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18 Apr 2025, Fri

Faculdades de alunas que zombaram de transplantada se pronunciam. Veja

Imagem colorida de montagem de alunas e paciente transplantada no HC da USP. Metrópoles


São Paulo — As faculdades das alunas de medicina Gabrielli Farias de Souza e Thaís Caldeiras Soares Foffano se pronunciaram sobre o caso envolvendo as estudantes que expuseram e zombaram de uma paciente, de 26 anos, do Instituto do Coração (Incor) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, chamada Vitória Chaves da Silva.

Gabrielli de Souza é aluna de medicina da Universidade Anhembi Morumbi, no campus da Mooca, na zona leste de São Paulo. Thaís Foffano é estudante do 9° período de medicina da Faculdade da Saúde e Ecologia Humana (Faseh), a faculdade está localizada em Belo Horizonte, capital de Minas Gerais.

Ambas as instituições de ensino enviaram a mesma nota ao Metrópoles na tarde desta quarta-feira (9/4). O posicionamento diz que o acontecido não condiz com os princípios e valores das faculdades, “tampouco com o compromisso de uma formação médica, ética e humanizada “.

As unidades lamentaram o ocorrido e se solidarizaram com a família de Vitoria, morta nove dias após a publicação do vídeo por parte das estudantes.

Ambas as instituições afirmam terem adotado, “com máxima urgência”, as medidas cabíveis para apurar o caso, seguindo o regimento interno. O Metrópoles questionou se as estudantes continuam matriculadas nas respectivas faculdades, porém não obteve retorno até o momento desta publicação. Espaço segue aberto.

Investigação do caso

De acordo com a Secretaria da Segurança Pública (SSP), o caso é investigado como injúria por meio de inquérito policial instaurado pelo 14° Distrito Policial (Pinheiros). “A mãe da vítima foi ouvida e as diligências seguem visando o devido esclarecimento dos fatos, bem como a responsabilização dos envolvidos”, informou a pasta.

Caso sejam condenadas, Gabrielli e Thaís podem ser detidas por um a seis meses, ou pagar multa. A pena pode ser agravada para até um ano, caso seja constatada alguma violência acompanhando o crime.

Gabrielli e Thaís são investigadas após um vídeo gravado pelas duas ter viralizado no TikTok. O material chegou à mãe de Vitória, Cláudia Aparecida da Rocha Chaves. Na gravação, apesar de não falaram o nome da paciente, as estudantes mencionam os três transplantes cardíacos e indicam quando os procedimento foram feitos — na infância, na adolescência e no início da maioridade, informações que coincidem com o caso de Vitória.

Veja o vídeo:

A postagem, feita em 17 de fevereiro, foi visualizada por pouco mais de 212 mil pessoas, o suficiente para um amigo reconhecer o caso de Vitória e enviar uma mensagem de texto à família da amiga. A repercussão do caso fez com que o vídeo fosse tirado do ar nessa terça-feira (8/4).

“Um transplante cardíaco já é burocrático, já é raro, tem a questão da fila de espera, da compatibilidade, mil questões envolvidas… Agora, uma pessoa passar por um transplante três vezes, isso é real e aconteceu aqui no Incor e essa paciente está internada aqui”, afirma Thaís no vídeo.

Na postagem, Thaís ainda comenta que ela e a colega iriam se encontrar com Vitória em seguida. “A gente vai subir lá em cima [sic] e tentar conversar com essa paciente transplantada por três vezes”.

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As estudantes de medicina Thais Caldeira Soares Foffano (dir.) e Gabrielli Farias de Souza

Reprodução

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Uma das alunas chega a zombar da quantidade de transplantes aos quais Vitória foi submetida

Reprodução/TikTok

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As estudantes de medicina Thais Caldeiras Soares Foffano (esq.) e Gabrielli Farias de Souza

Reprodução

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Vídeo foi tirado do ar

Reprodução/TikTok

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Alunas expuseram caso de paciente

Reprodução/TikTok

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Estudantes mencionam informações inverídicas, segundo família de paciente

Reprodução/TikTok

7 de 7Reprodução/TikTok/Arquivo Pessoal

Antes do encontro, Gabrielli dá detalhes dos procedimentos aos quais Vitória foi submetida. “A segunda vez ela transplantou e não tomou os remédios que deveria tomar, o corpo rejeitou [o órgão] e teve que transplantar de novo, por um erro dela [Vitória]. Agora ela transplantou de novo, [o corpo] aceitou, mas o rim não lidou bem com as medicações.” É nesse momento que Thaís afirma que a paciente “acha que tem sete vidas”.

Vitória morreu nove dias depois do vídeo, devido a um choque séptico e insuficiência renal crônica. A morte ocorreu um ano após o terceiro transplante de coração e dois anos depois de um transplante de rim, órgão que ficou comprometido durante o tratamento cardíaco da jovem.

Família contesta declarações

Cláudia, mãe de Vitória, contestou as declarações das estudantes. “O que elas dizem é inverídico e temos provas de tudo, de que ela [Vitória] seguia o tratamento à risca”, diz a mãe.

“A gente sempre acompanhou a Vitória. A gente sabia o quanto ela lutava para viver, né? Tanto é que tem um monte de ofício na promotoria de a gente pedindo ajuda com medicação, com passagem para vir no tratamento. Ela nunca faltou a uma consulta sequer, né? E minha filha tinha sede de vida. Tudo o que ela queria era viver. Aí vem uma pessoa e diminui a história dela, eu não aceito, quero Justiça”, desabafou Cláudia.

Após o episódio, a mãe registrou um boletim de ocorrência e acionou o Ministério Público de São Paulo (MPSP).

O que dizem Incor e USP

As estudantes têm sido procuradas pelo Metrópoles desde terça-feira (8/4), sem sucesso. O espaço está aberto para manifestação.

Em nota encaminhada à reportagem, o Incor afirmou não divulgar dados de pacientes. A instituição afirmou, ainda, repudiar “veementemente” atitudes que violem os princípios da ética e confidencialidade. O instituto acrescentou que apura “rigorosamente o caso mencionado”, ressaltando que “adotará todas as medidas cabíveis”.

Procurada, a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) disse que as alunas atualmente não têm qualquer vínculo acadêmico com a universidade ou com o Incor. As estudantes estavam no hospital em função de um curso de extensão de curta duração (um mês). “Assim que foi tomado conhecimento do fato, as universidades de origem das estudantes foram notificadas para que possam tomar as providências cabíveis”, diz nota.

“Internamente, a USP está tomando medidas adicionais para reforçar junto aos participantes de cursos de extensão as orientações formais sobre conduta ética e uso responsável das redes sociais, além da assinatura de um termo de compromisso com os princípios de respeito aos pacientes e aos valores que regem a atuação da instituição”, completa o texto.

São Paulo — As faculdades das alunas de medicina Gabrielli Farias de Souza e Thaís Caldeiras Soares Foffano se pronunciaram sobre o caso envolvendo as estudantes que expuseram e zombaram de uma paciente, de 26 anos, do Instituto do Coração (Incor) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, chamada Vitória Chaves da Silva.

Gabrielli de Souza é aluna de medicina da Universidade Anhembi Morumbi, no campus da Mooca, na zona leste de São Paulo. Thaís Foffano é estudante do 9° período de medicina da Faculdade da Saúde e Ecologia Humana (Faseh), a faculdade está localizada em Belo Horizonte, capital de Minas Gerais.

Ambas as instituições de ensino enviaram a mesma nota ao Metrópoles na tarde desta quarta-feira (9/4). O posicionamento diz que o acontecido não condiz com os princípios e valores das faculdades, “tampouco com o compromisso de uma formação médica, ética e humanizada “.

As unidades lamentaram o ocorrido e se solidarizaram com a família de Vitoria, morta nove dias após a publicação do vídeo por parte das estudantes.

Ambas as instituições afirmam terem adotado, “com máxima urgência”, as medidas cabíveis para apurar o caso, seguindo o regimento interno. O Metrópoles questionou se as estudantes continuam matriculadas nas respectivas faculdades, porém não obteve retorno até o momento desta publicação. Espaço segue aberto.

Investigação do caso

De acordo com a Secretaria da Segurança Pública (SSP), o caso é investigado como injúria por meio de inquérito policial instaurado pelo 14° Distrito Policial (Pinheiros). “A mãe da vítima foi ouvida e as diligências seguem visando o devido esclarecimento dos fatos, bem como a responsabilização dos envolvidos”, informou a pasta.

Caso sejam condenadas, Gabrielli e Thaís podem ser detidas por um a seis meses, ou pagar multa. A pena pode ser agravada para até um ano, caso seja constatada alguma violência acompanhando o crime.

Gabrielli e Thaís são investigadas após um vídeo gravado pelas duas ter viralizado no TikTok. O material chegou à mãe de Vitória, Cláudia Aparecida da Rocha Chaves. Na gravação, apesar de não falaram o nome da paciente, as estudantes mencionam os três transplantes cardíacos e indicam quando os procedimento foram feitos — na infância, na adolescência e no início da maioridade, informações que coincidem com o caso de Vitória.

Veja o vídeo:

A postagem, feita em 17 de fevereiro, foi visualizada por pouco mais de 212 mil pessoas, o suficiente para um amigo reconhecer o caso de Vitória e enviar uma mensagem de texto à família da amiga. A repercussão do caso fez com que o vídeo fosse tirado do ar nessa terça-feira (8/4).

“Um transplante cardíaco já é burocrático, já é raro, tem a questão da fila de espera, da compatibilidade, mil questões envolvidas… Agora, uma pessoa passar por um transplante três vezes, isso é real e aconteceu aqui no Incor e essa paciente está internada aqui”, afirma Thaís no vídeo.

Na postagem, Thaís ainda comenta que ela e a colega iriam se encontrar com Vitória em seguida. “A gente vai subir lá em cima [sic] e tentar conversar com essa paciente transplantada por três vezes”.

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As estudantes de medicina Thais Caldeira Soares Foffano (dir.) e Gabrielli Farias de Souza

Reprodução

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Uma das alunas chega a zombar da quantidade de transplantes aos quais Vitória foi submetida

Reprodução/TikTok

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As estudantes de medicina Thais Caldeiras Soares Foffano (esq.) e Gabrielli Farias de Souza

Reprodução

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Vídeo foi tirado do ar

Reprodução/TikTok

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Alunas expuseram caso de paciente

Reprodução/TikTok

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Estudantes mencionam informações inverídicas, segundo família de paciente

Reprodução/TikTok

7 de 7Reprodução/TikTok/Arquivo Pessoal

Antes do encontro, Gabrielli dá detalhes dos procedimentos aos quais Vitória foi submetida. “A segunda vez ela transplantou e não tomou os remédios que deveria tomar, o corpo rejeitou [o órgão] e teve que transplantar de novo, por um erro dela [Vitória]. Agora ela transplantou de novo, [o corpo] aceitou, mas o rim não lidou bem com as medicações.” É nesse momento que Thaís afirma que a paciente “acha que tem sete vidas”.

Vitória morreu nove dias depois do vídeo, devido a um choque séptico e insuficiência renal crônica. A morte ocorreu um ano após o terceiro transplante de coração e dois anos depois de um transplante de rim, órgão que ficou comprometido durante o tratamento cardíaco da jovem.

Família contesta declarações

Cláudia, mãe de Vitória, contestou as declarações das estudantes. “O que elas dizem é inverídico e temos provas de tudo, de que ela [Vitória] seguia o tratamento à risca”, diz a mãe.

“A gente sempre acompanhou a Vitória. A gente sabia o quanto ela lutava para viver, né? Tanto é que tem um monte de ofício na promotoria de a gente pedindo ajuda com medicação, com passagem para vir no tratamento. Ela nunca faltou a uma consulta sequer, né? E minha filha tinha sede de vida. Tudo o que ela queria era viver. Aí vem uma pessoa e diminui a história dela, eu não aceito, quero Justiça”, desabafou Cláudia.

Após o episódio, a mãe registrou um boletim de ocorrência e acionou o Ministério Público de São Paulo (MPSP).

O que dizem Incor e USP

As estudantes têm sido procuradas pelo Metrópoles desde terça-feira (8/4), sem sucesso. O espaço está aberto para manifestação.

Em nota encaminhada à reportagem, o Incor afirmou não divulgar dados de pacientes. A instituição afirmou, ainda, repudiar “veementemente” atitudes que violem os princípios da ética e confidencialidade. O instituto acrescentou que apura “rigorosamente o caso mencionado”, ressaltando que “adotará todas as medidas cabíveis”.

Procurada, a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) disse que as alunas atualmente não têm qualquer vínculo acadêmico com a universidade ou com o Incor. As estudantes estavam no hospital em função de um curso de extensão de curta duração (um mês). “Assim que foi tomado conhecimento do fato, as universidades de origem das estudantes foram notificadas para que possam tomar as providências cabíveis”, diz nota.

“Internamente, a USP está tomando medidas adicionais para reforçar junto aos participantes de cursos de extensão as orientações formais sobre conduta ética e uso responsável das redes sociais, além da assinatura de um termo de compromisso com os princípios de respeito aos pacientes e aos valores que regem a atuação da instituição”, completa o texto.



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