que reúne as 500 empresas mais representativas da economia americana. Quando os preços dessas opções oscilam de forma intensa, o indicador sobe, refletindo o aumento do risco percebido pelos investidores. Na semana passada, após Trump detalhar as tarifas em um discurso na Casa Branca, o mercado já vinha reagindo com nervosismo. A tarifa básica de 10% sobre bens importados, somada a taxas adicionais específicas – como 34% para a China, 20% para a União Europeia e 46% para o Vietnã –, pegou os investidores de surpresa pela severidade e abrangência. A ausência de sinais de flexibilização por parte do governo americano nesta segunda-feira agravou ainda mais o cenário, frustrando expectativas de negociações que pudessem amenizar os impactos.
$VIX X $BTC Parabéns a quem acumulou mais #Bitcoin, mineradoras e #Altcoins ao longo da disparada ⬆️ do $VIX (Índice do Medo).
💰 Você tem o meu eterno respeito! Vamos juntos capturar lucros expressivos até as regiões de 15,00 e 10,68. Nós merecemos! Eu ouvi um amém? #Crypto pic.twitter.com/i7bZ4PHjxB
— Jeff Maia | Business Cycle 🌎 (@jeffcmaia) April 7, 2025
Essa onda de volatilidade não se restringiu aos Estados Unidos. Bolsas asiáticas e europeias também sentiram o impacto, com quedas expressivas nos principais índices. Em Tóquio, o Nikkei 225 recuou 2,77%, enquanto o STOXX 600, que abrange as maiores empresas da Europa, caiu 2,7%, retornando ao menor nível desde janeiro. Na China, a resposta às tarifas americanas veio na forma de uma retaliação anunciada na sexta-feira, 4 de abril, com a imposição de uma sobretaxa de 34% sobre todos os produtos dos Estados Unidos a partir de 10 de abril. A troca de medidas protecionistas entre as duas maiores economias do mundo alimentou temores de uma guerra comercial em larga escala, com reflexos diretos na confiança dos investidores e no comportamento do VIX.
Como o VIX reflete o clima de Wall Street
O índice VIX tem uma relação inversa com o desempenho do S&P 500. Em períodos de otimismo, quando as ações sobem de forma estável, ele tende a permanecer em níveis baixos, geralmente abaixo de 20 pontos. Já em momentos de crise ou incerteza, como o atual, o indicador dispara, sinalizando que os investidores esperam oscilações significativas nos preços das ações. Na prática, um VIX acima de 30 pontos é interpretado como um alerta de turbulência no mercado, enquanto valores próximos de 50, como os registrados nesta segunda-feira, indicam um estado de pânico generalizado.
Na última quinta-feira, 3 de abril, o S&P 500 já havia sofrido uma queda de 4,84%, fechando a 5.396,52 pontos, o que representou o pior desempenho diário desde 2020. O Dow Jones Industrial Average caiu 3,98%, para 40.545,93 pontos, e o Nasdaq, fortemente influenciado por empresas de tecnologia, despencou 5,97%, encerrando o dia a 16.550,605 pontos. A Apple, uma das gigantes do setor, viu suas ações recuarem 9,25%, impactada diretamente pela tarifa de 54% sobre produtos fabricados na China, onde grande parte de sua produção está concentrada. Esses números mostram como o mercado americano já vinha precificando os efeitos das tarifas de Trump antes mesmo da escalada do VIX nesta semana.
A intensidade da reação reflete a percepção de que as tarifas podem gerar múltiplos choques econômicos. Além do aumento dos custos para empresas americanas que dependem de cadeias de suprimentos globais, há o risco de pressões inflacionárias que podem levar o Federal Reserve a rever sua política monetária. Enquanto isso, a possibilidade de retaliações adicionais por parte de outros países mantém os investidores em suspense, contribuindo para a manutenção de altos níveis de volatilidade.
Impactos globais das tarifas de Trump
As tarifas anunciadas por Donald Trump na quarta-feira, 2 de abril, estabeleceram uma alíquota base de 10% sobre todas as importações, com taxas extras aplicadas a nações específicas. Além da China, Vietnã e União Europeia, países como Índia (26%), Japão (24%) e Brasil (10%) também foram incluídos no pacote. A justificativa apresentada pelo presidente foi a necessidade de equilibrar as relações comerciais, cobrando dos parceiros “aproximadamente metade do que eles vêm nos cobrando”, segundo suas próprias palavras. No entanto, a medida foi recebida com críticas por diversas lideranças globais, que a classificaram como uma forma de protecionismo agressivo.
Na Ásia, as bolsas sentiram o peso das tarifas logo após o anúncio. Em Tóquio, a queda de 2,77% no Nikkei 225 foi acompanhada por uma desvalorização de 6,7% no índice do Vietnã, um dos países mais afetados pelas taxas de 46%. Na China, os índices CSI300 e SSEC tiveram perdas menores, de 0,59% e 0,24%, respectivamente, mas o governo chinês deixou claro que não pretende absorver o impacto passivamente. A tarifa retaliatória de 34% sobre produtos americanos, anunciada na sexta-feira, abrange desde bens de consumo até commodities, como soja e petróleo, e deve entrar em vigor nesta quinta-feira, 10 de abril.
Na Europa, o STOXX 600 caiu 2,7%, com os mercados da Alemanha, França e Itália registrando perdas superiores a 3%. A tarifa de 20% imposta à União Europeia, acima do que se esperava, levantou preocupações sobre o impacto no crescimento econômico da região, que já enfrenta desafios como a transição energética e a desaceleração da demanda global. Analistas estimam que o choque negativo pode reduzir o PIB europeu em cerca de 1 ponto percentual, caso as tensões comerciais se prolonguem.
- China: tarifa de 34% sobre produtos americanos a partir de 10 de abril.
- Vietnã: ações despencaram 6,7% após tarifa de 46%.
- União Europeia: STOXX 600 caiu 2,7% com taxa de 20%.
- Japão: Nikkei 225 recuou 2,77% com tarifa de 24%.
Reação do mercado americano ao tarifaço
Enquanto o VIX disparava nesta segunda-feira, os índices de Wall Street continuavam a refletir o pessimismo dos investidores. Por volta das 12h30, o S&P 500 operava em queda de 2,5%, enquanto o Nasdaq recuava 3,1%, pressionado pelas perdas em ações de tecnologia. Empresas como Nvidia, que caiu 7,82% na quinta-feira passada, e Microsoft, com recuo de 2,36%, seguiam no vermelho, evidenciando a vulnerabilidade do setor a interrupções nas cadeias de suprimentos globais.
O Dow Jones, por sua vez, registrava uma baixa de 1,8%, com destaque para a performance negativa de montadoras como General Motors e Ford, afetadas por tarifas de 25% sobre veículos importados, em vigor desde 3 de abril. A General Motors já havia perdido mais de 7% na semana passada, enquanto a Ford recuou 3,9%, números que refletem os temores de aumento nos custos de produção e queda na competitividade no mercado internacional.
A busca por ativos seguros também foi evidente. Os rendimentos dos Treasuries de 10 anos caíram de 4,127% na quinta-feira para 4,033% na segunda-feira, indicando uma corrida por títulos públicos americanos como refúgio. O ouro, outro ativo tradicionalmente procurado em tempos de crise, subia 0,96%, aproximando-se de novas máximas históricas. Já o dólar, medido pelo índice DXY, operava em queda de 1,79%, a 101,94 pontos, pressionado pela incerteza econômica e pela força relativa de outras moedas em meio ao caos comercial.
Escalada da guerra comercial e seus efeitos
A decisão de Trump de manter as tarifas sem sinais de flexibilização frustrou as esperanças de uma pausa ou renegociação, conforme afirmou a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, nesta segunda-feira. A declaração veio após dias de especulação sobre uma possível trégua, alimentada por comentários de analistas que viam as tarifas como uma estratégia inicial de negociação. No entanto, a postura firme do governo americano sinaliza que o presidente está disposto a levar adiante sua agenda protecionista, mesmo diante das reações adversas dos mercados.
A China, principal alvo das tarifas americanas, respondeu rapidamente. Além da sobretaxa de 34%, o Ministério do Comércio chinês classificou as medidas dos EUA como uma violação das regras do comércio internacional e prometeu ações adicionais caso necessário. Especialistas avaliam que Pequim pode recorrer a uma desvalorização do yuan ou a um pacote de estímulos econômicos para mitigar os impactos, que incluem uma potencial redução de 2,4 pontos percentuais no crescimento do PIB chinês e uma queda de 15,4% nas exportações para os EUA.
Outros países também estão se posicionando. O Vietnã, com sua economia altamente dependente de exportações, enfrenta um cenário crítico com a tarifa de 46%, que pode comprometer setores como o de eletrônicos e têxtil. Na União Europeia, líderes já discutem contramedidas, enquanto o Japão avalia o impacto da taxa de 24% em sua indústria automotiva. No Brasil, a tarifa de 10% é vista como menos severa, mas ainda assim pressiona exportadores de commodities como soja e minério de ferro, que já enfrentam um cenário de preços em baixa.
Cronograma das tarifas e próximos passos
As tarifas de Trump começaram a ser implementadas de forma escalonada. A alíquota de 25% sobre veículos importados entrou em vigor em 3 de abril, enquanto a taxa base de 10% e as sobretaxas adicionais passam a valer a partir de 9 de abril. A China, por sua vez, aplicará sua retaliação em 10 de abril, intensificando o confronto comercial. Esse calendário apertado mantém os mercados em estado de alerta, com investidores atentos a cada nova declaração ou medida retaliatória.
- 3 de abril: tarifa de 25% sobre carros e caminhões leves importados pelos EUA.
- 9 de abril: tarifa base de 10% e taxas extras (34% para China, 20% para UE, etc.).
- 10 de abril: China impõe tarifa de 34% sobre produtos americanos.
- Próximos dias: expectativa por reações de União Europeia, Japão e outros países.
A ausência de negociações iminentes sugere que a volatilidade deve persistir. O VIX, que já atingiu 51,5 pontos, pode subir ainda mais caso novas retaliações sejam anunciadas, especialmente se envolverem economias de peso como a União Europeia ou o Japão. Enquanto isso, os dados de emprego dos EUA, previstos para serem divulgados na sexta-feira, 11 de abril, podem oferecer pistas sobre os primeiros impactos das tarifas na economia americana.
Setores mais afetados nos EUA
Nos Estados Unidos, o impacto das tarifas já é visível em diversos setores. A tecnologia, que depende fortemente de componentes importados da Ásia, lidera as perdas no S&P 500. A Dell, por exemplo, viu suas ações despencarem 18,99% na quinta-feira passada, enquanto a Best Buy caiu 17,84%, refletindo os temores de aumento nos custos de produtos eletrônicos. O setor automotivo também sofre, com montadoras enfrentando dificuldades para realocar cadeias de suprimentos em curto prazo.
O setor de energia, por outro lado, registrou uma queda de 7,51% na semana passada, pressionado pela desvalorização do petróleo. O barril do tipo WTI caiu 6,87%, para US$ 66,78, e o Brent recuou 6,36%, para US$ 70,18, em meio a preocupações com a demanda global. Já o setor de consumo discricionário, que inclui varejistas como Nike, perdeu 6,45%, com as ações da empresa despencando 12% devido à dependência de manufatura na China e no Vietnã.
Por outro lado, o setor de consumo básico foi uma exceção, registrando alta de 0,69% na quinta-feira. Empresas de bens essenciais, menos expostas às flutuações do comércio internacional, tornaram-se um porto seguro para investidores em meio à turbulência. Essa polarização setorial evidencia como as tarifas estão redesenhando o comportamento do mercado americano.
Perspectivas para os próximos dias
Com o VIX em níveis recordes desde a pandemia, os próximos dias prometem manter os mercados em suspense. A falta de clareza sobre as respostas de outros países, combinada com a postura inflexível do governo Trump, sugere que a volatilidade deve continuar elevada. Analistas preveem que o S&P 500 pode testar o patamar de 5.200 pontos caso o cenário piore, enquanto o Nasdaq, mais sensível às tensões comerciais, pode sofrer perdas ainda mais expressivas.
A atenção agora se volta para os dados econômicos dos EUA, como o relatório de empregos de março, que será divulgado na sexta-feira. Um resultado abaixo das expectativas pode reforçar os temores de recessão, alimentando ainda mais o “índice do medo”. Enquanto isso, o ouro e os Treasuries seguem como refúgios, mas a incerteza sobre o impacto das tarifas no crescimento global mantém os investidores cautelosos.
A guerra comercial iniciada por Trump já deixou marcas profundas nos mercados. A disparada do VIX reflete não apenas o nervosismo em Wall Street, mas também a percepção de que o tarifaço pode desencadear uma desaceleração econômica em escala global. Com a China e outros países preparando contramedidas, o equilíbrio do comércio internacional está em xeque, e os efeitos dessa tensão devem reverberar por semanas.
Curiosidades sobre o VIX e o mercado
O VIX não é apenas um número em uma tela; ele carrega histórias e significados que ajudam a entender o comportamento dos investidores. Criado em 1993 por Robert E. Whaley para a Bolsa de Valores de Chicago, o índice foi desenvolvido para medir a volatilidade implícita das opções do S&P 500, oferecendo uma janela para as expectativas do mercado. Hoje, ele é uma ferramenta essencial para traders e gestores de fundos.
- Maior pico histórico: 82,69 pontos, em março de 2020, durante o auge da pandemia.
- Menor valor: 8,56 pontos, em novembro de 2017, em um período de calmaria econômica.
- Faixas de risco: abaixo de 20 (baixa volatilidade), 20-30 (média), acima de 30 (alta).
- Correlação: o VIX sobe quando o S&P 500 cai, refletindo o medo do mercado.
Esses dados mostram como o índice funciona como um termômetro do sentimento em Wall Street, capturando desde crises históricas até momentos de estabilidade. Sua escalada atual, impulsionada pelas tarifas de Trump, reforça sua relevância em tempos de incerteza.
