O planeta enfrenta um cenário alarmante que pode culminar em uma extinção em massa, semelhante à que devastou 90% das espécies há milhões de anos. Durante um evento global no Rio de Janeiro, especialistas reforçaram que as mudanças climáticas, impulsionadas por ações humanas, colocam em risco não apenas ecossistemas, mas a própria sobrevivência da humanidade. A conferência, realizada em abril de 2025, reuniu cientistas, policymakers e ativistas para discutir soluções urgentes diante do aumento recorde da temperatura global, que atingiu 1,5ºC acima dos níveis pré-industriais no último ano. A escolha do Brasil como sede do encontro reflete a relevância do país no debate climático, especialmente por sua proximidade com a Amazônia e por sediar a próxima Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, marcada para novembro.
A gravidade da situação foi destacada por um pesquisador britânico, que comparou o momento atual ao Período Permiano, ocorrido entre 299 e 251 milhões de anos atrás. Naquela época, alterações drásticas no clima, causadas por erupções vulcânicas e liberação de gases, levaram a um colapso ambiental sem precedentes. Hoje, a queima de combustíveis fósseis e o desmatamento são os principais vilões, liberando quantidades recordes de dióxido de carbono (CO₂) e metano na atmosfera. Em 2024, as emissões globais de CO₂ equivalente atingiram 54,6 bilhões de toneladas, um aumento de quase 1% em relação ao ano anterior, agravando o aquecimento global.
O ritmo acelerado das emissões preocupa cientistas, que alertam para consequências imediatas e de longo prazo. Caso o aumento da temperatura média global alcance 2,7ºC até o final do século, como projetado com base nas políticas atuais, o planeta enfrentará eventos climáticos extremos mais intensos, colapso de ecossistemas e perdas econômicas significativas. A saúde humana também está na linha de frente, com o calor extremo, poluição do ar e desastres naturais impactando milhões de pessoas, especialmente em regiões vulneráveis.

- Aumento da temperatura global: 1,5ºC acima dos níveis pré-industriais em 2024.
- Emissões de CO₂: 54,6 bilhões de toneladas em 2024, com crescimento anual.
- Metano: Gás com potencial 83 vezes maior que o CO₂, liberado em atividades como extração de gás natural.
- Previsão econômica: Perdas de 38 trilhões de dólares anuais a partir de 2049, caso o aquecimento não seja controlado.
O risco de um colapso irreversível
O aquecimento global não é apenas uma questão ambiental, mas uma ameaça existencial que exige ações imediatas. Um dos pontos mais críticos levantados no evento carioca foi o risco de colapso das camadas de gelo do Ártico, que pode ocorrer caso a temperatura global ultrapasse temporariamente a faixa de 1,7ºC a 2,3ºC. Esse derretimento teria efeitos em cascata, como a elevação do nível do mar em vários metros, inundando cidades costeiras e ilhas. Além disso, a desaceleração da Circulação Meridional do Atlântico, responsável por regular o clima em diversas regiões, pode alterar padrões climáticos globais nas próximas décadas, trazendo consequências imprevisíveis para a agricultura e a segurança alimentar.
Outro fator preocupante é a liberação de metano, um gás com capacidade de aquecimento muito superior ao CO₂. Atividades como a exploração de gás natural e a pecuária intensiva são grandes fontes desse poluente, que contribui significativamente para o agravamento da crise climática. A concentração atmosférica de metano tem crescido, impulsionada por práticas industriais e pela decomposição de matéria orgânica em áreas como o permafrost, que está derretendo rapidamente no Ártico. Essa dinâmica cria um ciclo vicioso: o aquecimento libera mais metano, que, por sua vez, intensifica o aquecimento.
Impactos econômicos e sociais
A crise climática também impõe um fardo econômico crescente. Projeções apontam que, sem ações robustas de mitigação, a economia global pode encolher 20% ao ano a partir de 2049, equivalente a uma perda de 38 trilhões de dólares. Setores como agricultura, infraestrutura e saúde serão particularmente afetados, com custos adicionais para adaptação a eventos climáticos extremos, como furacões, secas e enchentes. Países em desenvolvimento, que historicamente contribuíram menos para as emissões, enfrentarão os maiores desafios, devido à falta de recursos para implementar medidas de resiliência.
Populações vulneráveis já sentem os impactos de forma desproporcional. Em regiões como o Nordeste brasileiro, a combinação de secas prolongadas e chuvas intensas compromete a produção agrícola e o acesso à água potável. Comunidades costeiras, por sua vez, enfrentam a erosão de praias e a ameaça de inundações, com cidades como Recife e Salvador sob risco iminente. A saúde pública também sofre, com o aumento de doenças respiratórias, causadas pela poluição, e de enfermidades tropicais, como a dengue, que se espalham com o calor e a umidade.
- Elevação do nível do mar: Até 1 metro até 2100, com impactos em cidades costeiras.
- Saúde pública: Aumento de 250 mil mortes anuais até 2030 devido a calor extremo e doenças relacionadas.
- Agricultura: Perdas de até 30% na produtividade de culturas como milho e arroz em regiões tropicais.
- Desastres naturais: Crescimento de 40% na frequência de eventos extremos desde 2000.
A urgência de ações globais
Reverter o cenário exige esforços coordenados em escala global. Durante o evento no Rio, especialistas enfatizaram que medidas de adaptação, como a construção de barreiras contra inundações ou o desenvolvimento de culturas agrícolas resistentes ao calor, são essenciais, mas insuficientes sozinhas. A redução drástica das emissões de gases de efeito estufa deve ser a prioridade, com foco na substituição de combustíveis fósseis por fontes renováveis, como solar e eólica. Países do G20, responsáveis por cerca de 80% das emissões globais, têm um papel central nesse processo, mas a cooperação internacional é igualmente crucial.
A transição energética enfrenta obstáculos, como a dependência de economias em petróleo e carvão, mas exemplos de sucesso mostram que é possível avançar. Na Europa, a geração de energia renovável superou a de combustíveis fósseis em 2023, enquanto na China, investimentos em tecnologia limpa cresceram 30% no mesmo período. No Brasil, a matriz energética, majoritariamente hidrelétrica, oferece uma base para expandir fontes renováveis, mas o desmatamento na Amazônia permanece um desafio crítico, contribuindo para emissões significativas de CO₂ e metano.
Saúde humana no centro da crise
O impacto das mudanças climáticas na saúde humana foi um dos temas centrais do evento carioca. Ondas de calor, cada vez mais frequentes, já causam milhares de mortes anuais, especialmente entre idosos e trabalhadores expostos ao sol. Em 2023, a Europa registrou 60 mil óbitos relacionados a temperaturas extremas, enquanto no Brasil, cidades como São Paulo e Rio de Janeiro enfrentaram recordes de calor. A poluição do ar, agravada pela queima de combustíveis fósseis, também eleva os casos de doenças respiratórias, como asma e bronquite, sobrecarregando sistemas de saúde.
Doenças infecciosas, como malária e dengue, estão se expandindo para novas regiões devido às mudanças nos padrões de chuva e temperatura. No Brasil, o número de casos de dengue aumentou 20% em 2024, com surtos em estados antes menos afetados, como Rio Grande do Sul. A insegurança alimentar, outro reflexo da crise climática, também compromete a saúde, com a redução da produtividade agrícola elevando os preços de alimentos básicos, como arroz e feijão, em até 15% em algumas regiões.
- Ondas de calor: Responsáveis por 500 mil mortes globais desde 2000.
- Dengue: Aumento de 8 milhões de casos anuais em regiões tropicais até 2030.
- Poluição do ar: Causa de 7 milhões de mortes prematuras por ano.
- Insegurança alimentar: 250 milhões de pessoas em risco de fome até 2050.
O papel do Brasil na liderança climática
O Brasil assume um papel estratégico no combate à crise climática, tanto por sua biodiversidade quanto por sediar eventos globais como a COP 30, marcada para Belém. A Amazônia, considerada o “pulmão do mundo”, é essencial para a regulação do clima global, mas enfrenta taxas alarmantes de desmatamento, que liberam milhões de toneladas de CO₂ anualmente. Em 2024, a floresta perdeu 11 mil km², uma redução em relação aos anos anteriores, mas ainda insuficiente para conter o impacto climático.
A liderança brasileira também é vista como uma oportunidade para mobilizar recursos financeiros para países em desenvolvimento. Durante o evento no Rio, foi destacado que nações mais pobres, que contribuem pouco para as emissões, precisam de apoio para implementar tecnologias limpas e se adaptar aos impactos climáticos. A COP 29, realizada em 2024, estabeleceu uma meta de 300 bilhões de dólares anuais para financiar essas ações, mas especialistas consideram o valor aquém do necessário.
Caminhos para mitigar o desastre
Enfrentar a crise climática exige uma transformação profunda nos modelos econômicos e sociais. A substituição de combustíveis fósseis por fontes renováveis é um passo fundamental, mas deve ser acompanhada por políticas públicas que incentivem a eficiência energética e a conservação ambiental. Projetos de reflorestamento, como os implementados na Etiópia, que plantou 350 milhões de árvores em um único dia, mostram o potencial de ações coletivas para capturar carbono e restaurar ecossistemas.
A inovação tecnológica também desempenha um papel crucial. Baterias mais eficientes, veículos elétricos e sistemas de captura de carbono estão ganhando espaço, mas sua adoção ainda é limitada por custos elevados. No Brasil, iniciativas como a expansão de fazendas solares no Nordeste e o uso de biocombustíveis, como o etanol, são exemplos de como o país pode contribuir para a descarbonização, mas a escala dessas ações precisa crescer exponencialmente.
- Energia renovável: 30% da matriz global em 2024, com meta de 60% até 2050.
- Reflorestamento: Capacidade de capturar 5 bilhões de toneladas de CO₂ por ano.
- Veículos elétricos: 15% das vendas globais em 2024, com projeção de 50% até 2035.
- Captura de carbono: Tecnologia com potencial de reduzir 10% das emissões até 2040.
Cronograma de eventos climáticos globais
O combate à crise climática está estruturado em marcos internacionais que orientam as ações globais.
- 2025: Apresentação das novas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) para o Acordo de Paris, com metas mais ambiciosas de redução de emissões.
- Novembro 2025: COP 30, em Belém, discutirá financiamento climático e transição energética.
- 2030: Prazo para reduzir 42% das emissões globais, conforme metas do Acordo de Paris.
- 2050: Objetivo de neutralidade de carbono para evitar aumento superior a 1,5ºC.
Um alerta para o futuro
A mensagem central do evento no Rio de Janeiro é clara: o tempo para agir está se esgotando. A humanidade já enfrenta os impactos de um planeta 1,5ºC mais quente, com eventos extremos que devastam comunidades e ecossistemas. Furacões mais intensos, como o Milton, que atingiu a Flórida em 2024, e enchentes históricas, como as de Porto Alegre no mesmo ano, são reflexos diretos do aquecimento global. Esses desastres, agravados pela poluição, custam bilhões de dólares e milhares de vidas anualmente.
A responsabilidade recai sobre todos os setores da sociedade. Governos precisam implementar políticas climáticas mais rígidas, enquanto empresas devem adotar práticas sustentáveis. A população, por sua vez, pode contribuir com mudanças de hábitos, como a redução do consumo de carne e o uso de transporte público. Pequenas ações, quando somadas, têm o potencial de gerar impactos significativos, mas a escala do desafio exige esforços coletivos e imediatos.
A interconexão entre clima e biodiversidade
A perda de biodiversidade é outro reflexo direto da crise climática. Florestas tropicais, como a Amazônia, e recifes de corais, como a Grande Barreira na Austrália, estão desaparecendo em ritmo acelerado. Desde 1970, o planeta perdeu cerca de 70% de suas populações de vertebrados, segundo o Fundo Mundial para a Natureza. Esses ecossistemas não apenas abrigam milhões de espécies, mas também regulam o clima, armazenando carbono e mantendo o equilíbrio hídrico.
A destruição de habitats também afeta comunidades indígenas, que dependem diretamente da natureza para sua sobrevivência. No Brasil, povos como os Yanomami enfrentam a invasão de suas terras por garimpeiros, o que acelera o desmatamento e a emissão de gases de efeito estufa. Proteger essas áreas é essencial não apenas para preservar a cultura indígena, mas para garantir a estabilidade climática global.
- Desmatamento: 150 mil km² de florestas tropicais perdidos anualmente.
- Biodiversidade: 1 milhão de espécies em risco de extinção até 2050.
- Comunidades indígenas: 370 milhões de pessoas afetadas por mudanças ambientais.
- Recifes de corais: 90% em risco de desaparecer com aumento de 2ºC.
O impacto nas cidades
As áreas urbanas, onde vive mais da metade da população global, estão na linha de frente da crise climática. Cidades costeiras, como Rio de Janeiro e Miami, enfrentam o avanço do mar, enquanto metrópoles como São Paulo lidam com chuvas intensas que causam alagamentos e deslizamentos. Em 2024, o Brasil registrou 1,2 mil eventos climáticos extremos, com perdas econômicas estimadas em 50 bilhões de reais. A infraestrutura urbana, muitas vezes precária, não está preparada para lidar com essa nova realidade.
A adaptação das cidades exige investimentos em infraestrutura resiliente, como sistemas de drenagem mais eficientes e áreas verdes para mitigar o calor. Londres, por exemplo, implementou barreiras contra inundações que protegem a cidade do aumento do nível do rio Tâmisa, enquanto Copenhague aposta em “ruas-esponja” que absorvem água da chuva. No Brasil, projetos como o Porto Maravilha, no Rio, tentam integrar sustentabilidade, mas a escala ainda é limitada diante da magnitude do problema.
Educação e conscientização
A educação climática é um pilar fundamental para enfrentar a crise. Jovens ao redor do mundo, inspirados por ativistas como Greta Thunberg, têm pressionado por mudanças sistêmicas. No Brasil, movimentos estudantis organizaram greves climáticas em 2024, exigindo ações concretas do governo. Escolas também começam a incorporar o tema em seus currículos, ensinando desde cedo a importância da conservação ambiental e da redução de emissões.
Campanhas de conscientização, como as promovidas pela ONU, destacam a conexão entre escolhas individuais e impactos globais. Reduzir o desperdício, reciclar e apoiar produtos sustentáveis são passos acessíveis que ganham força. No entanto, a mudança cultural precisa ser acompanhada por políticas públicas que facilitem o acesso a alternativas ecológicas, como transporte público de qualidade e incentivos para energia limpa.
- Educação climática: 70 países incluíram o tema em currículos escolares até 2024.
- Ativismo jovem: 10 milhões de jovens participaram de protestos climáticos em 2023.
- Reciclagem: Apenas 9% do plástico global é reciclado anualmente.
- Consumo sustentável: 40% dos consumidores preferem marcas com práticas ecológicas.

O planeta enfrenta um cenário alarmante que pode culminar em uma extinção em massa, semelhante à que devastou 90% das espécies há milhões de anos. Durante um evento global no Rio de Janeiro, especialistas reforçaram que as mudanças climáticas, impulsionadas por ações humanas, colocam em risco não apenas ecossistemas, mas a própria sobrevivência da humanidade. A conferência, realizada em abril de 2025, reuniu cientistas, policymakers e ativistas para discutir soluções urgentes diante do aumento recorde da temperatura global, que atingiu 1,5ºC acima dos níveis pré-industriais no último ano. A escolha do Brasil como sede do encontro reflete a relevância do país no debate climático, especialmente por sua proximidade com a Amazônia e por sediar a próxima Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, marcada para novembro.
A gravidade da situação foi destacada por um pesquisador britânico, que comparou o momento atual ao Período Permiano, ocorrido entre 299 e 251 milhões de anos atrás. Naquela época, alterações drásticas no clima, causadas por erupções vulcânicas e liberação de gases, levaram a um colapso ambiental sem precedentes. Hoje, a queima de combustíveis fósseis e o desmatamento são os principais vilões, liberando quantidades recordes de dióxido de carbono (CO₂) e metano na atmosfera. Em 2024, as emissões globais de CO₂ equivalente atingiram 54,6 bilhões de toneladas, um aumento de quase 1% em relação ao ano anterior, agravando o aquecimento global.
O ritmo acelerado das emissões preocupa cientistas, que alertam para consequências imediatas e de longo prazo. Caso o aumento da temperatura média global alcance 2,7ºC até o final do século, como projetado com base nas políticas atuais, o planeta enfrentará eventos climáticos extremos mais intensos, colapso de ecossistemas e perdas econômicas significativas. A saúde humana também está na linha de frente, com o calor extremo, poluição do ar e desastres naturais impactando milhões de pessoas, especialmente em regiões vulneráveis.

- Aumento da temperatura global: 1,5ºC acima dos níveis pré-industriais em 2024.
- Emissões de CO₂: 54,6 bilhões de toneladas em 2024, com crescimento anual.
- Metano: Gás com potencial 83 vezes maior que o CO₂, liberado em atividades como extração de gás natural.
- Previsão econômica: Perdas de 38 trilhões de dólares anuais a partir de 2049, caso o aquecimento não seja controlado.
O risco de um colapso irreversível
O aquecimento global não é apenas uma questão ambiental, mas uma ameaça existencial que exige ações imediatas. Um dos pontos mais críticos levantados no evento carioca foi o risco de colapso das camadas de gelo do Ártico, que pode ocorrer caso a temperatura global ultrapasse temporariamente a faixa de 1,7ºC a 2,3ºC. Esse derretimento teria efeitos em cascata, como a elevação do nível do mar em vários metros, inundando cidades costeiras e ilhas. Além disso, a desaceleração da Circulação Meridional do Atlântico, responsável por regular o clima em diversas regiões, pode alterar padrões climáticos globais nas próximas décadas, trazendo consequências imprevisíveis para a agricultura e a segurança alimentar.
Outro fator preocupante é a liberação de metano, um gás com capacidade de aquecimento muito superior ao CO₂. Atividades como a exploração de gás natural e a pecuária intensiva são grandes fontes desse poluente, que contribui significativamente para o agravamento da crise climática. A concentração atmosférica de metano tem crescido, impulsionada por práticas industriais e pela decomposição de matéria orgânica em áreas como o permafrost, que está derretendo rapidamente no Ártico. Essa dinâmica cria um ciclo vicioso: o aquecimento libera mais metano, que, por sua vez, intensifica o aquecimento.
Impactos econômicos e sociais
A crise climática também impõe um fardo econômico crescente. Projeções apontam que, sem ações robustas de mitigação, a economia global pode encolher 20% ao ano a partir de 2049, equivalente a uma perda de 38 trilhões de dólares. Setores como agricultura, infraestrutura e saúde serão particularmente afetados, com custos adicionais para adaptação a eventos climáticos extremos, como furacões, secas e enchentes. Países em desenvolvimento, que historicamente contribuíram menos para as emissões, enfrentarão os maiores desafios, devido à falta de recursos para implementar medidas de resiliência.
Populações vulneráveis já sentem os impactos de forma desproporcional. Em regiões como o Nordeste brasileiro, a combinação de secas prolongadas e chuvas intensas compromete a produção agrícola e o acesso à água potável. Comunidades costeiras, por sua vez, enfrentam a erosão de praias e a ameaça de inundações, com cidades como Recife e Salvador sob risco iminente. A saúde pública também sofre, com o aumento de doenças respiratórias, causadas pela poluição, e de enfermidades tropicais, como a dengue, que se espalham com o calor e a umidade.
- Elevação do nível do mar: Até 1 metro até 2100, com impactos em cidades costeiras.
- Saúde pública: Aumento de 250 mil mortes anuais até 2030 devido a calor extremo e doenças relacionadas.
- Agricultura: Perdas de até 30% na produtividade de culturas como milho e arroz em regiões tropicais.
- Desastres naturais: Crescimento de 40% na frequência de eventos extremos desde 2000.
A urgência de ações globais
Reverter o cenário exige esforços coordenados em escala global. Durante o evento no Rio, especialistas enfatizaram que medidas de adaptação, como a construção de barreiras contra inundações ou o desenvolvimento de culturas agrícolas resistentes ao calor, são essenciais, mas insuficientes sozinhas. A redução drástica das emissões de gases de efeito estufa deve ser a prioridade, com foco na substituição de combustíveis fósseis por fontes renováveis, como solar e eólica. Países do G20, responsáveis por cerca de 80% das emissões globais, têm um papel central nesse processo, mas a cooperação internacional é igualmente crucial.
A transição energética enfrenta obstáculos, como a dependência de economias em petróleo e carvão, mas exemplos de sucesso mostram que é possível avançar. Na Europa, a geração de energia renovável superou a de combustíveis fósseis em 2023, enquanto na China, investimentos em tecnologia limpa cresceram 30% no mesmo período. No Brasil, a matriz energética, majoritariamente hidrelétrica, oferece uma base para expandir fontes renováveis, mas o desmatamento na Amazônia permanece um desafio crítico, contribuindo para emissões significativas de CO₂ e metano.
Saúde humana no centro da crise
O impacto das mudanças climáticas na saúde humana foi um dos temas centrais do evento carioca. Ondas de calor, cada vez mais frequentes, já causam milhares de mortes anuais, especialmente entre idosos e trabalhadores expostos ao sol. Em 2023, a Europa registrou 60 mil óbitos relacionados a temperaturas extremas, enquanto no Brasil, cidades como São Paulo e Rio de Janeiro enfrentaram recordes de calor. A poluição do ar, agravada pela queima de combustíveis fósseis, também eleva os casos de doenças respiratórias, como asma e bronquite, sobrecarregando sistemas de saúde.
Doenças infecciosas, como malária e dengue, estão se expandindo para novas regiões devido às mudanças nos padrões de chuva e temperatura. No Brasil, o número de casos de dengue aumentou 20% em 2024, com surtos em estados antes menos afetados, como Rio Grande do Sul. A insegurança alimentar, outro reflexo da crise climática, também compromete a saúde, com a redução da produtividade agrícola elevando os preços de alimentos básicos, como arroz e feijão, em até 15% em algumas regiões.
- Ondas de calor: Responsáveis por 500 mil mortes globais desde 2000.
- Dengue: Aumento de 8 milhões de casos anuais em regiões tropicais até 2030.
- Poluição do ar: Causa de 7 milhões de mortes prematuras por ano.
- Insegurança alimentar: 250 milhões de pessoas em risco de fome até 2050.
O papel do Brasil na liderança climática
O Brasil assume um papel estratégico no combate à crise climática, tanto por sua biodiversidade quanto por sediar eventos globais como a COP 30, marcada para Belém. A Amazônia, considerada o “pulmão do mundo”, é essencial para a regulação do clima global, mas enfrenta taxas alarmantes de desmatamento, que liberam milhões de toneladas de CO₂ anualmente. Em 2024, a floresta perdeu 11 mil km², uma redução em relação aos anos anteriores, mas ainda insuficiente para conter o impacto climático.
A liderança brasileira também é vista como uma oportunidade para mobilizar recursos financeiros para países em desenvolvimento. Durante o evento no Rio, foi destacado que nações mais pobres, que contribuem pouco para as emissões, precisam de apoio para implementar tecnologias limpas e se adaptar aos impactos climáticos. A COP 29, realizada em 2024, estabeleceu uma meta de 300 bilhões de dólares anuais para financiar essas ações, mas especialistas consideram o valor aquém do necessário.
Caminhos para mitigar o desastre
Enfrentar a crise climática exige uma transformação profunda nos modelos econômicos e sociais. A substituição de combustíveis fósseis por fontes renováveis é um passo fundamental, mas deve ser acompanhada por políticas públicas que incentivem a eficiência energética e a conservação ambiental. Projetos de reflorestamento, como os implementados na Etiópia, que plantou 350 milhões de árvores em um único dia, mostram o potencial de ações coletivas para capturar carbono e restaurar ecossistemas.
A inovação tecnológica também desempenha um papel crucial. Baterias mais eficientes, veículos elétricos e sistemas de captura de carbono estão ganhando espaço, mas sua adoção ainda é limitada por custos elevados. No Brasil, iniciativas como a expansão de fazendas solares no Nordeste e o uso de biocombustíveis, como o etanol, são exemplos de como o país pode contribuir para a descarbonização, mas a escala dessas ações precisa crescer exponencialmente.
- Energia renovável: 30% da matriz global em 2024, com meta de 60% até 2050.
- Reflorestamento: Capacidade de capturar 5 bilhões de toneladas de CO₂ por ano.
- Veículos elétricos: 15% das vendas globais em 2024, com projeção de 50% até 2035.
- Captura de carbono: Tecnologia com potencial de reduzir 10% das emissões até 2040.
Cronograma de eventos climáticos globais
O combate à crise climática está estruturado em marcos internacionais que orientam as ações globais.
- 2025: Apresentação das novas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) para o Acordo de Paris, com metas mais ambiciosas de redução de emissões.
- Novembro 2025: COP 30, em Belém, discutirá financiamento climático e transição energética.
- 2030: Prazo para reduzir 42% das emissões globais, conforme metas do Acordo de Paris.
- 2050: Objetivo de neutralidade de carbono para evitar aumento superior a 1,5ºC.
Um alerta para o futuro
A mensagem central do evento no Rio de Janeiro é clara: o tempo para agir está se esgotando. A humanidade já enfrenta os impactos de um planeta 1,5ºC mais quente, com eventos extremos que devastam comunidades e ecossistemas. Furacões mais intensos, como o Milton, que atingiu a Flórida em 2024, e enchentes históricas, como as de Porto Alegre no mesmo ano, são reflexos diretos do aquecimento global. Esses desastres, agravados pela poluição, custam bilhões de dólares e milhares de vidas anualmente.
A responsabilidade recai sobre todos os setores da sociedade. Governos precisam implementar políticas climáticas mais rígidas, enquanto empresas devem adotar práticas sustentáveis. A população, por sua vez, pode contribuir com mudanças de hábitos, como a redução do consumo de carne e o uso de transporte público. Pequenas ações, quando somadas, têm o potencial de gerar impactos significativos, mas a escala do desafio exige esforços coletivos e imediatos.
A interconexão entre clima e biodiversidade
A perda de biodiversidade é outro reflexo direto da crise climática. Florestas tropicais, como a Amazônia, e recifes de corais, como a Grande Barreira na Austrália, estão desaparecendo em ritmo acelerado. Desde 1970, o planeta perdeu cerca de 70% de suas populações de vertebrados, segundo o Fundo Mundial para a Natureza. Esses ecossistemas não apenas abrigam milhões de espécies, mas também regulam o clima, armazenando carbono e mantendo o equilíbrio hídrico.
A destruição de habitats também afeta comunidades indígenas, que dependem diretamente da natureza para sua sobrevivência. No Brasil, povos como os Yanomami enfrentam a invasão de suas terras por garimpeiros, o que acelera o desmatamento e a emissão de gases de efeito estufa. Proteger essas áreas é essencial não apenas para preservar a cultura indígena, mas para garantir a estabilidade climática global.
- Desmatamento: 150 mil km² de florestas tropicais perdidos anualmente.
- Biodiversidade: 1 milhão de espécies em risco de extinção até 2050.
- Comunidades indígenas: 370 milhões de pessoas afetadas por mudanças ambientais.
- Recifes de corais: 90% em risco de desaparecer com aumento de 2ºC.
O impacto nas cidades
As áreas urbanas, onde vive mais da metade da população global, estão na linha de frente da crise climática. Cidades costeiras, como Rio de Janeiro e Miami, enfrentam o avanço do mar, enquanto metrópoles como São Paulo lidam com chuvas intensas que causam alagamentos e deslizamentos. Em 2024, o Brasil registrou 1,2 mil eventos climáticos extremos, com perdas econômicas estimadas em 50 bilhões de reais. A infraestrutura urbana, muitas vezes precária, não está preparada para lidar com essa nova realidade.
A adaptação das cidades exige investimentos em infraestrutura resiliente, como sistemas de drenagem mais eficientes e áreas verdes para mitigar o calor. Londres, por exemplo, implementou barreiras contra inundações que protegem a cidade do aumento do nível do rio Tâmisa, enquanto Copenhague aposta em “ruas-esponja” que absorvem água da chuva. No Brasil, projetos como o Porto Maravilha, no Rio, tentam integrar sustentabilidade, mas a escala ainda é limitada diante da magnitude do problema.
Educação e conscientização
A educação climática é um pilar fundamental para enfrentar a crise. Jovens ao redor do mundo, inspirados por ativistas como Greta Thunberg, têm pressionado por mudanças sistêmicas. No Brasil, movimentos estudantis organizaram greves climáticas em 2024, exigindo ações concretas do governo. Escolas também começam a incorporar o tema em seus currículos, ensinando desde cedo a importância da conservação ambiental e da redução de emissões.
Campanhas de conscientização, como as promovidas pela ONU, destacam a conexão entre escolhas individuais e impactos globais. Reduzir o desperdício, reciclar e apoiar produtos sustentáveis são passos acessíveis que ganham força. No entanto, a mudança cultural precisa ser acompanhada por políticas públicas que facilitem o acesso a alternativas ecológicas, como transporte público de qualidade e incentivos para energia limpa.
- Educação climática: 70 países incluíram o tema em currículos escolares até 2024.
- Ativismo jovem: 10 milhões de jovens participaram de protestos climáticos em 2023.
- Reciclagem: Apenas 9% do plástico global é reciclado anualmente.
- Consumo sustentável: 40% dos consumidores preferem marcas com práticas ecológicas.
