Breaking
17 Apr 2025, Thu

Telespectadores exigem saída de Daniela Beyruti do SBT e criticam mudanças em 130 reclamações

Daniela Beyruti


Nos últimos dias, uma onda de insatisfação tomou conta dos telespectadores do SBT, refletida em uma série de reclamações registradas no site Reclame Aqui. O foco das críticas recai sobre Daniela Beyruti, atual presidente da emissora, com pedidos explícitos por sua saída do comando. Além disso, as queixas abordam mudanças no icônico Programa Silvio Santos, agora apresentado por Patrícia Abravanel, e a programação noturna, que muitos consideram distante dos padrões que marcaram a história do canal. A emissora, por sua vez, respondeu às manifestações, defendendo sua gestão e justificando as decisões tomadas desde a transição de liderança após a morte de Silvio Santos, em agosto de 2024.

A revolta do público ganhou força com pelo menos 130 reclamações formalizadas até o início de abril, número que reflete um descontentamento crescente. Um dos casos mais comentados envolveu um espectador que, de forma direta, pediu a remoção de Daniela Beyruti da presidência. A resposta do SBT foi clara: a solicitação não poderia ser atendida, pois Daniela, filha de Silvio Santos, é uma das proprietárias e foi preparada para assumir o cargo. A justificativa, no entanto, não parece ter aplacado os ânimos, já que as críticas continuam a se multiplicar nas plataformas digitais.

Outro ponto sensível destacado nas reclamações é a condução do Programa Silvio Santos por Patrícia Abravanel. Para muitos fãs, a atração perdeu a essência que a tornou um marco na televisão brasileira sob o comando de seu criador. Um telespectador chegou a sugerir que Patrícia ganhasse um programa próprio, separando sua imagem do legado do pai. O SBT, em resposta, afirmou que o nome da atração é mantido como homenagem e que Patrícia traz “energia e carisma” à apresentação, mas a percepção de parte do público parece seguir em direção oposta.

A programação noturna também entrou na mira dos descontentes. Espectadores lamentaram a substituição de apresentadores de telejornais, a retirada da novela Poliana da grade e o tom de programas como os de Ratinho e Danilo Gentili, vistos como apelativos por alguns. A emissora defendeu sua estratégia, alegando buscar variedade e adequação de conteúdo aos horários, mas o volume de queixas sugere que as mudanças não estão alinhadas às expectativas de uma audiência fiel ao estilo tradicional do canal.

Insatisfação além do Reclame Aqui

O descontentamento com a gestão de Daniela Beyruti não se limita ao Reclame Aqui. Nas redes sociais, telespectadores têm se manifestado de maneira intensa, compartilhando críticas e saudade da era de Silvio Santos. A transição para uma nova liderança, após mais de seis décadas de comando do fundador, trouxe desafios que vão além de ajustes na programação. Daniela assumiu a vice-presidência em 2023 e, após o falecimento do pai, foi oficializada como presidente em novembro de 2024, um movimento que consolidou o controle familiar sobre o canal.

Desde que assumiu, Daniela implementou uma série de mudanças na grade, como o fim de programas tradicionais, incluindo o Chega Mais e o Programa Raul Gil, ambos encerrados em 2024. A decisão gerou reações mistas: enquanto alguns enxergaram uma tentativa de modernização, outros a interpretaram como um rompimento com a identidade do SBT. A demissão de executivos experientes, como Fernando Pelégio, com 43 anos de casa, e cortes de custos que afetaram dezenas de funcionários em setembro do ano passado, também alimentaram a narrativa de uma gestão em crise.

A audiência, um dos pilares do sucesso do SBT, tem mostrado sinais de declínio. Em 2022, antes mesmo das mudanças mais drásticas, o canal registrou um prejuízo operacional de R$ 29 milhões, impactado pela pandemia e pela queda nas receitas publicitárias. A chegada de Daniela ao comando trouxe a promessa de renovação, mas os números recentes indicam que a vice-liderança, historicamente disputada com a Record, está cada vez mais distante. Programas como Tá na Hora e É Tudo Nosso, apostas da nova gestão, não emplacaram, enquanto atrações clássicas como Chaves ainda sustentam parte da audiência.

O peso do legado de Silvio Santos

Silvio Santos deixou um legado que transcende a televisão brasileira. Durante quase 60 anos, ele moldou o SBT com sua presença carismática e decisões ousadas, como a exibição de programas populares que marcaram gerações. Sua morte, aos 93 anos, por complicações do H1N1, foi um divisor de águas para a emissora. Daniela Beyruti, como herdeira escolhida para liderar o canal, enfrenta o desafio de honrar essa história enquanto tenta adaptá-la a um cenário dominado pelo streaming e pela fragmentação do público.

A escolha de Patrícia Abravanel para assumir o Programa Silvio Santos, oficializada em 2022, foi um dos primeiros sinais da transição familiar. Desde então, a apresentadora tem comandado a atração dominical, que mantém índices razoáveis, com média mensal de 6,9 pontos em 2024, segundo dados da Kantar Ibope. Cada ponto equivale a cerca de 191 mil telespectadores na Grande São Paulo, e o programa segue como um dos carros-chefes do canal, alcançando 35,9 milhões de pessoas em julho do ano passado. Mesmo assim, as críticas persistem, com muitos apontando uma desconexão entre o estilo de Patrícia e o que Silvio representava.

A relação entre Daniela e Patrícia também ganhou destaque em meio às tensões. Em janeiro deste ano, Patrícia alfinetou a irmã ao vivo, durante uma edição inédita do programa, ao comentar que a nova gestão acabou com as reprises tradicionais de janeiro, reduzindo seu período de férias. A brincadeira, embora leve, expôs um certo desconforto com as decisões de Daniela, que têm priorizado episódios inéditos para manter a competitividade do canal nos domingos, especialmente contra a Record.

Reações do público em números

O volume de reclamações no Reclame Aqui oferece um panorama claro da insatisfação. Até o momento, cerca de 130 queixas foram registradas, abordando temas como:

  • Pedidos pela saída de Daniela Beyruti do comando;
  • Críticas à condução de Patrícia Abravanel no Programa Silvio Santos;
  • Rejeição ao conteúdo noturno, incluindo programas de Ratinho e Danilo Gentili;
  • Saudades de formatos antigos, como quadros de namoro e novelas infantojuvenis.

Esses números, embora representem uma fração da audiência total do SBT, indicam um movimento organizado de descontentamento. A plataforma, conhecida por ser um canal de desabafo dos consumidores, tornou-se um termômetro das tensões entre a emissora e seu público, que historicamente se acostumou a uma programação acessível e familiar.

Mudanças na grade e seus impactos

A gestão de Daniela Beyruti trouxe uma reformulação significativa ao SBT. Além do fim de programas consagrados, a emissora apostou em novas atrações para rejuvenescer sua imagem. O Tá na Hora, lançado em 2024 com Marcão do Povo e Márcia Dantas, foi uma das tentativas de conquistar o horário vespertino, mas os resultados ficaram aquém do esperado. O mesmo ocorreu com o É Tudo Nosso, comandado por Benjamin Back, que não conseguiu se firmar nem na audiência nem no faturamento comercial, correndo risco de cancelamento.

Por outro lado, o retorno de clássicos como Chaves e A Usurpadora, em março deste ano, foi uma estratégia para resgatar a audiência perdida. Chaves, exibido em dois horários (13h e 20h45), mantém números estáveis, frequentemente acima dos 4 pontos, enquanto A Usurpadora, reprisada pela oitava vez no Brasil, aposta na nostalgia para atrair o público das tardes. Essas escolhas mostram uma tentativa de equilibrar inovação e tradição, mas a recepção mista sugere que o caminho ainda é incerto.

A saída de novelas como Poliana, que encerrou sua exibição em 2024, também gerou críticas. A produção, voltada para o público infantojuvenil, era uma das marcas do SBT, que já havia emplacado sucessos como Carrossel e Chiquititas. A decisão de priorizar conteúdos adultos no horário noturno, incluindo programas de humor e variedades, reflete uma mudança de foco que não agradou a todos, especialmente os fãs das tramas leves que caracterizavam a emissora.

O desafio de modernizar sem perder a essência

Adaptar o SBT aos novos tempos é uma das missões centrais de Daniela Beyruti. Em 2023, quando assumiu a vice-presidência, ela prometeu uma emissora mais competitiva, capaz de enfrentar a concorrência da Record e do streaming. A criação do +SBT, uma plataforma gratuita com publicidade, prevista para ser lançada em breve, é parte dessa estratégia. O serviço, que combina conteúdo linear e sob demanda, aposta no vasto catálogo da emissora, incluindo programas de Silvio Santos e clássicos como Chiquititas, disponíveis também na Netflix.

A modernização, porém, tem um custo. A saída de executivos experientes, como Murilo Fraga, diretor de programação, e Ariel Jacobowitz, diretor de programas, em outubro de 2024, foi vista como um sinal de renovação, mas também de instabilidade. Esses profissionais, com anos de casa, eram elos com a era de Silvio Santos, e sua ausência reforça a percepção de que o SBT está em uma encruzilhada, entre preservar o passado e abraçar o futuro.

A influência evangélica na emissora também ganhou espaço sob a gestão de Daniela, que, assim como suas irmãs e a mãe, Iris Abravanel, segue essa fé. Em outubro do ano passado, a visita do pastor André Valadão aos estúdios do SBT, com direito a uma oração no cenário do Tá na Hora, chamou atenção. O momento, que reuniu apresentadores e funcionários, foi interpretado como um reflexo da busca por estabilidade em meio à crise, mas também levantou debates sobre a direção ideológica do canal.

A voz dos telespectadores em destaque

Entre as reclamações mais frequentes no Reclame Aqui, alguns pontos se destacam pela recorrência:

  • Mudanças no Programa Silvio Santos: A transição para Patrícia Abravanel é vista como um afastamento do formato original, com críticas ao tom e à dinâmica da atração;
  • Conteúdo noturno: Programas como os de Ratinho e Danilo Gentili são alvos de queixas por seu estilo considerado exagerado ou inadequado;
  • Fim de formatos tradicionais: A ausência de quadros como os de namoro, populares nos tempos de Gugu Liberato e Silvio Santos, é lamentada por muitos;
  • Gestão de Daniela Beyruti: A liderança é questionada por decisões como cortes e reformulações na grade.

Essas críticas refletem uma audiência que sente falta do SBT de outrora, marcado por programas familiares e uma conexão direta com Silvio Santos. A saudade do apresentador, que faleceu há menos de um ano, intensifica o contraste entre o passado glorioso e o presente desafiador da emissora.

Estratégias para o futuro imediato

Olhando para frente, o SBT planeja ajustes na programação para recuperar terreno. A volta do Show do Milhão, clássico apresentado por Silvio Santos entre 1999 e 2003, está confirmada para os próximos meses, agora integrado ao Programa Silvio Santos com Patrícia Abravanel. A iniciativa busca resgatar o apelo dos games shows, um gênero que já foi ponto forte do canal, enquanto mantém o nome de Silvio como chamariz.

A exibição de episódios raros de Chaves, anunciada para abril deste ano, é outra aposta na nostalgia. A série, que alcançou média de 4,1 pontos desde janeiro, continua sendo um trunfo, especialmente no horário nobre, onde frequentemente supera concorrentes como a Band. A estratégia de Daniela inclui ainda a possibilidade de reprisar o Fofocalizando nas madrugadas, ocupando um espaço hoje dominado por reprises de novelas na Globo.

A parceria com a Liga Forte União, que garantiria a transmissão de 38 jogos do Campeonato Brasileiro entre 2025 e 2027, foi descartada em julho do ano passado, após a emissora avaliar que o investimento traria prejuízo. A decisão, comunicada por Daniela em um evento em Santa Catarina, reforça a cautela financeira da gestão, que busca equilibrar custos e receitas em um momento de instabilidade.

Cronograma das principais mudanças no SBT

Para entender o contexto das reclamações, vale relembrar as transformações recentes na emissora:

  • Abril de 2023: Daniela Beyruti assume a vice-presidência, substituindo José Roberto Maciel;
  • Agosto de 2024: Morte de Silvio Santos, aos 93 anos, marca o fim de uma era;
  • Novembro de 2024: Daniela é oficializada como presidente do SBT;
  • Janeiro de 2025: Fim das reprises tradicionais em janeiro, com Patrícia Abravanel alfinetando a gestão;
  • Março de 2025: Retorno de Chaves e A Usurpadora à grade, como resposta à queda de audiência;
  • Abril de 2025: Onda de 130 reclamações no Reclame Aqui reflete insatisfação do público.

Essas datas mostram um período de transição acelerada, com decisões que impactaram diretamente a relação do SBT com seus telespectadores. A saída de Daniela Beyruti, exigida por parte do público, parece improvável, mas a pressão por ajustes na programação é um alerta que a emissora não pode ignorar.

A percepção da família Abravanel

A família Abravanel, que inclui Daniela, Patrícia, Renata e outras herdeiras de Silvio Santos, enfrenta um momento delicado. Renata Abravanel, presidente do Conselho de Administração do Grupo Silvio Santos, trabalha ao lado de Daniela na gestão do conglomerado, que abrange empresas como a Jequiti e o Hotel Jequitimar. Apesar das críticas, a unidade familiar é um ponto強調ado pela emissora, que destaca a preparação de Daniela para o cargo como um fator de legitimidade.

Patrícia, por sua vez, mantém-se como uma das faces públicas do SBT. Sua participação no Melhores do Ano, da Globo, em dezembro de 2024, ao lado de Daniela, foi um raro momento de colaboração entre as emissoras rivais, marcado por uma homenagem a Silvio Santos. O evento, que incluiu o tradicional aviãozinho jogado ao público, reforçou o peso do legado do apresentador, mas também evidenciou a responsabilidade das irmãs em mantê-lo vivo.

A mãe, Iris Abravanel, embora menos ativa na gestão, continua sendo uma influência nos bastidores, especialmente pela autoria de novelas como Carrossel e Poliana. Sua ausência na grade atual é sentida pelos fãs, que associam suas produções ao auge do SBT como referência em conteúdo infantojuvenil.

O que os telespectadores querem de volta

Entre as demandas expressas nas reclamações, algumas sugestões se repetem com frequência:

  • Retorno de quadros de namoro, como os exibidos por Silvio Santos e Gugu Liberato nos anos 1980 e 1990;
  • Novelas infantojuvenis no estilo de Chiquititas e Carrossel, que marcaram a identidade do canal;
  • Menos ênfase em programas de humor considerados apelativos;
  • Maior participação de apresentadores tradicionais, como Celso Portiolli, que mantém alta aprovação entre o público.

Esses pedidos revelam uma audiência que valoriza a simplicidade e o apelo familiar que o SBT cultivou por décadas. A nostalgia, aliada à resistência às mudanças de Daniela Beyruti, forma um cenário complexo para a emissora, que precisa encontrar um equilíbrio entre inovação e tradição.

A resposta do SBT às críticas

Diante da avalanche de reclamações, o SBT mantém uma postura firme. Em todas as respostas no Reclame Aqui, a emissora agradece o contato, explica suas decisões e reafirma a continuidade da gestão de Daniela Beyruti. Sobre o Programa Silvio Santos, o canal destaca a homenagem ao fundador e a adaptação ao estilo de Patrícia Abravanel. Quanto à programação noturna, a justificativa é a busca por diversidade, com conteúdos ajustados aos horários e ao público-alvo.

A estratégia de comunicação, porém, não parece suficiente para reverter a percepção negativa de parte dos telespectadores. A insistência em manter o rumo atual, sem sinais claros de ajustes baseados nas críticas, pode ampliar o distanciamento entre a emissora e sua base fiel, que ainda enxerga no SBT um reflexo da era de ouro de Silvio Santos.

Um canal em transformação

A trajetória do SBT sob Daniela Beyruti é marcada por tentativas de reinvenção em um mercado cada vez mais competitivo. A ascensão do streaming, com plataformas como Netflix e Globoplay ganhando terreno, exige que emissoras tradicionais se adaptem rapidamente. O +SBT, com lançamento iminente, é um passo nessa direção, mas seu sucesso dependerá da capacidade de atrair tanto os fãs nostálgicos quanto uma nova geração de espectadores.

Enquanto isso, a grade tradicional enfrenta desafios imediatos. A Record, com programas como Acerta ou Caia!, tem se consolidado aos domingos, disputando diretamente com o Programa Silvio Santos. A Globo, líder absoluta, também pressiona com reprises estratégicas e conteúdos inéditos, deixando o SBT em uma posição vulnerável. A média de 4,1 pontos de Chaves em 2025 é um alento, mas insuficiente para reverter a tendência de queda geral.

A pressão sobre Daniela Beyruti é evidente. Como presidente, ela carrega o peso de um legado construído por seu pai, mas também a responsabilidade de provar que pode liderar o SBT em uma nova era. As 130 reclamações no Reclame Aqui são apenas a ponta de um iceberg que reflete os anseios de um público dividido entre saudade e expectativa por mudanças.



Nos últimos dias, uma onda de insatisfação tomou conta dos telespectadores do SBT, refletida em uma série de reclamações registradas no site Reclame Aqui. O foco das críticas recai sobre Daniela Beyruti, atual presidente da emissora, com pedidos explícitos por sua saída do comando. Além disso, as queixas abordam mudanças no icônico Programa Silvio Santos, agora apresentado por Patrícia Abravanel, e a programação noturna, que muitos consideram distante dos padrões que marcaram a história do canal. A emissora, por sua vez, respondeu às manifestações, defendendo sua gestão e justificando as decisões tomadas desde a transição de liderança após a morte de Silvio Santos, em agosto de 2024.

A revolta do público ganhou força com pelo menos 130 reclamações formalizadas até o início de abril, número que reflete um descontentamento crescente. Um dos casos mais comentados envolveu um espectador que, de forma direta, pediu a remoção de Daniela Beyruti da presidência. A resposta do SBT foi clara: a solicitação não poderia ser atendida, pois Daniela, filha de Silvio Santos, é uma das proprietárias e foi preparada para assumir o cargo. A justificativa, no entanto, não parece ter aplacado os ânimos, já que as críticas continuam a se multiplicar nas plataformas digitais.

Outro ponto sensível destacado nas reclamações é a condução do Programa Silvio Santos por Patrícia Abravanel. Para muitos fãs, a atração perdeu a essência que a tornou um marco na televisão brasileira sob o comando de seu criador. Um telespectador chegou a sugerir que Patrícia ganhasse um programa próprio, separando sua imagem do legado do pai. O SBT, em resposta, afirmou que o nome da atração é mantido como homenagem e que Patrícia traz “energia e carisma” à apresentação, mas a percepção de parte do público parece seguir em direção oposta.

A programação noturna também entrou na mira dos descontentes. Espectadores lamentaram a substituição de apresentadores de telejornais, a retirada da novela Poliana da grade e o tom de programas como os de Ratinho e Danilo Gentili, vistos como apelativos por alguns. A emissora defendeu sua estratégia, alegando buscar variedade e adequação de conteúdo aos horários, mas o volume de queixas sugere que as mudanças não estão alinhadas às expectativas de uma audiência fiel ao estilo tradicional do canal.

Insatisfação além do Reclame Aqui

O descontentamento com a gestão de Daniela Beyruti não se limita ao Reclame Aqui. Nas redes sociais, telespectadores têm se manifestado de maneira intensa, compartilhando críticas e saudade da era de Silvio Santos. A transição para uma nova liderança, após mais de seis décadas de comando do fundador, trouxe desafios que vão além de ajustes na programação. Daniela assumiu a vice-presidência em 2023 e, após o falecimento do pai, foi oficializada como presidente em novembro de 2024, um movimento que consolidou o controle familiar sobre o canal.

Desde que assumiu, Daniela implementou uma série de mudanças na grade, como o fim de programas tradicionais, incluindo o Chega Mais e o Programa Raul Gil, ambos encerrados em 2024. A decisão gerou reações mistas: enquanto alguns enxergaram uma tentativa de modernização, outros a interpretaram como um rompimento com a identidade do SBT. A demissão de executivos experientes, como Fernando Pelégio, com 43 anos de casa, e cortes de custos que afetaram dezenas de funcionários em setembro do ano passado, também alimentaram a narrativa de uma gestão em crise.

A audiência, um dos pilares do sucesso do SBT, tem mostrado sinais de declínio. Em 2022, antes mesmo das mudanças mais drásticas, o canal registrou um prejuízo operacional de R$ 29 milhões, impactado pela pandemia e pela queda nas receitas publicitárias. A chegada de Daniela ao comando trouxe a promessa de renovação, mas os números recentes indicam que a vice-liderança, historicamente disputada com a Record, está cada vez mais distante. Programas como Tá na Hora e É Tudo Nosso, apostas da nova gestão, não emplacaram, enquanto atrações clássicas como Chaves ainda sustentam parte da audiência.

O peso do legado de Silvio Santos

Silvio Santos deixou um legado que transcende a televisão brasileira. Durante quase 60 anos, ele moldou o SBT com sua presença carismática e decisões ousadas, como a exibição de programas populares que marcaram gerações. Sua morte, aos 93 anos, por complicações do H1N1, foi um divisor de águas para a emissora. Daniela Beyruti, como herdeira escolhida para liderar o canal, enfrenta o desafio de honrar essa história enquanto tenta adaptá-la a um cenário dominado pelo streaming e pela fragmentação do público.

A escolha de Patrícia Abravanel para assumir o Programa Silvio Santos, oficializada em 2022, foi um dos primeiros sinais da transição familiar. Desde então, a apresentadora tem comandado a atração dominical, que mantém índices razoáveis, com média mensal de 6,9 pontos em 2024, segundo dados da Kantar Ibope. Cada ponto equivale a cerca de 191 mil telespectadores na Grande São Paulo, e o programa segue como um dos carros-chefes do canal, alcançando 35,9 milhões de pessoas em julho do ano passado. Mesmo assim, as críticas persistem, com muitos apontando uma desconexão entre o estilo de Patrícia e o que Silvio representava.

A relação entre Daniela e Patrícia também ganhou destaque em meio às tensões. Em janeiro deste ano, Patrícia alfinetou a irmã ao vivo, durante uma edição inédita do programa, ao comentar que a nova gestão acabou com as reprises tradicionais de janeiro, reduzindo seu período de férias. A brincadeira, embora leve, expôs um certo desconforto com as decisões de Daniela, que têm priorizado episódios inéditos para manter a competitividade do canal nos domingos, especialmente contra a Record.

Reações do público em números

O volume de reclamações no Reclame Aqui oferece um panorama claro da insatisfação. Até o momento, cerca de 130 queixas foram registradas, abordando temas como:

  • Pedidos pela saída de Daniela Beyruti do comando;
  • Críticas à condução de Patrícia Abravanel no Programa Silvio Santos;
  • Rejeição ao conteúdo noturno, incluindo programas de Ratinho e Danilo Gentili;
  • Saudades de formatos antigos, como quadros de namoro e novelas infantojuvenis.

Esses números, embora representem uma fração da audiência total do SBT, indicam um movimento organizado de descontentamento. A plataforma, conhecida por ser um canal de desabafo dos consumidores, tornou-se um termômetro das tensões entre a emissora e seu público, que historicamente se acostumou a uma programação acessível e familiar.

Mudanças na grade e seus impactos

A gestão de Daniela Beyruti trouxe uma reformulação significativa ao SBT. Além do fim de programas consagrados, a emissora apostou em novas atrações para rejuvenescer sua imagem. O Tá na Hora, lançado em 2024 com Marcão do Povo e Márcia Dantas, foi uma das tentativas de conquistar o horário vespertino, mas os resultados ficaram aquém do esperado. O mesmo ocorreu com o É Tudo Nosso, comandado por Benjamin Back, que não conseguiu se firmar nem na audiência nem no faturamento comercial, correndo risco de cancelamento.

Por outro lado, o retorno de clássicos como Chaves e A Usurpadora, em março deste ano, foi uma estratégia para resgatar a audiência perdida. Chaves, exibido em dois horários (13h e 20h45), mantém números estáveis, frequentemente acima dos 4 pontos, enquanto A Usurpadora, reprisada pela oitava vez no Brasil, aposta na nostalgia para atrair o público das tardes. Essas escolhas mostram uma tentativa de equilibrar inovação e tradição, mas a recepção mista sugere que o caminho ainda é incerto.

A saída de novelas como Poliana, que encerrou sua exibição em 2024, também gerou críticas. A produção, voltada para o público infantojuvenil, era uma das marcas do SBT, que já havia emplacado sucessos como Carrossel e Chiquititas. A decisão de priorizar conteúdos adultos no horário noturno, incluindo programas de humor e variedades, reflete uma mudança de foco que não agradou a todos, especialmente os fãs das tramas leves que caracterizavam a emissora.

O desafio de modernizar sem perder a essência

Adaptar o SBT aos novos tempos é uma das missões centrais de Daniela Beyruti. Em 2023, quando assumiu a vice-presidência, ela prometeu uma emissora mais competitiva, capaz de enfrentar a concorrência da Record e do streaming. A criação do +SBT, uma plataforma gratuita com publicidade, prevista para ser lançada em breve, é parte dessa estratégia. O serviço, que combina conteúdo linear e sob demanda, aposta no vasto catálogo da emissora, incluindo programas de Silvio Santos e clássicos como Chiquititas, disponíveis também na Netflix.

A modernização, porém, tem um custo. A saída de executivos experientes, como Murilo Fraga, diretor de programação, e Ariel Jacobowitz, diretor de programas, em outubro de 2024, foi vista como um sinal de renovação, mas também de instabilidade. Esses profissionais, com anos de casa, eram elos com a era de Silvio Santos, e sua ausência reforça a percepção de que o SBT está em uma encruzilhada, entre preservar o passado e abraçar o futuro.

A influência evangélica na emissora também ganhou espaço sob a gestão de Daniela, que, assim como suas irmãs e a mãe, Iris Abravanel, segue essa fé. Em outubro do ano passado, a visita do pastor André Valadão aos estúdios do SBT, com direito a uma oração no cenário do Tá na Hora, chamou atenção. O momento, que reuniu apresentadores e funcionários, foi interpretado como um reflexo da busca por estabilidade em meio à crise, mas também levantou debates sobre a direção ideológica do canal.

A voz dos telespectadores em destaque

Entre as reclamações mais frequentes no Reclame Aqui, alguns pontos se destacam pela recorrência:

  • Mudanças no Programa Silvio Santos: A transição para Patrícia Abravanel é vista como um afastamento do formato original, com críticas ao tom e à dinâmica da atração;
  • Conteúdo noturno: Programas como os de Ratinho e Danilo Gentili são alvos de queixas por seu estilo considerado exagerado ou inadequado;
  • Fim de formatos tradicionais: A ausência de quadros como os de namoro, populares nos tempos de Gugu Liberato e Silvio Santos, é lamentada por muitos;
  • Gestão de Daniela Beyruti: A liderança é questionada por decisões como cortes e reformulações na grade.

Essas críticas refletem uma audiência que sente falta do SBT de outrora, marcado por programas familiares e uma conexão direta com Silvio Santos. A saudade do apresentador, que faleceu há menos de um ano, intensifica o contraste entre o passado glorioso e o presente desafiador da emissora.

Estratégias para o futuro imediato

Olhando para frente, o SBT planeja ajustes na programação para recuperar terreno. A volta do Show do Milhão, clássico apresentado por Silvio Santos entre 1999 e 2003, está confirmada para os próximos meses, agora integrado ao Programa Silvio Santos com Patrícia Abravanel. A iniciativa busca resgatar o apelo dos games shows, um gênero que já foi ponto forte do canal, enquanto mantém o nome de Silvio como chamariz.

A exibição de episódios raros de Chaves, anunciada para abril deste ano, é outra aposta na nostalgia. A série, que alcançou média de 4,1 pontos desde janeiro, continua sendo um trunfo, especialmente no horário nobre, onde frequentemente supera concorrentes como a Band. A estratégia de Daniela inclui ainda a possibilidade de reprisar o Fofocalizando nas madrugadas, ocupando um espaço hoje dominado por reprises de novelas na Globo.

A parceria com a Liga Forte União, que garantiria a transmissão de 38 jogos do Campeonato Brasileiro entre 2025 e 2027, foi descartada em julho do ano passado, após a emissora avaliar que o investimento traria prejuízo. A decisão, comunicada por Daniela em um evento em Santa Catarina, reforça a cautela financeira da gestão, que busca equilibrar custos e receitas em um momento de instabilidade.

Cronograma das principais mudanças no SBT

Para entender o contexto das reclamações, vale relembrar as transformações recentes na emissora:

  • Abril de 2023: Daniela Beyruti assume a vice-presidência, substituindo José Roberto Maciel;
  • Agosto de 2024: Morte de Silvio Santos, aos 93 anos, marca o fim de uma era;
  • Novembro de 2024: Daniela é oficializada como presidente do SBT;
  • Janeiro de 2025: Fim das reprises tradicionais em janeiro, com Patrícia Abravanel alfinetando a gestão;
  • Março de 2025: Retorno de Chaves e A Usurpadora à grade, como resposta à queda de audiência;
  • Abril de 2025: Onda de 130 reclamações no Reclame Aqui reflete insatisfação do público.

Essas datas mostram um período de transição acelerada, com decisões que impactaram diretamente a relação do SBT com seus telespectadores. A saída de Daniela Beyruti, exigida por parte do público, parece improvável, mas a pressão por ajustes na programação é um alerta que a emissora não pode ignorar.

A percepção da família Abravanel

A família Abravanel, que inclui Daniela, Patrícia, Renata e outras herdeiras de Silvio Santos, enfrenta um momento delicado. Renata Abravanel, presidente do Conselho de Administração do Grupo Silvio Santos, trabalha ao lado de Daniela na gestão do conglomerado, que abrange empresas como a Jequiti e o Hotel Jequitimar. Apesar das críticas, a unidade familiar é um ponto強調ado pela emissora, que destaca a preparação de Daniela para o cargo como um fator de legitimidade.

Patrícia, por sua vez, mantém-se como uma das faces públicas do SBT. Sua participação no Melhores do Ano, da Globo, em dezembro de 2024, ao lado de Daniela, foi um raro momento de colaboração entre as emissoras rivais, marcado por uma homenagem a Silvio Santos. O evento, que incluiu o tradicional aviãozinho jogado ao público, reforçou o peso do legado do apresentador, mas também evidenciou a responsabilidade das irmãs em mantê-lo vivo.

A mãe, Iris Abravanel, embora menos ativa na gestão, continua sendo uma influência nos bastidores, especialmente pela autoria de novelas como Carrossel e Poliana. Sua ausência na grade atual é sentida pelos fãs, que associam suas produções ao auge do SBT como referência em conteúdo infantojuvenil.

O que os telespectadores querem de volta

Entre as demandas expressas nas reclamações, algumas sugestões se repetem com frequência:

  • Retorno de quadros de namoro, como os exibidos por Silvio Santos e Gugu Liberato nos anos 1980 e 1990;
  • Novelas infantojuvenis no estilo de Chiquititas e Carrossel, que marcaram a identidade do canal;
  • Menos ênfase em programas de humor considerados apelativos;
  • Maior participação de apresentadores tradicionais, como Celso Portiolli, que mantém alta aprovação entre o público.

Esses pedidos revelam uma audiência que valoriza a simplicidade e o apelo familiar que o SBT cultivou por décadas. A nostalgia, aliada à resistência às mudanças de Daniela Beyruti, forma um cenário complexo para a emissora, que precisa encontrar um equilíbrio entre inovação e tradição.

A resposta do SBT às críticas

Diante da avalanche de reclamações, o SBT mantém uma postura firme. Em todas as respostas no Reclame Aqui, a emissora agradece o contato, explica suas decisões e reafirma a continuidade da gestão de Daniela Beyruti. Sobre o Programa Silvio Santos, o canal destaca a homenagem ao fundador e a adaptação ao estilo de Patrícia Abravanel. Quanto à programação noturna, a justificativa é a busca por diversidade, com conteúdos ajustados aos horários e ao público-alvo.

A estratégia de comunicação, porém, não parece suficiente para reverter a percepção negativa de parte dos telespectadores. A insistência em manter o rumo atual, sem sinais claros de ajustes baseados nas críticas, pode ampliar o distanciamento entre a emissora e sua base fiel, que ainda enxerga no SBT um reflexo da era de ouro de Silvio Santos.

Um canal em transformação

A trajetória do SBT sob Daniela Beyruti é marcada por tentativas de reinvenção em um mercado cada vez mais competitivo. A ascensão do streaming, com plataformas como Netflix e Globoplay ganhando terreno, exige que emissoras tradicionais se adaptem rapidamente. O +SBT, com lançamento iminente, é um passo nessa direção, mas seu sucesso dependerá da capacidade de atrair tanto os fãs nostálgicos quanto uma nova geração de espectadores.

Enquanto isso, a grade tradicional enfrenta desafios imediatos. A Record, com programas como Acerta ou Caia!, tem se consolidado aos domingos, disputando diretamente com o Programa Silvio Santos. A Globo, líder absoluta, também pressiona com reprises estratégicas e conteúdos inéditos, deixando o SBT em uma posição vulnerável. A média de 4,1 pontos de Chaves em 2025 é um alento, mas insuficiente para reverter a tendência de queda geral.

A pressão sobre Daniela Beyruti é evidente. Como presidente, ela carrega o peso de um legado construído por seu pai, mas também a responsabilidade de provar que pode liderar o SBT em uma nova era. As 130 reclamações no Reclame Aqui são apenas a ponta de um iceberg que reflete os anseios de um público dividido entre saudade e expectativa por mudanças.



Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *