O Benefício de Prestação Continuada (BPC) é uma garantia essencial para milhões de brasileiros em situação de vulnerabilidade, mas uma medida adotada pelo governo federal está colocando esse suporte em risco. Desde o início de 2022, o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) retomou a obrigatoriedade de manter o Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico) atualizado como requisito para a continuidade do benefício. Suspensa durante a pandemia, a regra voltou a vigorar com força total e, em 2025, já impacta diretamente idosos acima de 65 anos e pessoas com deficiência que dependem do pagamento mensal de um salário mínimo, atualmente fixado em R$ 1.518. A falta de atualização cadastral pode levar à interrupção automática dos repasses, afetando famílias de baixa renda em todo o país.
A retomada dessa exigência reflete um esforço do governo para organizar o acesso aos programas sociais e evitar irregularidades. Dados recentes apontam que cerca de 5 milhões de pessoas recebem o BPC, sendo aproximadamente 2,5 milhões de idosos e 2,5 milhões de indivíduos com deficiência. Contudo, a estimativa é que até 1,25 milhão de beneficiários estejam com cadastros desatualizados há mais de 48 meses ou sequer inscritos no CadÚnico, o que os coloca na mira de uma revisão em larga escala iniciada em 2024 e intensificada neste ano. A Portaria Interministerial MDS/MPS nº 27, publicada em julho de 2024, estabeleceu prazos claros para regularização, variando entre 45 e 90 dias, dependendo do tamanho do município.
Por outro lado, a medida expõe desafios estruturais e desigualdades regionais que dificultam o cumprimento das novas regras. Em áreas urbanas, os Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) enfrentam filas e sobrecarga de atendimentos, enquanto nas regiões rurais, especialmente no Norte e Nordeste, o acesso a esses serviços é limitado por distância e falta de transporte. A situação se agrava com o crescimento da população idosa no Brasil, que pressiona ainda mais o sistema previdenciário e assistencial, exigindo soluções rápidas e eficazes para evitar que direitos sejam negados por barreiras burocráticas.
Por que o CadÚnico é essencial para o BPC
Manter o CadÚnico atualizado é uma condição indispensável para garantir o recebimento do BPC, benefício previsto na Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS). Esse cadastro funciona como uma ferramenta de identificação das famílias de baixa renda, permitindo ao governo direcionar recursos de forma precisa. Para ter direito ao pagamento, a renda familiar per capita deve ser inferior a um quarto do salário mínimo, equivalente a R$ 379,50 em 2025, além de o beneficiário estar inscrito no sistema antes mesmo de fazer o requerimento ao INSS.
A obrigatoriedade de atualização bienal foi instituída em 2016, mas flexibilizada durante a pandemia de Covid-19 para proteger a população vulnerável. Com o fim das exceções, o INSS passou a realizar cruzamentos de dados mais rigorosos, identificando cadastros desatualizados ou inexistentes. Em 2024, o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social informou que, de 505 mil beneficiários sem inscrição no CadÚnico, apenas 200 mil regularizaram a situação até outubro. Já entre os 640 mil com cadastros vencidos há mais de quatro anos, menos de 150 mil atualizaram os dados, evidenciando a dificuldade de alcance da medida.
A falta de atualização cadastral não é apenas uma questão burocrática. Ela pode revelar mudanças na situação financeira ou social da família, como aumento de renda ou ingresso no mercado de trabalho, que inviabilizam a continuidade do benefício. Por isso, o governo reforça a necessidade de manter as informações em dia, mas a comunicação falha e os entraves logísticos têm gerado transtornos para quem depende do BPC como única fonte de sustento.
Regras voltam com rigor após a pandemia
Durante o auge da crise sanitária, o governo suspendeu temporariamente a exigência de atualização do CadÚnico para evitar que beneficiários perdessem o BPC em um momento de extrema fragilidade. A decisão foi vista como uma resposta emergencial, mas deixou um passivo de cadastros desatualizados que agora precisam ser corrigidos. Com a normalização das atividades, o INSS retomou as regras em janeiro de 2022, e a Portaria nº 2.651 formalizou o procedimento de suspensão para quem não cumpre os prazos estabelecidos.
Em 2025, a aplicação dessas normas ganhou nova dimensão. O governo passou a notificar os beneficiários por múltiplos canais, como extratos bancários, SMS, a plataforma Meu INSS e a Central 135. Para municípios com até 50 mil habitantes, o prazo de regularização é de 45 dias após a notificação; em cidades maiores, com mais de 50 mil habitantes, o limite sobe para 90 dias. Caso o cadastro não seja atualizado, o pagamento é bloqueado por 30 dias, período em que ainda é possível reverter a suspensão. Se a situação persistir, o benefício é cessado, exigindo um novo processo de solicitação.
Essa rigidez reflete uma tentativa de equilibrar a sustentabilidade do programa com a proteção social. Em maio de 2024, o INSS estimou que R$ 750,85 milhões deixaram of de ser pagos indevidamente devido a revisões cadastrais, o que reforça a aposta do governo no uso de tecnologia e cruzamento de dados para combater fraudes. Contudo, a medida também expõe a fragilidade de muitos beneficiários, que enfrentam barreiras para cumprir as exigências dentro dos prazos.
Impacto da suspensão atinge milhões
A suspensão do BPC tem consequências diretas na vida de milhões de brasileiros. Com um valor fixado em R$ 1.518 em 2025, o benefício é a principal fonte de renda para idosos e pessoas com deficiência que não têm condições de se manter ou de ser sustentados pela família. A interrupção dos pagamentos, mesmo que temporária, pode agravar situações de pobreza extrema, especialmente em um contexto de aumento do custo de vida e envelhecimento populacional.
Dados do IBGE mostram que a população idosa no Brasil ultrapassou 32 milhões em 2022, e projeções indicam que esse número pode chegar a 38 milhões até 2030. Muitos desses idosos dependem exclusivamente do BPC, sem acesso a aposentadorias ou pensões. Já as pessoas com deficiência enfrentam desafios adicionais, como a falta de inclusão no mercado de trabalho e a necessidade de gastos extras com saúde, o que torna o benefício ainda mais crucial.
A revisão cadastral iniciada em 2024 já resultou em bloqueios significativos. Até outubro daquele ano, 200 mil beneficiários regularizaram a situação, mas quase 305 mil ainda estavam sem inscrição no CadÚnico. Entre os cadastros desatualizados há mais de 48 meses, 640 mil benefícios foram revisados, mas apenas 71 mil receberam notificações formais, e 73 mil atualizaram os dados por iniciativa própria. Esses números mostram que a maioria dos afetados ainda não tomou providências, seja por desconhecimento, seja por dificuldades de acesso aos serviços.
Quem são os mais afetados pela medida
O perfil dos beneficiários mais vulneráveis à suspensão do BPC reflete as desigualdades sociais do país. Idosos acima de 65 anos, sem histórico de contribuição previdenciária, e pessoas com deficiência de qualquer idade, com impedimentos de longo prazo, formam o público-alvo do programa. Para ambos os grupos, a renda familiar per capita não pode ultrapassar R$ 379,50, critério que exige comprovação constante por meio do CadÚnico.
Nas regiões Norte e Nordeste, os impactos são ainda mais evidentes. A distância até os CRAS, a precariedade do transporte público e a falta de acesso à internet dificultam a regularização. No Amazonas, por exemplo, 10% dos beneficiários tiveram o pagamento suspenso em 2024 por cadastros desatualizados, e a tendência é de aumento em 2025. Em áreas urbanas como São Paulo e Rio de Janeiro, embora a infraestrutura seja mais robusta, a alta demanda sobrecarrega os serviços, gerando filas e atrasos.
A população idosa, em particular, enfrenta barreiras adicionais. Muitos vivem sozinhos ou não têm familiares que possam ajudá-los a realizar os procedimentos. A exigência de biometria, implementada desde setembro de 2024, também complica o processo para quem tem mobilidade reduzida ou dificuldade com tecnologia, ampliando o risco de exclusão.
Passo a passo para evitar a suspensão
Evitar a suspensão do BPC exige ação imediata dos beneficiários. A atualização do CadÚnico é o primeiro passo e deve ser feita nos CRAS ou postos de atendimento municipais. O processo inclui a apresentação de documentos como RG, CPF, comprovante de residência e informações sobre a renda de todos os membros da família. Após a atualização, é essencial garantir que os dados sejam transmitidos ao INSS, o que pode ser confirmado por recibo ou consulta ao sistema.
Caso o benefício já tenha sido suspenso, a reativação pode ser solicitada pelo portal Meu INSS, aplicativo ou pelo telefone 135. O prazo para isso é de até 72 horas após a regularização, desde que o beneficiário informe ao INSS que está corrigindo o cadastro. Em situações mais complexas, como cessação definitiva, é necessário iniciar um novo pedido, o que pode levar meses devido à análise médica e social exigida para pessoas com deficiência.
- Documentos necessários: RG, CPF, comprovante de residência e dados de renda familiar.
- Onde atualizar: CRAS ou postos de atendimento do CadÚnico.
- Reativação: Portal Meu INSS, aplicativo ou Central 135.
- Prazo: Até 30 dias após o bloqueio para evitar a cessação.
Desafios logísticos ampliam o problema
Atualizar o CadÚnico nem sempre é uma tarefa simples. Nos grandes centros urbanos, os CRAS enfrentam alta demanda, com filas que chegam a durar horas. Em novembro de 2024, o INSS montou uma força-tarefa de 90 dias para atender beneficiários com BPC bloqueado, convocando servidores em regime de teletrabalho para reforçar o atendimento presencial. Apesar disso, a capacidade limitada dos postos não acompanha o volume de casos.
Nas regiões rurais, a situação é ainda mais crítica. No interior do Nordeste, por exemplo, muitos beneficiários precisam percorrer dezenas de quilômetros até o CRAS mais próximo, muitas vezes sem transporte público disponível. Comunidades ribeirinhas do Amazonas enfrentam deslocamentos de barco que podem levar dias, o que torna a regularização quase inviável para alguns. A falta de especialistas para emitir laudos médicos, exigidos em novos pedidos ou reativações para pessoas com deficiência, agrava o cenário, com 40% dos municípios brasileiros sem acesso a esses profissionais, segundo o Ministério da Saúde.
A desigualdade digital também pesa. Embora o governo tenha lançado iniciativas como a atualização via Meu INSS, muitos idosos e pessoas com deficiência não têm familiaridade com smartphones ou acesso à internet. Em áreas remotas, a conectividade é precária, limitando o uso de ferramentas online e forçando o atendimento presencial como única opção.
Cronograma de exigências em 2025
O governo estabeleceu prazos claros para a regularização do CadÚnico, com consequências específicas para quem não cumprir as datas. Veja as principais etapas previstas para 2025:
- Notificação: Enviada por extrato bancário, SMS, Meu INSS ou Central 135.
- Prazo para atualização: 45 dias em municípios pequenos (até 50 mil habitantes) e 90 dias em cidades maiores.
- Bloqueio: Iniciado 30 dias após o fim do prazo, se não houver regularização.
- Cessação: Após 30 dias de bloqueio, o benefício é cancelado, exigindo novo pedido.
Esses prazos começaram a ser aplicados em larga escala em 2024, mas a intensificação em 2025 reflete o avanço da revisão cadastral. Beneficiários do Rio Grande do Sul, afetados por calamidades em 2024, foram temporariamente isentos, mas a expectativa é que a medida alcance todos os estados ao longo do ano.
Tecnologia entra em cena para fiscalizar
O INSS aposta em tecnologia para agilizar a revisão do BPC e combater irregularidades. Em 2025, uma inteligência artificial contratada por US$ 10,5 milhões, desenvolvida por uma empresa americana em parceria com a Dataprev, começará a operar. O sistema cruzará dados do CadÚnico com outras bases federais para identificar inconsistências, como beneficiários com renda acima do limite ou registros fraudulentos. A expectativa é que a ferramenta reduza pagamentos indevidos e acelere a análise de novos pedidos.
Além disso, a biometria tornou-se obrigatória desde setembro de 2024, exigindo impressões digitais e fotos atualizadas para novos cadastros e manutenções. O registro pode ser feito com base em bancos de dados já existentes, como os do título de eleitor ou da Carteira Nacional de Habilitação, mas beneficiários sem essas identificações precisam comparecer a pontos de atendimento, o que reforça a dependência de infraestrutura local.
A digitalização também inclui o uso do Meu INSS como canal principal para consultas e solicitações. O aplicativo permite acompanhar o status do benefício, protocolar pedidos de reativação e verificar pendências, mas sua eficácia depende da alfabetização digital dos usuários, um obstáculo significativo em um país onde 30% da população vive a mais de 20 quilômetros de serviços especializados, conforme o IBGE.
Regiões Norte e Nordeste sofrem mais
As desigualdades regionais são um dos maiores entraves à atualização do CadÚnico. No Norte e Nordeste, a combinação de pobreza, isolamento geográfico e falta de serviços públicos amplia o risco de suspensão do BPC. No Amazonas, comunidades ribeirinhas enfrentam deslocamentos longos e custosos, enquanto no interior do Maranhão e do Pará, a ausência de CRAS em muitos municípios força os beneficiários a depender de cidades vizinhas.
Em contraste, capitais como São Paulo, com 767 mil beneficiários, e Minas Gerais, com 475 mil, concentram maior número de atendimentos, mas também lidam com sobrecarga. A Bahia, terceira no ranking com 459 mil beneficiários, reflete o cenário nordestino, onde a infraestrutura limitada e a baixa conectividade dificultam a regularização. Dados do Portal da Transparência mostram que esses estados lideram em número absoluto de beneficiários, mas também em cadastros pendentes.
A situação expõe uma realidade alarmante: quem mais precisa do BPC é justamente quem enfrenta as maiores barreiras para mantê-lo. A falta de políticas específicas para essas regiões, como unidades móveis de atendimento ou campanhas de conscientização mais amplas, perpetua o ciclo de exclusão e aumenta a pressão sobre as famílias vulneráveis.
Soluções em andamento para 2025
Diante dos desafios, o governo implementa iniciativas para facilitar o acesso ao CadÚnico e reduzir as suspensões. Parcerias entre prefeituras e o INSS têm levado atendimento itinerante a áreas remotas, enquanto a força-tarefa de 2024, que mobilizou servidores para agências presenciais, deve ser renovada em 2025. A meta é atender pelo menos 50% dos beneficiários com cadastros pendentes até o fim do ano.
A digitalização também avança com a expansão do Meu INSS. O aplicativo, aliado a terminais de autoatendimento em agências bancárias, busca reduzir a dependência de deslocamentos. Em paralelo, o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social planeja campanhas informativas em rádios comunitárias e redes sociais para alcançar populações sem acesso à internet, especialmente nas zonas rurais.
Outra medida em teste é a integração de dados entre sistemas federais, estaduais e municipais, para que informações como renda e residência sejam atualizadas automaticamente. Embora promissora, a iniciativa enfrenta resistências técnicas e legais, como a proteção de dados prevista pela LGPD, o que exige ajustes antes de uma implementação em larga escala.
Dicas práticas para beneficiários
Regularizar o CadÚnico e evitar a suspensão do BPC exige planejamento. Confira algumas orientações práticas:
- Verifique o status do cadastro no Meu INSS ou pelo telefone 135 regularmente.
- Atualize os dados da família a cada dois anos, mesmo sem notificação do INSS.
- Guarde comprovantes de todas as etapas, como recibos do CRAS e protocolos do INSS.
- Procure ajuda em associações locais ou CRAS se houver dificuldade de deslocamento.
- Em caso de cessação injusta, busque orientação jurídica para reverter a decisão.
Essas ações simples podem fazer a diferença entre manter o benefício ativo ou enfrentar meses sem o pagamento, especialmente para quem depende dele para despesas básicas como alimentação e medicamentos.
Pressão cresce com o envelhecimento populacional
O aumento da população idosa no Brasil é um fator que intensifica os desafios do BPC. Em 2023, o país já contava com mais de 34 milhões de pessoas acima de 60 anos, e a tendência é de crescimento contínuo. Esse cenário pressiona o governo a ampliar o alcance do benefício, mas também a reforçar os mecanismos de controle, como a atualização cadastral, para garantir sua sustentabilidade.
A demanda por serviços de assistência social também cresce. Em 2024, o INSS identificou que 15% dos beneficiários idosos recebiam o BPC sem atender plenamente aos critérios de renda, o que motivou a fiscalização mais rigorosa. Para pessoas com deficiência, a espera por perícias médicas, essenciais em novos pedidos ou reativações, chega a três meses em algumas regiões, evidenciando a necessidade de mais agilidade no sistema.
A combinação de envelhecimento populacional e barreiras estruturais exige do governo uma resposta abrangente. Sem investimentos em infraestrutura e comunicação, o risco é que milhões de brasileiros fiquem desamparados, mesmo tendo direito ao benefício.
Especialistas apontam caminhos
Profissionais da área previdenciária e assistencial têm sugerido melhorias para o processo de atualização do CadÚnico. Uma das recomendações é a criação de unidades móveis permanentes, que levem o atendimento a comunidades isoladas. Outra proposta é simplificar a coleta de biometria, permitindo que ela seja feita em bancos ou cartórios, locais mais acessíveis que os CRAS em muitas cidades.
A capacitação de servidores também é vista como essencial. Com mais funcionários treinados, os CRAS poderiam processar cadastros com maior rapidez, reduzindo filas e erros. Além disso, especialistas defendem a ampliação de canais digitais, como o uso de WhatsApp para envio de documentos, desde que com segurança garantida, para atender quem não consegue comparecer presencialmente.
Por fim, a comunicação clara é apontada como um ponto crítico. Muitos beneficiários só descobrem a suspensão quando o pagamento não cai na conta, o que sugere a necessidade de campanhas mais diretas e acessíveis, especialmente para idosos e pessoas com baixa escolaridade.
Realidade exige ação urgente
A intensificação da suspensão do BPC em 2025 reflete um esforço do governo para organizar o programa, mas também expõe as fragilidades de um sistema que nem sempre alcança quem mais precisa. A obrigatoriedade do CadÚnico, embora necessária para evitar fraudes, impõe desafios logísticos e sociais que afetam diretamente a população vulnerável. Enquanto soluções como tecnologia e parcerias avançam, a realidade de filas, deslocamentos e falta de informação persiste.
O impacto vai além dos números. Para cada benefício suspenso, há uma família que perde o suporte essencial para sobreviver. A pressão do envelhecimento populacional e as desigualdades regionais só aumentam a urgência de medidas eficazes. Manter o BPC ativo exige mais do que cumprir prazos: demanda um sistema preparado para atender às necessidades reais dos brasileiros.

O Benefício de Prestação Continuada (BPC) é uma garantia essencial para milhões de brasileiros em situação de vulnerabilidade, mas uma medida adotada pelo governo federal está colocando esse suporte em risco. Desde o início de 2022, o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) retomou a obrigatoriedade de manter o Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico) atualizado como requisito para a continuidade do benefício. Suspensa durante a pandemia, a regra voltou a vigorar com força total e, em 2025, já impacta diretamente idosos acima de 65 anos e pessoas com deficiência que dependem do pagamento mensal de um salário mínimo, atualmente fixado em R$ 1.518. A falta de atualização cadastral pode levar à interrupção automática dos repasses, afetando famílias de baixa renda em todo o país.
A retomada dessa exigência reflete um esforço do governo para organizar o acesso aos programas sociais e evitar irregularidades. Dados recentes apontam que cerca de 5 milhões de pessoas recebem o BPC, sendo aproximadamente 2,5 milhões de idosos e 2,5 milhões de indivíduos com deficiência. Contudo, a estimativa é que até 1,25 milhão de beneficiários estejam com cadastros desatualizados há mais de 48 meses ou sequer inscritos no CadÚnico, o que os coloca na mira de uma revisão em larga escala iniciada em 2024 e intensificada neste ano. A Portaria Interministerial MDS/MPS nº 27, publicada em julho de 2024, estabeleceu prazos claros para regularização, variando entre 45 e 90 dias, dependendo do tamanho do município.
Por outro lado, a medida expõe desafios estruturais e desigualdades regionais que dificultam o cumprimento das novas regras. Em áreas urbanas, os Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) enfrentam filas e sobrecarga de atendimentos, enquanto nas regiões rurais, especialmente no Norte e Nordeste, o acesso a esses serviços é limitado por distância e falta de transporte. A situação se agrava com o crescimento da população idosa no Brasil, que pressiona ainda mais o sistema previdenciário e assistencial, exigindo soluções rápidas e eficazes para evitar que direitos sejam negados por barreiras burocráticas.
Por que o CadÚnico é essencial para o BPC
Manter o CadÚnico atualizado é uma condição indispensável para garantir o recebimento do BPC, benefício previsto na Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS). Esse cadastro funciona como uma ferramenta de identificação das famílias de baixa renda, permitindo ao governo direcionar recursos de forma precisa. Para ter direito ao pagamento, a renda familiar per capita deve ser inferior a um quarto do salário mínimo, equivalente a R$ 379,50 em 2025, além de o beneficiário estar inscrito no sistema antes mesmo de fazer o requerimento ao INSS.
A obrigatoriedade de atualização bienal foi instituída em 2016, mas flexibilizada durante a pandemia de Covid-19 para proteger a população vulnerável. Com o fim das exceções, o INSS passou a realizar cruzamentos de dados mais rigorosos, identificando cadastros desatualizados ou inexistentes. Em 2024, o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social informou que, de 505 mil beneficiários sem inscrição no CadÚnico, apenas 200 mil regularizaram a situação até outubro. Já entre os 640 mil com cadastros vencidos há mais de quatro anos, menos de 150 mil atualizaram os dados, evidenciando a dificuldade de alcance da medida.
A falta de atualização cadastral não é apenas uma questão burocrática. Ela pode revelar mudanças na situação financeira ou social da família, como aumento de renda ou ingresso no mercado de trabalho, que inviabilizam a continuidade do benefício. Por isso, o governo reforça a necessidade de manter as informações em dia, mas a comunicação falha e os entraves logísticos têm gerado transtornos para quem depende do BPC como única fonte de sustento.
Regras voltam com rigor após a pandemia
Durante o auge da crise sanitária, o governo suspendeu temporariamente a exigência de atualização do CadÚnico para evitar que beneficiários perdessem o BPC em um momento de extrema fragilidade. A decisão foi vista como uma resposta emergencial, mas deixou um passivo de cadastros desatualizados que agora precisam ser corrigidos. Com a normalização das atividades, o INSS retomou as regras em janeiro de 2022, e a Portaria nº 2.651 formalizou o procedimento de suspensão para quem não cumpre os prazos estabelecidos.
Em 2025, a aplicação dessas normas ganhou nova dimensão. O governo passou a notificar os beneficiários por múltiplos canais, como extratos bancários, SMS, a plataforma Meu INSS e a Central 135. Para municípios com até 50 mil habitantes, o prazo de regularização é de 45 dias após a notificação; em cidades maiores, com mais de 50 mil habitantes, o limite sobe para 90 dias. Caso o cadastro não seja atualizado, o pagamento é bloqueado por 30 dias, período em que ainda é possível reverter a suspensão. Se a situação persistir, o benefício é cessado, exigindo um novo processo de solicitação.
Essa rigidez reflete uma tentativa de equilibrar a sustentabilidade do programa com a proteção social. Em maio de 2024, o INSS estimou que R$ 750,85 milhões deixaram of de ser pagos indevidamente devido a revisões cadastrais, o que reforça a aposta do governo no uso de tecnologia e cruzamento de dados para combater fraudes. Contudo, a medida também expõe a fragilidade de muitos beneficiários, que enfrentam barreiras para cumprir as exigências dentro dos prazos.
Impacto da suspensão atinge milhões
A suspensão do BPC tem consequências diretas na vida de milhões de brasileiros. Com um valor fixado em R$ 1.518 em 2025, o benefício é a principal fonte de renda para idosos e pessoas com deficiência que não têm condições de se manter ou de ser sustentados pela família. A interrupção dos pagamentos, mesmo que temporária, pode agravar situações de pobreza extrema, especialmente em um contexto de aumento do custo de vida e envelhecimento populacional.
Dados do IBGE mostram que a população idosa no Brasil ultrapassou 32 milhões em 2022, e projeções indicam que esse número pode chegar a 38 milhões até 2030. Muitos desses idosos dependem exclusivamente do BPC, sem acesso a aposentadorias ou pensões. Já as pessoas com deficiência enfrentam desafios adicionais, como a falta de inclusão no mercado de trabalho e a necessidade de gastos extras com saúde, o que torna o benefício ainda mais crucial.
A revisão cadastral iniciada em 2024 já resultou em bloqueios significativos. Até outubro daquele ano, 200 mil beneficiários regularizaram a situação, mas quase 305 mil ainda estavam sem inscrição no CadÚnico. Entre os cadastros desatualizados há mais de 48 meses, 640 mil benefícios foram revisados, mas apenas 71 mil receberam notificações formais, e 73 mil atualizaram os dados por iniciativa própria. Esses números mostram que a maioria dos afetados ainda não tomou providências, seja por desconhecimento, seja por dificuldades de acesso aos serviços.
Quem são os mais afetados pela medida
O perfil dos beneficiários mais vulneráveis à suspensão do BPC reflete as desigualdades sociais do país. Idosos acima de 65 anos, sem histórico de contribuição previdenciária, e pessoas com deficiência de qualquer idade, com impedimentos de longo prazo, formam o público-alvo do programa. Para ambos os grupos, a renda familiar per capita não pode ultrapassar R$ 379,50, critério que exige comprovação constante por meio do CadÚnico.
Nas regiões Norte e Nordeste, os impactos são ainda mais evidentes. A distância até os CRAS, a precariedade do transporte público e a falta de acesso à internet dificultam a regularização. No Amazonas, por exemplo, 10% dos beneficiários tiveram o pagamento suspenso em 2024 por cadastros desatualizados, e a tendência é de aumento em 2025. Em áreas urbanas como São Paulo e Rio de Janeiro, embora a infraestrutura seja mais robusta, a alta demanda sobrecarrega os serviços, gerando filas e atrasos.
A população idosa, em particular, enfrenta barreiras adicionais. Muitos vivem sozinhos ou não têm familiares que possam ajudá-los a realizar os procedimentos. A exigência de biometria, implementada desde setembro de 2024, também complica o processo para quem tem mobilidade reduzida ou dificuldade com tecnologia, ampliando o risco de exclusão.
Passo a passo para evitar a suspensão
Evitar a suspensão do BPC exige ação imediata dos beneficiários. A atualização do CadÚnico é o primeiro passo e deve ser feita nos CRAS ou postos de atendimento municipais. O processo inclui a apresentação de documentos como RG, CPF, comprovante de residência e informações sobre a renda de todos os membros da família. Após a atualização, é essencial garantir que os dados sejam transmitidos ao INSS, o que pode ser confirmado por recibo ou consulta ao sistema.
Caso o benefício já tenha sido suspenso, a reativação pode ser solicitada pelo portal Meu INSS, aplicativo ou pelo telefone 135. O prazo para isso é de até 72 horas após a regularização, desde que o beneficiário informe ao INSS que está corrigindo o cadastro. Em situações mais complexas, como cessação definitiva, é necessário iniciar um novo pedido, o que pode levar meses devido à análise médica e social exigida para pessoas com deficiência.
- Documentos necessários: RG, CPF, comprovante de residência e dados de renda familiar.
- Onde atualizar: CRAS ou postos de atendimento do CadÚnico.
- Reativação: Portal Meu INSS, aplicativo ou Central 135.
- Prazo: Até 30 dias após o bloqueio para evitar a cessação.
Desafios logísticos ampliam o problema
Atualizar o CadÚnico nem sempre é uma tarefa simples. Nos grandes centros urbanos, os CRAS enfrentam alta demanda, com filas que chegam a durar horas. Em novembro de 2024, o INSS montou uma força-tarefa de 90 dias para atender beneficiários com BPC bloqueado, convocando servidores em regime de teletrabalho para reforçar o atendimento presencial. Apesar disso, a capacidade limitada dos postos não acompanha o volume de casos.
Nas regiões rurais, a situação é ainda mais crítica. No interior do Nordeste, por exemplo, muitos beneficiários precisam percorrer dezenas de quilômetros até o CRAS mais próximo, muitas vezes sem transporte público disponível. Comunidades ribeirinhas do Amazonas enfrentam deslocamentos de barco que podem levar dias, o que torna a regularização quase inviável para alguns. A falta de especialistas para emitir laudos médicos, exigidos em novos pedidos ou reativações para pessoas com deficiência, agrava o cenário, com 40% dos municípios brasileiros sem acesso a esses profissionais, segundo o Ministério da Saúde.
A desigualdade digital também pesa. Embora o governo tenha lançado iniciativas como a atualização via Meu INSS, muitos idosos e pessoas com deficiência não têm familiaridade com smartphones ou acesso à internet. Em áreas remotas, a conectividade é precária, limitando o uso de ferramentas online e forçando o atendimento presencial como única opção.
Cronograma de exigências em 2025
O governo estabeleceu prazos claros para a regularização do CadÚnico, com consequências específicas para quem não cumprir as datas. Veja as principais etapas previstas para 2025:
- Notificação: Enviada por extrato bancário, SMS, Meu INSS ou Central 135.
- Prazo para atualização: 45 dias em municípios pequenos (até 50 mil habitantes) e 90 dias em cidades maiores.
- Bloqueio: Iniciado 30 dias após o fim do prazo, se não houver regularização.
- Cessação: Após 30 dias de bloqueio, o benefício é cancelado, exigindo novo pedido.
Esses prazos começaram a ser aplicados em larga escala em 2024, mas a intensificação em 2025 reflete o avanço da revisão cadastral. Beneficiários do Rio Grande do Sul, afetados por calamidades em 2024, foram temporariamente isentos, mas a expectativa é que a medida alcance todos os estados ao longo do ano.
Tecnologia entra em cena para fiscalizar
O INSS aposta em tecnologia para agilizar a revisão do BPC e combater irregularidades. Em 2025, uma inteligência artificial contratada por US$ 10,5 milhões, desenvolvida por uma empresa americana em parceria com a Dataprev, começará a operar. O sistema cruzará dados do CadÚnico com outras bases federais para identificar inconsistências, como beneficiários com renda acima do limite ou registros fraudulentos. A expectativa é que a ferramenta reduza pagamentos indevidos e acelere a análise de novos pedidos.
Além disso, a biometria tornou-se obrigatória desde setembro de 2024, exigindo impressões digitais e fotos atualizadas para novos cadastros e manutenções. O registro pode ser feito com base em bancos de dados já existentes, como os do título de eleitor ou da Carteira Nacional de Habilitação, mas beneficiários sem essas identificações precisam comparecer a pontos de atendimento, o que reforça a dependência de infraestrutura local.
A digitalização também inclui o uso do Meu INSS como canal principal para consultas e solicitações. O aplicativo permite acompanhar o status do benefício, protocolar pedidos de reativação e verificar pendências, mas sua eficácia depende da alfabetização digital dos usuários, um obstáculo significativo em um país onde 30% da população vive a mais de 20 quilômetros de serviços especializados, conforme o IBGE.
Regiões Norte e Nordeste sofrem mais
As desigualdades regionais são um dos maiores entraves à atualização do CadÚnico. No Norte e Nordeste, a combinação de pobreza, isolamento geográfico e falta de serviços públicos amplia o risco de suspensão do BPC. No Amazonas, comunidades ribeirinhas enfrentam deslocamentos longos e custosos, enquanto no interior do Maranhão e do Pará, a ausência de CRAS em muitos municípios força os beneficiários a depender de cidades vizinhas.
Em contraste, capitais como São Paulo, com 767 mil beneficiários, e Minas Gerais, com 475 mil, concentram maior número de atendimentos, mas também lidam com sobrecarga. A Bahia, terceira no ranking com 459 mil beneficiários, reflete o cenário nordestino, onde a infraestrutura limitada e a baixa conectividade dificultam a regularização. Dados do Portal da Transparência mostram que esses estados lideram em número absoluto de beneficiários, mas também em cadastros pendentes.
A situação expõe uma realidade alarmante: quem mais precisa do BPC é justamente quem enfrenta as maiores barreiras para mantê-lo. A falta de políticas específicas para essas regiões, como unidades móveis de atendimento ou campanhas de conscientização mais amplas, perpetua o ciclo de exclusão e aumenta a pressão sobre as famílias vulneráveis.
Soluções em andamento para 2025
Diante dos desafios, o governo implementa iniciativas para facilitar o acesso ao CadÚnico e reduzir as suspensões. Parcerias entre prefeituras e o INSS têm levado atendimento itinerante a áreas remotas, enquanto a força-tarefa de 2024, que mobilizou servidores para agências presenciais, deve ser renovada em 2025. A meta é atender pelo menos 50% dos beneficiários com cadastros pendentes até o fim do ano.
A digitalização também avança com a expansão do Meu INSS. O aplicativo, aliado a terminais de autoatendimento em agências bancárias, busca reduzir a dependência de deslocamentos. Em paralelo, o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social planeja campanhas informativas em rádios comunitárias e redes sociais para alcançar populações sem acesso à internet, especialmente nas zonas rurais.
Outra medida em teste é a integração de dados entre sistemas federais, estaduais e municipais, para que informações como renda e residência sejam atualizadas automaticamente. Embora promissora, a iniciativa enfrenta resistências técnicas e legais, como a proteção de dados prevista pela LGPD, o que exige ajustes antes de uma implementação em larga escala.
Dicas práticas para beneficiários
Regularizar o CadÚnico e evitar a suspensão do BPC exige planejamento. Confira algumas orientações práticas:
- Verifique o status do cadastro no Meu INSS ou pelo telefone 135 regularmente.
- Atualize os dados da família a cada dois anos, mesmo sem notificação do INSS.
- Guarde comprovantes de todas as etapas, como recibos do CRAS e protocolos do INSS.
- Procure ajuda em associações locais ou CRAS se houver dificuldade de deslocamento.
- Em caso de cessação injusta, busque orientação jurídica para reverter a decisão.
Essas ações simples podem fazer a diferença entre manter o benefício ativo ou enfrentar meses sem o pagamento, especialmente para quem depende dele para despesas básicas como alimentação e medicamentos.
Pressão cresce com o envelhecimento populacional
O aumento da população idosa no Brasil é um fator que intensifica os desafios do BPC. Em 2023, o país já contava com mais de 34 milhões de pessoas acima de 60 anos, e a tendência é de crescimento contínuo. Esse cenário pressiona o governo a ampliar o alcance do benefício, mas também a reforçar os mecanismos de controle, como a atualização cadastral, para garantir sua sustentabilidade.
A demanda por serviços de assistência social também cresce. Em 2024, o INSS identificou que 15% dos beneficiários idosos recebiam o BPC sem atender plenamente aos critérios de renda, o que motivou a fiscalização mais rigorosa. Para pessoas com deficiência, a espera por perícias médicas, essenciais em novos pedidos ou reativações, chega a três meses em algumas regiões, evidenciando a necessidade de mais agilidade no sistema.
A combinação de envelhecimento populacional e barreiras estruturais exige do governo uma resposta abrangente. Sem investimentos em infraestrutura e comunicação, o risco é que milhões de brasileiros fiquem desamparados, mesmo tendo direito ao benefício.
Especialistas apontam caminhos
Profissionais da área previdenciária e assistencial têm sugerido melhorias para o processo de atualização do CadÚnico. Uma das recomendações é a criação de unidades móveis permanentes, que levem o atendimento a comunidades isoladas. Outra proposta é simplificar a coleta de biometria, permitindo que ela seja feita em bancos ou cartórios, locais mais acessíveis que os CRAS em muitas cidades.
A capacitação de servidores também é vista como essencial. Com mais funcionários treinados, os CRAS poderiam processar cadastros com maior rapidez, reduzindo filas e erros. Além disso, especialistas defendem a ampliação de canais digitais, como o uso de WhatsApp para envio de documentos, desde que com segurança garantida, para atender quem não consegue comparecer presencialmente.
Por fim, a comunicação clara é apontada como um ponto crítico. Muitos beneficiários só descobrem a suspensão quando o pagamento não cai na conta, o que sugere a necessidade de campanhas mais diretas e acessíveis, especialmente para idosos e pessoas com baixa escolaridade.
Realidade exige ação urgente
A intensificação da suspensão do BPC em 2025 reflete um esforço do governo para organizar o programa, mas também expõe as fragilidades de um sistema que nem sempre alcança quem mais precisa. A obrigatoriedade do CadÚnico, embora necessária para evitar fraudes, impõe desafios logísticos e sociais que afetam diretamente a população vulnerável. Enquanto soluções como tecnologia e parcerias avançam, a realidade de filas, deslocamentos e falta de informação persiste.
O impacto vai além dos números. Para cada benefício suspenso, há uma família que perde o suporte essencial para sobreviver. A pressão do envelhecimento populacional e as desigualdades regionais só aumentam a urgência de medidas eficazes. Manter o BPC ativo exige mais do que cumprir prazos: demanda um sistema preparado para atender às necessidades reais dos brasileiros.
