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17 Apr 2025, Thu

Dólar despenca no exterior com dúvidas sobre segurança e impacta mercados globais

Dolar


A moeda americana viveu um dia de forte desvalorização no mercado internacional nesta semana, registrando sua maior queda diária desde novembro de 2022, com um recuo próximo de 1,6%. O movimento, observado em 9 de abril de 2025, reflete uma crescente desconfiança entre investidores sobre o status do dólar como um ativo seguro em meio a tensões econômicas globais. No Brasil, o impacto também foi sentido: o dólar comercial caiu 1,23%, fechando a R$ 5,6285, o menor patamar desde outubro do ano passado. A turbulência ocorre após a imposição de tarifas comerciais pelo governo de Donald Trump, afetando mais de 180 países e gerando temores de uma guerra comercial generalizada. Enquanto isso, o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, teve leve queda de 0,04%, sustentando-se nos 131.141 pontos.

A origem desse abalo no dólar está ligada às medidas protecionistas anunciadas por Trump, que variam de 10% a 104% sobre importações, dependendo do país. Para o Brasil, a tarifa foi fixada em 10%, a menor entre as nações afetadas, o que ajudou a amortecer os efeitos negativos no mercado local. Apesar disso, a incerteza global pressionou ativos de risco, como ações, e levou a uma reavaliação do papel da moeda americana como refúgio em tempos de crise. Bolsas asiáticas, europeias e americanas registraram quedas expressivas, com o Dow Jones despencando 3,98%, o S&P 500 caindo 4,85% e o Nasdaq recuando 5,99%. Na Ásia, o Japão viu seu índice Nikkei perder quase 3%, enquanto na Europa as baixas chegaram a patamares similares.

No cenário interno, o real se beneficiou da percepção de que o Brasil saiu como um “ganhador relativo” nesse contexto. A tarifa branda aplicada ao país, aliada ao enfraquecimento global do dólar, atraiu fluxos de capital para mercados emergentes menos impactados pelas barreiras comerciais. Investidores ajustaram posições, reduzindo apostas na valorização da moeda americana e buscando oportunidades em regiões como a América Latina. Porém, especialistas alertam que a queda do petróleo, que recuou 8% após retaliações da China, pode trazer desafios ao Brasil, especialmente no saldo comercial e nas contas públicas.

Primeiras reações ao tarifaço de Trump

A decisão de Donald Trump de impor tarifas a mais de 180 países pegou os mercados de surpresa, embora fosse uma promessa central de sua campanha. Anunciada no fim da tarde de 8 de abril, a medida entrou em vigor rapidamente e desencadeou uma onda de reações. A China, um dos principais alvos com tarifas de até 104%, respondeu com contramedidas, prometendo proteger seus interesses econômicos. O Ministério do Comércio chinês pediu a Washington que revertesse as ações, classificando-as como uma ameaça ao desenvolvimento global.

No Brasil, o Senado aprovou, dias antes do anúncio, um projeto que autoriza o governo a retaliar países que imponham barreiras aos produtos brasileiros. A legislação cria mecanismos para responder a situações como essa, o que pode ser acionado caso as tarifas americanas prejudiquem as exportações nacionais. Por enquanto, o impacto direto no comércio brasileiro parece limitado, mas a escalada das tensões mantém os agentes financeiros em alerta.

Movimentos no mercado global

Os efeitos das tarifas de Trump foram imediatos nos mercados internacionais. A bolsa de Tóquio abriu o dia 9 de abril com uma queda de 8,5%, acionando o mecanismo de “circuit breaker” para interromper as negociações. Em Seul, na Coreia do Sul, as operações também foram suspensas temporariamente devido à volatilidade. Enquanto isso, o índice DXY, que mede o desempenho do dólar contra uma cesta de seis moedas fortes, caiu cerca de 1,5%, atingindo o menor nível desde setembro de 2024.

  • Principais impactos observados:
    • Bolsas asiáticas perderam até 3% em média.
    • Dow Jones registrou a maior queda diária do ano, com -3,98%.
    • Petróleo Brent caiu 8%, cotado abaixo de US$ 70 por barril.

Pressão sobre o dólar como ativo seguro

A desconfiança no dólar como ativo seguro ganhou força com a percepção de que as tarifas podem desacelerar a economia americana. Produtos importados mais caros tendem a elevar a inflação nos Estados Unidos, reduzindo o poder de compra dos consumidores e adiando planos de investimento das empresas. Esse cenário alimentou especulações de que o Federal Reserve, o banco central americano, terá menos espaço para cortar juros, mesmo diante de sinais de enfraquecimento econômico.

Analistas apontam que a rotação de capitais, iniciada no primeiro trimestre de 2025, intensificou-se com essa crise. Investidores que antes viam os Estados Unidos como destino principal para seus recursos agora buscam alternativas na Europa e em mercados emergentes. O Ibovespa, por exemplo, acumula alta de 9% no ano, reflexo dessa realocação. No entanto, a queda nas commodities, como o petróleo e o minério de ferro, que despencou 2,87% em Dalian, na China, levanta preocupações sobre a sustentabilidade desse fluxo.

Resiliência relativa do Brasil

Diferentemente de outros mercados, o Brasil conseguiu sustentar um desempenho razoável em meio ao caos global. O dólar comercial abriu o dia 9 de abril em queda, chegando a R$ 5,5930 na mínima, antes de fechar a R$ 5,6285. O Ibovespa, apesar de terminar com leve baixa, resistiu à pressão que derrubou bolsas mundo afora. A tarifa de 10% imposta pelos EUA ao Brasil, a menor entre os países afetados, foi interpretada como um sinal positivo por investidores.

Essa resiliência tem raízes na percepção de que o mercado brasileiro pode atrair fluxos de capital em um cenário de incerteza global. Exportadores nacionais também enxergam oportunidades de ganhar espaço em mercados antes dominados por concorrentes mais afetados pelas tarifas, como a China. Contudo, a dependência de commodities, especialmente o petróleo, pode limitar esses ganhos se os preços continuarem em queda.

Ajustes no mercado de câmbio

O câmbio brasileiro acompanhou o movimento global de depreciação do dólar, mas com nuances locais. A moeda americana caiu pela décima sessão consecutiva no final de março, e a desvalorização de abril reforça essa tendência. Perto das 15h25 do dia 9, o dólar comercial recuava 0,22%, cotado a R$ 5,9050, enquanto o euro seguia na mesma direção, a R$ 6,1912. O real se destacou como a terceira moeda de melhor desempenho entre as 33 mais líquidas do mundo, atrás apenas do franco suíço e do iene japonês.

Investidores locais ajustaram suas posições, reduzindo apostas na valorização do dólar que haviam crescido no final de 2024, após a eleição de Trump. A expectativa de uma economia americana aquecida deu lugar a temores de recessão, levando a um desmonte de posições em derivativos. Esse movimento coincidiu com a busca por ativos mais seguros ou rentáveis fora dos Estados Unidos.

Impactos nas commodities

A guerra comercial também atingiu o mercado de commodities em cheio. O petróleo Brent, referência global, caiu 8% após a China retaliar as tarifas americanas, refletindo preocupações com uma possível queda na demanda mundial. O minério de ferro, essencial para a balança comercial brasileira, perdeu 2,87% em Dalian, enquanto o petróleo operava em baixa nos mercados internacionais, pressionando ações de empresas como Petrobras e Vale.

No Brasil, as ações ordinárias da Petrobras caíram 1,20%, e as preferenciais recuaram 0,64%. A Vale, afetada pela desvalorização do minério, viu suas ações ordinárias perderem 2,28%. Esses números mostram como o país, apesar de menos atingido pelas tarifas, não está imune às consequências indiretas do conflito comercial.

Resposta da China e riscos globais

A retaliação chinesa às tarifas de Trump foi rápida e firme. O país anunciou medidas para taxar todos os produtos americanos, intensificando o clima de guerra comercial. Autoridades em Pequim afirmaram que as ações dos EUA colocam em risco a economia mundial, prometendo adotar contramedidas para proteger suas empresas e consumidores. Esse embate eleva o temor de uma escalada que pode levar a uma guerra cambial, com moedas sendo manipuladas para ganhar competitividade.

Outros países, como México e Canadá, também foram alvos de tarifas americanas, com taxas de 25% justificadas por Trump como forma de combater a entrada de drogas via fronteira. A soma desses fatores cria um cenário de incerteza que afasta investidores de ativos de risco e pressiona ainda mais o dólar.

Cenário econômico nos Estados Unidos

Nos Estados Unidos, as tarifas podem ter um efeito paradoxal. Embora visem proteger a indústria local, elas encarecem bens importados, o que tende a aumentar a inflação. Isso pode forçar o Federal Reserve a manter ou até elevar juros, mesmo que a economia mostre sinais de desaceleração. A queda de 3,98% no Dow Jones e de 5,99% no Nasdaq no dia 9 reflete a preocupação do mercado com esse futuro incerto.

Empresas americanas já começam a rever planos de investimento, temendo lucros menores em um ambiente de custos mais altos. Consumidores, por sua vez, podem reduzir gastos, o que reforça a possibilidade de uma recessão. Esse quadro mina a confiança no dólar como ativo seguro, beneficiando moedas de mercados emergentes em curto prazo.

Perspectiva para o Brasil

O Brasil, por enquanto, parece navegar em águas relativamente calmas. A tarifa de 10% imposta pelos EUA é vista como um mal menor, e o real ganhou força frente ao dólar. O Ibovespa, mesmo com a leve queda, mantém-se acima dos 131 mil pontos, sustentado por ações de empresas como Alpargatas, que subiu 5,21%, e Yduqs, com alta de 4,20%. Esses ganhos mostram que o mercado doméstico ainda atrai interesse.

Por outro lado, a queda nas commodities preocupa. O petróleo a menos de US$ 70 por barril e o minério em baixa afetam diretamente as exportações brasileiras, que dependem desses produtos para equilibrar a balança comercial. Se a guerra comercial se intensificar, o país pode sentir reflexos mais severos, especialmente no setor fiscal.

Cronologia dos eventos recentes

Os últimos meses foram marcados por uma sequência de acontecimentos que culminaram na crise atual. A eleição de Trump em novembro de 2024 reacendeu debates sobre protecionismo. Em janeiro, durante o Fórum Econômico Mundial em Davos, ele evitou falar em novas tarifas, mas a promessa foi cumprida em abril, surpreendendo os mercados.

  • Principais marcos:
    • Novembro de 2024: Trump vence eleição nos EUA.
    • Janeiro de 2025: Discurso em Davos alivia temores iniciais.
    • 8 de abril de 2025: Tarifas são anunciadas, afetando 180 países.
    • 9 de abril de 2025: Dólar cai 1,6% globalmente.

Atração de capitais para emergentes

A desvalorização do dólar abriu espaço para uma realocação de capitais. Mercados emergentes, como o Brasil, tornaram-se destinos atrativos para investidores que fogem da incerteza americana. O real, valorizado em 0,22% no dia 9, reflete essa tendência. Países como México e Chile, porém, viram suas moedas perderem força, com o peso mexicano caindo 2,33% e o peso chileno recuando 0,59%.

Essa rotação de capitais já era perceptível no início do ano, mas ganhou força com as tarifas. O Brasil, com sua economia diversificada e tarifas menores, destaca-se como uma opção viável. Ainda assim, analistas alertam que a fragilidade das commodities pode limitar esses ganhos no longo prazo.

Efeitos no comércio internacional

O comércio global enfrenta um momento delicado. As tarifas americanas e as retaliações chinesas criam barreiras que afetam cadeias de suprimentos. Produtos brasileiros, como soja e carne, podem ganhar mercado em países que buscam alternativas à China, mas a queda no preço do petróleo e do minério ameaça esse potencial. O Brasil exportou US$ 337 bilhões em 2024, e qualquer oscilação nas commodities pode impactar esse número.

A legislação aprovada no Senado dá ao governo ferramentas para reagir a barreiras comerciais, mas sua aplicação ainda é incerta. Por ora, o país observa os desdobramentos, equilibrando oportunidades e riscos em um cenário de instabilidade mundial.

Reação dos investidores locais

No mercado brasileiro, a queda do dólar foi bem recebida por investidores. A redução de 1,23% na cotação da moeda americana aliviou pressões sobre importadores e empresas endividadas em dólar. O volume financeiro projetado para o Ibovespa no dia 9 foi de R$ 13,7 bilhões, indicando um pregão movimentado, mas com cautela.

Ações de empresas ligadas ao consumo interno, como Alpargatas e MRV Engenharia, subiram 5,21% e 4,04%, respectivamente, mostrando que o mercado doméstico ainda oferece oportunidades. Já gigantes como Petrobras e Vale sofreram com a baixa das commodities, evidenciando a dualidade do momento.

Desafios fiscais à vista

Apesar dos ganhos no câmbio, o Brasil enfrenta desafios fiscais que podem ser agravados pela crise global. A queda do petróleo prejudica a arrecadação de royalties, essencial para o equilíbrio das contas públicas. Em 2024, o país registrou um déficit primário de R$ 166 bilhões, e analistas temem que a dependência de commodities piore esse quadro em 2025.

A percepção de risco fiscal, já elevada desde o início do ano, pode aumentar se o governo não apresentar medidas de corte de gastos. A viagem de Luiz Inácio Lula da Silva à cúpula do G-20, marcada para esta semana, é vista como uma chance de sinalizar estabilidade aos mercados internacionais.

Expectativas para os próximos dias

Os próximos dias prometem mais volatilidade. A resposta da China às tarifas americanas e os desdobramentos no comércio global serão decisivos para o rumo do dólar. No Brasil, investidores aguardam sinais do Banco Central sobre a taxa Selic, atualmente em 14,25%. Projeções indicam que ela pode chegar a 15% até o fim do ano, refletindo a cautela com a economia global.

A curto prazo, o real deve continuar se beneficiando da fraqueza do dólar, mas a sustentabilidade desse movimento depende de fatores como o preço das commodities e a evolução das tensões comerciais. O mercado segue em compasso de espera, com os olhos voltados para Washington e Pequim.

A moeda americana viveu um dia de forte desvalorização no mercado internacional nesta semana, registrando sua maior queda diária desde novembro de 2022, com um recuo próximo de 1,6%. O movimento, observado em 9 de abril de 2025, reflete uma crescente desconfiança entre investidores sobre o status do dólar como um ativo seguro em meio a tensões econômicas globais. No Brasil, o impacto também foi sentido: o dólar comercial caiu 1,23%, fechando a R$ 5,6285, o menor patamar desde outubro do ano passado. A turbulência ocorre após a imposição de tarifas comerciais pelo governo de Donald Trump, afetando mais de 180 países e gerando temores de uma guerra comercial generalizada. Enquanto isso, o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, teve leve queda de 0,04%, sustentando-se nos 131.141 pontos.

A origem desse abalo no dólar está ligada às medidas protecionistas anunciadas por Trump, que variam de 10% a 104% sobre importações, dependendo do país. Para o Brasil, a tarifa foi fixada em 10%, a menor entre as nações afetadas, o que ajudou a amortecer os efeitos negativos no mercado local. Apesar disso, a incerteza global pressionou ativos de risco, como ações, e levou a uma reavaliação do papel da moeda americana como refúgio em tempos de crise. Bolsas asiáticas, europeias e americanas registraram quedas expressivas, com o Dow Jones despencando 3,98%, o S&P 500 caindo 4,85% e o Nasdaq recuando 5,99%. Na Ásia, o Japão viu seu índice Nikkei perder quase 3%, enquanto na Europa as baixas chegaram a patamares similares.

No cenário interno, o real se beneficiou da percepção de que o Brasil saiu como um “ganhador relativo” nesse contexto. A tarifa branda aplicada ao país, aliada ao enfraquecimento global do dólar, atraiu fluxos de capital para mercados emergentes menos impactados pelas barreiras comerciais. Investidores ajustaram posições, reduzindo apostas na valorização da moeda americana e buscando oportunidades em regiões como a América Latina. Porém, especialistas alertam que a queda do petróleo, que recuou 8% após retaliações da China, pode trazer desafios ao Brasil, especialmente no saldo comercial e nas contas públicas.

Primeiras reações ao tarifaço de Trump

A decisão de Donald Trump de impor tarifas a mais de 180 países pegou os mercados de surpresa, embora fosse uma promessa central de sua campanha. Anunciada no fim da tarde de 8 de abril, a medida entrou em vigor rapidamente e desencadeou uma onda de reações. A China, um dos principais alvos com tarifas de até 104%, respondeu com contramedidas, prometendo proteger seus interesses econômicos. O Ministério do Comércio chinês pediu a Washington que revertesse as ações, classificando-as como uma ameaça ao desenvolvimento global.

No Brasil, o Senado aprovou, dias antes do anúncio, um projeto que autoriza o governo a retaliar países que imponham barreiras aos produtos brasileiros. A legislação cria mecanismos para responder a situações como essa, o que pode ser acionado caso as tarifas americanas prejudiquem as exportações nacionais. Por enquanto, o impacto direto no comércio brasileiro parece limitado, mas a escalada das tensões mantém os agentes financeiros em alerta.

Movimentos no mercado global

Os efeitos das tarifas de Trump foram imediatos nos mercados internacionais. A bolsa de Tóquio abriu o dia 9 de abril com uma queda de 8,5%, acionando o mecanismo de “circuit breaker” para interromper as negociações. Em Seul, na Coreia do Sul, as operações também foram suspensas temporariamente devido à volatilidade. Enquanto isso, o índice DXY, que mede o desempenho do dólar contra uma cesta de seis moedas fortes, caiu cerca de 1,5%, atingindo o menor nível desde setembro de 2024.

  • Principais impactos observados:
    • Bolsas asiáticas perderam até 3% em média.
    • Dow Jones registrou a maior queda diária do ano, com -3,98%.
    • Petróleo Brent caiu 8%, cotado abaixo de US$ 70 por barril.

Pressão sobre o dólar como ativo seguro

A desconfiança no dólar como ativo seguro ganhou força com a percepção de que as tarifas podem desacelerar a economia americana. Produtos importados mais caros tendem a elevar a inflação nos Estados Unidos, reduzindo o poder de compra dos consumidores e adiando planos de investimento das empresas. Esse cenário alimentou especulações de que o Federal Reserve, o banco central americano, terá menos espaço para cortar juros, mesmo diante de sinais de enfraquecimento econômico.

Analistas apontam que a rotação de capitais, iniciada no primeiro trimestre de 2025, intensificou-se com essa crise. Investidores que antes viam os Estados Unidos como destino principal para seus recursos agora buscam alternativas na Europa e em mercados emergentes. O Ibovespa, por exemplo, acumula alta de 9% no ano, reflexo dessa realocação. No entanto, a queda nas commodities, como o petróleo e o minério de ferro, que despencou 2,87% em Dalian, na China, levanta preocupações sobre a sustentabilidade desse fluxo.

Resiliência relativa do Brasil

Diferentemente de outros mercados, o Brasil conseguiu sustentar um desempenho razoável em meio ao caos global. O dólar comercial abriu o dia 9 de abril em queda, chegando a R$ 5,5930 na mínima, antes de fechar a R$ 5,6285. O Ibovespa, apesar de terminar com leve baixa, resistiu à pressão que derrubou bolsas mundo afora. A tarifa de 10% imposta pelos EUA ao Brasil, a menor entre os países afetados, foi interpretada como um sinal positivo por investidores.

Essa resiliência tem raízes na percepção de que o mercado brasileiro pode atrair fluxos de capital em um cenário de incerteza global. Exportadores nacionais também enxergam oportunidades de ganhar espaço em mercados antes dominados por concorrentes mais afetados pelas tarifas, como a China. Contudo, a dependência de commodities, especialmente o petróleo, pode limitar esses ganhos se os preços continuarem em queda.

Ajustes no mercado de câmbio

O câmbio brasileiro acompanhou o movimento global de depreciação do dólar, mas com nuances locais. A moeda americana caiu pela décima sessão consecutiva no final de março, e a desvalorização de abril reforça essa tendência. Perto das 15h25 do dia 9, o dólar comercial recuava 0,22%, cotado a R$ 5,9050, enquanto o euro seguia na mesma direção, a R$ 6,1912. O real se destacou como a terceira moeda de melhor desempenho entre as 33 mais líquidas do mundo, atrás apenas do franco suíço e do iene japonês.

Investidores locais ajustaram suas posições, reduzindo apostas na valorização do dólar que haviam crescido no final de 2024, após a eleição de Trump. A expectativa de uma economia americana aquecida deu lugar a temores de recessão, levando a um desmonte de posições em derivativos. Esse movimento coincidiu com a busca por ativos mais seguros ou rentáveis fora dos Estados Unidos.

Impactos nas commodities

A guerra comercial também atingiu o mercado de commodities em cheio. O petróleo Brent, referência global, caiu 8% após a China retaliar as tarifas americanas, refletindo preocupações com uma possível queda na demanda mundial. O minério de ferro, essencial para a balança comercial brasileira, perdeu 2,87% em Dalian, enquanto o petróleo operava em baixa nos mercados internacionais, pressionando ações de empresas como Petrobras e Vale.

No Brasil, as ações ordinárias da Petrobras caíram 1,20%, e as preferenciais recuaram 0,64%. A Vale, afetada pela desvalorização do minério, viu suas ações ordinárias perderem 2,28%. Esses números mostram como o país, apesar de menos atingido pelas tarifas, não está imune às consequências indiretas do conflito comercial.

Resposta da China e riscos globais

A retaliação chinesa às tarifas de Trump foi rápida e firme. O país anunciou medidas para taxar todos os produtos americanos, intensificando o clima de guerra comercial. Autoridades em Pequim afirmaram que as ações dos EUA colocam em risco a economia mundial, prometendo adotar contramedidas para proteger suas empresas e consumidores. Esse embate eleva o temor de uma escalada que pode levar a uma guerra cambial, com moedas sendo manipuladas para ganhar competitividade.

Outros países, como México e Canadá, também foram alvos de tarifas americanas, com taxas de 25% justificadas por Trump como forma de combater a entrada de drogas via fronteira. A soma desses fatores cria um cenário de incerteza que afasta investidores de ativos de risco e pressiona ainda mais o dólar.

Cenário econômico nos Estados Unidos

Nos Estados Unidos, as tarifas podem ter um efeito paradoxal. Embora visem proteger a indústria local, elas encarecem bens importados, o que tende a aumentar a inflação. Isso pode forçar o Federal Reserve a manter ou até elevar juros, mesmo que a economia mostre sinais de desaceleração. A queda de 3,98% no Dow Jones e de 5,99% no Nasdaq no dia 9 reflete a preocupação do mercado com esse futuro incerto.

Empresas americanas já começam a rever planos de investimento, temendo lucros menores em um ambiente de custos mais altos. Consumidores, por sua vez, podem reduzir gastos, o que reforça a possibilidade de uma recessão. Esse quadro mina a confiança no dólar como ativo seguro, beneficiando moedas de mercados emergentes em curto prazo.

Perspectiva para o Brasil

O Brasil, por enquanto, parece navegar em águas relativamente calmas. A tarifa de 10% imposta pelos EUA é vista como um mal menor, e o real ganhou força frente ao dólar. O Ibovespa, mesmo com a leve queda, mantém-se acima dos 131 mil pontos, sustentado por ações de empresas como Alpargatas, que subiu 5,21%, e Yduqs, com alta de 4,20%. Esses ganhos mostram que o mercado doméstico ainda atrai interesse.

Por outro lado, a queda nas commodities preocupa. O petróleo a menos de US$ 70 por barril e o minério em baixa afetam diretamente as exportações brasileiras, que dependem desses produtos para equilibrar a balança comercial. Se a guerra comercial se intensificar, o país pode sentir reflexos mais severos, especialmente no setor fiscal.

Cronologia dos eventos recentes

Os últimos meses foram marcados por uma sequência de acontecimentos que culminaram na crise atual. A eleição de Trump em novembro de 2024 reacendeu debates sobre protecionismo. Em janeiro, durante o Fórum Econômico Mundial em Davos, ele evitou falar em novas tarifas, mas a promessa foi cumprida em abril, surpreendendo os mercados.

  • Principais marcos:
    • Novembro de 2024: Trump vence eleição nos EUA.
    • Janeiro de 2025: Discurso em Davos alivia temores iniciais.
    • 8 de abril de 2025: Tarifas são anunciadas, afetando 180 países.
    • 9 de abril de 2025: Dólar cai 1,6% globalmente.

Atração de capitais para emergentes

A desvalorização do dólar abriu espaço para uma realocação de capitais. Mercados emergentes, como o Brasil, tornaram-se destinos atrativos para investidores que fogem da incerteza americana. O real, valorizado em 0,22% no dia 9, reflete essa tendência. Países como México e Chile, porém, viram suas moedas perderem força, com o peso mexicano caindo 2,33% e o peso chileno recuando 0,59%.

Essa rotação de capitais já era perceptível no início do ano, mas ganhou força com as tarifas. O Brasil, com sua economia diversificada e tarifas menores, destaca-se como uma opção viável. Ainda assim, analistas alertam que a fragilidade das commodities pode limitar esses ganhos no longo prazo.

Efeitos no comércio internacional

O comércio global enfrenta um momento delicado. As tarifas americanas e as retaliações chinesas criam barreiras que afetam cadeias de suprimentos. Produtos brasileiros, como soja e carne, podem ganhar mercado em países que buscam alternativas à China, mas a queda no preço do petróleo e do minério ameaça esse potencial. O Brasil exportou US$ 337 bilhões em 2024, e qualquer oscilação nas commodities pode impactar esse número.

A legislação aprovada no Senado dá ao governo ferramentas para reagir a barreiras comerciais, mas sua aplicação ainda é incerta. Por ora, o país observa os desdobramentos, equilibrando oportunidades e riscos em um cenário de instabilidade mundial.

Reação dos investidores locais

No mercado brasileiro, a queda do dólar foi bem recebida por investidores. A redução de 1,23% na cotação da moeda americana aliviou pressões sobre importadores e empresas endividadas em dólar. O volume financeiro projetado para o Ibovespa no dia 9 foi de R$ 13,7 bilhões, indicando um pregão movimentado, mas com cautela.

Ações de empresas ligadas ao consumo interno, como Alpargatas e MRV Engenharia, subiram 5,21% e 4,04%, respectivamente, mostrando que o mercado doméstico ainda oferece oportunidades. Já gigantes como Petrobras e Vale sofreram com a baixa das commodities, evidenciando a dualidade do momento.

Desafios fiscais à vista

Apesar dos ganhos no câmbio, o Brasil enfrenta desafios fiscais que podem ser agravados pela crise global. A queda do petróleo prejudica a arrecadação de royalties, essencial para o equilíbrio das contas públicas. Em 2024, o país registrou um déficit primário de R$ 166 bilhões, e analistas temem que a dependência de commodities piore esse quadro em 2025.

A percepção de risco fiscal, já elevada desde o início do ano, pode aumentar se o governo não apresentar medidas de corte de gastos. A viagem de Luiz Inácio Lula da Silva à cúpula do G-20, marcada para esta semana, é vista como uma chance de sinalizar estabilidade aos mercados internacionais.

Expectativas para os próximos dias

Os próximos dias prometem mais volatilidade. A resposta da China às tarifas americanas e os desdobramentos no comércio global serão decisivos para o rumo do dólar. No Brasil, investidores aguardam sinais do Banco Central sobre a taxa Selic, atualmente em 14,25%. Projeções indicam que ela pode chegar a 15% até o fim do ano, refletindo a cautela com a economia global.

A curto prazo, o real deve continuar se beneficiando da fraqueza do dólar, mas a sustentabilidade desse movimento depende de fatores como o preço das commodities e a evolução das tensões comerciais. O mercado segue em compasso de espera, com os olhos voltados para Washington e Pequim.

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