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18 Apr 2025, Fri

Casa Branca eleva tarifa contra China a 145% e acirra guerra comercial em 90 dias

Porto de Águas Profundas de Yangshan


A Casa Branca anunciou nesta quinta-feira, 10 de abril, que a tarifa total sobre produtos chineses alcançará 145%, intensificando a guerra comercial entre Estados Unidos e China. A medida, que combina uma nova taxa de 125% divulgada por Donald Trump na quarta-feira com os 20% já aplicados desde o início do ano, reflete a estratégia do presidente americano de pressionar Pequim. O objetivo é duplo: reduzir o déficit comercial dos EUA com a China e retaliar contra as ações de Pequim, que respondeu às tarifas americanas com medidas próprias. Enquanto isso, Trump suspendeu por 90 dias tarifas mais altas contra outros parceiros comerciais, oferecendo uma janela para negociações, mas manteve o foco em um confronto direto com a segunda maior economia do mundo. A decisão gerou reações mistas nos mercados globais, com quedas em Nova York e otimismo na Ásia e Europa.

A imposição da tarifa de 125% sobre bens chineses foi detalhada em um memorando oficial da Casa Branca, que esclareceu a soma com os 20% anteriores, aplicados como parte de uma política para combater o tráfico de fentanil. O aumento drástico nas taxas ocorre em um momento de alta tensão, com os EUA acusando a China de práticas comerciais desleais e falta de respeito às negociações. Horas após o início das novas tarifas contra dezenas de países, Trump recuou parcialmente, adiando as alíquotas mais elevadas para a maioria dos parceiros comerciais e fixando uma taxa universal de 10% durante o período de trégua. A exceção foi a China, que enfrenta agora um dos maiores encargos tarifários já impostos pelos EUA em sua história recente.

Oscilações nos mercados financeiros globais marcaram as últimas 48 horas. Na quarta-feira, as bolsas americanas registraram a maior alta em anos, impulsionadas pela pausa nas tarifas anunciada por Trump. Porém, o otimismo durou pouco: nesta quinta-feira, os índices em Nova York despencaram, com o Dow Jones caindo 2,75%, o Nasdaq recuando 4% e o S&P 500 perdendo 3,27% por volta das 12h20. No Brasil, o Ibovespa acompanhou a tendência de baixa, registrando queda de 0,86%, chegando a 126.703 pontos, enquanto o dólar subiu 1,49%, cotado a R$ 5,932. Em contraste, bolsas asiáticas fecharam em forte alta, e as europeias dispararam, refletindo alívio com a trégua parcial na guerra comercial.

Primeiros impactos da tarifa de 145%

A decisão de elevar as tarifas contra a China a 145% já provoca ondas de choque em setores econômicos e nas relações internacionais. Empresas americanas que dependem de importações chinesas, como varejistas e fabricantes, preveem aumento nos custos operacionais, o que pode ser repassado aos consumidores finais. Pequim, por sua vez, não ficou de braços cruzados: nesta quinta-feira, anunciou restrições à importação de filmes de Hollywood, abrindo uma nova frente na disputa comercial. A medida é vista como uma retaliação direta às ações de Trump, embora analistas apontem que o impacto no mercado cinematográfico chinês será limitado, dado o crescimento da produção local e a queda no interesse por filmes americanos nos últimos anos.

Além disso, a Casa Branca aumentou os impostos sobre pequenos pacotes provenientes da China, afetando compras online em plataformas como Temu e Shein. A partir de 2 de maio, itens de até US$ 800 passarão a ser taxados em 120%, um salto em relação aos 90% planejados anteriormente. A taxa por item postal também subirá: entre 2 de maio e 1º de junho, será de US$ 100 por pacote, contra os US$ 75 iniciais; após 1º de junho, o valor chegará a US$ 200, ante os US$ 150 anunciados antes. Essas mudanças devem impactar diretamente consumidores americanos acostumados a importar produtos baratos, como roupas e eletrônicos de baixo custo.

Reações globais à trégua de 90 dias

Enquanto a China enfrenta tarifas recordes, outros países ganharam um alívio temporário com a suspensão das alíquotas mais altas por 90 dias. A trégua, que começou nesta quarta-feira, mantém uma tarifa geral de 10% sobre importações de dezenas de nações, mas abre espaço para negociações bilaterais. Caso os acordos não sejam fechados até 9 de julho, as taxas mais elevadas voltarão a vigorar. Países como Canadá e México, protegidos pelo acordo USMCA, não sofrerão mudanças adicionais, mas a União Europeia, que planejava tarifas retaliatórias de 21 bilhões de euros sobre produtos americanos, decidiu pausar sua resposta enquanto avalia os próximos passos.

A volatilidade nos mercados reflete a incerteza sobre o futuro. Na Ásia, o índice Kospi da Coreia do Sul entrou em território de baixa, caindo mais de 20% desde seu pico recente, apesar de medidas emergenciais do governo local para apoiar a indústria automotiva. Já o petróleo, que despencou com temores de uma desaceleração global, recuperou parte das perdas após a pausa nas tarifas, mas voltou a cair 4,6% nesta quinta-feira, com o barril nos EUA cotado a US$ 59,50. A combinação de alívio temporário e tensões persistentes com a China mantém investidores em alerta, enquanto empresas globais ajustam suas cadeias de suprimentos para lidar com o cenário imprevisível.

Cronograma das tarifas americanas

As mudanças nas tarifas de Trump seguem um calendário que mistura imposições imediatas e prazos futuros:

  • 2 de abril: Trump anuncia tarifas iniciais, incluindo 34% sobre a China e 10% globalmente.
  • 9 de abril: Entram em vigor tarifas “recíprocas” contra 60 países, mas são suspensas horas depois por 90 dias, exceto para a China, que sobe a 125%.
  • 10 de abril: Casa Branca confirma tarifa total de 145% sobre a China e ajustes em taxas de pacotes postais.
  • 2 de maio: Início da taxação de 120% sobre itens de até US$ 800 da China, com taxa postal de US$ 100.
  • 1º de junho: Taxa postal sobe para US$ 200 por item.
  • 9 de julho: Fim da trégua de 90 dias, com possível retorno das tarifas mais altas.

Esse cronograma reflete a abordagem oscilante de Trump, que alterna entre pressão máxima e recuos táticos, mantendo o mundo econômico em suspense.

Por trás da decisão de Trump

A reviravolta de Trump na política tarifária não veio sem contexto. Antes do recuo parcial, os mercados globais enfrentaram dias de turbulência, com quedas acentuadas que eliminaram trilhões de dólares em valor. Assessores do presidente apresentaram dados preocupantes sobre o mercado de títulos, e aliados internacionais fizeram apelos diretos para evitar um colapso financeiro. Na quarta-feira, horas antes do anúncio da pausa, Trump postou em sua rede social que era “um ótimo momento para comprar”, levantando suspeitas de manipulação de mercado. A Casa Branca, porém, insiste que a pausa faz parte de uma estratégia planejada, apelidada de “arte do acordo” por sua porta-voz.

Internamente, a pressão também cresceu. Parlamentares americanos, como a senadora Maria Cantwell, defendem um projeto de lei com apoio bipartidário para limitar a autonomia de Trump nas tarifas, chamando-as de “pesadelo econômico”. Enquanto isso, empresas globais já reduziram encomendas, temendo os custos adicionais. Apple, por exemplo, fretou seis aviões cargueiros para transportar 600 toneladas de iPhones da Índia aos EUA, numa tentativa de escapar das tarifas chinesas e garantir estoques antes das novas taxas.

Efeitos nos mercados e nas empresas

A montanha-russa dos mercados financeiros nas últimas 48 horas expôs a fragilidade da economia global diante das decisões de Trump. Após a pausa nas tarifas, o índice S&P 500 registrou na quarta-feira seu melhor dia desde outubro de 2008, com alta de 9,5%. No entanto, a euforia deu lugar a uma nova onda de vendas nesta quinta-feira, com investidores reavaliando os riscos de um confronto prolongado com a China. O aumento das tarifas sobre Pequim, agora em 145%, ameaça cadeias de suprimentos globais, especialmente em setores como tecnologia e varejo, que dependem fortemente de manufatura chinesa.

Empresas americanas já sentem o impacto. Varejistas que utilizam plataformas como Temu e Shein enfrentam custos mais altos com as novas taxas postais, enquanto fabricantes de eletrônicos correm para diversificar suas operações. A trégua de 90 dias oferece um respiro temporário, mas a incerteza sobre o resultado das negociações mantém o clima de cautela. No Brasil, a alta do dólar pressiona importadores e pode elevar preços de produtos essenciais, enquanto o Ibovespa reflete o pessimismo dos investidores locais diante do cenário global.

Resposta da China e escalada cultural

Pequim reagiu rapidamente à tarifa de 145%, prometendo “lutar até o fim” contra as medidas americanas. Além de limitar a importação de filmes de Hollywood, a China elevou suas próprias tarifas sobre bens americanos de 34% para 84%, intensificando a guerra comercial. A restrição aos filmes americanos, embora simbólica, reflete uma estratégia mais ampla de Pequim para proteger sua economia e cultura doméstica. Analistas observam que o mercado cinematográfico chinês, o segundo maior do mundo, tem se voltado cada vez mais para produções locais, reduzindo a dependência de Hollywood.

A escalada não se limita ao comércio. A Casa Branca justificou os 20% iniciais da tarifa à China como resposta ao tráfico de fentanil, mas a nova alíquota de 125% é vista como uma punição direta às retaliações chinesas. Trump, em reunião com seu gabinete, minimizou a resposta de Pequim, dizendo que “já ouviu coisas piores”. A troca de farpas entre as duas potências sugere que a disputa está longe de um desfecho, com implicações que vão além da economia e tocam questões geopolíticas sensíveis.

O que esperar dos próximos 90 dias

Com a trégua de 90 dias em vigor, o foco agora se volta para as negociações entre os EUA e seus parceiros comerciais. Trump afirmou que mais de 75 países já entraram em contato para discutir novos acordos, mas deixou em aberto a possibilidade de prorrogar a pausa caso os resultados não sejam satisfatórios. O secretário do Tesouro, Scott Bessent, reforçou que as conversas trarão “grande certeza” até julho, mas a complexidade de negociar simultaneamente com dezenas de nações levanta dúvidas sobre a viabilidade do plano.

Para a China, o cenário é menos promissor. A tarifa de 145% sinaliza uma postura inflexível de Trump, que vê Pequim como o principal adversário comercial dos EUA. Enquanto outros países buscam acordos para evitar tarifas mais altas, a China parece disposta a manter sua posição, mesmo à custa de perdas econômicas. O prazo até 9 de julho será decisivo para determinar se a guerra comercial alcançará um novo patamar ou se haverá espaço para uma détente improvável entre as duas maiores economias do mundo.

Curiosidades sobre as tarifas de Trump

O impacto das tarifas vai além dos números e afeta o dia a dia de consumidores e empresas. Veja alguns pontos que chamam atenção:

  • A tarifa de 145% sobre a China é a maior já imposta pelos EUA a um único país em décadas.
  • Pequenos pacotes da China, como roupas baratas, podem dobrar de preço nos EUA com as novas taxas postais.
  • A pausa de 90 dias foi decidida após quedas recordes nos mercados, que apagaram trilhões em valor global.
  • A Apple transportou 1,5 milhão de iPhones da Índia para evitar tarifas chinesas.
  • O preço do ovo nos EUA atingiu US$ 6,23 por dúzia, desafiando promessas de Trump de reduzi-lo.

Esses detalhes mostram como as decisões de Trump reverberam em escala global, do comércio à mesa dos americanos.

Pressões internas e externas

Nos Estados Unidos, a política tarifária de Trump enfrenta resistência crescente. Parlamentares como Mike Thompson criticaram a exclusão da Rússia das tarifas, enquanto outros, como Adam Schiff, questionam os impactos econômicos. Governadores democratas, como JB Pritzker, de Illinois, e Tim Walz, de Minnesota, acusam o presidente de prejudicar as famílias trabalhadoras e a economia nacional. A ameaça de um projeto de lei para exigir aprovação congressional às tarifas ganha força, sinalizando um raro consenso bipartidário contra a autonomia de Trump na questão.

No exterior, a trégua de 90 dias trouxe alívio, mas não elimina as tensões. A União Europeia, que planejava retaliar com tarifas sobre US$ 23 bilhões em bens americanos, agora avalia se mantém a pressão ou busca um acordo. Países como Japão, Coreia do Sul e Reino Unido, atingidos pela tarifa universal de 10%, ajustam suas estratégias para evitar perdas maiores em julho. Enquanto isso, o Brasil, com o dólar em alta, enfrenta desafios para manter exportações competitivas, especialmente em setores como o agronegócio.

Perspectivas econômicas em jogo

A combinação de tarifas recordes contra a China e uma trégua parcial com o resto do mundo coloca a economia global em uma encruzilhada. Economistas alertam que a persistência da guerra comercial pode levar a uma recessão, especialmente se as negociações dos próximos 90 dias falharem. O aumento das taxas sobre Pequim ameaça desestabilizar cadeias de suprimentos, enquanto a pausa oferece uma chance de realinhamento comercial que pode beneficiar os EUA, caso Trump consiga acordos favoráveis.

Para os consumidores, os efeitos já são visíveis. Nos EUA, o preço de bens importados deve subir, enquanto no Brasil a alta do dólar encarece produtos como eletrônicos e combustíveis. A volatilidade nos mercados de ações e commodities, como o petróleo, reflete a incerteza que domina o cenário. Com a China decidida a resistir e outros países em compasso de espera, os próximos meses serão cruciais para definir o rumo da economia mundial sob a liderança imprevisível de Donald Trump.



A Casa Branca anunciou nesta quinta-feira, 10 de abril, que a tarifa total sobre produtos chineses alcançará 145%, intensificando a guerra comercial entre Estados Unidos e China. A medida, que combina uma nova taxa de 125% divulgada por Donald Trump na quarta-feira com os 20% já aplicados desde o início do ano, reflete a estratégia do presidente americano de pressionar Pequim. O objetivo é duplo: reduzir o déficit comercial dos EUA com a China e retaliar contra as ações de Pequim, que respondeu às tarifas americanas com medidas próprias. Enquanto isso, Trump suspendeu por 90 dias tarifas mais altas contra outros parceiros comerciais, oferecendo uma janela para negociações, mas manteve o foco em um confronto direto com a segunda maior economia do mundo. A decisão gerou reações mistas nos mercados globais, com quedas em Nova York e otimismo na Ásia e Europa.

A imposição da tarifa de 125% sobre bens chineses foi detalhada em um memorando oficial da Casa Branca, que esclareceu a soma com os 20% anteriores, aplicados como parte de uma política para combater o tráfico de fentanil. O aumento drástico nas taxas ocorre em um momento de alta tensão, com os EUA acusando a China de práticas comerciais desleais e falta de respeito às negociações. Horas após o início das novas tarifas contra dezenas de países, Trump recuou parcialmente, adiando as alíquotas mais elevadas para a maioria dos parceiros comerciais e fixando uma taxa universal de 10% durante o período de trégua. A exceção foi a China, que enfrenta agora um dos maiores encargos tarifários já impostos pelos EUA em sua história recente.

Oscilações nos mercados financeiros globais marcaram as últimas 48 horas. Na quarta-feira, as bolsas americanas registraram a maior alta em anos, impulsionadas pela pausa nas tarifas anunciada por Trump. Porém, o otimismo durou pouco: nesta quinta-feira, os índices em Nova York despencaram, com o Dow Jones caindo 2,75%, o Nasdaq recuando 4% e o S&P 500 perdendo 3,27% por volta das 12h20. No Brasil, o Ibovespa acompanhou a tendência de baixa, registrando queda de 0,86%, chegando a 126.703 pontos, enquanto o dólar subiu 1,49%, cotado a R$ 5,932. Em contraste, bolsas asiáticas fecharam em forte alta, e as europeias dispararam, refletindo alívio com a trégua parcial na guerra comercial.

Primeiros impactos da tarifa de 145%

A decisão de elevar as tarifas contra a China a 145% já provoca ondas de choque em setores econômicos e nas relações internacionais. Empresas americanas que dependem de importações chinesas, como varejistas e fabricantes, preveem aumento nos custos operacionais, o que pode ser repassado aos consumidores finais. Pequim, por sua vez, não ficou de braços cruzados: nesta quinta-feira, anunciou restrições à importação de filmes de Hollywood, abrindo uma nova frente na disputa comercial. A medida é vista como uma retaliação direta às ações de Trump, embora analistas apontem que o impacto no mercado cinematográfico chinês será limitado, dado o crescimento da produção local e a queda no interesse por filmes americanos nos últimos anos.

Além disso, a Casa Branca aumentou os impostos sobre pequenos pacotes provenientes da China, afetando compras online em plataformas como Temu e Shein. A partir de 2 de maio, itens de até US$ 800 passarão a ser taxados em 120%, um salto em relação aos 90% planejados anteriormente. A taxa por item postal também subirá: entre 2 de maio e 1º de junho, será de US$ 100 por pacote, contra os US$ 75 iniciais; após 1º de junho, o valor chegará a US$ 200, ante os US$ 150 anunciados antes. Essas mudanças devem impactar diretamente consumidores americanos acostumados a importar produtos baratos, como roupas e eletrônicos de baixo custo.

Reações globais à trégua de 90 dias

Enquanto a China enfrenta tarifas recordes, outros países ganharam um alívio temporário com a suspensão das alíquotas mais altas por 90 dias. A trégua, que começou nesta quarta-feira, mantém uma tarifa geral de 10% sobre importações de dezenas de nações, mas abre espaço para negociações bilaterais. Caso os acordos não sejam fechados até 9 de julho, as taxas mais elevadas voltarão a vigorar. Países como Canadá e México, protegidos pelo acordo USMCA, não sofrerão mudanças adicionais, mas a União Europeia, que planejava tarifas retaliatórias de 21 bilhões de euros sobre produtos americanos, decidiu pausar sua resposta enquanto avalia os próximos passos.

A volatilidade nos mercados reflete a incerteza sobre o futuro. Na Ásia, o índice Kospi da Coreia do Sul entrou em território de baixa, caindo mais de 20% desde seu pico recente, apesar de medidas emergenciais do governo local para apoiar a indústria automotiva. Já o petróleo, que despencou com temores de uma desaceleração global, recuperou parte das perdas após a pausa nas tarifas, mas voltou a cair 4,6% nesta quinta-feira, com o barril nos EUA cotado a US$ 59,50. A combinação de alívio temporário e tensões persistentes com a China mantém investidores em alerta, enquanto empresas globais ajustam suas cadeias de suprimentos para lidar com o cenário imprevisível.

Cronograma das tarifas americanas

As mudanças nas tarifas de Trump seguem um calendário que mistura imposições imediatas e prazos futuros:

  • 2 de abril: Trump anuncia tarifas iniciais, incluindo 34% sobre a China e 10% globalmente.
  • 9 de abril: Entram em vigor tarifas “recíprocas” contra 60 países, mas são suspensas horas depois por 90 dias, exceto para a China, que sobe a 125%.
  • 10 de abril: Casa Branca confirma tarifa total de 145% sobre a China e ajustes em taxas de pacotes postais.
  • 2 de maio: Início da taxação de 120% sobre itens de até US$ 800 da China, com taxa postal de US$ 100.
  • 1º de junho: Taxa postal sobe para US$ 200 por item.
  • 9 de julho: Fim da trégua de 90 dias, com possível retorno das tarifas mais altas.

Esse cronograma reflete a abordagem oscilante de Trump, que alterna entre pressão máxima e recuos táticos, mantendo o mundo econômico em suspense.

Por trás da decisão de Trump

A reviravolta de Trump na política tarifária não veio sem contexto. Antes do recuo parcial, os mercados globais enfrentaram dias de turbulência, com quedas acentuadas que eliminaram trilhões de dólares em valor. Assessores do presidente apresentaram dados preocupantes sobre o mercado de títulos, e aliados internacionais fizeram apelos diretos para evitar um colapso financeiro. Na quarta-feira, horas antes do anúncio da pausa, Trump postou em sua rede social que era “um ótimo momento para comprar”, levantando suspeitas de manipulação de mercado. A Casa Branca, porém, insiste que a pausa faz parte de uma estratégia planejada, apelidada de “arte do acordo” por sua porta-voz.

Internamente, a pressão também cresceu. Parlamentares americanos, como a senadora Maria Cantwell, defendem um projeto de lei com apoio bipartidário para limitar a autonomia de Trump nas tarifas, chamando-as de “pesadelo econômico”. Enquanto isso, empresas globais já reduziram encomendas, temendo os custos adicionais. Apple, por exemplo, fretou seis aviões cargueiros para transportar 600 toneladas de iPhones da Índia aos EUA, numa tentativa de escapar das tarifas chinesas e garantir estoques antes das novas taxas.

Efeitos nos mercados e nas empresas

A montanha-russa dos mercados financeiros nas últimas 48 horas expôs a fragilidade da economia global diante das decisões de Trump. Após a pausa nas tarifas, o índice S&P 500 registrou na quarta-feira seu melhor dia desde outubro de 2008, com alta de 9,5%. No entanto, a euforia deu lugar a uma nova onda de vendas nesta quinta-feira, com investidores reavaliando os riscos de um confronto prolongado com a China. O aumento das tarifas sobre Pequim, agora em 145%, ameaça cadeias de suprimentos globais, especialmente em setores como tecnologia e varejo, que dependem fortemente de manufatura chinesa.

Empresas americanas já sentem o impacto. Varejistas que utilizam plataformas como Temu e Shein enfrentam custos mais altos com as novas taxas postais, enquanto fabricantes de eletrônicos correm para diversificar suas operações. A trégua de 90 dias oferece um respiro temporário, mas a incerteza sobre o resultado das negociações mantém o clima de cautela. No Brasil, a alta do dólar pressiona importadores e pode elevar preços de produtos essenciais, enquanto o Ibovespa reflete o pessimismo dos investidores locais diante do cenário global.

Resposta da China e escalada cultural

Pequim reagiu rapidamente à tarifa de 145%, prometendo “lutar até o fim” contra as medidas americanas. Além de limitar a importação de filmes de Hollywood, a China elevou suas próprias tarifas sobre bens americanos de 34% para 84%, intensificando a guerra comercial. A restrição aos filmes americanos, embora simbólica, reflete uma estratégia mais ampla de Pequim para proteger sua economia e cultura doméstica. Analistas observam que o mercado cinematográfico chinês, o segundo maior do mundo, tem se voltado cada vez mais para produções locais, reduzindo a dependência de Hollywood.

A escalada não se limita ao comércio. A Casa Branca justificou os 20% iniciais da tarifa à China como resposta ao tráfico de fentanil, mas a nova alíquota de 125% é vista como uma punição direta às retaliações chinesas. Trump, em reunião com seu gabinete, minimizou a resposta de Pequim, dizendo que “já ouviu coisas piores”. A troca de farpas entre as duas potências sugere que a disputa está longe de um desfecho, com implicações que vão além da economia e tocam questões geopolíticas sensíveis.

O que esperar dos próximos 90 dias

Com a trégua de 90 dias em vigor, o foco agora se volta para as negociações entre os EUA e seus parceiros comerciais. Trump afirmou que mais de 75 países já entraram em contato para discutir novos acordos, mas deixou em aberto a possibilidade de prorrogar a pausa caso os resultados não sejam satisfatórios. O secretário do Tesouro, Scott Bessent, reforçou que as conversas trarão “grande certeza” até julho, mas a complexidade de negociar simultaneamente com dezenas de nações levanta dúvidas sobre a viabilidade do plano.

Para a China, o cenário é menos promissor. A tarifa de 145% sinaliza uma postura inflexível de Trump, que vê Pequim como o principal adversário comercial dos EUA. Enquanto outros países buscam acordos para evitar tarifas mais altas, a China parece disposta a manter sua posição, mesmo à custa de perdas econômicas. O prazo até 9 de julho será decisivo para determinar se a guerra comercial alcançará um novo patamar ou se haverá espaço para uma détente improvável entre as duas maiores economias do mundo.

Curiosidades sobre as tarifas de Trump

O impacto das tarifas vai além dos números e afeta o dia a dia de consumidores e empresas. Veja alguns pontos que chamam atenção:

  • A tarifa de 145% sobre a China é a maior já imposta pelos EUA a um único país em décadas.
  • Pequenos pacotes da China, como roupas baratas, podem dobrar de preço nos EUA com as novas taxas postais.
  • A pausa de 90 dias foi decidida após quedas recordes nos mercados, que apagaram trilhões em valor global.
  • A Apple transportou 1,5 milhão de iPhones da Índia para evitar tarifas chinesas.
  • O preço do ovo nos EUA atingiu US$ 6,23 por dúzia, desafiando promessas de Trump de reduzi-lo.

Esses detalhes mostram como as decisões de Trump reverberam em escala global, do comércio à mesa dos americanos.

Pressões internas e externas

Nos Estados Unidos, a política tarifária de Trump enfrenta resistência crescente. Parlamentares como Mike Thompson criticaram a exclusão da Rússia das tarifas, enquanto outros, como Adam Schiff, questionam os impactos econômicos. Governadores democratas, como JB Pritzker, de Illinois, e Tim Walz, de Minnesota, acusam o presidente de prejudicar as famílias trabalhadoras e a economia nacional. A ameaça de um projeto de lei para exigir aprovação congressional às tarifas ganha força, sinalizando um raro consenso bipartidário contra a autonomia de Trump na questão.

No exterior, a trégua de 90 dias trouxe alívio, mas não elimina as tensões. A União Europeia, que planejava retaliar com tarifas sobre US$ 23 bilhões em bens americanos, agora avalia se mantém a pressão ou busca um acordo. Países como Japão, Coreia do Sul e Reino Unido, atingidos pela tarifa universal de 10%, ajustam suas estratégias para evitar perdas maiores em julho. Enquanto isso, o Brasil, com o dólar em alta, enfrenta desafios para manter exportações competitivas, especialmente em setores como o agronegócio.

Perspectivas econômicas em jogo

A combinação de tarifas recordes contra a China e uma trégua parcial com o resto do mundo coloca a economia global em uma encruzilhada. Economistas alertam que a persistência da guerra comercial pode levar a uma recessão, especialmente se as negociações dos próximos 90 dias falharem. O aumento das taxas sobre Pequim ameaça desestabilizar cadeias de suprimentos, enquanto a pausa oferece uma chance de realinhamento comercial que pode beneficiar os EUA, caso Trump consiga acordos favoráveis.

Para os consumidores, os efeitos já são visíveis. Nos EUA, o preço de bens importados deve subir, enquanto no Brasil a alta do dólar encarece produtos como eletrônicos e combustíveis. A volatilidade nos mercados de ações e commodities, como o petróleo, reflete a incerteza que domina o cenário. Com a China decidida a resistir e outros países em compasso de espera, os próximos meses serão cruciais para definir o rumo da economia mundial sob a liderança imprevisível de Donald Trump.



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