O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) anunciou um plano para compensar os dias paralisados durante a greve dos servidores em 2024, que durou mais de 100 dias. A proposta, apresentada em uma nova rodada da Mesa Setorial da Carreira do Seguro Social, estabelece que a reposição deve ser concluída até dezembro deste ano. No entanto, a falta de clareza sobre os critérios e a metodologia de aplicação tem gerado incertezas tanto entre os servidores quanto entre os segurados que dependem dos serviços previdenciários. A Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Saúde, Trabalho, Previdência e Assistência Social (Fenasps) já declarou que o cronograma é inviável, apontando dificuldades técnicas e humanas para cumprir o prazo estipulado.
A greve, motivada por reivindicações salariais e por melhores condições de trabalho, deixou um impacto significativo no atendimento do INSS ao longo de 2024. Milhares de processos, como pedidos de aposentadoria, auxílio-doença e revisões de benefícios, acumularam-se durante os mais de três meses de paralisação. Agora, com o plano de reposição em pauta, o instituto busca regularizar o atendimento, mas as indefinições sobre o cálculo das horas pendentes e os métodos de compensação preocupam os envolvidos. O modelo apresentado vincula a reposição ao Programa de Gestão de Desempenho (PGD), o que tem gerado debates entre os representantes dos trabalhadores.
Para os segurados, a notícia traz um misto de alívio e apreensão. Embora a promessa de regularização até o fim do ano seja positiva, a capacidade do INSS de cumprir o prazo sem comprometer a qualidade do serviço permanece incerta. Enquanto isso, os servidores enfrentam a pressão de compensar os dias paralisados em um curto espaço de tempo, o que pode afetar ainda mais o ritmo de trabalho nas agências. O plano também limita a compensação de algumas atividades específicas, como avaliações sociais e socioprofissionais, apenas a determinados grupos de funcionários, o que adiciona mais complexidade à execução da proposta.
O que motivou a greve do INSS em 2024
A paralisação dos servidores do INSS em 2024 teve início em meados do ano, quando os trabalhadores decidiram cruzar os braços para exigir melhores salários e condições de trabalho. O movimento, que se estendeu por mais de 100 dias, foi uma resposta às dificuldades enfrentadas pelos funcionários, como a sobrecarga de demandas e a falta de estrutura adequada nas agências. Durante esse período, o atendimento presencial e digital foi gravemente comprometido, resultando em longas filas de espera e atrasos na concessão de benefícios.
Os servidores argumentam que o volume de trabalho aumentou nos últimos anos, especialmente após a digitalização de serviços e a redução do quadro de funcionários. Muitos apontam que a falta de concursos públicos recentes agravou a situação, deixando as equipes reduzidas para lidar com uma demanda crescente. A Fenasps, que representa a categoria, destacou que as negociações com o governo foram lentas, o que prolongou a greve e intensificou os prejuízos para os segurados.
Entre as reivindicações estavam o reajuste salarial para compensar a inflação acumulada, a contratação de novos servidores e a melhoria da infraestrutura tecnológica e física das unidades do INSS. A paralisação só chegou ao fim após intensas rodadas de diálogo com o governo, mas o acordo para a reposição dos dias parados ainda gera controvérsias. A definição de que tudo deve ser resolvido até dezembro coloca os trabalhadores sob pressão adicional, enquanto os segurados aguardam a normalização dos serviços.
- Principais demandas da greve:
- Reajuste salarial compatível com a inflação.
- Contratação de novos servidores via concurso público.
- Melhoria nas condições de trabalho e infraestrutura das agências.
Detalhes do plano de reposição do INSS
O plano apresentado pelo INSS estabelece que os servidores terão que compensar as horas não trabalhadas durante a greve até o último dia de dezembro deste ano. A proposta foi discutida na Mesa Setorial da Carreira do Seguro Social, mas ainda carece de detalhes fundamentais. A Fenasps criticou a falta de transparência sobre o débito a ser compensado, como o total de horas pendentes por servidor e o método utilizado para calcular esse montante.
Além disso, o modelo vincula a reposição ao Programa de Gestão de Desempenho (PGD), uma iniciativa que avalia o desempenho dos servidores com base em metas específicas. Para os funcionários dos Serviços Previdenciários, a compensação foi restrita à realização de avaliações sociais e socioprofissionais, o que limita as possibilidades de trabalho e pode gerar gargalos na execução do plano. A federação considera que essa abordagem é tecnicamente inviável, dado o volume de tarefas acumuladas e o prazo apertado.
A pressão para cumprir o cronograma recai diretamente sobre os servidores, que já lidam com uma rotina intensa. Em muitas agências, o acúmulo de processos ultrapassa a capacidade operacional, e a exigência de reposição pode agravar o desgaste físico e mental dos trabalhadores. Enquanto isso, o INSS argumenta que a medida é necessária para evitar prejuízos ainda maiores aos segurados, que dependem da agilidade no processamento de benefícios.
Impactos para os segurados do INSS
Para quem depende dos serviços do INSS, o plano de reposição traz implicações diretas. Durante a greve, mais de 100 dias de paralisação resultaram em um atraso significativo na análise de pedidos de aposentadoria, pensão por morte, auxílio-doença e outros benefícios. Com a proposta de compensação até dezembro, há uma expectativa de que o atendimento seja normalizado, mas especialistas alertam que o prazo curto pode comprometer a qualidade do serviço.
Muitos segurados enfrentaram dificuldades financeiras durante o período da greve, especialmente aqueles que aguardavam a liberação de auxílios essenciais para o sustento. A dona de casa Maria Silva, de 58 anos, residente em Vitória da Conquista, é um exemplo: ela esperou quatro meses para ter seu pedido de aposentadoria analisado, o que a obrigou a recorrer a empréstimos para cobrir despesas básicas. Casos como o dela se multiplicaram pelo país, evidenciando a extensão do problema.
A limitação da compensação a certas atividades, como avaliações sociais, também pode gerar desigualdades no ritmo de atendimento entre diferentes tipos de benefícios. Pedidos mais complexos, que exigem perícias médicas ou análise documental detalhada, correm o risco de continuar represados, enquanto tarefas mais simples avançam. Isso significa que, para alguns segurados, a espera pode se estender além do prazo estipulado pelo INSS.
Por que a reposição até dezembro é considerada inviável
A Fenasps foi enfática ao classificar o plano do INSS como “humanamente e tecnicamente inviável”. Um dos principais argumentos é o volume de trabalho acumulado durante os mais de 100 dias de greve. Com milhares de processos parados, a compensação em menos de três meses exigiria um esforço sobre-humano dos servidores, que já operam no limite de suas capacidades.
Outro ponto levantado é a falta de clareza sobre os critérios de cálculo das horas a serem repostas. Sem uma definição precisa do débito de cada servidor, o planejamento da compensação torna-se caótico. Há relatos de funcionários que não sabem ao certo quantas horas precisam cumprir ou como suas tarefas serão redistribuídas para atender ao plano.
A vinculação ao Programa de Gestão de Desempenho também é vista como um obstáculo. O PGD exige o cumprimento de metas específicas, mas a estrutura atual das agências — com sistemas lentos e equipes reduzidas — dificulta o alcance dessas metas em um cenário de reposição acelerada. Para a federação, o INSS subestima as limitações práticas e ignora o desgaste acumulado pelos servidores ao longo do ano.
- Fatores que tornam o plano inviável:
- Acúmulo de processos superior à capacidade operacional.
- Prazo curto de menos de três meses para a compensação.
- Falta de estrutura tecnológica e de pessoal para suportar a demanda.
Como o plano afeta o dia a dia nas agências
Nas agências do INSS, o impacto do plano de reposição já começa a ser sentido. Servidores relatam uma pressão crescente para aumentar a produtividade, enquanto tentam equilibrar as tarefas rotineiras com a compensação dos dias paralisados. Em cidades como Vitória da Conquista, onde a demanda por benefícios é alta, as filas voltaram a se formar nas portas das unidades, mesmo com o fim da greve.
A restrição da compensação a avaliações sociais e socioprofissionais para alguns servidores também cria um desequilíbrio na distribuição de trabalho. Enquanto parte da equipe foca nessas atividades específicas, outros funcionários ficam sobrecarregados com a análise de pedidos acumulados, como aposentadorias e auxílios. Esse cenário pode levar a atrasos adicionais e a um atendimento desigual entre os segurados.
A infraestrutura precária de muitas agências agrava o problema. Sistemas digitais instáveis e a falta de equipamentos adequados dificultam o processamento rápido dos processos, mesmo com o esforço redobrado dos servidores. Em algumas unidades, a ausência de ar-condicionado e cadeiras suficientes para os segurados torna o ambiente de espera ainda mais caótico.

Cronograma da reposição: o que esperar até dezembro
O INSS estipulou que a compensação dos dias paralisados deve ser concluída até 31 de dezembro deste ano. Isso significa que os próximos meses serão decisivos para a regularização do atendimento. No entanto, o cronograma apertado levanta dúvidas sobre sua viabilidade, especialmente diante das críticas da Fenasps e das limitações operacionais do instituto.
Entre outubro e dezembro, os servidores terão cerca de 90 dias para zerar o débito das horas não trabalhadas. O plano prevê que as atividades sejam intensificadas, mas não detalha como o INSS pretende lidar com imprevistos, como faltas de funcionários ou falhas tecnológicas. Para os segurados, esse período será marcado por uma expectativa de melhora, mas também pelo risco de novos atrasos.
- Etapas previstas até o fim do ano:
- Outubro: Início da compensação intensiva nas agências.
- Novembro: Acompanhamento das metas do Programa de Gestão de Desempenho.
- Dezembro: Prazo final para a conclusão da reposição.
Desafios estruturais do INSS além da greve
Além da greve e do plano de reposição, o INSS enfrenta desafios estruturais que afetam sua capacidade de atender à população. A redução do número de servidores, devido à falta de concursos públicos nos últimos anos, é um dos principais entraves. Com um quadro enxuto, o instituto depende de soluções temporárias, como mutirões e horas extras, para dar conta da demanda.
A digitalização dos serviços, embora tenha facilitado o acesso em alguns casos, também trouxe problemas. Muitos segurados, especialmente idosos e moradores de áreas rurais, enfrentam dificuldades para utilizar plataformas online, o que aumenta a pressão sobre o atendimento presencial. Em paralelo, os sistemas digitais frequentemente apresentam instabilidade, atrasando ainda mais o processamento de pedidos.
A infraestrutura física das agências é outro ponto crítico. Unidades com equipamentos defasados e espaço insuficiente dificultam o trabalho dos servidores e o conforto dos segurados. Esses problemas, que já existiam antes da greve, ganharam ainda mais visibilidade com a paralisação e agora desafiam a execução do plano de reposição.
O que os segurados podem fazer enquanto aguardam
Enquanto o INSS trabalha para regularizar o atendimento, os segurados podem采取 algumas medidas para minimizar os impactos dos atrasos. Acompanhar o andamento dos pedidos pelo aplicativo Meu INSS é uma opção prática, embora o sistema nem sempre forneça atualizações em tempo real. Em casos de urgência, como a liberação de auxílios essenciais, buscar orientação jurídica pode ser uma alternativa para agilizar o processo.
Outra dica é organizar a documentação necessária com antecedência, evitando erros que possam prolongar a análise. Para quem depende de perícias médicas, vale verificar a disponibilidade de agendamentos nas unidades próximas, já que a greve deixou um represamento significativo nesse tipo de atendimento. Apesar das dificuldades, manter a paciência será essencial nos próximos meses.
Pressão sobre os servidores continua crescendo
Os servidores do INSS, que já enfrentaram mais de 100 dias de greve, agora lidam com a pressão adicional do plano de reposição. Muitos relatam exaustão após meses de negociações e paralisações, e a exigência de compensar as horas paradas em um prazo curto só intensifica o desgaste. Em algumas agências, o clima é de apreensão, com trabalhadores temendo não conseguir cumprir as metas estipuladas.
A falta de apoio estrutural, como sistemas eficientes e equipes completas, torna o desafio ainda maior. Para a Fenasps, o governo precisa rever o plano e oferecer condições realistas para a compensação, sob o risco de prejudicar tanto os servidores quanto os segurados. A entidade também defende a realização de um concurso público urgente para reforçar o quadro de funcionários.
Enquanto isso, o INSS mantém a posição de que a reposição até dezembro é essencial para evitar um colapso no atendimento. A divergência entre as partes sugere que os próximos meses serão marcados por tensões e negociações adicionais, com impactos diretos na vida de milhões de brasileiros que dependem do instituto.

O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) anunciou um plano para compensar os dias paralisados durante a greve dos servidores em 2024, que durou mais de 100 dias. A proposta, apresentada em uma nova rodada da Mesa Setorial da Carreira do Seguro Social, estabelece que a reposição deve ser concluída até dezembro deste ano. No entanto, a falta de clareza sobre os critérios e a metodologia de aplicação tem gerado incertezas tanto entre os servidores quanto entre os segurados que dependem dos serviços previdenciários. A Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Saúde, Trabalho, Previdência e Assistência Social (Fenasps) já declarou que o cronograma é inviável, apontando dificuldades técnicas e humanas para cumprir o prazo estipulado.
A greve, motivada por reivindicações salariais e por melhores condições de trabalho, deixou um impacto significativo no atendimento do INSS ao longo de 2024. Milhares de processos, como pedidos de aposentadoria, auxílio-doença e revisões de benefícios, acumularam-se durante os mais de três meses de paralisação. Agora, com o plano de reposição em pauta, o instituto busca regularizar o atendimento, mas as indefinições sobre o cálculo das horas pendentes e os métodos de compensação preocupam os envolvidos. O modelo apresentado vincula a reposição ao Programa de Gestão de Desempenho (PGD), o que tem gerado debates entre os representantes dos trabalhadores.
Para os segurados, a notícia traz um misto de alívio e apreensão. Embora a promessa de regularização até o fim do ano seja positiva, a capacidade do INSS de cumprir o prazo sem comprometer a qualidade do serviço permanece incerta. Enquanto isso, os servidores enfrentam a pressão de compensar os dias paralisados em um curto espaço de tempo, o que pode afetar ainda mais o ritmo de trabalho nas agências. O plano também limita a compensação de algumas atividades específicas, como avaliações sociais e socioprofissionais, apenas a determinados grupos de funcionários, o que adiciona mais complexidade à execução da proposta.
O que motivou a greve do INSS em 2024
A paralisação dos servidores do INSS em 2024 teve início em meados do ano, quando os trabalhadores decidiram cruzar os braços para exigir melhores salários e condições de trabalho. O movimento, que se estendeu por mais de 100 dias, foi uma resposta às dificuldades enfrentadas pelos funcionários, como a sobrecarga de demandas e a falta de estrutura adequada nas agências. Durante esse período, o atendimento presencial e digital foi gravemente comprometido, resultando em longas filas de espera e atrasos na concessão de benefícios.
Os servidores argumentam que o volume de trabalho aumentou nos últimos anos, especialmente após a digitalização de serviços e a redução do quadro de funcionários. Muitos apontam que a falta de concursos públicos recentes agravou a situação, deixando as equipes reduzidas para lidar com uma demanda crescente. A Fenasps, que representa a categoria, destacou que as negociações com o governo foram lentas, o que prolongou a greve e intensificou os prejuízos para os segurados.
Entre as reivindicações estavam o reajuste salarial para compensar a inflação acumulada, a contratação de novos servidores e a melhoria da infraestrutura tecnológica e física das unidades do INSS. A paralisação só chegou ao fim após intensas rodadas de diálogo com o governo, mas o acordo para a reposição dos dias parados ainda gera controvérsias. A definição de que tudo deve ser resolvido até dezembro coloca os trabalhadores sob pressão adicional, enquanto os segurados aguardam a normalização dos serviços.
- Principais demandas da greve:
- Reajuste salarial compatível com a inflação.
- Contratação de novos servidores via concurso público.
- Melhoria nas condições de trabalho e infraestrutura das agências.
Detalhes do plano de reposição do INSS
O plano apresentado pelo INSS estabelece que os servidores terão que compensar as horas não trabalhadas durante a greve até o último dia de dezembro deste ano. A proposta foi discutida na Mesa Setorial da Carreira do Seguro Social, mas ainda carece de detalhes fundamentais. A Fenasps criticou a falta de transparência sobre o débito a ser compensado, como o total de horas pendentes por servidor e o método utilizado para calcular esse montante.
Além disso, o modelo vincula a reposição ao Programa de Gestão de Desempenho (PGD), uma iniciativa que avalia o desempenho dos servidores com base em metas específicas. Para os funcionários dos Serviços Previdenciários, a compensação foi restrita à realização de avaliações sociais e socioprofissionais, o que limita as possibilidades de trabalho e pode gerar gargalos na execução do plano. A federação considera que essa abordagem é tecnicamente inviável, dado o volume de tarefas acumuladas e o prazo apertado.
A pressão para cumprir o cronograma recai diretamente sobre os servidores, que já lidam com uma rotina intensa. Em muitas agências, o acúmulo de processos ultrapassa a capacidade operacional, e a exigência de reposição pode agravar o desgaste físico e mental dos trabalhadores. Enquanto isso, o INSS argumenta que a medida é necessária para evitar prejuízos ainda maiores aos segurados, que dependem da agilidade no processamento de benefícios.
Impactos para os segurados do INSS
Para quem depende dos serviços do INSS, o plano de reposição traz implicações diretas. Durante a greve, mais de 100 dias de paralisação resultaram em um atraso significativo na análise de pedidos de aposentadoria, pensão por morte, auxílio-doença e outros benefícios. Com a proposta de compensação até dezembro, há uma expectativa de que o atendimento seja normalizado, mas especialistas alertam que o prazo curto pode comprometer a qualidade do serviço.
Muitos segurados enfrentaram dificuldades financeiras durante o período da greve, especialmente aqueles que aguardavam a liberação de auxílios essenciais para o sustento. A dona de casa Maria Silva, de 58 anos, residente em Vitória da Conquista, é um exemplo: ela esperou quatro meses para ter seu pedido de aposentadoria analisado, o que a obrigou a recorrer a empréstimos para cobrir despesas básicas. Casos como o dela se multiplicaram pelo país, evidenciando a extensão do problema.
A limitação da compensação a certas atividades, como avaliações sociais, também pode gerar desigualdades no ritmo de atendimento entre diferentes tipos de benefícios. Pedidos mais complexos, que exigem perícias médicas ou análise documental detalhada, correm o risco de continuar represados, enquanto tarefas mais simples avançam. Isso significa que, para alguns segurados, a espera pode se estender além do prazo estipulado pelo INSS.
Por que a reposição até dezembro é considerada inviável
A Fenasps foi enfática ao classificar o plano do INSS como “humanamente e tecnicamente inviável”. Um dos principais argumentos é o volume de trabalho acumulado durante os mais de 100 dias de greve. Com milhares de processos parados, a compensação em menos de três meses exigiria um esforço sobre-humano dos servidores, que já operam no limite de suas capacidades.
Outro ponto levantado é a falta de clareza sobre os critérios de cálculo das horas a serem repostas. Sem uma definição precisa do débito de cada servidor, o planejamento da compensação torna-se caótico. Há relatos de funcionários que não sabem ao certo quantas horas precisam cumprir ou como suas tarefas serão redistribuídas para atender ao plano.
A vinculação ao Programa de Gestão de Desempenho também é vista como um obstáculo. O PGD exige o cumprimento de metas específicas, mas a estrutura atual das agências — com sistemas lentos e equipes reduzidas — dificulta o alcance dessas metas em um cenário de reposição acelerada. Para a federação, o INSS subestima as limitações práticas e ignora o desgaste acumulado pelos servidores ao longo do ano.
- Fatores que tornam o plano inviável:
- Acúmulo de processos superior à capacidade operacional.
- Prazo curto de menos de três meses para a compensação.
- Falta de estrutura tecnológica e de pessoal para suportar a demanda.
Como o plano afeta o dia a dia nas agências
Nas agências do INSS, o impacto do plano de reposição já começa a ser sentido. Servidores relatam uma pressão crescente para aumentar a produtividade, enquanto tentam equilibrar as tarefas rotineiras com a compensação dos dias paralisados. Em cidades como Vitória da Conquista, onde a demanda por benefícios é alta, as filas voltaram a se formar nas portas das unidades, mesmo com o fim da greve.
A restrição da compensação a avaliações sociais e socioprofissionais para alguns servidores também cria um desequilíbrio na distribuição de trabalho. Enquanto parte da equipe foca nessas atividades específicas, outros funcionários ficam sobrecarregados com a análise de pedidos acumulados, como aposentadorias e auxílios. Esse cenário pode levar a atrasos adicionais e a um atendimento desigual entre os segurados.
A infraestrutura precária de muitas agências agrava o problema. Sistemas digitais instáveis e a falta de equipamentos adequados dificultam o processamento rápido dos processos, mesmo com o esforço redobrado dos servidores. Em algumas unidades, a ausência de ar-condicionado e cadeiras suficientes para os segurados torna o ambiente de espera ainda mais caótico.

Cronograma da reposição: o que esperar até dezembro
O INSS estipulou que a compensação dos dias paralisados deve ser concluída até 31 de dezembro deste ano. Isso significa que os próximos meses serão decisivos para a regularização do atendimento. No entanto, o cronograma apertado levanta dúvidas sobre sua viabilidade, especialmente diante das críticas da Fenasps e das limitações operacionais do instituto.
Entre outubro e dezembro, os servidores terão cerca de 90 dias para zerar o débito das horas não trabalhadas. O plano prevê que as atividades sejam intensificadas, mas não detalha como o INSS pretende lidar com imprevistos, como faltas de funcionários ou falhas tecnológicas. Para os segurados, esse período será marcado por uma expectativa de melhora, mas também pelo risco de novos atrasos.
- Etapas previstas até o fim do ano:
- Outubro: Início da compensação intensiva nas agências.
- Novembro: Acompanhamento das metas do Programa de Gestão de Desempenho.
- Dezembro: Prazo final para a conclusão da reposição.
Desafios estruturais do INSS além da greve
Além da greve e do plano de reposição, o INSS enfrenta desafios estruturais que afetam sua capacidade de atender à população. A redução do número de servidores, devido à falta de concursos públicos nos últimos anos, é um dos principais entraves. Com um quadro enxuto, o instituto depende de soluções temporárias, como mutirões e horas extras, para dar conta da demanda.
A digitalização dos serviços, embora tenha facilitado o acesso em alguns casos, também trouxe problemas. Muitos segurados, especialmente idosos e moradores de áreas rurais, enfrentam dificuldades para utilizar plataformas online, o que aumenta a pressão sobre o atendimento presencial. Em paralelo, os sistemas digitais frequentemente apresentam instabilidade, atrasando ainda mais o processamento de pedidos.
A infraestrutura física das agências é outro ponto crítico. Unidades com equipamentos defasados e espaço insuficiente dificultam o trabalho dos servidores e o conforto dos segurados. Esses problemas, que já existiam antes da greve, ganharam ainda mais visibilidade com a paralisação e agora desafiam a execução do plano de reposição.
O que os segurados podem fazer enquanto aguardam
Enquanto o INSS trabalha para regularizar o atendimento, os segurados podem采取 algumas medidas para minimizar os impactos dos atrasos. Acompanhar o andamento dos pedidos pelo aplicativo Meu INSS é uma opção prática, embora o sistema nem sempre forneça atualizações em tempo real. Em casos de urgência, como a liberação de auxílios essenciais, buscar orientação jurídica pode ser uma alternativa para agilizar o processo.
Outra dica é organizar a documentação necessária com antecedência, evitando erros que possam prolongar a análise. Para quem depende de perícias médicas, vale verificar a disponibilidade de agendamentos nas unidades próximas, já que a greve deixou um represamento significativo nesse tipo de atendimento. Apesar das dificuldades, manter a paciência será essencial nos próximos meses.
Pressão sobre os servidores continua crescendo
Os servidores do INSS, que já enfrentaram mais de 100 dias de greve, agora lidam com a pressão adicional do plano de reposição. Muitos relatam exaustão após meses de negociações e paralisações, e a exigência de compensar as horas paradas em um prazo curto só intensifica o desgaste. Em algumas agências, o clima é de apreensão, com trabalhadores temendo não conseguir cumprir as metas estipuladas.
A falta de apoio estrutural, como sistemas eficientes e equipes completas, torna o desafio ainda maior. Para a Fenasps, o governo precisa rever o plano e oferecer condições realistas para a compensação, sob o risco de prejudicar tanto os servidores quanto os segurados. A entidade também defende a realização de um concurso público urgente para reforçar o quadro de funcionários.
Enquanto isso, o INSS mantém a posição de que a reposição até dezembro é essencial para evitar um colapso no atendimento. A divergência entre as partes sugere que os próximos meses serão marcados por tensões e negociações adicionais, com impactos diretos na vida de milhões de brasileiros que dependem do instituto.
