O rei Charles III e a rainha Camilla protagonizaram um momento inesperado ao visitar o Papa Francisco na tarde de quarta-feira, em um encontro privado na Casa Santa Marta, no Vaticano. A visita surpresa ocorreu durante a recuperação do pontífice, de 88 anos, que enfrenta um repouso forçado após uma internação de cinco semanas por pneumonia bilateral no hospital Gemelli, em Roma. Charles e Camilla, em viagem oficial à Itália desde segunda-feira, aproveitaram a passagem por Roma para expressar pessoalmente seus votos de melhoras ao líder católico, que havia cancelado uma audiência oficial devido à sua condição de saúde. O gesto marcou um ponto alto na agenda do casal real, que celebra 20 anos de casamento nesta semana.
A viagem de quatro dias à Itália, entre 7 e 10 de abril, é a primeira visita de Estado de Charles como rei desde sua coroação, em maio de 2023, após a morte da rainha Elizabeth II. O encontro com Francisco, inicialmente adiado por recomendação médica, foi remarcado de forma improvisada, evidenciando a relevância da relação entre o Reino Unido e o Vaticano. O Papa, ainda debilitado, mas em melhora gradual, recebeu os monarcas em um ambiente reservado, longe dos olhos da imprensa. Durante a reunião, ele ofereceu bênçãos ao casal pelo aniversário de casamento, enquanto Charles e Camilla retribuíram com desejos de rápida recuperação ao pontífice.
Em Roma, a agenda do rei incluiu um marco histórico: ele se tornou o primeiro monarca britânico a discursar em uma sessão conjunta do Parlamento italiano, impressionando os presentes com sua fluência em italiano. A visita ao Papa, porém, destacou a dimensão pessoal e espiritual do roteiro, unindo o chefe da Igreja Anglicana e o líder católico em um momento de simbolismo diplomático. A saúde frágil de Francisco, que deixou o hospital em 23 de março, não impediu o encontro, que reforçou os laços entre as duas instituições em meio a desafios globais.
Primeiros passos da visita real à Itália
Charles e Camilla desembarcaram em Roma na segunda-feira, recebidos com honras pelo presidente italiano, Sergio Mattarella, e pela primeira-ministra, Giorgia Meloni. A visita, planejada para fortalecer as relações bilaterais após o Brexit, começou com uma cerimônia no Palácio do Quirinal, residência oficial do presidente. Na terça-feira, o rei visitou o Coliseu ao lado do ministro da Cultura, Alessandro Giuli, destacando o interesse britânico pelo patrimônio histórico italiano. A passagem pelo Parlamento, no mesmo dia, foi um dos pontos altos, com Charles abordando temas como cooperação internacional e mudanças climáticas, questões que ele defende há décadas.
Na quarta-feira, dia do 20º aniversário de casamento do casal, a visita ao Vaticano trouxe um tom mais íntimo à agenda. O Palácio de Buckingham informou que Charles e Camilla ficaram “felizes” por encontrar Francisco bem o suficiente para recebê-los, apesar de seu estado delicado. A pneumonia bilateral, que exigiu mais de 37 dias de internação, deixou o Papa com recomendações médicas de repouso por dois meses, mas ele tem insistido em manter algumas atividades, como a bênção do Angelus na Praça de São Pedro.
A relação entre Charles e Francisco não é nova. Eles se encontraram em 2017 e 2019, quando o rei ainda era príncipe de Gales, discutindo temas como meio ambiente e diálogo inter-religioso. Agora, como monarca e líder da Igreja Anglicana, Charles reforça esse vínculo em um contexto de recuperação mútua: ele próprio enfrentou um susto de saúde em 27 de março, com uma breve internação devido a efeitos colaterais do tratamento contra o câncer, diagnosticado em 2024.

Marcos da agenda em Roma
A passagem pelo Parlamento italiano marcou um feito inédito para a monarquia britânica. Charles discursou por cerca de 20 minutos, alternando entre inglês e italiano, o que surpreendeu os parlamentares e foi amplamente elogiado. Ele destacou a parceria entre Reino Unido e Itália, que movimenta um comércio anual de cerca de 40 bilhões de euros, e enfatizou a importância de laços culturais e históricos. O embaixador britânico na Itália, Edward Llewellyn, classificou a visita como um passo para “relançar relações com parceiros europeus” após anos de tensões pós-Brexit.
Outro momento significativo ocorreu no Palácio do Quirinal, onde Charles e Camilla participaram de um banquete de Estado na noite de quarta-feira. A celebração coincidiu com o aniversário de casamento, e o casal foi homenageado com um jantar que reuniu autoridades italianas e britânicas. A escolha do dia 9 de abril, exatos 20 anos após a união civil em Windsor, em 2005, deu um toque especial ao evento, com discursos que celebraram tanto a relação pessoal do casal quanto os laços entre as nações.
A viagem também incluiu gestos simbólicos. Na terça-feira, o rei depositou uma coroa de flores no Túmulo do Soldado Desconhecido, no Altar da Pátria, em homenagem a Vittorio Emanuele II, primeiro rei da Itália unificada. Acompanhado por Mattarella e sua filha, Laura, que atua como primeira-dama, Charles reforçou o respeito mútuo entre as duas culturas, um tema recorrente em sua visita.
Detalhes do encontro com o Papa
O Papa Francisco recebeu Charles e Camilla na Casa Santa Marta, sua residência no Vaticano, em um ambiente discreto. Sentado em uma cadeira de rodas e usando cânulas nasais para auxílio respiratório, o pontífice demonstrou determinação ao manter o compromisso, mesmo contra recomendações médicas de repouso total. O encontro durou cerca de 30 minutos, tempo suficiente para uma troca de gentilezas que emocionou os presentes. Francisco abençoou o casal pelo aniversário de casamento, enquanto Charles expressou alívio ao vê-lo em recuperação.
A saúde do Papa tem sido motivo de preocupação desde fevereiro, quando ele foi internado com uma infecção respiratória grave. Durante os 37 dias no hospital Gemelli, sua condição chegou a ser crítica, com dois episódios de insuficiência respiratória que exigiram ventilação mecânica. Após a alta, em 23 de março, ele fez sua primeira aparição pública na Praça de São Pedro, acenando para os fiéis e desejando “bom domingo” em uma voz ainda frágil, mas mais firme que nas semanas anteriores.
A visita de Charles e Camilla ao Vaticano não estava garantida. Em 25 de março, o Palácio de Buckingham anunciou o adiamento do encontro oficial devido à convalescença de Francisco, mas a melhora gradual do pontífice abriu espaço para a reunião surpresa. O gesto reflete a proximidade entre os dois líderes, que compartilham preocupações com o meio ambiente e a solidariedade global, temas que devem ter permeado a conversa.
Cronologia dos eventos principais
Os acontecimentos recentes envolvendo Charles, Camilla e Francisco seguem uma linha de tempo marcada por desafios de saúde e compromissos oficiais:
- 14 de fevereiro: Papa Francisco é internado no hospital Gemelli com pneumonia bilateral.
- 27 de março: Charles enfrenta breve internação por efeitos colaterais do tratamento contra o câncer.
- 23 de março: Francisco recebe alta após 37 dias e retorna ao Vaticano.
- 7 de abril: Charles e Camilla chegam a Roma para visita de Estado.
- 8 de abril: Rei discursa no Parlamento italiano e visita o Coliseu.
- 9 de abril: Encontro surpresa com Francisco e banquete no Quirinal.
Viagem a Ravenna e memória histórica
Na quinta-feira, Charles e Camilla seguiram para Ravenna, no nordeste da Itália, para uma agenda focada em história e memória. Eles participaram de uma cerimônia que marcou o 80º aniversário da libertação da região da ocupação nazista pelas forças aliadas, em 10 de abril de 1945. A visita ao túmulo de Dante Alighieri, autor da “Divina Comédia” e considerado o pai da língua italiana, foi outro destaque, simbolizando o apreço do casal pela cultura local.
Ravenna, conhecida por seus mosaicos bizantinos e patrimônio da Unesco, ofereceu um contraste à grandiosidade de Roma. Charles, que já visitou a Itália 17 vezes como príncipe, demonstrou familiaridade com o país, enquanto Camilla, em seu papel de rainha consorte, acompanhou cada etapa com discrição e elegância. A cerimônia em Ravenna reuniu veteranos e autoridades, reforçando a mensagem de união entre Reino Unido e Itália, aliados na Segunda Guerra Mundial.
A escolha de Ravenna também reflete o interesse de Charles por história e literatura. Ele já mencionou em discursos anteriores sua admiração por Dante, cuja obra influenciou a cultura europeia. A visita ao túmulo, ao lado de Camilla, foi um momento de introspecção em meio a uma agenda intensa, conectando passado e presente em um gesto diplomático.
Saúde do rei e do Papa em foco
A saúde de Charles e Francisco tem dominado as manchetes nos últimos meses. O rei, de 76 anos, foi diagnosticado com câncer em fevereiro de 2024, mas o tipo da doença não foi revelado. Em 27 de março, ele passou por uma internação de emergência devido a reações adversas ao tratamento, retomando suas funções em 2 de abril. A viagem à Itália, apesar do susto, mostra sua determinação em manter compromissos internacionais, mesmo em um momento delicado.
Francisco, por sua vez, enfrentou a internação mais longa de seu papado, iniciado em 2013. A pneumonia bilateral, agravada por crises respiratórias, exigiu cuidados intensivos, incluindo transfusões de sangue e ventilação mecânica. Sua aparição na Praça de São Pedro, dias após a alta, e o encontro com Charles sinalizam uma recuperação gradual, mas os médicos insistem em repouso até maio para evitar recaídas.
A resiliência de ambos os líderes foi evidente no encontro. Charles, ainda em tratamento, e Francisco, em convalescença, trocaram palavras de apoio mútuo, destacando uma conexão pessoal que vai além de seus papéis institucionais. A visita reforça a imagem de dois homens enfrentando desafios de saúde enquanto cumprem suas responsabilidades públicas.
Simbolismo do encontro no Vaticano
O encontro entre Charles e Francisco carrega um peso histórico e religioso. Como chefe da Igreja Anglicana, o rei representa uma tradição que se separou do catolicismo em 1534, durante o reinado de Henrique VIII. Já Francisco lidera mais de 1,2 bilhão de católicos em todo o mundo. A reunião, ainda que informal, simboliza um diálogo inter-religioso em um momento de tensões globais, como conflitos no Oriente Médio e mudanças climáticas, temas caros a ambos.
A troca de votos no 20º aniversário de casamento de Charles e Camilla adicionou um toque humano ao evento. O casal, que oficializou a união em 2005 após anos de relação pública, enfrentou escrutínios ao longo das décadas, mas consolidou sua posição com a ascensão de Charles ao trono. Francisco, conhecido por sua simplicidade, ofereceu uma bênção que ressoou com os valores de esperança e reconciliação que ele prega.
A visita ao Vaticano também destaca a continuidade das relações entre Reino Unido e Santa Sé, reabertas diplomaticamente em 1982. Antes de Charles, a rainha Elizabeth II visitou o Vaticano em 2000 e 2014, enquanto o então príncipe encontrou Francisco em ocasiões anteriores. O gesto de quarta-feira reforça essa ponte, unindo tradições distintas em um contexto moderno.
Impacto diplomático da visita
A viagem de Charles e Camilla à Itália ocorre em um momento estratégico para o Reino Unido. Cinco anos após o Brexit, o país busca fortalecer laços com parceiros europeus, e a Itália, como membro da União Europeia, é um aliado chave. O discurso no Parlamento e os encontros com Mattarella e Meloni sinalizam uma reaproximação que vai além da política, abrangendo cultura e economia.
O comércio bilateral entre os dois países, avaliado em 40 bilhões de euros anuais, foi um dos temas abordados por Charles em Roma. Sua fluência em italiano, adquirida ao longo de anos de visitas, facilitou a comunicação e impressionou os anfitriões, consolidando sua imagem como um monarca preparado para a diplomacia. Camilla, por sua vez, complementou a agenda com sua presença discreta, mas ativa, em eventos culturais e oficiais.
A passagem por Ravenna, com foco na memória da Segunda Guerra, também reforça a parceria histórica. A libertação da Itália pelos aliados, incluindo forças britânicas, é um capítulo compartilhado que Charles destacou em seu discurso aos veteranos, evocando valores de união e resiliência que permanecem relevantes hoje.
Uma celebração marcada por desafios
O 20º aniversário de casamento de Charles e Camilla, celebrado em 9 de abril, foi o pano de fundo emocional da visita. O casal, que enfrentou controvérsias antes e depois da união em 2005, consolidou sua relação ao longo dos anos, especialmente após a morte de Elizabeth II. O banquete no Quirinal, com pratos típicos italianos e vinhos locais, celebrou não apenas o marco pessoal, mas também a conexão entre as nações.
A saúde de Charles adicionou um tom de superação à data. Após o susto em março, ele retomou suas funções com cautela, mas sem abrir mão da viagem à Itália. A visita ao Papa, em particular, mostrou sua determinação em cumprir compromissos significativos, mesmo sob tratamento médico. Camilla, como rainha consorte, tem sido um apoio constante, acompanhando-o em cada etapa com serenidade.
O encontro com Francisco, por sua vez, trouxe um elemento de gratidão à celebração. O Papa, que quase perdeu a vida durante a internação, viu na visita uma oportunidade de retribuir o apoio recebido dos fiéis e de líderes mundiais. A troca de votos entre os três reflete um momento de solidariedade em meio a adversidades.
Fatos que destacam o evento
Alguns pontos chamam atenção na visita de Charles e Camilla ao Papa:
- Primeiro encontro oficial de Charles com Francisco como rei.
- Visita surpresa após adiamento devido à saúde do Papa.
- Charles discursou em italiano no Parlamento, feito inédito para um monarca britânico.
- Aniversário de 20 anos de casamento celebrado com banquete no Quirinal.
Legado da visita real
A passagem de Charles e Camilla pela Itália e pelo Vaticano deixa marcas em várias frentes. Diplomaticamente, a viagem reforça a posição do Reino Unido como parceiro ativo na Europa pós-Brexit, enquanto o encontro com Francisco destaca o papel da monarquia em questões de fé e humanitarismo. A fluência do rei em italiano e seu interesse por cultura e meio ambiente consolidam sua imagem como um líder engajado.
Para o Vaticano, a visita é um sinal de recuperação de Francisco, cuja saúde tem sido um ponto de preocupação global. Sua determinação em receber o casal, mesmo em repouso, reflete o compromisso com sua missão pastoral. A relação entre os dois líderes, iniciada antes da coroação de Charles, ganha um novo capítulo, com potencial para influenciar diálogos futuros sobre temas como ecologia e paz.
A agenda em Ravenna, por fim, conecta passado e presente, mostrando como a história compartilhada entre Reino Unido e Itália pode inspirar cooperação contemporânea. A visita, marcada por gestos simbólicos e desafios pessoais, entra para a história como um exemplo de resiliência e união em tempos incertos.

O rei Charles III e a rainha Camilla protagonizaram um momento inesperado ao visitar o Papa Francisco na tarde de quarta-feira, em um encontro privado na Casa Santa Marta, no Vaticano. A visita surpresa ocorreu durante a recuperação do pontífice, de 88 anos, que enfrenta um repouso forçado após uma internação de cinco semanas por pneumonia bilateral no hospital Gemelli, em Roma. Charles e Camilla, em viagem oficial à Itália desde segunda-feira, aproveitaram a passagem por Roma para expressar pessoalmente seus votos de melhoras ao líder católico, que havia cancelado uma audiência oficial devido à sua condição de saúde. O gesto marcou um ponto alto na agenda do casal real, que celebra 20 anos de casamento nesta semana.
A viagem de quatro dias à Itália, entre 7 e 10 de abril, é a primeira visita de Estado de Charles como rei desde sua coroação, em maio de 2023, após a morte da rainha Elizabeth II. O encontro com Francisco, inicialmente adiado por recomendação médica, foi remarcado de forma improvisada, evidenciando a relevância da relação entre o Reino Unido e o Vaticano. O Papa, ainda debilitado, mas em melhora gradual, recebeu os monarcas em um ambiente reservado, longe dos olhos da imprensa. Durante a reunião, ele ofereceu bênçãos ao casal pelo aniversário de casamento, enquanto Charles e Camilla retribuíram com desejos de rápida recuperação ao pontífice.
Em Roma, a agenda do rei incluiu um marco histórico: ele se tornou o primeiro monarca britânico a discursar em uma sessão conjunta do Parlamento italiano, impressionando os presentes com sua fluência em italiano. A visita ao Papa, porém, destacou a dimensão pessoal e espiritual do roteiro, unindo o chefe da Igreja Anglicana e o líder católico em um momento de simbolismo diplomático. A saúde frágil de Francisco, que deixou o hospital em 23 de março, não impediu o encontro, que reforçou os laços entre as duas instituições em meio a desafios globais.
Primeiros passos da visita real à Itália
Charles e Camilla desembarcaram em Roma na segunda-feira, recebidos com honras pelo presidente italiano, Sergio Mattarella, e pela primeira-ministra, Giorgia Meloni. A visita, planejada para fortalecer as relações bilaterais após o Brexit, começou com uma cerimônia no Palácio do Quirinal, residência oficial do presidente. Na terça-feira, o rei visitou o Coliseu ao lado do ministro da Cultura, Alessandro Giuli, destacando o interesse britânico pelo patrimônio histórico italiano. A passagem pelo Parlamento, no mesmo dia, foi um dos pontos altos, com Charles abordando temas como cooperação internacional e mudanças climáticas, questões que ele defende há décadas.
Na quarta-feira, dia do 20º aniversário de casamento do casal, a visita ao Vaticano trouxe um tom mais íntimo à agenda. O Palácio de Buckingham informou que Charles e Camilla ficaram “felizes” por encontrar Francisco bem o suficiente para recebê-los, apesar de seu estado delicado. A pneumonia bilateral, que exigiu mais de 37 dias de internação, deixou o Papa com recomendações médicas de repouso por dois meses, mas ele tem insistido em manter algumas atividades, como a bênção do Angelus na Praça de São Pedro.
A relação entre Charles e Francisco não é nova. Eles se encontraram em 2017 e 2019, quando o rei ainda era príncipe de Gales, discutindo temas como meio ambiente e diálogo inter-religioso. Agora, como monarca e líder da Igreja Anglicana, Charles reforça esse vínculo em um contexto de recuperação mútua: ele próprio enfrentou um susto de saúde em 27 de março, com uma breve internação devido a efeitos colaterais do tratamento contra o câncer, diagnosticado em 2024.

Marcos da agenda em Roma
A passagem pelo Parlamento italiano marcou um feito inédito para a monarquia britânica. Charles discursou por cerca de 20 minutos, alternando entre inglês e italiano, o que surpreendeu os parlamentares e foi amplamente elogiado. Ele destacou a parceria entre Reino Unido e Itália, que movimenta um comércio anual de cerca de 40 bilhões de euros, e enfatizou a importância de laços culturais e históricos. O embaixador britânico na Itália, Edward Llewellyn, classificou a visita como um passo para “relançar relações com parceiros europeus” após anos de tensões pós-Brexit.
Outro momento significativo ocorreu no Palácio do Quirinal, onde Charles e Camilla participaram de um banquete de Estado na noite de quarta-feira. A celebração coincidiu com o aniversário de casamento, e o casal foi homenageado com um jantar que reuniu autoridades italianas e britânicas. A escolha do dia 9 de abril, exatos 20 anos após a união civil em Windsor, em 2005, deu um toque especial ao evento, com discursos que celebraram tanto a relação pessoal do casal quanto os laços entre as nações.
A viagem também incluiu gestos simbólicos. Na terça-feira, o rei depositou uma coroa de flores no Túmulo do Soldado Desconhecido, no Altar da Pátria, em homenagem a Vittorio Emanuele II, primeiro rei da Itália unificada. Acompanhado por Mattarella e sua filha, Laura, que atua como primeira-dama, Charles reforçou o respeito mútuo entre as duas culturas, um tema recorrente em sua visita.
Detalhes do encontro com o Papa
O Papa Francisco recebeu Charles e Camilla na Casa Santa Marta, sua residência no Vaticano, em um ambiente discreto. Sentado em uma cadeira de rodas e usando cânulas nasais para auxílio respiratório, o pontífice demonstrou determinação ao manter o compromisso, mesmo contra recomendações médicas de repouso total. O encontro durou cerca de 30 minutos, tempo suficiente para uma troca de gentilezas que emocionou os presentes. Francisco abençoou o casal pelo aniversário de casamento, enquanto Charles expressou alívio ao vê-lo em recuperação.
A saúde do Papa tem sido motivo de preocupação desde fevereiro, quando ele foi internado com uma infecção respiratória grave. Durante os 37 dias no hospital Gemelli, sua condição chegou a ser crítica, com dois episódios de insuficiência respiratória que exigiram ventilação mecânica. Após a alta, em 23 de março, ele fez sua primeira aparição pública na Praça de São Pedro, acenando para os fiéis e desejando “bom domingo” em uma voz ainda frágil, mas mais firme que nas semanas anteriores.
A visita de Charles e Camilla ao Vaticano não estava garantida. Em 25 de março, o Palácio de Buckingham anunciou o adiamento do encontro oficial devido à convalescença de Francisco, mas a melhora gradual do pontífice abriu espaço para a reunião surpresa. O gesto reflete a proximidade entre os dois líderes, que compartilham preocupações com o meio ambiente e a solidariedade global, temas que devem ter permeado a conversa.
Cronologia dos eventos principais
Os acontecimentos recentes envolvendo Charles, Camilla e Francisco seguem uma linha de tempo marcada por desafios de saúde e compromissos oficiais:
- 14 de fevereiro: Papa Francisco é internado no hospital Gemelli com pneumonia bilateral.
- 27 de março: Charles enfrenta breve internação por efeitos colaterais do tratamento contra o câncer.
- 23 de março: Francisco recebe alta após 37 dias e retorna ao Vaticano.
- 7 de abril: Charles e Camilla chegam a Roma para visita de Estado.
- 8 de abril: Rei discursa no Parlamento italiano e visita o Coliseu.
- 9 de abril: Encontro surpresa com Francisco e banquete no Quirinal.
Viagem a Ravenna e memória histórica
Na quinta-feira, Charles e Camilla seguiram para Ravenna, no nordeste da Itália, para uma agenda focada em história e memória. Eles participaram de uma cerimônia que marcou o 80º aniversário da libertação da região da ocupação nazista pelas forças aliadas, em 10 de abril de 1945. A visita ao túmulo de Dante Alighieri, autor da “Divina Comédia” e considerado o pai da língua italiana, foi outro destaque, simbolizando o apreço do casal pela cultura local.
Ravenna, conhecida por seus mosaicos bizantinos e patrimônio da Unesco, ofereceu um contraste à grandiosidade de Roma. Charles, que já visitou a Itália 17 vezes como príncipe, demonstrou familiaridade com o país, enquanto Camilla, em seu papel de rainha consorte, acompanhou cada etapa com discrição e elegância. A cerimônia em Ravenna reuniu veteranos e autoridades, reforçando a mensagem de união entre Reino Unido e Itália, aliados na Segunda Guerra Mundial.
A escolha de Ravenna também reflete o interesse de Charles por história e literatura. Ele já mencionou em discursos anteriores sua admiração por Dante, cuja obra influenciou a cultura europeia. A visita ao túmulo, ao lado de Camilla, foi um momento de introspecção em meio a uma agenda intensa, conectando passado e presente em um gesto diplomático.
Saúde do rei e do Papa em foco
A saúde de Charles e Francisco tem dominado as manchetes nos últimos meses. O rei, de 76 anos, foi diagnosticado com câncer em fevereiro de 2024, mas o tipo da doença não foi revelado. Em 27 de março, ele passou por uma internação de emergência devido a reações adversas ao tratamento, retomando suas funções em 2 de abril. A viagem à Itália, apesar do susto, mostra sua determinação em manter compromissos internacionais, mesmo em um momento delicado.
Francisco, por sua vez, enfrentou a internação mais longa de seu papado, iniciado em 2013. A pneumonia bilateral, agravada por crises respiratórias, exigiu cuidados intensivos, incluindo transfusões de sangue e ventilação mecânica. Sua aparição na Praça de São Pedro, dias após a alta, e o encontro com Charles sinalizam uma recuperação gradual, mas os médicos insistem em repouso até maio para evitar recaídas.
A resiliência de ambos os líderes foi evidente no encontro. Charles, ainda em tratamento, e Francisco, em convalescença, trocaram palavras de apoio mútuo, destacando uma conexão pessoal que vai além de seus papéis institucionais. A visita reforça a imagem de dois homens enfrentando desafios de saúde enquanto cumprem suas responsabilidades públicas.
Simbolismo do encontro no Vaticano
O encontro entre Charles e Francisco carrega um peso histórico e religioso. Como chefe da Igreja Anglicana, o rei representa uma tradição que se separou do catolicismo em 1534, durante o reinado de Henrique VIII. Já Francisco lidera mais de 1,2 bilhão de católicos em todo o mundo. A reunião, ainda que informal, simboliza um diálogo inter-religioso em um momento de tensões globais, como conflitos no Oriente Médio e mudanças climáticas, temas caros a ambos.
A troca de votos no 20º aniversário de casamento de Charles e Camilla adicionou um toque humano ao evento. O casal, que oficializou a união em 2005 após anos de relação pública, enfrentou escrutínios ao longo das décadas, mas consolidou sua posição com a ascensão de Charles ao trono. Francisco, conhecido por sua simplicidade, ofereceu uma bênção que ressoou com os valores de esperança e reconciliação que ele prega.
A visita ao Vaticano também destaca a continuidade das relações entre Reino Unido e Santa Sé, reabertas diplomaticamente em 1982. Antes de Charles, a rainha Elizabeth II visitou o Vaticano em 2000 e 2014, enquanto o então príncipe encontrou Francisco em ocasiões anteriores. O gesto de quarta-feira reforça essa ponte, unindo tradições distintas em um contexto moderno.
Impacto diplomático da visita
A viagem de Charles e Camilla à Itália ocorre em um momento estratégico para o Reino Unido. Cinco anos após o Brexit, o país busca fortalecer laços com parceiros europeus, e a Itália, como membro da União Europeia, é um aliado chave. O discurso no Parlamento e os encontros com Mattarella e Meloni sinalizam uma reaproximação que vai além da política, abrangendo cultura e economia.
O comércio bilateral entre os dois países, avaliado em 40 bilhões de euros anuais, foi um dos temas abordados por Charles em Roma. Sua fluência em italiano, adquirida ao longo de anos de visitas, facilitou a comunicação e impressionou os anfitriões, consolidando sua imagem como um monarca preparado para a diplomacia. Camilla, por sua vez, complementou a agenda com sua presença discreta, mas ativa, em eventos culturais e oficiais.
A passagem por Ravenna, com foco na memória da Segunda Guerra, também reforça a parceria histórica. A libertação da Itália pelos aliados, incluindo forças britânicas, é um capítulo compartilhado que Charles destacou em seu discurso aos veteranos, evocando valores de união e resiliência que permanecem relevantes hoje.
Uma celebração marcada por desafios
O 20º aniversário de casamento de Charles e Camilla, celebrado em 9 de abril, foi o pano de fundo emocional da visita. O casal, que enfrentou controvérsias antes e depois da união em 2005, consolidou sua relação ao longo dos anos, especialmente após a morte de Elizabeth II. O banquete no Quirinal, com pratos típicos italianos e vinhos locais, celebrou não apenas o marco pessoal, mas também a conexão entre as nações.
A saúde de Charles adicionou um tom de superação à data. Após o susto em março, ele retomou suas funções com cautela, mas sem abrir mão da viagem à Itália. A visita ao Papa, em particular, mostrou sua determinação em cumprir compromissos significativos, mesmo sob tratamento médico. Camilla, como rainha consorte, tem sido um apoio constante, acompanhando-o em cada etapa com serenidade.
O encontro com Francisco, por sua vez, trouxe um elemento de gratidão à celebração. O Papa, que quase perdeu a vida durante a internação, viu na visita uma oportunidade de retribuir o apoio recebido dos fiéis e de líderes mundiais. A troca de votos entre os três reflete um momento de solidariedade em meio a adversidades.
Fatos que destacam o evento
Alguns pontos chamam atenção na visita de Charles e Camilla ao Papa:
- Primeiro encontro oficial de Charles com Francisco como rei.
- Visita surpresa após adiamento devido à saúde do Papa.
- Charles discursou em italiano no Parlamento, feito inédito para um monarca britânico.
- Aniversário de 20 anos de casamento celebrado com banquete no Quirinal.
Legado da visita real
A passagem de Charles e Camilla pela Itália e pelo Vaticano deixa marcas em várias frentes. Diplomaticamente, a viagem reforça a posição do Reino Unido como parceiro ativo na Europa pós-Brexit, enquanto o encontro com Francisco destaca o papel da monarquia em questões de fé e humanitarismo. A fluência do rei em italiano e seu interesse por cultura e meio ambiente consolidam sua imagem como um líder engajado.
Para o Vaticano, a visita é um sinal de recuperação de Francisco, cuja saúde tem sido um ponto de preocupação global. Sua determinação em receber o casal, mesmo em repouso, reflete o compromisso com sua missão pastoral. A relação entre os dois líderes, iniciada antes da coroação de Charles, ganha um novo capítulo, com potencial para influenciar diálogos futuros sobre temas como ecologia e paz.
A agenda em Ravenna, por fim, conecta passado e presente, mostrando como a história compartilhada entre Reino Unido e Itália pode inspirar cooperação contemporânea. A visita, marcada por gestos simbólicos e desafios pessoais, entra para a história como um exemplo de resiliência e união em tempos incertos.
