Rodeada pelas águas barrentas do rio Solimões e o sol de início de tarde no Amazonas, a equipe de voluntárias da sexta expedição Botos da Amazônia, há 20 dias embarcada, suspende a pesquisa de contagem dos animais ameaçados de extinção.
O barco para e, por cerca de uma hora, um dos idealizadores da ação para salvar os botos rosa e tucuxi, que dedicou e arriscou a vida por baleias, focas e a biodiversidade marinha, conversa com a equipe.
Planeta em Transe
Uma newsletter com o que você precisa saber sobre mudanças climáticas
Da França, blazer preto, cabelos brancos, o capitão Paul Watson aparece sorridente do outro lado da tela.
Cofundador de Greenpeace, Sea Shepherd e Captain Paul Watson Foundation, foi afastado e se afastou de organizações que ajudou a erguer. Não faz concessões e divide o ativismo ambiental por optar por ações agressivas, “mas sem violência”, como ele próprio define. Usa corpos humanos como escudos e ataca embarcações de pesca no oceano.
Integrou por 13 anos a lista de procurados da Interpol e, em 2024, aos 74 anos, ficou preso por cinco meses.
Num documentário sobre sua vida exibido para a equipe da expedição, o canadense-americano argumenta: “Você não vê uma mulher sendo estuprada, um gato arremessado e levanta uma bandeira e tira foto. Tem que intervir. Assim como não vê uma baleia morrer, levanta uma bandeira e tira uma foto”.
“Porque intervimos três milhões de focas foram salvas e ainda há gorilas em Ruanda”, declarou.
Um dos sonhos do ativista era atuar na Amazônia —e não faz previsões positivas para o bioma.
Paul Watson associa a ascensão da extrema direita no mundo à escassez de recursos naturais explorados “até a última gota”, em detrimento das próximas gerações, do colapso do clima e em favor de corporações que controlam governos.
“A escassez leva ao ativismo rebelde, e a pressão corporativa está ditando aos governos a adoção de medidas repressivas”, avaliou. Mesmo líderes de esquerda, como é o caso de Lula, presidente do Brasil, cometerão “suicídio político” se fizerem o que é certo, diz.
Para ele, há dois freios possíveis nesse contexto: “um ativismo apaixonado, corajoso e criativo” ou a própria natureza.
Watson diz que quer participar da COP30, conferência das Nações Unidos sobre mudanças climáticas que será realizada em Belém em novembro, mas que depende de questões diplomáticas. O ativista saiu da lista vermelha da Interpol no começo deste mês.
O presidente Lula foi um dos chefes de Estado que fez apelo à Dinamarca para impedir a extradição de Watson ao Japão, após a prisão na Groenlândia. A Dinamarca se recusou a extraditá-lo por dúvidas sobre a condição em que seria preso no Japão.
O país asiático havia emitido um mandado de prisão internacional para Watson, buscando-o por acusações de invasão a um navio japonês no oceano Antártico em 2010, por ferimentos a marinheiros e danos à propriedade.
Paul Watson disse ainda estar ansioso por participar da conferência das Nações Unidas sobre os oceanos, que ocorrerá em junho em Nice, na França. “Terei um encontro com [o cacique kayapó] Raoni. Na conferência COP21, ele representou o verde e eu o azul. Eu falei de oceano e Raoni de floresta. Funcionou muito bem”, recorda.
Na entrevista virtual de dentro de um barco cercado por rio, floresta e culturas amazônicas, Paul afirma que sua visão de mundo também resulta da convivência com povos indígenas. “O ser humano não é único, é parte.”
Como lidar com a repressão judicial ao ativismo: Greenpeace foi condenado recentemente pela indústria do petróleo, houve a sua prisão e também o grupo Just Stop Oil desistiu de seus atos para defender integrantes?
Temos que encarar cada situação como uma oportunidade. O processo contra o Greenpeace deu grande visibilidade internacional. Nunca vão precisar pagar a multa. Vai ficar nos recursos. E com uma nova administração, quando o Donald Trump sair do poder, isso acaba.
Lembro que o Greenpeace era uma organização quase nada famosa, nos anos 80. O Governo da França afundou o navio Rainbow Warrior e fez do Greenpeace um grande nome.
O setor de combustíveis fósseis é fraco, vai perder e sabe disso. São donos da mídia, governos, mas não do povo. A história humana mostra que as pessoas se rebelarão contra esse tipo de tirania. Ainda mais quando sua sobrevivência está em jogo.
O senhor pode explicar por que considera o setor de petróleo fraco? No Brasil, há um movimento econômico e político forte para que a empresa estatal Petrobras explore petróleo na Bacia Foz do Amazonas, local de rica biodiversidade.
Em 1973, eu era um paramédico voluntário do movimento indígena americano da ocupação de Wounded Knee, em Dakota do Sul. Estávamos cercados, à noite, por 2.000 agentes federais. Mataram uma pessoa e feriram 46.
Fui até Russell Means, líder do movimento indígena americano, e lhe fiz essa pergunta: as chances contra nós são esmagadoras, o que fazemos aqui?
O que ele disse permaneceu comigo pelo resto da minha vida: não estamos preocupados com as probabilidades contra nós. Estamos aqui porque este é o lugar, o momento e a coisa certa a se fazer.
O ser humano é viciado em droga. E essa droga é o petróleo. Vamos tirar até a última gota do solo. A questão é: vamos sobreviver? Porque não estou preocupado com o planeta. Em 10 milhões de anos, o planeta vai voltar a ser uma coisa maravilhosa.
Há no ativismo atual pessoas como a Greta Thunberg, do Norte Global e com condição econômica estável, e, no Sul Global, jovens com outras condições sociais. No Pará, sede da COP30, indígenas ocupam prédios e bloqueiam estradas por direitos. Como avalia os recursos do ativismo de antes e de hoje?
Eu me lembro de 1989, quando estive no Brasil para me opor a um projeto de barragem. Os indígenas usavam roupas tradicionais, mas estavam todos armados com câmeras. Eles sabiam que essa era a arma mais poderosa que temos no mundo.
Há 50 anos, estabeleci uma estratégia que chamo de não violência agressiva: intervir agressivamente, não ferir ninguém e usar a câmera e a mídia a meu favor.
Nunca machuquei ninguém. Já fui preso muitas vezes, mas nunca fui condenado por um crime.
Filósofos e ambientalistas, como Ailton Krenak no Brasil, falam sobre o futuro ancestral e o convívio pacífico com a natureza. Quando a humanidade vai despertar para a ética ambiental?
Quando a mãe natureza nos der um chute na bunda. O problema é que temos a incrível capacidade de adaptação à escassez. Aceitamos o dano e seguimos.
Vivemos o paradigma de mundo antropocêntrico. Aprendi com as culturas indígenas que somos parte e não dominantes sobre tudo. Há três leis básicas da ecologia. A lei da diversidade, que diz que a força de um ecossistema depende da quantidade de espécies. A segunda lei é que todas as espécies são interdependentes. A terceira: há um limite para os recursos e a capacidade de abarcar a diversidade de vidas. E há uma espécie que causa desequilíbrio com a quantidade de recursos retirados.
Ninguém está preparado?
Um setor que leva a sério é o de seguros. Estão cobrando taxas incrivelmente altas ou cancelando apólices de seguro porque não será lucrativo para eles.
Outro setor é o militar. Sabem que o colapso ecológico produzirá refugiados ambientais, migrações em massa. Já pode ser visto nas migrações da África para a Europa e da América do Sul e Central para a América do Norte.
Vai piorar e resultará em medidas governamentais repressivas. Podemos resolver. O problema é que a maior parte da civilização tem a intenção de extrair recursos para lucrar e não proteger o planeta para as gerações futuras.
O que pensa sobre o Japão?
Bem, eles não gostam de mim. Em janeiro, o Ministro das Relações Exteriores do Japão disse ao embaixador dinamarquês que ele os havia traído. Mês passado, o primeiro-ministro japonês se reuniu com o presidente Trump —odeio chamá-lo de presidente–, mas é uma das razões pelas quais eu não posso voltar aos EUA.
Não me vejo como uma vítima. Ao contrário, me veem como uma ameaça para seus jogos políticos.
No dilema entre desenvolvimento e preservação, na história da América Latina, que papel um líder de esquerda, como Lula, deveria desempenhar?
O presidente Lula da Silva provavelmente está numa posição de ser mais benéfico ao movimento ambientalista que a alternativa de direita. Todos os políticos, sejam de direita ou esquerda, estão sob enorme pressão dos interesses corporativos para ceder em favor da exploração de recursos.
De muitas maneiras, é suicídio político fazer a coisa certa. É por isso que acredito que a mudança se origina da paixão, criatividade e coragem de indivíduos e ONGs.
Que futuro o senhor vislumbra para a amazônia? Mais conflitos, assassinatos, destruição, guerra?
Com base no passado, sua avaliação é bastante precisa. A civilização está travando uma guerra total contra a amazônia e os povos indígenas da região.
Só há uma coisa que pode salvar a amazônia e é o paradigma adotado pelos povos indígenas. O biocentrismo. Se não aprendermos a viver em harmonia com a natureza, a amazônia não sobreviverá e toda a espécie humana perecerá com ela.
RAIO-X | Paul Watson, 74
Ativista ambiental, fundador da Sea Shepherd e da Captain Paul Watson Foundation, é conhecido por ações contra a caça de baleias e a pesca predatória. Foi preso em julho de 2024 na Groenlândia a pedido do Japão, mas libertado em dezembro após a Dinamarca rejeitar a extradição. Nasceu no Canadá e também tem cidadania norte-americana.
Rodeada pelas águas barrentas do rio Solimões e o sol de início de tarde no Amazonas, a equipe de voluntárias da sexta expedição Botos da Amazônia, há 20 dias embarcada, suspende a pesquisa de contagem dos animais ameaçados de extinção.
O barco para e, por cerca de uma hora, um dos idealizadores da ação para salvar os botos rosa e tucuxi, que dedicou e arriscou a vida por baleias, focas e a biodiversidade marinha, conversa com a equipe.
Planeta em Transe
Uma newsletter com o que você precisa saber sobre mudanças climáticas
Da França, blazer preto, cabelos brancos, o capitão Paul Watson aparece sorridente do outro lado da tela.
Cofundador de Greenpeace, Sea Shepherd e Captain Paul Watson Foundation, foi afastado e se afastou de organizações que ajudou a erguer. Não faz concessões e divide o ativismo ambiental por optar por ações agressivas, “mas sem violência”, como ele próprio define. Usa corpos humanos como escudos e ataca embarcações de pesca no oceano.
Integrou por 13 anos a lista de procurados da Interpol e, em 2024, aos 74 anos, ficou preso por cinco meses.
Num documentário sobre sua vida exibido para a equipe da expedição, o canadense-americano argumenta: “Você não vê uma mulher sendo estuprada, um gato arremessado e levanta uma bandeira e tira foto. Tem que intervir. Assim como não vê uma baleia morrer, levanta uma bandeira e tira uma foto”.
“Porque intervimos três milhões de focas foram salvas e ainda há gorilas em Ruanda”, declarou.
Um dos sonhos do ativista era atuar na Amazônia —e não faz previsões positivas para o bioma.
Paul Watson associa a ascensão da extrema direita no mundo à escassez de recursos naturais explorados “até a última gota”, em detrimento das próximas gerações, do colapso do clima e em favor de corporações que controlam governos.
“A escassez leva ao ativismo rebelde, e a pressão corporativa está ditando aos governos a adoção de medidas repressivas”, avaliou. Mesmo líderes de esquerda, como é o caso de Lula, presidente do Brasil, cometerão “suicídio político” se fizerem o que é certo, diz.
Para ele, há dois freios possíveis nesse contexto: “um ativismo apaixonado, corajoso e criativo” ou a própria natureza.
Watson diz que quer participar da COP30, conferência das Nações Unidos sobre mudanças climáticas que será realizada em Belém em novembro, mas que depende de questões diplomáticas. O ativista saiu da lista vermelha da Interpol no começo deste mês.
O presidente Lula foi um dos chefes de Estado que fez apelo à Dinamarca para impedir a extradição de Watson ao Japão, após a prisão na Groenlândia. A Dinamarca se recusou a extraditá-lo por dúvidas sobre a condição em que seria preso no Japão.
O país asiático havia emitido um mandado de prisão internacional para Watson, buscando-o por acusações de invasão a um navio japonês no oceano Antártico em 2010, por ferimentos a marinheiros e danos à propriedade.
Paul Watson disse ainda estar ansioso por participar da conferência das Nações Unidas sobre os oceanos, que ocorrerá em junho em Nice, na França. “Terei um encontro com [o cacique kayapó] Raoni. Na conferência COP21, ele representou o verde e eu o azul. Eu falei de oceano e Raoni de floresta. Funcionou muito bem”, recorda.
Na entrevista virtual de dentro de um barco cercado por rio, floresta e culturas amazônicas, Paul afirma que sua visão de mundo também resulta da convivência com povos indígenas. “O ser humano não é único, é parte.”
Como lidar com a repressão judicial ao ativismo: Greenpeace foi condenado recentemente pela indústria do petróleo, houve a sua prisão e também o grupo Just Stop Oil desistiu de seus atos para defender integrantes?
Temos que encarar cada situação como uma oportunidade. O processo contra o Greenpeace deu grande visibilidade internacional. Nunca vão precisar pagar a multa. Vai ficar nos recursos. E com uma nova administração, quando o Donald Trump sair do poder, isso acaba.
Lembro que o Greenpeace era uma organização quase nada famosa, nos anos 80. O Governo da França afundou o navio Rainbow Warrior e fez do Greenpeace um grande nome.
O setor de combustíveis fósseis é fraco, vai perder e sabe disso. São donos da mídia, governos, mas não do povo. A história humana mostra que as pessoas se rebelarão contra esse tipo de tirania. Ainda mais quando sua sobrevivência está em jogo.
O senhor pode explicar por que considera o setor de petróleo fraco? No Brasil, há um movimento econômico e político forte para que a empresa estatal Petrobras explore petróleo na Bacia Foz do Amazonas, local de rica biodiversidade.
Em 1973, eu era um paramédico voluntário do movimento indígena americano da ocupação de Wounded Knee, em Dakota do Sul. Estávamos cercados, à noite, por 2.000 agentes federais. Mataram uma pessoa e feriram 46.
Fui até Russell Means, líder do movimento indígena americano, e lhe fiz essa pergunta: as chances contra nós são esmagadoras, o que fazemos aqui?
O que ele disse permaneceu comigo pelo resto da minha vida: não estamos preocupados com as probabilidades contra nós. Estamos aqui porque este é o lugar, o momento e a coisa certa a se fazer.
O ser humano é viciado em droga. E essa droga é o petróleo. Vamos tirar até a última gota do solo. A questão é: vamos sobreviver? Porque não estou preocupado com o planeta. Em 10 milhões de anos, o planeta vai voltar a ser uma coisa maravilhosa.
Há no ativismo atual pessoas como a Greta Thunberg, do Norte Global e com condição econômica estável, e, no Sul Global, jovens com outras condições sociais. No Pará, sede da COP30, indígenas ocupam prédios e bloqueiam estradas por direitos. Como avalia os recursos do ativismo de antes e de hoje?
Eu me lembro de 1989, quando estive no Brasil para me opor a um projeto de barragem. Os indígenas usavam roupas tradicionais, mas estavam todos armados com câmeras. Eles sabiam que essa era a arma mais poderosa que temos no mundo.
Há 50 anos, estabeleci uma estratégia que chamo de não violência agressiva: intervir agressivamente, não ferir ninguém e usar a câmera e a mídia a meu favor.
Nunca machuquei ninguém. Já fui preso muitas vezes, mas nunca fui condenado por um crime.
Filósofos e ambientalistas, como Ailton Krenak no Brasil, falam sobre o futuro ancestral e o convívio pacífico com a natureza. Quando a humanidade vai despertar para a ética ambiental?
Quando a mãe natureza nos der um chute na bunda. O problema é que temos a incrível capacidade de adaptação à escassez. Aceitamos o dano e seguimos.
Vivemos o paradigma de mundo antropocêntrico. Aprendi com as culturas indígenas que somos parte e não dominantes sobre tudo. Há três leis básicas da ecologia. A lei da diversidade, que diz que a força de um ecossistema depende da quantidade de espécies. A segunda lei é que todas as espécies são interdependentes. A terceira: há um limite para os recursos e a capacidade de abarcar a diversidade de vidas. E há uma espécie que causa desequilíbrio com a quantidade de recursos retirados.
Ninguém está preparado?
Um setor que leva a sério é o de seguros. Estão cobrando taxas incrivelmente altas ou cancelando apólices de seguro porque não será lucrativo para eles.
Outro setor é o militar. Sabem que o colapso ecológico produzirá refugiados ambientais, migrações em massa. Já pode ser visto nas migrações da África para a Europa e da América do Sul e Central para a América do Norte.
Vai piorar e resultará em medidas governamentais repressivas. Podemos resolver. O problema é que a maior parte da civilização tem a intenção de extrair recursos para lucrar e não proteger o planeta para as gerações futuras.
O que pensa sobre o Japão?
Bem, eles não gostam de mim. Em janeiro, o Ministro das Relações Exteriores do Japão disse ao embaixador dinamarquês que ele os havia traído. Mês passado, o primeiro-ministro japonês se reuniu com o presidente Trump —odeio chamá-lo de presidente–, mas é uma das razões pelas quais eu não posso voltar aos EUA.
Não me vejo como uma vítima. Ao contrário, me veem como uma ameaça para seus jogos políticos.
No dilema entre desenvolvimento e preservação, na história da América Latina, que papel um líder de esquerda, como Lula, deveria desempenhar?
O presidente Lula da Silva provavelmente está numa posição de ser mais benéfico ao movimento ambientalista que a alternativa de direita. Todos os políticos, sejam de direita ou esquerda, estão sob enorme pressão dos interesses corporativos para ceder em favor da exploração de recursos.
De muitas maneiras, é suicídio político fazer a coisa certa. É por isso que acredito que a mudança se origina da paixão, criatividade e coragem de indivíduos e ONGs.
Que futuro o senhor vislumbra para a amazônia? Mais conflitos, assassinatos, destruição, guerra?
Com base no passado, sua avaliação é bastante precisa. A civilização está travando uma guerra total contra a amazônia e os povos indígenas da região.
Só há uma coisa que pode salvar a amazônia e é o paradigma adotado pelos povos indígenas. O biocentrismo. Se não aprendermos a viver em harmonia com a natureza, a amazônia não sobreviverá e toda a espécie humana perecerá com ela.
RAIO-X | Paul Watson, 74
Ativista ambiental, fundador da Sea Shepherd e da Captain Paul Watson Foundation, é conhecido por ações contra a caça de baleias e a pesca predatória. Foi preso em julho de 2024 na Groenlândia a pedido do Japão, mas libertado em dezembro após a Dinamarca rejeitar a extradição. Nasceu no Canadá e também tem cidadania norte-americana.