A manhã desta quinta-feira (10) foi marcada por uma ação de grande porte da Polícia Federal em diversas cidades do estado de São Paulo e da Bahia. Mais de 100 agentes saíram às ruas para cumprir 28 mandados de busca e apreensão, com alvos que incluem a casa e o gabinete do prefeito de Sorocaba, Rodrigo Manga (Republicanos), além da sede da Prefeitura Municipal e da Secretaria de Saúde da cidade. Conhecido por sua presença ativa no TikTok, onde divulga projetos e ações de sua gestão em vídeos curtos, Manga agora enfrenta uma investigação que coloca em xeque a administração de recursos públicos na área da saúde. Batizada de Operação Copia e Cola, a ação tem como objetivo desarticular uma organização criminosa suspeita de desviar verbas destinadas ao setor, com prejuízos estimados em até R$ 20 milhões.
Rodrigo Manga, que assumiu a prefeitura de Sorocaba em 2021, ganhou notoriedade nacional por suas aparições nas redes sociais, onde acumula seguidores com conteúdos que misturam gestão pública e apelo popular. No entanto, a operação da Polícia Federal expõe um outro lado de sua administração. A investigação, que começou em 2022, apura fraudes na contratação de uma Organização Social (OS) responsável por gerir serviços de saúde no município. Os agentes chegaram ao Paço Municipal por volta das 6h, surpreendendo funcionários e gerando um clima de tensão na cidade do interior paulista, localizada a cerca de 100 quilômetros da capital.
Além de Sorocaba, os mandados alcançam outras 12 cidades, incluindo Araçoiaba da Serra, Votorantim, Itu, São Bernardo do Campo, São Paulo, Santo André, São Caetano do Sul, Santos, Socorro, Santa Cruz do Rio Pardo, Osasco e Vitória da Conquista, na Bahia. A amplitude da operação sugere que o esquema investigado pode ter ramificações além das fronteiras municipais, envolvendo uma rede complexa de agentes públicos e privados. A PF também busca evidências de lavagem de dinheiro, com indícios de depósitos em dinheiro, pagamento de boletos e negociações imobiliárias que podem ter sido usadas para ocultar os recursos desviados.
A ação conta com medidas judiciais severas, como o sequestro de bens e valores que totalizam R$ 20 milhões e a proibição da OS investigada de firmar novos contratos com o poder público. Os crimes em apuração incluem corrupção passiva, corrupção ativa, peculato, lavagem de dinheiro, contratação direta ilegal e frustração de licitação, com penas que, somadas, podem ultrapassar décadas de prisão para os envolvidos.
Alvos da operação em Sorocaba e além
A presença da Polícia Federal na casa de Rodrigo Manga não foi o único destaque da operação. Equipes também estiveram no Diretório Municipal do Republicanos, partido do prefeito, localizado no centro de Sorocaba, e na residência do ex-secretário de Saúde, Vinicius Rodrigues. Esses locais foram escolhidos com base em indícios coletados ao longo de quase três anos de investigação, que apontam para um esquema estruturado de desvio de recursos públicos. A Secretaria de Saúde, um dos principais alvos, é o órgão responsável pela gestão das verbas que teriam sido fraudadas.
Fora de Sorocaba, a operação se estende por cidades estratégicas do estado de São Paulo e chega até Vitória da Conquista, na Bahia, o que levanta suspeitas sobre a abrangência do grupo investigado. Em cada município, os agentes buscam documentos, computadores, celulares e outros materiais que possam comprovar as irregularidades. A escolha de alvos em diferentes regiões sugere que a Organização Social investigada pode ter atuado em parceria com outras entidades ou empresas para desviar dinheiro público.
O sequestro de bens determinado pela Justiça reforça a gravidade das acusações. Com um montante de R$ 20 milhões bloqueados, a medida visa garantir que os recursos supostamente desviados sejam recuperados, caso as suspeitas sejam confirmadas. A proibição de contratação da OS pelo poder público também sinaliza um esforço para interromper o funcionamento do esquema enquanto as investigações prosseguem.

Como começou a investigação da PF
Iniciada em 2022, a investigação da Polícia Federal teve como ponto de partida denúncias sobre irregularidades na contratação de uma Organização Social para administrar serviços de saúde em Sorocaba. Essas entidades, comuns na gestão pública brasileira, são contratadas para operacionalizar unidades de atendimento, como UPAs (Unidades de Pronto Atendimento), mas frequentemente aparecem em escândalos de corrupção devido à falta de transparência nos processos licitatórios.
A PF identificou indícios de que o contrato com a OS em Sorocaba envolveu práticas como direcionamento de licitações e superfaturamento, resultando no desvio de verbas que deveriam ter sido usadas para melhorar o atendimento à população. A partir daí, os investigadores passaram a rastrear movimentações financeiras suspeitas, incluindo depósitos em dinheiro e negociações imobiliárias que apontam para lavagem de dinheiro.
A Operação Copia e Cola é resultado de meses de análise de documentos, escutas telefônicas e cruzamento de dados financeiros. A escolha do nome da operação, embora não detalhada pela PF, pode ser uma referência ao modus operandi do esquema, que teria replicado práticas ilícitas em diferentes contratos ou localidades.
Cidades envolvidas na Operação Copia e Cola
A amplitude geográfica da operação impressiona. Confira os municípios onde os mandados foram cumpridos:
- Sorocaba (SP)
- Araçoiaba da Serra (SP)
- Votorantim (SP)
- Itu (SP)
- São Bernardo do Campo (SP)
- São Paulo (SP)
- Santo André (SP)
- São Caetano do Sul (SP)
- Santos (SP)
- Socorro (SP)
- Santa Cruz do Rio Pardo (SP)
- Osasco (SP)
- Vitória da Conquista (BA)
Essa lista reflete a complexidade do caso, que vai além de uma questão local e pode envolver uma rede de corrupção com tentáculos em diversas regiões. A inclusão de Vitória da Conquista, única cidade fora de São Paulo, levanta questões sobre possíveis conexões interestaduais no esquema.
Rodrigo Manga: do TikTok à mira da PF
Rodrigo Manga assumiu a prefeitura de Sorocaba em janeiro de 2021, após vencer as eleições municipais de 2020 pelo Republicanos. Antes disso, já era conhecido na cidade como vereador, cargo que ocupou por dois mandatos. Sua ascensão política foi impulsionada por uma estratégia de comunicação digital que o transformou no “prefeito do TikTok”. Com vídeos curtos e dinâmicos, ele conquistou milhares de seguidores ao mostrar inaugurações, obras e ações de sua gestão, muitas vezes com tom leve e acessível.
A popularidade nas redes sociais, no entanto, contrasta com os problemas enfrentados em sua administração. Desde o início do mandato, Manga tem sido alvo de denúncias e investigações. Em 2023, por exemplo, a PF já havia realizado a Operação Sepsis, que apurou desvios de R$ 60 milhões em contratos de saúde no município. Na ocasião, a prefeitura negou envolvimento direto, mas as buscas na Secretaria de Saúde e na casa do então secretário Vinicius Rodrigues indicaram falhas graves na gestão das verbas públicas.
Agora, com a Operação Copia e Cola, o cerco parece se fechar ainda mais. A presença dos agentes na residência de Manga e em seu gabinete no Paço Municipal sugere que a PF encontrou indícios de participação direta do prefeito no esquema. A investigação também atinge o Diretório Municipal do Republicanos, o que pode implicar outros membros do partido na rede de irregularidades.
Impacto na saúde pública de Sorocaba
O desvio de recursos da saúde, foco da Operação Copia e Cola, tem consequências diretas na vida da população de Sorocaba, uma cidade com mais de 700 mil habitantes. As verbas investigadas deveriam ter sido usadas para custear serviços essenciais, como atendimento em unidades de saúde, compra de medicamentos e manutenção de equipamentos. Quando esses recursos são desviados, o sistema público fica comprometido, afetando principalmente os moradores mais vulneráveis, que dependem exclusivamente da rede municipal.
Relatos de filas longas, falta de remédios e atrasos em procedimentos médicos não são novidade em Sorocaba. A investigação da PF pode jogar luz sobre as causas estruturais desses problemas, revelando como o mau uso do dinheiro público agrava a crise na saúde. O bloqueio de R$ 20 milhões em bens dos investigados é um passo para tentar reparar o prejuízo, mas a extensão total dos danos ainda está sendo calculada.
A participação de uma Organização Social no esquema também reacende o debate sobre a terceirização na gestão da saúde pública. Embora essas entidades sejam contratadas para trazer eficiência e agilidade, a falta de fiscalização rigorosa muitas vezes abre espaço para fraudes e desvios, como parece ser o caso em Sorocaba.
Crimes investigados e possíveis penas
Os investigados na Operação Copia e Cola podem enfrentar uma série de acusações graves. A Polícia Federal lista os seguintes crimes em apuração:
- Corrupção passiva: Recebimento de vantagens indevidas por agentes públicos.
- Corrupção ativa: Oferta de vantagens a agentes públicos por parte de terceiros.
- Peculato: Desvio de recursos públicos por servidor ou autoridade.
- Lavagem de dinheiro: Ocultação da origem ilícita de valores por meio de operações financeiras ou imobiliárias.
- Contratação direta ilegal: Contratos firmados sem seguir as regras legais de licitação.
- Frustração de licitação: Manipulação de processos licitatórios para favorecer determinados grupos.
Cada um desses crimes prevê penas que variam de 2 a 12 anos de prisão, dependendo da gravidade e das circunstâncias. Se condenados por mais de uma infração, os responsáveis podem acumular décadas atrás das grades, além de serem obrigados a devolver os valores desviados e pagar multas.
Repercussão política em Sorocaba
A operação da Polícia Federal chega em um momento delicado para Rodrigo Manga. Com planos anunciados de concorrer à Presidência da República em 2026, caso o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) opte por disputar a reeleição em São Paulo, o prefeito vê sua imagem pública abalada por mais um escândalo. A ação desta quinta-feira reforça as críticas de adversários políticos, que há anos apontam irregularidades em sua gestão.
Dentro do Republicanos, o impacto também pode ser significativo. O partido, que tem se alinhado ao ex-presidente Jair Bolsonaro e busca ampliar sua influência no estado de São Paulo, agora enfrenta o desgaste de ver um de seus principais nomes envolvido em uma investigação de corrupção. As buscas no Diretório Municipal sugerem que a PF está atenta a possíveis conexões partidárias no esquema.
Na Câmara Municipal de Sorocaba, a operação já provoca movimentações. Vereadores da oposição devem usar o caso para pressionar por esclarecimentos, enquanto aliados de Manga tentam minimizar os danos à sua imagem. A falta de um posicionamento oficial da prefeitura até o momento alimenta especulações sobre a estratégia que o prefeito adotará diante das acusações.
Histórico de investigações na gestão Manga
A Operação Copia e Cola não é o primeiro capítulo de problemas legais na administração de Rodrigo Manga. Desde que assumiu a prefeitura, o gestor já foi alvo de outras ações da Polícia Federal e do Ministério Público. Em novembro de 2023, a Operação Sepsis investigou desvios de R$ 60 milhões em contratos de saúde, com buscas na Secretaria de Saúde e na casa do ex-secretário Vinicius Rodrigues. Na época, a prefeitura afirmou que os problemas estavam restritos à Organização Social contratada, mas as ações da PF indicaram falhas na fiscalização municipal.
Outro caso emblemático envolveu a compra de kits de robótica para escolas municipais, em 2023. A Justiça bloqueou bens de Manga e do então secretário de Educação, Marcio Carrara, após denúncias de irregularidades em uma licitação de R$ 26 milhões. O MP apontou superfaturamento e direcionamento no processo, o que levou à abertura de uma investigação criminal contra o prefeito.
Em maio de 2024, a Operação Óleo na Roda, segunda fase da Sepsis, voltou a atingir Sorocaba, com sequestro de imóveis de alto padrão e novas suspeitas de corrupção e lavagem de dinheiro. Esses episódios mostram um padrão de denúncias que agora ganha mais um capítulo com a Operação Copia e Cola, reforçando a percepção de que a gestão Manga enfrenta desafios sérios na administração dos recursos públicos.
O que a PF busca com a operação
Mais de 100 policiais federais foram mobilizados para cumprir os 28 mandados de busca e apreensão, um indicativo da escala da operação. O objetivo principal é coletar provas que confirmem as suspeitas de desvio de recursos e lavagem de dinheiro. Documentos, computadores, celulares e registros financeiros estão entre os itens procurados pelos agentes, que também analisam movimentações bancárias e negociações imobiliárias dos investigados.
A ação desta quinta-feira é apenas uma etapa de um processo que pode se estender por meses ou até anos. Com base no material apreendido, a PF deve aprofundar as investigações, identificando todos os envolvidos e mapeando a extensão do esquema. O sequestro de R$ 20 milhões em bens é uma medida preventiva para evitar que os recursos sejam dissipados antes do fim do processo.
A proibição da Organização Social de firmar contratos com o poder público também visa proteger os cofres municipais de novos prejuízos. A decisão judicial reflete a preocupação com a continuidade do esquema, caso a OS permanecesse ativa enquanto as investigações seguem em curso.
Contexto da saúde em Sorocaba
Sorocaba é uma das maiores cidades do interior de São Paulo, com uma rede de saúde que inclui hospitais, UPAs e unidades básicas. Apesar disso, o sistema público enfrenta dificuldades crônicas, como superlotação e falta de insumos, problemas que podem ter sido agravados pelo desvio de recursos investigado pela PF. A contratação de Organizações Sociais para gerir parte desses serviços foi uma aposta da gestão Manga para melhorar a eficiência, mas os escândalos recentes mostram que a estratégia pode ter aberto brechas para irregularidades.
A população da cidade, que depende amplamente do SUS, sente na pele os efeitos de uma gestão fragilizada. Em 2023, por exemplo, a UPA do bairro Éden, administrada por uma OS investigada na Operação Sepsis, foi alvo de críticas por falhas no atendimento. Agora, com a Operação Copia e Cola, novos detalhes sobre a má gestão das verbas da saúde podem vir à tona, pressionando ainda mais a administração municipal.
O impacto vai além do financeiro. A desconfiança gerada por esses casos mina a credibilidade das instituições públicas e dificulta a relação entre a prefeitura e os cidadãos, que cobram respostas para os problemas do dia a dia enquanto veem milhões de reais sendo desviados.
Cronologia das ações da PF em Sorocaba
A Operação Copia e Cola se soma a uma série de ações da Polícia Federal em Sorocaba nos últimos anos. Veja os principais marcos:
- 2022: Início da investigação que culminou na Operação Copia e Cola, com foco em fraudes na contratação de uma OS para a saúde.
- Novembro de 2023: Operação Sepsis cumpre 23 mandados de busca e apreensão, investigando desvios de R$ 60 milhões na saúde.
- Maio de 2024: Segunda fase da Sepsis, chamada Óleo na Roda, apreende imóveis e aprofunda apuração de corrupção.
- 10 de abril de 2025: Operação Copia e Cola atinge a casa de Rodrigo Manga e a prefeitura, com 28 mandados em 13 cidades.
Essa sequência de eventos mostra como as denúncias de irregularidades têm se acumulado na gestão atual, com a saúde como ponto central das investigações.
A presença de Manga nas redes sociais
Conhecido como o “prefeito do TikTok”, Rodrigo Manga construiu uma imagem pública baseada em sua forte presença digital. Seus vídeos, que muitas vezes mostram inaugurações de obras ou ações sociais, como a entrega de kits escolares, acumulam milhares de visualizações e comentários. A estratégia o aproximou de parte da população, mas também atraiu críticas de adversários, que o acusam de usar as redes para mascarar problemas reais da administração.
A operação da PF, no entanto, pode mudar a percepção sobre esses conteúdos. Enquanto Manga exibia projetos nas redes, a investigação sugere que recursos públicos estavam sendo desviados nos bastidores. A ironia não passou despercebida por moradores, que já começam a questionar a veracidade das conquistas divulgadas pelo prefeito.
A exposição nas redes também amplifica o impacto político do caso. Com a notícia da operação se espalhando rapidamente, Manga terá que lidar com uma crise de imagem que vai além das fronteiras de Sorocaba, alcançando seus seguidores em todo o país.
O que vem pela frente
A Operação Copia e Cola marca um novo capítulo na turbulenta gestão de Rodrigo Manga, mas seus desdobramentos ainda estão longe de serem concluídos. A análise do material apreendido pela PF deve revelar novos detalhes sobre o esquema, incluindo a identificação de outros envolvidos e a extensão dos prejuízos aos cofres públicos. Dependendo das provas encontradas, o prefeito pode enfrentar processos judiciais que comprometam seu futuro político.
Para a população de Sorocaba, o caso reforça a necessidade de maior transparência na gestão da saúde. Os R$ 20 milhões bloqueados são apenas uma fração do que pode ter sido desviado, e a recuperação desses recursos será essencial para minimizar os danos ao sistema público. Enquanto isso, a cidade acompanha os próximos passos da investigação, que prometem manter o nome de Manga no centro das atenções.
A pressão sobre o Republicanos também deve crescer. Com a possibilidade de o partido estar envolvido no esquema, as buscas no Diretório Municipal abrem caminho para uma apuração mais ampla, que pode atingir outras lideranças da legenda em São Paulo. O desenrolar do caso será decisivo para o futuro político de Manga e de seus aliados.

A manhã desta quinta-feira (10) foi marcada por uma ação de grande porte da Polícia Federal em diversas cidades do estado de São Paulo e da Bahia. Mais de 100 agentes saíram às ruas para cumprir 28 mandados de busca e apreensão, com alvos que incluem a casa e o gabinete do prefeito de Sorocaba, Rodrigo Manga (Republicanos), além da sede da Prefeitura Municipal e da Secretaria de Saúde da cidade. Conhecido por sua presença ativa no TikTok, onde divulga projetos e ações de sua gestão em vídeos curtos, Manga agora enfrenta uma investigação que coloca em xeque a administração de recursos públicos na área da saúde. Batizada de Operação Copia e Cola, a ação tem como objetivo desarticular uma organização criminosa suspeita de desviar verbas destinadas ao setor, com prejuízos estimados em até R$ 20 milhões.
Rodrigo Manga, que assumiu a prefeitura de Sorocaba em 2021, ganhou notoriedade nacional por suas aparições nas redes sociais, onde acumula seguidores com conteúdos que misturam gestão pública e apelo popular. No entanto, a operação da Polícia Federal expõe um outro lado de sua administração. A investigação, que começou em 2022, apura fraudes na contratação de uma Organização Social (OS) responsável por gerir serviços de saúde no município. Os agentes chegaram ao Paço Municipal por volta das 6h, surpreendendo funcionários e gerando um clima de tensão na cidade do interior paulista, localizada a cerca de 100 quilômetros da capital.
Além de Sorocaba, os mandados alcançam outras 12 cidades, incluindo Araçoiaba da Serra, Votorantim, Itu, São Bernardo do Campo, São Paulo, Santo André, São Caetano do Sul, Santos, Socorro, Santa Cruz do Rio Pardo, Osasco e Vitória da Conquista, na Bahia. A amplitude da operação sugere que o esquema investigado pode ter ramificações além das fronteiras municipais, envolvendo uma rede complexa de agentes públicos e privados. A PF também busca evidências de lavagem de dinheiro, com indícios de depósitos em dinheiro, pagamento de boletos e negociações imobiliárias que podem ter sido usadas para ocultar os recursos desviados.
A ação conta com medidas judiciais severas, como o sequestro de bens e valores que totalizam R$ 20 milhões e a proibição da OS investigada de firmar novos contratos com o poder público. Os crimes em apuração incluem corrupção passiva, corrupção ativa, peculato, lavagem de dinheiro, contratação direta ilegal e frustração de licitação, com penas que, somadas, podem ultrapassar décadas de prisão para os envolvidos.
Alvos da operação em Sorocaba e além
A presença da Polícia Federal na casa de Rodrigo Manga não foi o único destaque da operação. Equipes também estiveram no Diretório Municipal do Republicanos, partido do prefeito, localizado no centro de Sorocaba, e na residência do ex-secretário de Saúde, Vinicius Rodrigues. Esses locais foram escolhidos com base em indícios coletados ao longo de quase três anos de investigação, que apontam para um esquema estruturado de desvio de recursos públicos. A Secretaria de Saúde, um dos principais alvos, é o órgão responsável pela gestão das verbas que teriam sido fraudadas.
Fora de Sorocaba, a operação se estende por cidades estratégicas do estado de São Paulo e chega até Vitória da Conquista, na Bahia, o que levanta suspeitas sobre a abrangência do grupo investigado. Em cada município, os agentes buscam documentos, computadores, celulares e outros materiais que possam comprovar as irregularidades. A escolha de alvos em diferentes regiões sugere que a Organização Social investigada pode ter atuado em parceria com outras entidades ou empresas para desviar dinheiro público.
O sequestro de bens determinado pela Justiça reforça a gravidade das acusações. Com um montante de R$ 20 milhões bloqueados, a medida visa garantir que os recursos supostamente desviados sejam recuperados, caso as suspeitas sejam confirmadas. A proibição de contratação da OS pelo poder público também sinaliza um esforço para interromper o funcionamento do esquema enquanto as investigações prosseguem.

Como começou a investigação da PF
Iniciada em 2022, a investigação da Polícia Federal teve como ponto de partida denúncias sobre irregularidades na contratação de uma Organização Social para administrar serviços de saúde em Sorocaba. Essas entidades, comuns na gestão pública brasileira, são contratadas para operacionalizar unidades de atendimento, como UPAs (Unidades de Pronto Atendimento), mas frequentemente aparecem em escândalos de corrupção devido à falta de transparência nos processos licitatórios.
A PF identificou indícios de que o contrato com a OS em Sorocaba envolveu práticas como direcionamento de licitações e superfaturamento, resultando no desvio de verbas que deveriam ter sido usadas para melhorar o atendimento à população. A partir daí, os investigadores passaram a rastrear movimentações financeiras suspeitas, incluindo depósitos em dinheiro e negociações imobiliárias que apontam para lavagem de dinheiro.
A Operação Copia e Cola é resultado de meses de análise de documentos, escutas telefônicas e cruzamento de dados financeiros. A escolha do nome da operação, embora não detalhada pela PF, pode ser uma referência ao modus operandi do esquema, que teria replicado práticas ilícitas em diferentes contratos ou localidades.
Cidades envolvidas na Operação Copia e Cola
A amplitude geográfica da operação impressiona. Confira os municípios onde os mandados foram cumpridos:
- Sorocaba (SP)
- Araçoiaba da Serra (SP)
- Votorantim (SP)
- Itu (SP)
- São Bernardo do Campo (SP)
- São Paulo (SP)
- Santo André (SP)
- São Caetano do Sul (SP)
- Santos (SP)
- Socorro (SP)
- Santa Cruz do Rio Pardo (SP)
- Osasco (SP)
- Vitória da Conquista (BA)
Essa lista reflete a complexidade do caso, que vai além de uma questão local e pode envolver uma rede de corrupção com tentáculos em diversas regiões. A inclusão de Vitória da Conquista, única cidade fora de São Paulo, levanta questões sobre possíveis conexões interestaduais no esquema.
Rodrigo Manga: do TikTok à mira da PF
Rodrigo Manga assumiu a prefeitura de Sorocaba em janeiro de 2021, após vencer as eleições municipais de 2020 pelo Republicanos. Antes disso, já era conhecido na cidade como vereador, cargo que ocupou por dois mandatos. Sua ascensão política foi impulsionada por uma estratégia de comunicação digital que o transformou no “prefeito do TikTok”. Com vídeos curtos e dinâmicos, ele conquistou milhares de seguidores ao mostrar inaugurações, obras e ações de sua gestão, muitas vezes com tom leve e acessível.
A popularidade nas redes sociais, no entanto, contrasta com os problemas enfrentados em sua administração. Desde o início do mandato, Manga tem sido alvo de denúncias e investigações. Em 2023, por exemplo, a PF já havia realizado a Operação Sepsis, que apurou desvios de R$ 60 milhões em contratos de saúde no município. Na ocasião, a prefeitura negou envolvimento direto, mas as buscas na Secretaria de Saúde e na casa do então secretário Vinicius Rodrigues indicaram falhas graves na gestão das verbas públicas.
Agora, com a Operação Copia e Cola, o cerco parece se fechar ainda mais. A presença dos agentes na residência de Manga e em seu gabinete no Paço Municipal sugere que a PF encontrou indícios de participação direta do prefeito no esquema. A investigação também atinge o Diretório Municipal do Republicanos, o que pode implicar outros membros do partido na rede de irregularidades.
Impacto na saúde pública de Sorocaba
O desvio de recursos da saúde, foco da Operação Copia e Cola, tem consequências diretas na vida da população de Sorocaba, uma cidade com mais de 700 mil habitantes. As verbas investigadas deveriam ter sido usadas para custear serviços essenciais, como atendimento em unidades de saúde, compra de medicamentos e manutenção de equipamentos. Quando esses recursos são desviados, o sistema público fica comprometido, afetando principalmente os moradores mais vulneráveis, que dependem exclusivamente da rede municipal.
Relatos de filas longas, falta de remédios e atrasos em procedimentos médicos não são novidade em Sorocaba. A investigação da PF pode jogar luz sobre as causas estruturais desses problemas, revelando como o mau uso do dinheiro público agrava a crise na saúde. O bloqueio de R$ 20 milhões em bens dos investigados é um passo para tentar reparar o prejuízo, mas a extensão total dos danos ainda está sendo calculada.
A participação de uma Organização Social no esquema também reacende o debate sobre a terceirização na gestão da saúde pública. Embora essas entidades sejam contratadas para trazer eficiência e agilidade, a falta de fiscalização rigorosa muitas vezes abre espaço para fraudes e desvios, como parece ser o caso em Sorocaba.
Crimes investigados e possíveis penas
Os investigados na Operação Copia e Cola podem enfrentar uma série de acusações graves. A Polícia Federal lista os seguintes crimes em apuração:
- Corrupção passiva: Recebimento de vantagens indevidas por agentes públicos.
- Corrupção ativa: Oferta de vantagens a agentes públicos por parte de terceiros.
- Peculato: Desvio de recursos públicos por servidor ou autoridade.
- Lavagem de dinheiro: Ocultação da origem ilícita de valores por meio de operações financeiras ou imobiliárias.
- Contratação direta ilegal: Contratos firmados sem seguir as regras legais de licitação.
- Frustração de licitação: Manipulação de processos licitatórios para favorecer determinados grupos.
Cada um desses crimes prevê penas que variam de 2 a 12 anos de prisão, dependendo da gravidade e das circunstâncias. Se condenados por mais de uma infração, os responsáveis podem acumular décadas atrás das grades, além de serem obrigados a devolver os valores desviados e pagar multas.
Repercussão política em Sorocaba
A operação da Polícia Federal chega em um momento delicado para Rodrigo Manga. Com planos anunciados de concorrer à Presidência da República em 2026, caso o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) opte por disputar a reeleição em São Paulo, o prefeito vê sua imagem pública abalada por mais um escândalo. A ação desta quinta-feira reforça as críticas de adversários políticos, que há anos apontam irregularidades em sua gestão.
Dentro do Republicanos, o impacto também pode ser significativo. O partido, que tem se alinhado ao ex-presidente Jair Bolsonaro e busca ampliar sua influência no estado de São Paulo, agora enfrenta o desgaste de ver um de seus principais nomes envolvido em uma investigação de corrupção. As buscas no Diretório Municipal sugerem que a PF está atenta a possíveis conexões partidárias no esquema.
Na Câmara Municipal de Sorocaba, a operação já provoca movimentações. Vereadores da oposição devem usar o caso para pressionar por esclarecimentos, enquanto aliados de Manga tentam minimizar os danos à sua imagem. A falta de um posicionamento oficial da prefeitura até o momento alimenta especulações sobre a estratégia que o prefeito adotará diante das acusações.
Histórico de investigações na gestão Manga
A Operação Copia e Cola não é o primeiro capítulo de problemas legais na administração de Rodrigo Manga. Desde que assumiu a prefeitura, o gestor já foi alvo de outras ações da Polícia Federal e do Ministério Público. Em novembro de 2023, a Operação Sepsis investigou desvios de R$ 60 milhões em contratos de saúde, com buscas na Secretaria de Saúde e na casa do ex-secretário Vinicius Rodrigues. Na época, a prefeitura afirmou que os problemas estavam restritos à Organização Social contratada, mas as ações da PF indicaram falhas na fiscalização municipal.
Outro caso emblemático envolveu a compra de kits de robótica para escolas municipais, em 2023. A Justiça bloqueou bens de Manga e do então secretário de Educação, Marcio Carrara, após denúncias de irregularidades em uma licitação de R$ 26 milhões. O MP apontou superfaturamento e direcionamento no processo, o que levou à abertura de uma investigação criminal contra o prefeito.
Em maio de 2024, a Operação Óleo na Roda, segunda fase da Sepsis, voltou a atingir Sorocaba, com sequestro de imóveis de alto padrão e novas suspeitas de corrupção e lavagem de dinheiro. Esses episódios mostram um padrão de denúncias que agora ganha mais um capítulo com a Operação Copia e Cola, reforçando a percepção de que a gestão Manga enfrenta desafios sérios na administração dos recursos públicos.
O que a PF busca com a operação
Mais de 100 policiais federais foram mobilizados para cumprir os 28 mandados de busca e apreensão, um indicativo da escala da operação. O objetivo principal é coletar provas que confirmem as suspeitas de desvio de recursos e lavagem de dinheiro. Documentos, computadores, celulares e registros financeiros estão entre os itens procurados pelos agentes, que também analisam movimentações bancárias e negociações imobiliárias dos investigados.
A ação desta quinta-feira é apenas uma etapa de um processo que pode se estender por meses ou até anos. Com base no material apreendido, a PF deve aprofundar as investigações, identificando todos os envolvidos e mapeando a extensão do esquema. O sequestro de R$ 20 milhões em bens é uma medida preventiva para evitar que os recursos sejam dissipados antes do fim do processo.
A proibição da Organização Social de firmar contratos com o poder público também visa proteger os cofres municipais de novos prejuízos. A decisão judicial reflete a preocupação com a continuidade do esquema, caso a OS permanecesse ativa enquanto as investigações seguem em curso.
Contexto da saúde em Sorocaba
Sorocaba é uma das maiores cidades do interior de São Paulo, com uma rede de saúde que inclui hospitais, UPAs e unidades básicas. Apesar disso, o sistema público enfrenta dificuldades crônicas, como superlotação e falta de insumos, problemas que podem ter sido agravados pelo desvio de recursos investigado pela PF. A contratação de Organizações Sociais para gerir parte desses serviços foi uma aposta da gestão Manga para melhorar a eficiência, mas os escândalos recentes mostram que a estratégia pode ter aberto brechas para irregularidades.
A população da cidade, que depende amplamente do SUS, sente na pele os efeitos de uma gestão fragilizada. Em 2023, por exemplo, a UPA do bairro Éden, administrada por uma OS investigada na Operação Sepsis, foi alvo de críticas por falhas no atendimento. Agora, com a Operação Copia e Cola, novos detalhes sobre a má gestão das verbas da saúde podem vir à tona, pressionando ainda mais a administração municipal.
O impacto vai além do financeiro. A desconfiança gerada por esses casos mina a credibilidade das instituições públicas e dificulta a relação entre a prefeitura e os cidadãos, que cobram respostas para os problemas do dia a dia enquanto veem milhões de reais sendo desviados.
Cronologia das ações da PF em Sorocaba
A Operação Copia e Cola se soma a uma série de ações da Polícia Federal em Sorocaba nos últimos anos. Veja os principais marcos:
- 2022: Início da investigação que culminou na Operação Copia e Cola, com foco em fraudes na contratação de uma OS para a saúde.
- Novembro de 2023: Operação Sepsis cumpre 23 mandados de busca e apreensão, investigando desvios de R$ 60 milhões na saúde.
- Maio de 2024: Segunda fase da Sepsis, chamada Óleo na Roda, apreende imóveis e aprofunda apuração de corrupção.
- 10 de abril de 2025: Operação Copia e Cola atinge a casa de Rodrigo Manga e a prefeitura, com 28 mandados em 13 cidades.
Essa sequência de eventos mostra como as denúncias de irregularidades têm se acumulado na gestão atual, com a saúde como ponto central das investigações.
A presença de Manga nas redes sociais
Conhecido como o “prefeito do TikTok”, Rodrigo Manga construiu uma imagem pública baseada em sua forte presença digital. Seus vídeos, que muitas vezes mostram inaugurações de obras ou ações sociais, como a entrega de kits escolares, acumulam milhares de visualizações e comentários. A estratégia o aproximou de parte da população, mas também atraiu críticas de adversários, que o acusam de usar as redes para mascarar problemas reais da administração.
A operação da PF, no entanto, pode mudar a percepção sobre esses conteúdos. Enquanto Manga exibia projetos nas redes, a investigação sugere que recursos públicos estavam sendo desviados nos bastidores. A ironia não passou despercebida por moradores, que já começam a questionar a veracidade das conquistas divulgadas pelo prefeito.
A exposição nas redes também amplifica o impacto político do caso. Com a notícia da operação se espalhando rapidamente, Manga terá que lidar com uma crise de imagem que vai além das fronteiras de Sorocaba, alcançando seus seguidores em todo o país.
O que vem pela frente
A Operação Copia e Cola marca um novo capítulo na turbulenta gestão de Rodrigo Manga, mas seus desdobramentos ainda estão longe de serem concluídos. A análise do material apreendido pela PF deve revelar novos detalhes sobre o esquema, incluindo a identificação de outros envolvidos e a extensão dos prejuízos aos cofres públicos. Dependendo das provas encontradas, o prefeito pode enfrentar processos judiciais que comprometam seu futuro político.
Para a população de Sorocaba, o caso reforça a necessidade de maior transparência na gestão da saúde. Os R$ 20 milhões bloqueados são apenas uma fração do que pode ter sido desviado, e a recuperação desses recursos será essencial para minimizar os danos ao sistema público. Enquanto isso, a cidade acompanha os próximos passos da investigação, que prometem manter o nome de Manga no centro das atenções.
A pressão sobre o Republicanos também deve crescer. Com a possibilidade de o partido estar envolvido no esquema, as buscas no Diretório Municipal abrem caminho para uma apuração mais ampla, que pode atingir outras lideranças da legenda em São Paulo. O desenrolar do caso será decisivo para o futuro político de Manga e de seus aliados.
