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15 Apr 2025, Tue

jovem com histórico de infrações causa morte de duas pedestres em alta velocidade

Jovens atropeladas na faixa de pedestre


Um grave acidente abalou São Caetano do Sul, no ABC Paulista, na noite de 9 de abril, quando duas jovens de 18 anos perderam a vida ao serem atropeladas em uma faixa de pedestres. Isabela Priel Regis e Isabelli Helena de Lima Costa, amigas inseparáveis, atravessavam a Avenida Goiás, uma das principais vias da cidade, quando um Honda Civic, conduzido por Brendo dos Santos Sampaio, 26 anos, as atingiu em alta velocidade. O impacto foi tão violento que as vítimas foram arremessadas a mais de 50 metros, morrendo no local. A tragédia, registrada por câmeras de segurança, revelou um cenário de imprudência: o motorista, estudante de direito, acumulava 12 infrações de trânsito, incluindo sete por excesso de velocidade, e estava com a carteira de habilitação prestes a ser suspensa.

Brendo foi preso em flagrante logo após o acidente. A polícia suspeita que ele participava de um “racha”, prática ilegal de corrida em vias públicas, no momento da colisão. O caso, registrado como homicídio doloso, com intenção de matar, gerou revolta entre familiares, amigos e moradores da região. A investigação aponta que o motorista já somava 71 pontos na carteira nacional de habilitação (CNH), um número alarmante que reflete um histórico de desrespeito às leis de trânsito. A delegada responsável pelo caso, Kelly Sachetto, destacou que as provas técnicas e testemunhais confirmam que a velocidade do veículo era incompatível com o limite de 60 km/h da via.

A defesa de Brendo, composta pelos advogados Thalita Beserra, Francisco Ferreira e Thaís Vianna, classificou o episódio como uma “fatalidade”. Eles alegam que as jovens atravessaram a faixa de pedestres quando o semáforo ainda estava vermelho para os pedestres, e que o motorista não as teria visto. Contudo, as imagens do Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE) mostram o veículo em alta velocidade, com o semáforo mudando de verde para amarelo no momento do impacto, o que contraria a versão apresentada.

  • Histórico preocupante: Brendo acumulava 71 pontos na CNH, com infrações que incluíam avanço de sinal vermelho e estacionamento em local proibido, além das multas por velocidade.
  • Suspeita de racha: Testemunhas relataram que o motorista parecia competir com outro veículo antes do acidente.
  • Impacto devastador: As jovens foram arremessadas a mais de 50 metros, e o carro ficou com a frente destruída.

Perfil das vítimas

Isabela e Isabelli eram conhecidas por sua amizade próxima. Elas estudaram juntas no ensino médio e compartilhavam sonhos para o futuro. Naquela noite, as duas comemoravam uma conquista: Isabelli havia conseguido um novo emprego, que começaria na semana seguinte. Após passarem por uma adega, elas caminhavam pela Avenida Goiás, conversando, quando a tragédia as alcançou. Familiares descreveram as jovens como alegres e cheias de vida, o que tornou a perda ainda mais dolorosa.

Marcos Antônio dos Santos Régis, pai de Isabela, expressou sua angústia: “Ela era a pessoa mais radiante da família. Tiraram um pedaço de mim”. A madrasta, Shirley, reforçou a inconformidade: “Não tem como ele não estar em alta velocidade, pelo jeito que as atingiu”. A família de Isabelli também lamentou a brutalidade do acidente, destacando que a jovem estava animada com o novo trabalho. A comunidade local organizou homenagens, com flores e velas deixadas no local do acidente, em memória das duas amigas.

O impacto da perda reverberou em São Caetano do Sul. Moradores cobraram mais fiscalização nas ruas, apontando que a Avenida Goiás, embora bem sinalizada, é frequentemente palco de motoristas em alta velocidade. A tragédia reacendeu o debate sobre a segurança no trânsito em áreas urbanas, especialmente em vias movimentadas como essa, que conecta diferentes bairros do ABC Paulista.

Histórico de infrações

Brendo dos Santos Sampaio, estudante de direito em uma universidade local, já era conhecido pelas autoridades de trânsito. Suas 12 infrações incluíam cinco multas por ultrapassar o limite de velocidade em até 20% e duas por exceder entre 20% e 50%. Um caso específico, registrado em 13 de janeiro, flagrou o motorista dirigindo a 97 km/h na Avenida Guido Aliberti, também em São Caetano, onde o limite era de 60 km/h. Essas infrações acumuladas resultaram em 71 pontos na CNH, número suficiente para a suspensão do documento, que estava programada para ocorrer na segunda-feira seguinte ao acidente.

A delegada Kelly Sachetto explicou que, após a suspensão, Brendo precisaria passar por um curso de reciclagem para recuperar a habilitação. No entanto, a gravidade do acidente mudou o rumo da situação. A polícia constatou que o motorista já havia sido advertido diversas vezes, mas continuou a desrespeitar as normas de trânsito. Esse histórico levanta questionamentos sobre a eficácia do sistema de punição para infratores reincidentes no Brasil, onde a suspensão da CNH muitas vezes ocorre apenas após a acumulação de pontos elevados.

A investigação também busca esclarecer se Brendo estava distraído no momento do acidente. Testemunhas relataram que ele confessou estar “um pouco acima da velocidade”, mas não mencionou detalhes sobre o que fazia antes da colisão. A possibilidade de uso de celular ou outras distrações não foi descartada, embora o teste do bafômetro tenha dado negativo, afastando a suspeita de embriaguez.

Detalhes da investigação

A polícia reuniu elementos robustos para sustentar a acusação de homicídio doloso. Câmeras de monitoramento capturaram o momento exato do atropelamento, mostrando o Honda Civic em alta velocidade enquanto as jovens atravessavam a faixa. Uma testemunha relatou ter visto dois carros, incluindo o de Brendo, em alta velocidade minutos antes do acidente, reforçando a suspeita de racha. A análise técnica do veículo também indicou danos compatíveis com uma colisão em velocidade elevada.

  • Provas técnicas: Imagens do CGE mostram o carro a uma velocidade incompatível com o limite da via.
  • Testemunhas: Um motorista que seguia pela avenida relatou a possível disputa entre veículos.
  • Danos ao veículo: O Honda Civic ficou com a frente destruída, indicando a força do impacto.
  • Teste do bafômetro: O resultado negativo descartou embriaguez, mas não imprudência.

A prisão em flagrante de Brendo foi convertida em preventiva no dia 10 de abril, após audiência de custódia. Ele foi transferido para o Centro de Detenção Provisória de São Bernardo do Campo, onde aguarda o andamento do processo. A Justiça considerou a gravidade do caso e o risco de fuga, mantendo-o detido. A defesa anunciou que usará todos os recursos legais disponíveis, mas não detalhou estratégias futuras.

Carro que atropelou duas jovens na faixa de pedestre
Carro que atropelou duas jovens na faixa de pedestre – Foto: Reprodução/ TV Globo

Contexto do trânsito no ABC Paulista

O acidente em São Caetano do Sul não é um caso isolado. A região do ABC Paulista, composta por cidades como Santo André, São Bernardo do Campo e São Caetano, enfrenta desafios relacionados à segurança viária. Dados do Infosiga SP, sistema de informações de acidentes de trânsito do governo estadual, mostram que, em 2024, a região registrou um aumento de 30% nas mortes por atropelamento em comparação com o ano anterior. Esse crescimento preocupa autoridades e especialistas, que apontam a combinação de imprudência, falta de fiscalização e infraestrutura insuficiente como fatores críticos.

A Avenida Goiás, onde ocorreu a tragédia, é uma via arterial que suporta grande fluxo de veículos, especialmente à noite. Apesar de contar com faixas de pedestres e semáforos, a ausência de radares em alguns trechos facilita o excesso de velocidade. Moradores relatam que motoristas frequentemente ignoram os limites, transformando a avenida em um ponto de risco. Após o acidente, a prefeitura de São Caetano anunciou estudos para reforçar a sinalização e instalar equipamentos de controle de velocidade, mas as medidas ainda estão em fase de planejamento.

O caso também reacende o debate sobre rachas em áreas urbanas. A prática, que envolve competições informais entre motoristas, é comum em vias largas como a Avenida Goiás. Especialistas alertam que a sensação de impunidade incentiva esse comportamento, especialmente entre jovens. Campanhas de conscientização têm sido realizadas, mas os resultados ainda são limitados, como demonstra a recorrência de casos semelhantes.

Reações da comunidade

A morte de Isabela e Isabelli mobilizou São Caetano do Sul. Amigos e familiares organizaram uma vigília na noite seguinte ao acidente, com cartazes pedindo justiça e mais segurança no trânsito. Nas redes sociais, mensagens de luto e indignação dominaram as postagens de moradores, que cobraram punições severas para Brendo. Um abaixo-assinado começou a circular, exigindo a instalação de lombadas eletrônicas e maior presença policial na Avenida Goiás.

Escolas frequentadas pelas jovens também prestaram homenagens. A instituição onde estudaram no ensino médio realizou um minuto de silêncio, e professores destacaram a alegria e o companheirismo das duas. A universidade onde Brendo cursava direito informou que acompanha o caso, mas não se pronunciou sobre eventuais medidas internas, considerando que o acidente ocorreu fora do campus.

A tragédia também gerou discussões sobre o papel das famílias na educação de motoristas jovens. Especialistas em segurança viária apontam que muitos condutores, como Brendo, começam a dirigir ainda na adolescência, mas nem sempre recebem orientação adequada sobre responsabilidade ao volante. A combinação de inexperiência e imprudência, agravada pelo acesso a veículos potentes, como o Honda Civic, aumenta o risco de acidentes graves.

Impacto nas famílias

A dor das famílias de Isabela e Isabelli é agravada pelas circunstâncias do acidente. Marcos Antônio, pai de Isabela, revelou que a filha planejava cursar administração e sonhava em abrir o próprio negócio. Isabelli, por sua vez, estava entusiasmada com o novo emprego, que representava um passo importante para sua independência. As duas compartilhavam planos de viajar juntas, um sonho interrompido pela tragédia.

Shirley, madrasta de Isabela, relatou que a família foi procurada por representantes de Brendo, que ofereceram apoio e reforçaram a tese de que o acidente foi uma fatalidade. A proposta foi recebida com desconfiança, especialmente diante das evidências de imprudência. “Ele acabou com nossa família. Como vamos viver sem ela?”, questionou Shirley, emocionada. A família de Isabelli preferiu não se manifestar publicamente, mas amigos próximos afirmaram que os pais estão devastados.

A comunidade local também se mobilizou para apoiar as famílias. Uma campanha de arrecadação foi iniciada para custear despesas funerárias e oferecer suporte financeiro, já que ambas as jovens contribuíam para o orçamento familiar. O enterro de Isabela e Isabelli, realizado no dia 11 de abril, reuniu centenas de pessoas, em uma cerimônia marcada por emoção e pedidos de justiça.

Sistema de punição no trânsito

O caso de Brendo expõe falhas no sistema brasileiro de punição para infrações de trânsito. Apesar de acumular 71 pontos na CNH, o motorista continuou dirigindo até o momento do acidente. No Brasil, a suspensão da habilitação ocorre automaticamente ao atingir 20 pontos em um período de 12 meses, mas a aplicação da penalidade pode demorar devido a processos administrativos. Especialistas criticam a lentidão do sistema, que permite que infratores reincidentes sigam nas ruas, colocando vidas em risco.

  • Pontuação elevada: 71 pontos indicam infrações frequentes e graves, mas não resultaram em suspensão imediata.
  • Processos demorados: Recursos administrativos podem atrasar a aplicação de penalidades.
  • Falta de fiscalização: A ausência de blitze regulares facilita a circulação de motoristas infratores.
  • Reciclagem insuficiente: Cursos obrigatórios nem sempre garantem mudança de comportamento.

A legislação brasileira prevê penas severas para casos de homicídio doloso no trânsito, como o de Brendo, com até sete anos de prisão por vítima. No entanto, a conversão de prisões preventivas em penas alternativas, como o uso de tornozeleira eletrônica, é comum, o que gera sensação de impunidade. A sociedade civil pressiona por mudanças, incluindo maior rigor na cassação de CNHs e penas mais duras para rachas.

Medidas preventivas

Autoridades de São Caetano do Sul anunciaram ações para evitar novos acidentes na Avenida Goiás. A prefeitura planeja instalar radares fixos e aumentar a presença de guardas de trânsito em horários de maior movimento. Além disso, uma campanha educativa será lançada, voltada para jovens motoristas, com foco na prevenção de rachas e no respeito às leis de trânsito. A iniciativa inclui palestras em escolas e parcerias com autoescolas.

Outras cidades do ABC Paulista também revisam suas políticas de segurança viária. São Bernardo do Campo, por exemplo, ampliou o número de lombadas eletrônicas em 2024, reduzindo em 15% os acidentes com pedestres. Santo André investiu em semáforos inteligentes, que ajustam o tempo de travessia conforme o fluxo de pedestres. Essas medidas, embora positivas, ainda enfrentam resistência de motoristas que consideram os controles excessivos.

A nível estadual, o governo de São Paulo prometeu intensificar a fiscalização em vias urbanas e rodovias. O programa Respeito à Vida, lançado em 2019, já destinou recursos para melhorias em sinalização e treinamento de agentes de trânsito, mas os resultados variam entre os municípios. A pressão por mudanças cresce, especialmente após casos como o de Isabela e Isabelli, que expõem a fragilidade do sistema.

Cronologia do caso

O acidente e suas consequências seguiram uma sequência de eventos que marcaram São Caetano do Sul:

  • 9 de abril, 22h55: Isabela e Isabelli são atropeladas na Avenida Goiás.
  • 9 de abril, 23h: Brendo é preso em flagrante após permanecer no local.
  • 10 de abril: Audiência de custódia converte a prisão em preventiva.
  • 11 de abril: Enterro das vítimas reúne comunidade em homenagem.
  • 12 de abril: Prefeitura anuncia medidas para reforçar segurança na via.

Debate nacional sobre segurança no trânsito

A tragédia no ABC Paulista reacende discussões sobre a segurança viária em todo o Brasil. Dados do Ministério da Saúde mostram que o país registra cerca de 30 mil mortes por acidentes de trânsito anualmente, com pedestres representando 20% das vítimas. O excesso de velocidade é a principal causa, presente em 40% dos casos fatais. Esses números evidenciam a necessidade de políticas públicas mais eficazes, incluindo educação, fiscalização e infraestrutura.

Organizações como o Observatório Nacional de Segurança Viária defendem a revisão do Código de Trânsito Brasileiro, com penas mais duras para infratores reincidentes e maior integração entre os sistemas de monitoramento. A tecnologia, como câmeras de reconhecimento facial e radares inteligentes, já é usada em algumas cidades, mas a cobertura ainda é limitada. A sociedade também cobra maior engajamento das autoescolas, que muitas vezes priorizam a aprovação em exames em detrimento da formação de motoristas conscientes.

Casos semelhantes ao de São Caetano do Sul, como o atropelamento da cicloativista Marina Harkot em São Paulo, em 2020, mostram que a impunidade agrava o problema. Marina foi morta por um motorista alcoolizado, que dirigia a 93 km/h em uma via de 50 km/h. O responsável foi condenado a 13 anos de prisão, mas segue recorrendo em liberdade. Essas situações alimentam a desconfiança no sistema judicial e reforçam a demanda por mudanças estruturais.

Legado de Isabela e Isabelli

A memória das duas jovens permanece viva em São Caetano do Sul. Amigos criaram uma página nas redes sociais para compartilhar histórias e fotos de Isabela e Isabelli, destacando sua alegria e cumplicidade. A iniciativa também arrecada fundos para projetos sociais em nome das vítimas, como a revitalização de espaços públicos no bairro Santo Antônio. A comunidade espera que a tragédia inspire ações concretas, transformando a dor em um impulso por ruas mais seguras.

A prefeitura local anunciou que estudará a criação de um memorial no local do acidente, com uma placa em homenagem às jovens. A proposta, ainda em fase inicial, prevê a participação de familiares no desenho do projeto. Enquanto isso, moradores continuam deixando flores na faixa de pedestres, um gesto simples que mantém viva a lembrança de duas vidas interrompidas precocemente.

O caso de Brendo, Isabela e Isabelli não é apenas uma tragédia local, mas um alerta para o Brasil. A combinação de imprudência, falhas sistêmicas e falta de punição imediata cria um ciclo de violência no trânsito que custa milhares de vidas todos os anos. A história das duas amigas, unidas até o último momento, agora ecoa como um chamado por justiça e responsabilidade.



Um grave acidente abalou São Caetano do Sul, no ABC Paulista, na noite de 9 de abril, quando duas jovens de 18 anos perderam a vida ao serem atropeladas em uma faixa de pedestres. Isabela Priel Regis e Isabelli Helena de Lima Costa, amigas inseparáveis, atravessavam a Avenida Goiás, uma das principais vias da cidade, quando um Honda Civic, conduzido por Brendo dos Santos Sampaio, 26 anos, as atingiu em alta velocidade. O impacto foi tão violento que as vítimas foram arremessadas a mais de 50 metros, morrendo no local. A tragédia, registrada por câmeras de segurança, revelou um cenário de imprudência: o motorista, estudante de direito, acumulava 12 infrações de trânsito, incluindo sete por excesso de velocidade, e estava com a carteira de habilitação prestes a ser suspensa.

Brendo foi preso em flagrante logo após o acidente. A polícia suspeita que ele participava de um “racha”, prática ilegal de corrida em vias públicas, no momento da colisão. O caso, registrado como homicídio doloso, com intenção de matar, gerou revolta entre familiares, amigos e moradores da região. A investigação aponta que o motorista já somava 71 pontos na carteira nacional de habilitação (CNH), um número alarmante que reflete um histórico de desrespeito às leis de trânsito. A delegada responsável pelo caso, Kelly Sachetto, destacou que as provas técnicas e testemunhais confirmam que a velocidade do veículo era incompatível com o limite de 60 km/h da via.

A defesa de Brendo, composta pelos advogados Thalita Beserra, Francisco Ferreira e Thaís Vianna, classificou o episódio como uma “fatalidade”. Eles alegam que as jovens atravessaram a faixa de pedestres quando o semáforo ainda estava vermelho para os pedestres, e que o motorista não as teria visto. Contudo, as imagens do Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE) mostram o veículo em alta velocidade, com o semáforo mudando de verde para amarelo no momento do impacto, o que contraria a versão apresentada.

  • Histórico preocupante: Brendo acumulava 71 pontos na CNH, com infrações que incluíam avanço de sinal vermelho e estacionamento em local proibido, além das multas por velocidade.
  • Suspeita de racha: Testemunhas relataram que o motorista parecia competir com outro veículo antes do acidente.
  • Impacto devastador: As jovens foram arremessadas a mais de 50 metros, e o carro ficou com a frente destruída.

Perfil das vítimas

Isabela e Isabelli eram conhecidas por sua amizade próxima. Elas estudaram juntas no ensino médio e compartilhavam sonhos para o futuro. Naquela noite, as duas comemoravam uma conquista: Isabelli havia conseguido um novo emprego, que começaria na semana seguinte. Após passarem por uma adega, elas caminhavam pela Avenida Goiás, conversando, quando a tragédia as alcançou. Familiares descreveram as jovens como alegres e cheias de vida, o que tornou a perda ainda mais dolorosa.

Marcos Antônio dos Santos Régis, pai de Isabela, expressou sua angústia: “Ela era a pessoa mais radiante da família. Tiraram um pedaço de mim”. A madrasta, Shirley, reforçou a inconformidade: “Não tem como ele não estar em alta velocidade, pelo jeito que as atingiu”. A família de Isabelli também lamentou a brutalidade do acidente, destacando que a jovem estava animada com o novo trabalho. A comunidade local organizou homenagens, com flores e velas deixadas no local do acidente, em memória das duas amigas.

O impacto da perda reverberou em São Caetano do Sul. Moradores cobraram mais fiscalização nas ruas, apontando que a Avenida Goiás, embora bem sinalizada, é frequentemente palco de motoristas em alta velocidade. A tragédia reacendeu o debate sobre a segurança no trânsito em áreas urbanas, especialmente em vias movimentadas como essa, que conecta diferentes bairros do ABC Paulista.

Histórico de infrações

Brendo dos Santos Sampaio, estudante de direito em uma universidade local, já era conhecido pelas autoridades de trânsito. Suas 12 infrações incluíam cinco multas por ultrapassar o limite de velocidade em até 20% e duas por exceder entre 20% e 50%. Um caso específico, registrado em 13 de janeiro, flagrou o motorista dirigindo a 97 km/h na Avenida Guido Aliberti, também em São Caetano, onde o limite era de 60 km/h. Essas infrações acumuladas resultaram em 71 pontos na CNH, número suficiente para a suspensão do documento, que estava programada para ocorrer na segunda-feira seguinte ao acidente.

A delegada Kelly Sachetto explicou que, após a suspensão, Brendo precisaria passar por um curso de reciclagem para recuperar a habilitação. No entanto, a gravidade do acidente mudou o rumo da situação. A polícia constatou que o motorista já havia sido advertido diversas vezes, mas continuou a desrespeitar as normas de trânsito. Esse histórico levanta questionamentos sobre a eficácia do sistema de punição para infratores reincidentes no Brasil, onde a suspensão da CNH muitas vezes ocorre apenas após a acumulação de pontos elevados.

A investigação também busca esclarecer se Brendo estava distraído no momento do acidente. Testemunhas relataram que ele confessou estar “um pouco acima da velocidade”, mas não mencionou detalhes sobre o que fazia antes da colisão. A possibilidade de uso de celular ou outras distrações não foi descartada, embora o teste do bafômetro tenha dado negativo, afastando a suspeita de embriaguez.

Detalhes da investigação

A polícia reuniu elementos robustos para sustentar a acusação de homicídio doloso. Câmeras de monitoramento capturaram o momento exato do atropelamento, mostrando o Honda Civic em alta velocidade enquanto as jovens atravessavam a faixa. Uma testemunha relatou ter visto dois carros, incluindo o de Brendo, em alta velocidade minutos antes do acidente, reforçando a suspeita de racha. A análise técnica do veículo também indicou danos compatíveis com uma colisão em velocidade elevada.

  • Provas técnicas: Imagens do CGE mostram o carro a uma velocidade incompatível com o limite da via.
  • Testemunhas: Um motorista que seguia pela avenida relatou a possível disputa entre veículos.
  • Danos ao veículo: O Honda Civic ficou com a frente destruída, indicando a força do impacto.
  • Teste do bafômetro: O resultado negativo descartou embriaguez, mas não imprudência.

A prisão em flagrante de Brendo foi convertida em preventiva no dia 10 de abril, após audiência de custódia. Ele foi transferido para o Centro de Detenção Provisória de São Bernardo do Campo, onde aguarda o andamento do processo. A Justiça considerou a gravidade do caso e o risco de fuga, mantendo-o detido. A defesa anunciou que usará todos os recursos legais disponíveis, mas não detalhou estratégias futuras.

Carro que atropelou duas jovens na faixa de pedestre
Carro que atropelou duas jovens na faixa de pedestre – Foto: Reprodução/ TV Globo

Contexto do trânsito no ABC Paulista

O acidente em São Caetano do Sul não é um caso isolado. A região do ABC Paulista, composta por cidades como Santo André, São Bernardo do Campo e São Caetano, enfrenta desafios relacionados à segurança viária. Dados do Infosiga SP, sistema de informações de acidentes de trânsito do governo estadual, mostram que, em 2024, a região registrou um aumento de 30% nas mortes por atropelamento em comparação com o ano anterior. Esse crescimento preocupa autoridades e especialistas, que apontam a combinação de imprudência, falta de fiscalização e infraestrutura insuficiente como fatores críticos.

A Avenida Goiás, onde ocorreu a tragédia, é uma via arterial que suporta grande fluxo de veículos, especialmente à noite. Apesar de contar com faixas de pedestres e semáforos, a ausência de radares em alguns trechos facilita o excesso de velocidade. Moradores relatam que motoristas frequentemente ignoram os limites, transformando a avenida em um ponto de risco. Após o acidente, a prefeitura de São Caetano anunciou estudos para reforçar a sinalização e instalar equipamentos de controle de velocidade, mas as medidas ainda estão em fase de planejamento.

O caso também reacende o debate sobre rachas em áreas urbanas. A prática, que envolve competições informais entre motoristas, é comum em vias largas como a Avenida Goiás. Especialistas alertam que a sensação de impunidade incentiva esse comportamento, especialmente entre jovens. Campanhas de conscientização têm sido realizadas, mas os resultados ainda são limitados, como demonstra a recorrência de casos semelhantes.

Reações da comunidade

A morte de Isabela e Isabelli mobilizou São Caetano do Sul. Amigos e familiares organizaram uma vigília na noite seguinte ao acidente, com cartazes pedindo justiça e mais segurança no trânsito. Nas redes sociais, mensagens de luto e indignação dominaram as postagens de moradores, que cobraram punições severas para Brendo. Um abaixo-assinado começou a circular, exigindo a instalação de lombadas eletrônicas e maior presença policial na Avenida Goiás.

Escolas frequentadas pelas jovens também prestaram homenagens. A instituição onde estudaram no ensino médio realizou um minuto de silêncio, e professores destacaram a alegria e o companheirismo das duas. A universidade onde Brendo cursava direito informou que acompanha o caso, mas não se pronunciou sobre eventuais medidas internas, considerando que o acidente ocorreu fora do campus.

A tragédia também gerou discussões sobre o papel das famílias na educação de motoristas jovens. Especialistas em segurança viária apontam que muitos condutores, como Brendo, começam a dirigir ainda na adolescência, mas nem sempre recebem orientação adequada sobre responsabilidade ao volante. A combinação de inexperiência e imprudência, agravada pelo acesso a veículos potentes, como o Honda Civic, aumenta o risco de acidentes graves.

Impacto nas famílias

A dor das famílias de Isabela e Isabelli é agravada pelas circunstâncias do acidente. Marcos Antônio, pai de Isabela, revelou que a filha planejava cursar administração e sonhava em abrir o próprio negócio. Isabelli, por sua vez, estava entusiasmada com o novo emprego, que representava um passo importante para sua independência. As duas compartilhavam planos de viajar juntas, um sonho interrompido pela tragédia.

Shirley, madrasta de Isabela, relatou que a família foi procurada por representantes de Brendo, que ofereceram apoio e reforçaram a tese de que o acidente foi uma fatalidade. A proposta foi recebida com desconfiança, especialmente diante das evidências de imprudência. “Ele acabou com nossa família. Como vamos viver sem ela?”, questionou Shirley, emocionada. A família de Isabelli preferiu não se manifestar publicamente, mas amigos próximos afirmaram que os pais estão devastados.

A comunidade local também se mobilizou para apoiar as famílias. Uma campanha de arrecadação foi iniciada para custear despesas funerárias e oferecer suporte financeiro, já que ambas as jovens contribuíam para o orçamento familiar. O enterro de Isabela e Isabelli, realizado no dia 11 de abril, reuniu centenas de pessoas, em uma cerimônia marcada por emoção e pedidos de justiça.

Sistema de punição no trânsito

O caso de Brendo expõe falhas no sistema brasileiro de punição para infrações de trânsito. Apesar de acumular 71 pontos na CNH, o motorista continuou dirigindo até o momento do acidente. No Brasil, a suspensão da habilitação ocorre automaticamente ao atingir 20 pontos em um período de 12 meses, mas a aplicação da penalidade pode demorar devido a processos administrativos. Especialistas criticam a lentidão do sistema, que permite que infratores reincidentes sigam nas ruas, colocando vidas em risco.

  • Pontuação elevada: 71 pontos indicam infrações frequentes e graves, mas não resultaram em suspensão imediata.
  • Processos demorados: Recursos administrativos podem atrasar a aplicação de penalidades.
  • Falta de fiscalização: A ausência de blitze regulares facilita a circulação de motoristas infratores.
  • Reciclagem insuficiente: Cursos obrigatórios nem sempre garantem mudança de comportamento.

A legislação brasileira prevê penas severas para casos de homicídio doloso no trânsito, como o de Brendo, com até sete anos de prisão por vítima. No entanto, a conversão de prisões preventivas em penas alternativas, como o uso de tornozeleira eletrônica, é comum, o que gera sensação de impunidade. A sociedade civil pressiona por mudanças, incluindo maior rigor na cassação de CNHs e penas mais duras para rachas.

Medidas preventivas

Autoridades de São Caetano do Sul anunciaram ações para evitar novos acidentes na Avenida Goiás. A prefeitura planeja instalar radares fixos e aumentar a presença de guardas de trânsito em horários de maior movimento. Além disso, uma campanha educativa será lançada, voltada para jovens motoristas, com foco na prevenção de rachas e no respeito às leis de trânsito. A iniciativa inclui palestras em escolas e parcerias com autoescolas.

Outras cidades do ABC Paulista também revisam suas políticas de segurança viária. São Bernardo do Campo, por exemplo, ampliou o número de lombadas eletrônicas em 2024, reduzindo em 15% os acidentes com pedestres. Santo André investiu em semáforos inteligentes, que ajustam o tempo de travessia conforme o fluxo de pedestres. Essas medidas, embora positivas, ainda enfrentam resistência de motoristas que consideram os controles excessivos.

A nível estadual, o governo de São Paulo prometeu intensificar a fiscalização em vias urbanas e rodovias. O programa Respeito à Vida, lançado em 2019, já destinou recursos para melhorias em sinalização e treinamento de agentes de trânsito, mas os resultados variam entre os municípios. A pressão por mudanças cresce, especialmente após casos como o de Isabela e Isabelli, que expõem a fragilidade do sistema.

Cronologia do caso

O acidente e suas consequências seguiram uma sequência de eventos que marcaram São Caetano do Sul:

  • 9 de abril, 22h55: Isabela e Isabelli são atropeladas na Avenida Goiás.
  • 9 de abril, 23h: Brendo é preso em flagrante após permanecer no local.
  • 10 de abril: Audiência de custódia converte a prisão em preventiva.
  • 11 de abril: Enterro das vítimas reúne comunidade em homenagem.
  • 12 de abril: Prefeitura anuncia medidas para reforçar segurança na via.

Debate nacional sobre segurança no trânsito

A tragédia no ABC Paulista reacende discussões sobre a segurança viária em todo o Brasil. Dados do Ministério da Saúde mostram que o país registra cerca de 30 mil mortes por acidentes de trânsito anualmente, com pedestres representando 20% das vítimas. O excesso de velocidade é a principal causa, presente em 40% dos casos fatais. Esses números evidenciam a necessidade de políticas públicas mais eficazes, incluindo educação, fiscalização e infraestrutura.

Organizações como o Observatório Nacional de Segurança Viária defendem a revisão do Código de Trânsito Brasileiro, com penas mais duras para infratores reincidentes e maior integração entre os sistemas de monitoramento. A tecnologia, como câmeras de reconhecimento facial e radares inteligentes, já é usada em algumas cidades, mas a cobertura ainda é limitada. A sociedade também cobra maior engajamento das autoescolas, que muitas vezes priorizam a aprovação em exames em detrimento da formação de motoristas conscientes.

Casos semelhantes ao de São Caetano do Sul, como o atropelamento da cicloativista Marina Harkot em São Paulo, em 2020, mostram que a impunidade agrava o problema. Marina foi morta por um motorista alcoolizado, que dirigia a 93 km/h em uma via de 50 km/h. O responsável foi condenado a 13 anos de prisão, mas segue recorrendo em liberdade. Essas situações alimentam a desconfiança no sistema judicial e reforçam a demanda por mudanças estruturais.

Legado de Isabela e Isabelli

A memória das duas jovens permanece viva em São Caetano do Sul. Amigos criaram uma página nas redes sociais para compartilhar histórias e fotos de Isabela e Isabelli, destacando sua alegria e cumplicidade. A iniciativa também arrecada fundos para projetos sociais em nome das vítimas, como a revitalização de espaços públicos no bairro Santo Antônio. A comunidade espera que a tragédia inspire ações concretas, transformando a dor em um impulso por ruas mais seguras.

A prefeitura local anunciou que estudará a criação de um memorial no local do acidente, com uma placa em homenagem às jovens. A proposta, ainda em fase inicial, prevê a participação de familiares no desenho do projeto. Enquanto isso, moradores continuam deixando flores na faixa de pedestres, um gesto simples que mantém viva a lembrança de duas vidas interrompidas precocemente.

O caso de Brendo, Isabela e Isabelli não é apenas uma tragédia local, mas um alerta para o Brasil. A combinação de imprudência, falhas sistêmicas e falta de punição imediata cria um ciclo de violência no trânsito que custa milhares de vidas todos os anos. A história das duas amigas, unidas até o último momento, agora ecoa como um chamado por justiça e responsabilidade.



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