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16 Apr 2025, Wed

Mãe confessa vender bebê de 27 dias em Goiânia para custear curso e aluguel

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Uma mulher foi presa em Goiânia, capital de Goiás, após confessar ter vendido sua filha recém-nascida de apenas 27 dias por R$ 5 mil. O caso, que chocou a população local, veio à tona no dia 30 de março, quando a Polícia Civil recebeu uma denúncia anônima. A mãe, natural do Maranhão, havia viajado para a cidade com o objetivo de dar à luz e, menos de um mês após o nascimento, decidiu negociar a criança com uma empresária do bairro Setor João Braz. A transação, que envolveu outras três pessoas, foi classificada como tráfico de pessoas, e o bebê foi resgatado e encaminhado ao Conselho Tutelar, onde permanece em um abrigo temporário. A justificativa da mãe para o ato surpreendeu as autoridades: ela planejava usar o dinheiro para pagar o aluguel de uma nova residência e investir em um curso de culinária.

A operação policial que desmantelou o esquema começou após a denúncia que apontava a entrega da criança à empresária. Além da mãe, foram detidos o companheiro dela, que registrou o bebê como seu mesmo não sendo o pai biológico, a empresária suspeita de comprar a criança e uma funcionária da empresária, que teria intermediado a negociação. A ação conjunta da Polícia Civil e da Polícia Militar resultou na prisão em flagrante dos quatro envolvidos. Durante os depoimentos, a mãe admitiu o crime, enquanto a empresária e sua funcionária negaram qualquer intenção de compra, alegando que apenas cuidariam da criança temporariamente.

O delegado Humberto Teófilo, responsável pelo caso, detalhou que a mãe revelou ter aceitado a oferta de R$ 5 mil para aliviar sua situação financeira. Ela afirmou que o valor seria pago nos dias seguintes à entrega do bebê, que ocorreu na tarde de domingo. A criança foi localizada com a empresária horas depois, o que possibilitou seu resgate e a prisão dos suspeitos. O caso expôs uma rede informal de negociação que contava com a participação da funcionária da empresária, uma mulher que dividia o mesmo apartamento com o casal e facilitou o contato entre as partes.

Detalhes da negociação que chocaram Goiânia

A investigação revelou aspectos perturbadores do caso. Mensagens trocadas entre a empresária e sua funcionária mostram que a dona de uma sorveteria local tinha interesse específico em adquirir um bebê. Em uma das conversas, ela escreveu: “Arruma uma ‘buchuda’ para me dar o filho. Se for menino, melhor ainda. Se for preto então, melhor ainda”. A frase, que causou indignação, indicava uma busca premeditada por uma criança com características específicas, algo que reforça a gravidade da acusação de tráfico de pessoas.

Apesar de estar cadastrada no Banco Nacional de Cadastro de Adoção, a empresária não seguiu os trâmites legais para adotar uma criança, o que a levaria a esperar na fila oficial. Optando por um caminho ilegal, ela teria se aproveitado da vulnerabilidade da mãe, que relatou estar enfrentando dificuldades financeiras e emocionais. A mulher, segundo a polícia, mencionou sofrer de depressão pós-parto, o que pode ter influenciado sua decisão de vender a filha.

O companheiro da mãe, que registrou a criança em seu nome, também teve papel ativo na negociação. Ele permaneceu em silêncio durante o depoimento, mas as autoridades confirmaram que ele foi o responsável por entregar o bebê à empresária. A funcionária, por sua vez, negou envolvimento na venda, mas a polícia acredita que ela foi peça-chave ao conectar as duas partes, aproveitando-se da proximidade com o casal, com quem dividia moradia.

O que diz a mãe sobre a venda da filha

A confissão da mãe trouxe à tona os motivos por trás do crime. Ela declarou que o dinheiro oferecido pela empresária seria usado para resolver problemas imediatos de sua vida. “Eu ia pagar o aluguel no outro local que eu ia morar e fazer um curso de culinária”, disse ela em depoimento, conforme relatado pelo delegado Humberto Teófilo. A mulher, que não teve sua identidade revelada, justificou a entrega da filha como uma solução para suas dificuldades, incluindo o cansaço físico e mental que enfrentava após o parto.

Natural do Maranhão, ela chegou a Goiânia meses antes para dar à luz. Após o nascimento, passou a viver com o companheiro e a funcionária da empresária em um apartamento compartilhado. A polícia suspeita que a convivência próxima tenha facilitado o planejamento da venda. Inicialmente, a mãe tentou esconder o crime, alegando que estava na piscina quando a criança foi levada, mas logo mudou sua versão e assumiu a negociação.

Embora a mulher tenha citado depressão pós-parto e esgotamento como fatores que a levaram à decisão, as autoridades afirmam que isso não reduz a gravidade do ato. O tráfico de pessoas, previsto no Artigo 149-A do Código Penal brasileiro, é um crime sério, com pena que pode chegar a oito anos de prisão. A investigação segue para determinar se há outros casos semelhantes envolvendo os detidos.

  • Motivos declarados pela mãe para a venda:
    • Pagar o aluguel de uma nova moradia.
    • Custear um curso de culinária.
    • Aliviar dificuldades financeiras e emocionais.

Como a polícia chegou ao caso

A denúncia anônima foi o ponto de partida para a ação policial. Recebida no domingo, ela indicava que uma mãe em situação vulnerável havia entregado seu bebê a outra mulher. Com base nas informações, a Central Geral de Flagrantes de Goiânia mobilizou equipes para localizar a criança e os envolvidos. O apoio da Polícia Militar foi essencial para agilizar a operação, que culminou na prisão dos quatro suspeitos em diferentes pontos da cidade.

A bebê foi encontrada na posse da empresária, que insistiu na versão de que apenas cuidava da criança temporariamente. No entanto, a confissão da mãe e as mensagens trocadas entre a empresária e a funcionária contradisseram essa alegação. O delegado Humberto Teófilo destacou a rapidez da resposta policial como fator determinante para o resgate da criança, que agora está sob os cuidados do Conselho Tutelar.

A investigação também analisou o contexto social da mãe. Vinda de outro estado e sem rede de apoio em Goiânia, ela pode ter visto na oferta da empresária uma saída para sua situação. Apesar disso, a polícia reforça que a venda de um filho é um crime inaceitável, independentemente das circunstâncias.

Repercussão e destino da criança

O caso gerou comoção em Goiânia e levantou debates sobre vulnerabilidade social e adoção ilegal. A bebê de 27 dias, resgatada em boas condições físicas, foi encaminhada a um abrigo temporário pelo Conselho Tutelar. As autoridades aguardam a decisão da Justiça para definir o futuro da criança, que pode ser entregue a uma família na fila de adoção legal. “Esperamos que ela possa crescer em um ambiente saudável e feliz”, afirmou o delegado Teófilo.

A audiência de custódia dos quatro detidos ocorreu na segunda-feira, dia 31 de março. A juíza Adriana Caldas Santos, da 2ª Vara dos Crimes Contra Vítimas Hipervulneráveis e Trânsito, decidiu liberar os suspeitos, argumentando que o crime não estava mais em flagrante no momento da prisão, já que a criança já estava com a empresária. A Defensoria Pública, que representou a mãe e a funcionária, e as defesas dos outros envolvidos conseguiram o relaxamento da prisão. Mesmo soltos, todos seguem respondendo pelo crime de tráfico de pessoas.

A soltura dos suspeitos gerou críticas entre moradores locais, que acompanharam o caso pelas redes sociais. Muitos questionaram a rapidez da decisão judicial, enquanto outros apontaram a necessidade de políticas públicas para apoiar mães em situações de vulnerabilidade, como a que levou ao crime.

Cronologia dos acontecimentos

O caso se desenrolou em poucos dias, mas expôs uma trama complexa. Veja os principais momentos:

  • Dias antes de 30 de março: A mãe, grávida, chega a Goiânia vinda do Maranhão para dar à luz.
  • Início de março: Nasce a bebê, que completa 27 dias no dia da venda.
  • 30 de março, tarde: A mãe e o companheiro entregam a criança à empresária.
  • 30 de março, noite: Polícia recebe denúncia anônima e inicia buscas.
  • 30 de março, fim do dia: Os quatro suspeitos são presos, e a bebê é resgatada.
  • 31 de março: Audiência de custódia resulta na soltura dos detidos.

Contexto da adoção ilegal no Brasil

A venda de bebês não é um caso isolado no país. Embora não haja estatísticas oficiais recentes sobre o tema, episódios semelhantes já foram registrados. Em 2022, um homem foi preso na Bolívia após vender sua filha recém-nascida por cerca de R$ 1,5 mil. No Brasil, a adoção irregular muitas vezes ocorre em contextos de pobreza e desespero, com intermediários lucrando ao conectar mães vulneráveis a interessados em burlar o sistema legal de adoção.

O Conselho Nacional de Justiça regula o processo de adoção no Brasil, que exige cadastro, avaliação psicológica e espera em fila. No entanto, a lentidão do sistema e o desejo de evitar trâmites legais levam algumas pessoas a recorrerem a métodos ilícitos. A empresária de Goiânia, por exemplo, estava inscrita no cadastro nacional, mas optou por uma negociação direta, o que a colocou na mira da Justiça.

Especialistas apontam que a depressão pós-parto, mencionada pela mãe, atinge cerca de 15% das mulheres no Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde. Sem suporte adequado, casos extremos como esse podem ocorrer, evidenciando falhas no atendimento a gestantes e puérperas em situação de risco.

O papel dos envolvidos na negociação

Cada um dos quatro detidos teve uma função específica no caso. A mãe, movida por dificuldades financeiras e emocionais, tomou a decisão de vender a filha. O companheiro, que não era o pai biológico, registrou a criança e participou da entrega, sendo um elo crucial na transação. A funcionária da empresária, moradora do mesmo apartamento que o casal, serviu como ponte entre as partes, aproveitando sua posição de proximidade. Já a empresária, dona de uma sorveteria, foi a idealizadora da compra, conforme indicam as mensagens recuperadas pela polícia.

A investigação busca esclarecer se a empresária já havia tentado adquirir outras crianças de forma ilegal. Até o momento, não foram encontrados registros de ocorrências anteriores contra ela, mas a polícia não descarta a possibilidade de ampliar as apurações. A funcionária, por sua vez, pode ter atuado como uma intermediária recorrente, algo que ainda está sendo analisado.

A mãe, em seu depoimento, destacou a promessa de ajuda financeira como fator determinante. “Ele prometeu que ela ia me ajudar financeiramente”, disse ela, referindo-se ao companheiro e à empresária. A quantia de R$ 5 mil, embora significativa para a mulher, não havia sido paga até a prisão, o que reforça a tese de que o crime foi interrompido antes de se consolidar completamente.

Reação da comunidade e próximos passos

Moradores de Goiânia acompanharam o desenrolar do caso com perplexidade. Nas ruas do Setor João Braz, onde a empresária mantém seu comércio, clientes habituais da sorveteria expressaram surpresa com a prisão. Alguns relataram que a mulher era conhecida na região por sua simpatia, o que tornou as acusações ainda mais chocantes.

A polícia continua investigando para determinar se há outros envolvidos ou vítimas de negociações semelhantes. O Conselho Tutelar, por sua vez, monitora a situação da bebê, que permanece em um abrigo enquanto a Justiça decide seu destino. A expectativa é que ela seja encaminhada para adoção legal, garantindo um lar seguro e estável.

O caso também reacendeu discussões sobre a necessidade de políticas de prevenção a crimes como esse. Programas de apoio a mães solo, acesso a saúde mental e fiscalização mais rigorosa de adoções irregulares são apontados como medidas urgentes para evitar que situações tão graves se repitam.

O que acontece agora com os suspeitos

Embora tenham sido soltos após a audiência de custódia, os quatro envolvidos não estão livres das consequências legais. O processo por tráfico de pessoas segue em andamento, e eles podem ser convocados a depor novamente. A pena para esse crime varia de quatro a oito anos de prisão, podendo ser agravada dependendo das circunstâncias, como o envolvimento de uma criança tão jovem.

A mãe, que confessou o crime, pode enfrentar um julgamento mais rigoroso por sua admissão de culpa. Já a empresária, que nega as acusações, terá sua versão confrontada com as provas coletadas, como as mensagens de celular. O companheiro e a funcionária, por sua vez, serão avaliados por seu papel como facilitadores da negociação.

Enquanto a investigação avança, a bebê permanece sob proteção estatal. A Justiça deve definir em breve se ela será destinada a uma família adotiva ou se outras medidas serão tomadas. O caso, que expôs as fragilidades de uma mãe em crise e a ambição de uma empresária disposta a burlar a lei, segue sob os holofotes em Goiânia.

Uma mulher foi presa em Goiânia, capital de Goiás, após confessar ter vendido sua filha recém-nascida de apenas 27 dias por R$ 5 mil. O caso, que chocou a população local, veio à tona no dia 30 de março, quando a Polícia Civil recebeu uma denúncia anônima. A mãe, natural do Maranhão, havia viajado para a cidade com o objetivo de dar à luz e, menos de um mês após o nascimento, decidiu negociar a criança com uma empresária do bairro Setor João Braz. A transação, que envolveu outras três pessoas, foi classificada como tráfico de pessoas, e o bebê foi resgatado e encaminhado ao Conselho Tutelar, onde permanece em um abrigo temporário. A justificativa da mãe para o ato surpreendeu as autoridades: ela planejava usar o dinheiro para pagar o aluguel de uma nova residência e investir em um curso de culinária.

A operação policial que desmantelou o esquema começou após a denúncia que apontava a entrega da criança à empresária. Além da mãe, foram detidos o companheiro dela, que registrou o bebê como seu mesmo não sendo o pai biológico, a empresária suspeita de comprar a criança e uma funcionária da empresária, que teria intermediado a negociação. A ação conjunta da Polícia Civil e da Polícia Militar resultou na prisão em flagrante dos quatro envolvidos. Durante os depoimentos, a mãe admitiu o crime, enquanto a empresária e sua funcionária negaram qualquer intenção de compra, alegando que apenas cuidariam da criança temporariamente.

O delegado Humberto Teófilo, responsável pelo caso, detalhou que a mãe revelou ter aceitado a oferta de R$ 5 mil para aliviar sua situação financeira. Ela afirmou que o valor seria pago nos dias seguintes à entrega do bebê, que ocorreu na tarde de domingo. A criança foi localizada com a empresária horas depois, o que possibilitou seu resgate e a prisão dos suspeitos. O caso expôs uma rede informal de negociação que contava com a participação da funcionária da empresária, uma mulher que dividia o mesmo apartamento com o casal e facilitou o contato entre as partes.

Detalhes da negociação que chocaram Goiânia

A investigação revelou aspectos perturbadores do caso. Mensagens trocadas entre a empresária e sua funcionária mostram que a dona de uma sorveteria local tinha interesse específico em adquirir um bebê. Em uma das conversas, ela escreveu: “Arruma uma ‘buchuda’ para me dar o filho. Se for menino, melhor ainda. Se for preto então, melhor ainda”. A frase, que causou indignação, indicava uma busca premeditada por uma criança com características específicas, algo que reforça a gravidade da acusação de tráfico de pessoas.

Apesar de estar cadastrada no Banco Nacional de Cadastro de Adoção, a empresária não seguiu os trâmites legais para adotar uma criança, o que a levaria a esperar na fila oficial. Optando por um caminho ilegal, ela teria se aproveitado da vulnerabilidade da mãe, que relatou estar enfrentando dificuldades financeiras e emocionais. A mulher, segundo a polícia, mencionou sofrer de depressão pós-parto, o que pode ter influenciado sua decisão de vender a filha.

O companheiro da mãe, que registrou a criança em seu nome, também teve papel ativo na negociação. Ele permaneceu em silêncio durante o depoimento, mas as autoridades confirmaram que ele foi o responsável por entregar o bebê à empresária. A funcionária, por sua vez, negou envolvimento na venda, mas a polícia acredita que ela foi peça-chave ao conectar as duas partes, aproveitando-se da proximidade com o casal, com quem dividia moradia.

O que diz a mãe sobre a venda da filha

A confissão da mãe trouxe à tona os motivos por trás do crime. Ela declarou que o dinheiro oferecido pela empresária seria usado para resolver problemas imediatos de sua vida. “Eu ia pagar o aluguel no outro local que eu ia morar e fazer um curso de culinária”, disse ela em depoimento, conforme relatado pelo delegado Humberto Teófilo. A mulher, que não teve sua identidade revelada, justificou a entrega da filha como uma solução para suas dificuldades, incluindo o cansaço físico e mental que enfrentava após o parto.

Natural do Maranhão, ela chegou a Goiânia meses antes para dar à luz. Após o nascimento, passou a viver com o companheiro e a funcionária da empresária em um apartamento compartilhado. A polícia suspeita que a convivência próxima tenha facilitado o planejamento da venda. Inicialmente, a mãe tentou esconder o crime, alegando que estava na piscina quando a criança foi levada, mas logo mudou sua versão e assumiu a negociação.

Embora a mulher tenha citado depressão pós-parto e esgotamento como fatores que a levaram à decisão, as autoridades afirmam que isso não reduz a gravidade do ato. O tráfico de pessoas, previsto no Artigo 149-A do Código Penal brasileiro, é um crime sério, com pena que pode chegar a oito anos de prisão. A investigação segue para determinar se há outros casos semelhantes envolvendo os detidos.

  • Motivos declarados pela mãe para a venda:
    • Pagar o aluguel de uma nova moradia.
    • Custear um curso de culinária.
    • Aliviar dificuldades financeiras e emocionais.

Como a polícia chegou ao caso

A denúncia anônima foi o ponto de partida para a ação policial. Recebida no domingo, ela indicava que uma mãe em situação vulnerável havia entregado seu bebê a outra mulher. Com base nas informações, a Central Geral de Flagrantes de Goiânia mobilizou equipes para localizar a criança e os envolvidos. O apoio da Polícia Militar foi essencial para agilizar a operação, que culminou na prisão dos quatro suspeitos em diferentes pontos da cidade.

A bebê foi encontrada na posse da empresária, que insistiu na versão de que apenas cuidava da criança temporariamente. No entanto, a confissão da mãe e as mensagens trocadas entre a empresária e a funcionária contradisseram essa alegação. O delegado Humberto Teófilo destacou a rapidez da resposta policial como fator determinante para o resgate da criança, que agora está sob os cuidados do Conselho Tutelar.

A investigação também analisou o contexto social da mãe. Vinda de outro estado e sem rede de apoio em Goiânia, ela pode ter visto na oferta da empresária uma saída para sua situação. Apesar disso, a polícia reforça que a venda de um filho é um crime inaceitável, independentemente das circunstâncias.

Repercussão e destino da criança

O caso gerou comoção em Goiânia e levantou debates sobre vulnerabilidade social e adoção ilegal. A bebê de 27 dias, resgatada em boas condições físicas, foi encaminhada a um abrigo temporário pelo Conselho Tutelar. As autoridades aguardam a decisão da Justiça para definir o futuro da criança, que pode ser entregue a uma família na fila de adoção legal. “Esperamos que ela possa crescer em um ambiente saudável e feliz”, afirmou o delegado Teófilo.

A audiência de custódia dos quatro detidos ocorreu na segunda-feira, dia 31 de março. A juíza Adriana Caldas Santos, da 2ª Vara dos Crimes Contra Vítimas Hipervulneráveis e Trânsito, decidiu liberar os suspeitos, argumentando que o crime não estava mais em flagrante no momento da prisão, já que a criança já estava com a empresária. A Defensoria Pública, que representou a mãe e a funcionária, e as defesas dos outros envolvidos conseguiram o relaxamento da prisão. Mesmo soltos, todos seguem respondendo pelo crime de tráfico de pessoas.

A soltura dos suspeitos gerou críticas entre moradores locais, que acompanharam o caso pelas redes sociais. Muitos questionaram a rapidez da decisão judicial, enquanto outros apontaram a necessidade de políticas públicas para apoiar mães em situações de vulnerabilidade, como a que levou ao crime.

Cronologia dos acontecimentos

O caso se desenrolou em poucos dias, mas expôs uma trama complexa. Veja os principais momentos:

  • Dias antes de 30 de março: A mãe, grávida, chega a Goiânia vinda do Maranhão para dar à luz.
  • Início de março: Nasce a bebê, que completa 27 dias no dia da venda.
  • 30 de março, tarde: A mãe e o companheiro entregam a criança à empresária.
  • 30 de março, noite: Polícia recebe denúncia anônima e inicia buscas.
  • 30 de março, fim do dia: Os quatro suspeitos são presos, e a bebê é resgatada.
  • 31 de março: Audiência de custódia resulta na soltura dos detidos.

Contexto da adoção ilegal no Brasil

A venda de bebês não é um caso isolado no país. Embora não haja estatísticas oficiais recentes sobre o tema, episódios semelhantes já foram registrados. Em 2022, um homem foi preso na Bolívia após vender sua filha recém-nascida por cerca de R$ 1,5 mil. No Brasil, a adoção irregular muitas vezes ocorre em contextos de pobreza e desespero, com intermediários lucrando ao conectar mães vulneráveis a interessados em burlar o sistema legal de adoção.

O Conselho Nacional de Justiça regula o processo de adoção no Brasil, que exige cadastro, avaliação psicológica e espera em fila. No entanto, a lentidão do sistema e o desejo de evitar trâmites legais levam algumas pessoas a recorrerem a métodos ilícitos. A empresária de Goiânia, por exemplo, estava inscrita no cadastro nacional, mas optou por uma negociação direta, o que a colocou na mira da Justiça.

Especialistas apontam que a depressão pós-parto, mencionada pela mãe, atinge cerca de 15% das mulheres no Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde. Sem suporte adequado, casos extremos como esse podem ocorrer, evidenciando falhas no atendimento a gestantes e puérperas em situação de risco.

O papel dos envolvidos na negociação

Cada um dos quatro detidos teve uma função específica no caso. A mãe, movida por dificuldades financeiras e emocionais, tomou a decisão de vender a filha. O companheiro, que não era o pai biológico, registrou a criança e participou da entrega, sendo um elo crucial na transação. A funcionária da empresária, moradora do mesmo apartamento que o casal, serviu como ponte entre as partes, aproveitando sua posição de proximidade. Já a empresária, dona de uma sorveteria, foi a idealizadora da compra, conforme indicam as mensagens recuperadas pela polícia.

A investigação busca esclarecer se a empresária já havia tentado adquirir outras crianças de forma ilegal. Até o momento, não foram encontrados registros de ocorrências anteriores contra ela, mas a polícia não descarta a possibilidade de ampliar as apurações. A funcionária, por sua vez, pode ter atuado como uma intermediária recorrente, algo que ainda está sendo analisado.

A mãe, em seu depoimento, destacou a promessa de ajuda financeira como fator determinante. “Ele prometeu que ela ia me ajudar financeiramente”, disse ela, referindo-se ao companheiro e à empresária. A quantia de R$ 5 mil, embora significativa para a mulher, não havia sido paga até a prisão, o que reforça a tese de que o crime foi interrompido antes de se consolidar completamente.

Reação da comunidade e próximos passos

Moradores de Goiânia acompanharam o desenrolar do caso com perplexidade. Nas ruas do Setor João Braz, onde a empresária mantém seu comércio, clientes habituais da sorveteria expressaram surpresa com a prisão. Alguns relataram que a mulher era conhecida na região por sua simpatia, o que tornou as acusações ainda mais chocantes.

A polícia continua investigando para determinar se há outros envolvidos ou vítimas de negociações semelhantes. O Conselho Tutelar, por sua vez, monitora a situação da bebê, que permanece em um abrigo enquanto a Justiça decide seu destino. A expectativa é que ela seja encaminhada para adoção legal, garantindo um lar seguro e estável.

O caso também reacendeu discussões sobre a necessidade de políticas de prevenção a crimes como esse. Programas de apoio a mães solo, acesso a saúde mental e fiscalização mais rigorosa de adoções irregulares são apontados como medidas urgentes para evitar que situações tão graves se repitam.

O que acontece agora com os suspeitos

Embora tenham sido soltos após a audiência de custódia, os quatro envolvidos não estão livres das consequências legais. O processo por tráfico de pessoas segue em andamento, e eles podem ser convocados a depor novamente. A pena para esse crime varia de quatro a oito anos de prisão, podendo ser agravada dependendo das circunstâncias, como o envolvimento de uma criança tão jovem.

A mãe, que confessou o crime, pode enfrentar um julgamento mais rigoroso por sua admissão de culpa. Já a empresária, que nega as acusações, terá sua versão confrontada com as provas coletadas, como as mensagens de celular. O companheiro e a funcionária, por sua vez, serão avaliados por seu papel como facilitadores da negociação.

Enquanto a investigação avança, a bebê permanece sob proteção estatal. A Justiça deve definir em breve se ela será destinada a uma família adotiva ou se outras medidas serão tomadas. O caso, que expôs as fragilidades de uma mãe em crise e a ambição de uma empresária disposta a burlar a lei, segue sob os holofotes em Goiânia.

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