O sentimento de insegurança permeia o cotidiano de milhões de pessoas no Brasil, onde situações aparentemente banais, como a aproximação de uma motocicleta, desencadeiam receios profundos. Uma pesquisa recente apontou que 8 em cada 10 indivíduos, ou seja, 80% da população com mais de 16 anos, sentem medo de serem assaltados quando veem uma moto se aproximar na rua. Esse percentual reflete uma realidade alarmante: 55% afirmam sentir “muito medo”, enquanto 26% relatam “um pouco de medo”. Apenas 19% dizem não sentir qualquer receio. Realizado entre os dias 1º e 3 de abril, o levantamento ouviu 3.054 pessoas em 172 municípios, cobrindo todas as regiões do país, com margem de erro de dois pontos percentuais.
Mulheres, idosos e pessoas de baixa renda são os grupos que mais expressam preocupação diante desse cenário. A pesquisa destacou que 66% das mulheres sentem muito medo, contra 44% dos homens, evidenciando uma disparidade de gênero significativa. Entre os idosos com mais de 60 anos, 63% relatam alto nível de temor, enquanto na faixa etária de 16 a 24 anos o índice cai para 49%. A renda também influencia: 29% daqueles que ganham até dois salários mínimos sentem muito medo em situações como estar em um restaurante, enquanto apenas 6% dos que recebem acima de dez salários mínimos compartilham esse sentimento.
Além da aproximação de motos, outras situações cotidianas também geram insegurança. Ficar sozinho em um ponto de ônibus é a segunda circunstância que mais desperta temor, com 50% relatando muito medo e 23% um pouco de medo. Outros momentos, como estar parado em um semáforo ou aguardar um carro de aplicativo, também aparecem como gatilhos para 39% da população. A preocupação com o roubo de celulares é constante para 37% dos entrevistados, que afirmam estar sempre alerta ao caminhar pelas ruas de suas cidades.
• Principais situações que geram medo:
- Aproximação de motocicletas: 80% sentem medo (55% muito, 26% um pouco).
- Ficar sozinho no ponto de ônibus: 73% relatam insegurança.
- Estar parado no semáforo: 39% sentem muito medo.
- Usar o celular na rua: 37% estão sempre preocupados com roubo.
Insegurança além das motos: um panorama nacional
A percepção de risco não se limita à aproximação de motocicletas. O levantamento revelou que, em todas as nove situações cotidianas avaliadas, o número de pessoas que sentem medo supera aquelas que se dizem seguras. Usar o transporte público, por exemplo, causa receio em 46% dos moradores do Nordeste, enquanto a média nacional para essa situação é de 33%. Em São Paulo, 26% relatam muito medo ao usar ônibus ou metrô. Essa diferença regional reflete particularidades de cada área, com o Nordeste liderando os índices de insegurança em quase todos os cenários analisados.
Outro ponto crítico é a percepção de que a criminalidade aumentou nos últimos 12 meses. No estado de São Paulo, 64% dos entrevistados acreditam que a segurança piorou, contra 58% na média nacional. Apenas 8% dos paulistas veem melhora, enquanto 26% consideram que a situação permaneceu estável. A preocupação com roubos de celular é especialmente alta no estado, onde 43% dizem estar sempre atentos a esse risco, acima dos 37% da média nacional. Apesar disso, o percentual de pessoas que relatam ter sofrido esse tipo de crime nos últimos 12 meses é semelhante ao do restante do país, com 29% em São Paulo.
O medo de ser vítima de violência vai além de crimes contra o patrimônio. Três em cada dez brasileiros expressam preocupação constante com o risco de serem atingidos por uma bala perdida ao caminhar pelas ruas. Esse receio é mais pronunciado em áreas urbanas, onde a densidade populacional e a circulação de armas agravam a sensação de vulnerabilidade. O levantamento também apontou que 30% temem agressões físicas, e 28% relatam medo de sequestro, números que reforçam a amplitude do problema da insegurança no cotidiano.
Disparidades regionais: onde o medo é mais intenso
As diferenças regionais na percepção de segurança são marcantes. No Nordeste, 62% dos moradores sentem muito medo ao avistar uma motocicleta se aproximando, índice superior à média nacional de 55%. O Sudeste, liderado por São Paulo, aparece em segundo lugar, com 59% dos paulistas relatando alto nível de temor nessa situação. Já no Sul, o índice é ligeiramente menor, mas ainda significativo, com 50% expressando receio. Essas variações refletem não apenas índices de criminalidade, mas também fatores culturais e socioeconômicos que moldam a relação das pessoas com o espaço público.
No transporte público, o Nordeste novamente se destaca, com 46% relatando muito medo de assalto, contra 26% em São Paulo e 33% na média nacional. A percepção de piora na segurança também é mais acentuada em São Paulo, onde 64% acreditam que a criminalidade cresceu, enquanto no país como um todo o índice é de 58%. Curiosamente, 15% dos brasileiros veem melhora na segurança, percentual que cai para 8% entre os paulistas. Esses números sugerem que, em grandes centros urbanos, a exposição a notícias sobre violência e a vivência direta de incidentes amplificam o sentimento de insegurança.
• Regiões com maior medo de motos:
- Nordeste: 62% sentem muito medo.
- São Paulo: 59% relatam alto receio.
- Média nacional: 55% expressam grande temor.
- Sul: 50% sentem muito medo.
Fatores que amplificam o receio: gênero, idade e renda
A insegurança não afeta todos da mesma forma. Mulheres relatam níveis mais altos de medo em todas as situações analisadas, com 66% sentindo muito receio diante de motos, contra 44% dos homens. Essa diferença reflete a maior vulnerabilidade percebida pelas mulheres no espaço público, onde o risco de assédio e violência de gênero se soma ao medo de crimes patrimoniais. Entre os idosos, a sensação de fragilidade física contribui para o temor, com 63% relatando muito medo, enquanto jovens de 16 a 24 anos, mais confiantes ou menos expostos a certas situações, apresentam índice de 49%.
A renda desempenha um papel crucial na percepção de segurança. Pessoas que ganham até dois salários mínimos relatam níveis mais altos de medo em contextos como restaurantes (29%) ou transporte público (40%). Em contrapartida, entre aqueles com renda superior a dez salários mínimos, apenas 6% sentem muito medo em restaurantes, e 54% afirmam não sentir receio algum. Essa disparidade sugere que a segurança é também uma questão de acesso a espaços protegidos, como bairros mais vigiados ou transporte privado, disponíveis para faixas de renda mais altas.
A pesquisa também revelou que a frequência do medo varia. Enquanto 37% estão sempre preocupados com o roubo de celulares, 30% temem constantemente bala perdida, e 28% expressam receio de sequestro. Esses números indicam que a insegurança não é apenas reativa a situações específicas, mas um estado constante para muitos, moldando rotinas e escolhas diárias. Em grandes cidades, por exemplo, 53% já evitaram circular em certos locais ou horários por medo de assalto, prática mais comum nas regiões metropolitanas (68%) do que no interior (40%).

Impactos na rotina: como o medo molda comportamentos
O receio de ser vítima de um crime transforma o dia a dia de milhões de brasileiros. Muitos adaptam suas rotinas para minimizar riscos, como evitar o uso de celulares na rua ou optar por transporte privado em vez de ônibus. Em áreas urbanas, 53% relatam ter deixado de frequentar certos lugares ou horários por medo de roubo, percentual que sobe para 68% nas capitais. Essa mudança de comportamento reflete não apenas a percepção de insegurança, mas também o impacto psicológico que ela gera, com pessoas vivendo em estado de alerta constante.
A preocupação com o roubo de celulares é um exemplo claro desse impacto. Com o aumento de crimes envolvendo smartphones, especialmente em grandes cidades, 37% dos brasileiros dizem estar sempre atentos a esse risco. Em São Paulo, o índice é ainda maior, com 43% relatando preocupação constante. Apesar disso, apenas 9% dos entrevistados afirmam ter sofrido esse tipo de crime nos últimos 12 meses, sugerindo que o medo muitas vezes supera a experiência real de vitimização. Mesmo assim, o prejuízo estimado com furtos e roubos de celulares no país chega a bilhões de reais anualmente, afetando desde a economia pessoal até o mercado de seguros.
Outro comportamento comum é evitar situações de maior exposição, como ficar sozinho em pontos de ônibus ou usar o transporte público à noite. Metade dos brasileiros sente muito medo ao esperar um ônibus sozinha, e 23% relatam um pouco de receio, números que reforçam a preferência por alternativas como carros de aplicativo, especialmente entre mulheres e idosos. Essas escolhas, embora compreensíveis, limitam a mobilidade e reforçam desigualdades, já que nem todos têm acesso a meios de transporte privados.
Cenário urbano: o peso da violência percebida
A vida nas grandes cidades amplifica o sentimento de insegurança. Em São Paulo, 64% dos moradores acreditam que a criminalidade aumentou no último ano, percepção que se alinha com o maior receio de crimes como roubo de celular (43%) e assalto no transporte público (26%). No entanto, os índices de vitimização real não diferem tanto da média nacional, com 29% relatando roubos de celular em São Paulo, contra 28% no país. Esse dado sugere que a exposição constante a notícias sobre violência e a vivência em ambientes urbanos densos moldam uma percepção de risco mais intensa.
No Nordeste, a situação é ainda mais crítica. A região lidera os índices de medo em quase todas as situações analisadas, com 62% relatando muito receio diante de motos e 46% temendo assaltos no transporte público. Fatores como desigualdade social, desemprego e menor presença de policiamento em áreas periféricas contribuem para esse cenário. Mesmo assim, 15% dos brasileiros acreditam que a segurança melhorou no último ano, percentual que reflete otimismo em algumas regiões menos urbanizadas, onde a violência é menos visível no cotidiano.
A percepção de piora na segurança também varia por fatores políticos e sociais. Em São Paulo, por exemplo, 26% acreditam que a situação permaneceu estável, enquanto 8% veem melhora. Esses números contrastam com a média nacional, onde 25% consideram a segurança inalterada e 15% notam avanços. A influência de discursos políticos e da mídia na formação dessas percepções é inegável, com manchetes sobre crimes violentos reforçando o sentimento de vulnerabilidade, especialmente em grandes centros.
• Mudanças de comportamento por medo:
- 53% evitam certos locais ou horários por receio de assalto.
- 68% nas capitais relatam evitar áreas específicas.
- 37% estão sempre preocupados com roubo de celular.
- 50% sentem muito medo ao esperar ônibus sozinhos.
Vulnerabilidades específicas: quem sente mais medo
As mulheres enfrentam um cenário particularmente desafiador. Além do medo de assalto, elas relatam maior receio de violência de gênero, com 66% sentindo muito medo diante de motos, contra 44% dos homens. Essa diferença aparece em todas as situações analisadas, desde usar o transporte público (40% das mulheres sentem muito medo, contra 25% dos homens) até estar em um restaurante (20% contra 10%). A percepção de vulnerabilidade é agravada por casos de assédio e violência sexual, que tornam o espaço público um ambiente hostil para muitas.
Idosos também se destacam como um grupo vulnerável. Com 63% relatando muito medo de motos, eles frequentemente evitam sair à noite ou frequentar locais movimentados. A sensação de fragilidade física e a menor capacidade de reação em situações de risco contribuem para esse quadro. Em contrapartida, jovens de 16 a 24 anos, embora também expostos à violência, apresentam menor receio (49%), possivelmente por maior confiança ou menor percepção de risco.
A renda é outro fator determinante. Pessoas com até dois salários mínimos relatam medo em contextos que, para os mais ricos, são considerados seguros. Enquanto 29% dos mais pobres temem assaltos em restaurantes, apenas 6% dos que ganham acima de dez salários mínimos compartilham esse receio. Essa disparidade reflete o acesso desigual a espaços protegidos e a maior exposição dos mais pobres a áreas de risco, como periferias urbanas e transporte público lotado.
Cenário histórico: a evolução do medo no Brasil
A insegurança não é um fenômeno novo no Brasil, mas sua intensidade tem variado ao longo do tempo. Em 2019, por exemplo, 51% dos brasileiros expressavam mais medo do que confiança na polícia, índice que se manteve estável até 2024, com 51% relatando o mesmo sentimento. Esse dado indica que a relação com as forças de segurança não melhorou significativamente, apesar de esforços para reduzir a violência policial. Em 2022, 87% dos paulistas temiam assaltos, percentual que caiu para 64% em 2025, sugerindo uma leve melhora na percepção, mas ainda com números alarmantes.
O medo de crimes específicos também tem histórico relevante. Em 2022, 91% dos moradores do Rio de Janeiro temiam ser atingidos por bala perdida, contra 83% em Minas Gerais. Em São Paulo, o roubo de celulares já era a principal preocupação, com 83% relatando receio. Esses números mostram que, embora os contextos regionais variem, a insegurança é uma constante em todo o país, moldada por fatores como urbanização, desigualdade e acesso a políticas públicas.
• Evolução do medo no Brasil:
- 2019: 51% tinham mais medo do que confiança na polícia.
- 2022: 87% dos paulistas temiam assaltos na rua.
- 2024: 53% evitavam locais por medo de roubo de celular.
- 2025: 80% temem assalto com aproximação de motos.
Impactos econômicos e sociais da insegurança
A insegurança urbana gera consequências que vão além do medo. O roubo de celulares, por exemplo, representa um prejuízo bilionário para a população. Em 2024, estimativas apontaram que o custo médio de um celular roubado era de R$ 1.549, com 9% dos brasileiros relatando esse tipo de crime nos últimos 12 meses. Esse impacto é maior entre os mais pobres, para quem a perda de um smartphone pode equivaler a um mês de salário. Além disso, o medo constante reduz a mobilidade, limitando o acesso a oportunidades de trabalho e lazer, especialmente para mulheres e idosos.
No mercado de trabalho, profissões como entregadores e motoristas de aplicativo enfrentam riscos elevados. Em 2024, o número de mortes no trânsito envolvendo motociclistas cresceu 43% em São Paulo, com muitos incidentes ligados à pressa para realizar entregas. Esse cenário reflete a precariedade de condições de trabalho, onde a pressão por produtividade aumenta a exposição a acidentes e crimes. A insegurança também afeta o comércio, com lojistas relatando queda no movimento em áreas percebidas como perigosas.
A desigualdade social agrava esses impactos. Enquanto os mais ricos podem investir em segurança privada e morar em bairros vigiados, os mais pobres dependem de transporte público e vivem em áreas com maior incidência de crimes. Essa disparidade reforça o ciclo de exclusão, com comunidades periféricas enfrentando não apenas a violência, mas também a falta de políticas públicas eficazes para combatê-la.
Respostas institucionais e desafios
As autoridades têm enfrentado dificuldades para reverter o quadro de insegurança. Em São Paulo, a Secretaria de Segurança Pública destaca a menor taxa de homicídios do país como um avanço, além da contratação de novos policiais. No entanto, a percepção pública não acompanha esses indicadores, com 64% dos paulistas acreditando que a criminalidade aumentou. Medidas como a proibição de garupas em motos, testada em outros países como a Colômbia, já foram debatidas no Brasil, mas enfrentam resistência por serem vistas como discriminatórias contra trabalhadores que dependem de motocicletas.
Campanhas de conscientização e aumento do policiamento em áreas críticas são outras estratégias adotadas, mas os resultados são limitados. Em 2023, 60% dos brasileiros relatavam insegurança ao caminhar à noite, índice que subiu para 65% em 2024, sugerindo que as ações implementadas não têm impacto percebido pela população. A violência policial, por sua vez, também contribui para o problema, com 51% dos brasileiros expressando mais medo do que confiança nas forças de segurança em 2025.
Os desafios são complexos e envolvem não apenas o combate ao crime, mas também o enfrentamento de questões estruturais, como desemprego, desigualdade e acesso à educação. Em áreas como a cracolândia, em São Paulo, a concentração de usuários de drogas aumenta a percepção de insegurança, com moradores relatando medo de sair de casa. Essas dinâmicas exigem abordagens integradas, que combinem segurança pública com políticas sociais, mas a implementação enfrenta barreiras políticas e financeiras.
Perspectivas para o futuro
O cenário de insegurança urbana no Brasil exige atenção contínua. A percepção de que a criminalidade está crescendo, mesmo quando indicadores mostram redução em certos crimes, reflete uma desconexão entre as políticas públicas e a experiência da população. Em São Paulo, por exemplo, a taxa de homicídios caiu nas últimas décadas, mas a sensação de insegurança permanece elevada, com 64% dos moradores acreditando que a situação piorou. Esse paradoxo sugere que o combate à violência deve ir além de estatísticas, abordando o impacto psicológico e social do medo.
Mulheres, idosos e pessoas de baixa renda continuarão sendo os grupos mais afetados, exigindo políticas específicas que considerem suas vulnerabilidades. A ampliação do acesso a transporte seguro, a melhoria da iluminação pública e o aumento da presença policial em áreas críticas são medidas que podem reduzir o receio no curto prazo. No entanto, soluções de longo prazo dependem de investimentos em educação, geração de empregos e redução das desigualdades, fatores que alimentam a violência urbana.
A tecnologia também pode desempenhar um papel importante. Iniciativas como câmeras de monitoramento e aplicativos de segurança têm sido testadas em algumas cidades, mas sua eficácia é limitada sem uma integração com outras políticas. Enquanto isso, a população segue adaptando suas rotinas, com 53% evitando locais de risco e 37% sempre preocupados com o roubo de celulares. Esses números refletem um país em busca de segurança, onde o medo molda não apenas o presente, mas também as expectativas para o futuro.
• Possíveis caminhos para reduzir a insegurança:
- Ampliar o policiamento em áreas de maior risco.
- Investir em iluminação pública e infraestrutura urbana.
- Criar programas sociais para comunidades vulneráveis.
- Desenvolver tecnologias de monitoramento integradas.

O sentimento de insegurança permeia o cotidiano de milhões de pessoas no Brasil, onde situações aparentemente banais, como a aproximação de uma motocicleta, desencadeiam receios profundos. Uma pesquisa recente apontou que 8 em cada 10 indivíduos, ou seja, 80% da população com mais de 16 anos, sentem medo de serem assaltados quando veem uma moto se aproximar na rua. Esse percentual reflete uma realidade alarmante: 55% afirmam sentir “muito medo”, enquanto 26% relatam “um pouco de medo”. Apenas 19% dizem não sentir qualquer receio. Realizado entre os dias 1º e 3 de abril, o levantamento ouviu 3.054 pessoas em 172 municípios, cobrindo todas as regiões do país, com margem de erro de dois pontos percentuais.
Mulheres, idosos e pessoas de baixa renda são os grupos que mais expressam preocupação diante desse cenário. A pesquisa destacou que 66% das mulheres sentem muito medo, contra 44% dos homens, evidenciando uma disparidade de gênero significativa. Entre os idosos com mais de 60 anos, 63% relatam alto nível de temor, enquanto na faixa etária de 16 a 24 anos o índice cai para 49%. A renda também influencia: 29% daqueles que ganham até dois salários mínimos sentem muito medo em situações como estar em um restaurante, enquanto apenas 6% dos que recebem acima de dez salários mínimos compartilham esse sentimento.
Além da aproximação de motos, outras situações cotidianas também geram insegurança. Ficar sozinho em um ponto de ônibus é a segunda circunstância que mais desperta temor, com 50% relatando muito medo e 23% um pouco de medo. Outros momentos, como estar parado em um semáforo ou aguardar um carro de aplicativo, também aparecem como gatilhos para 39% da população. A preocupação com o roubo de celulares é constante para 37% dos entrevistados, que afirmam estar sempre alerta ao caminhar pelas ruas de suas cidades.
• Principais situações que geram medo:
- Aproximação de motocicletas: 80% sentem medo (55% muito, 26% um pouco).
- Ficar sozinho no ponto de ônibus: 73% relatam insegurança.
- Estar parado no semáforo: 39% sentem muito medo.
- Usar o celular na rua: 37% estão sempre preocupados com roubo.
Insegurança além das motos: um panorama nacional
A percepção de risco não se limita à aproximação de motocicletas. O levantamento revelou que, em todas as nove situações cotidianas avaliadas, o número de pessoas que sentem medo supera aquelas que se dizem seguras. Usar o transporte público, por exemplo, causa receio em 46% dos moradores do Nordeste, enquanto a média nacional para essa situação é de 33%. Em São Paulo, 26% relatam muito medo ao usar ônibus ou metrô. Essa diferença regional reflete particularidades de cada área, com o Nordeste liderando os índices de insegurança em quase todos os cenários analisados.
Outro ponto crítico é a percepção de que a criminalidade aumentou nos últimos 12 meses. No estado de São Paulo, 64% dos entrevistados acreditam que a segurança piorou, contra 58% na média nacional. Apenas 8% dos paulistas veem melhora, enquanto 26% consideram que a situação permaneceu estável. A preocupação com roubos de celular é especialmente alta no estado, onde 43% dizem estar sempre atentos a esse risco, acima dos 37% da média nacional. Apesar disso, o percentual de pessoas que relatam ter sofrido esse tipo de crime nos últimos 12 meses é semelhante ao do restante do país, com 29% em São Paulo.
O medo de ser vítima de violência vai além de crimes contra o patrimônio. Três em cada dez brasileiros expressam preocupação constante com o risco de serem atingidos por uma bala perdida ao caminhar pelas ruas. Esse receio é mais pronunciado em áreas urbanas, onde a densidade populacional e a circulação de armas agravam a sensação de vulnerabilidade. O levantamento também apontou que 30% temem agressões físicas, e 28% relatam medo de sequestro, números que reforçam a amplitude do problema da insegurança no cotidiano.
Disparidades regionais: onde o medo é mais intenso
As diferenças regionais na percepção de segurança são marcantes. No Nordeste, 62% dos moradores sentem muito medo ao avistar uma motocicleta se aproximando, índice superior à média nacional de 55%. O Sudeste, liderado por São Paulo, aparece em segundo lugar, com 59% dos paulistas relatando alto nível de temor nessa situação. Já no Sul, o índice é ligeiramente menor, mas ainda significativo, com 50% expressando receio. Essas variações refletem não apenas índices de criminalidade, mas também fatores culturais e socioeconômicos que moldam a relação das pessoas com o espaço público.
No transporte público, o Nordeste novamente se destaca, com 46% relatando muito medo de assalto, contra 26% em São Paulo e 33% na média nacional. A percepção de piora na segurança também é mais acentuada em São Paulo, onde 64% acreditam que a criminalidade cresceu, enquanto no país como um todo o índice é de 58%. Curiosamente, 15% dos brasileiros veem melhora na segurança, percentual que cai para 8% entre os paulistas. Esses números sugerem que, em grandes centros urbanos, a exposição a notícias sobre violência e a vivência direta de incidentes amplificam o sentimento de insegurança.
• Regiões com maior medo de motos:
- Nordeste: 62% sentem muito medo.
- São Paulo: 59% relatam alto receio.
- Média nacional: 55% expressam grande temor.
- Sul: 50% sentem muito medo.
Fatores que amplificam o receio: gênero, idade e renda
A insegurança não afeta todos da mesma forma. Mulheres relatam níveis mais altos de medo em todas as situações analisadas, com 66% sentindo muito receio diante de motos, contra 44% dos homens. Essa diferença reflete a maior vulnerabilidade percebida pelas mulheres no espaço público, onde o risco de assédio e violência de gênero se soma ao medo de crimes patrimoniais. Entre os idosos, a sensação de fragilidade física contribui para o temor, com 63% relatando muito medo, enquanto jovens de 16 a 24 anos, mais confiantes ou menos expostos a certas situações, apresentam índice de 49%.
A renda desempenha um papel crucial na percepção de segurança. Pessoas que ganham até dois salários mínimos relatam níveis mais altos de medo em contextos como restaurantes (29%) ou transporte público (40%). Em contrapartida, entre aqueles com renda superior a dez salários mínimos, apenas 6% sentem muito medo em restaurantes, e 54% afirmam não sentir receio algum. Essa disparidade sugere que a segurança é também uma questão de acesso a espaços protegidos, como bairros mais vigiados ou transporte privado, disponíveis para faixas de renda mais altas.
A pesquisa também revelou que a frequência do medo varia. Enquanto 37% estão sempre preocupados com o roubo de celulares, 30% temem constantemente bala perdida, e 28% expressam receio de sequestro. Esses números indicam que a insegurança não é apenas reativa a situações específicas, mas um estado constante para muitos, moldando rotinas e escolhas diárias. Em grandes cidades, por exemplo, 53% já evitaram circular em certos locais ou horários por medo de assalto, prática mais comum nas regiões metropolitanas (68%) do que no interior (40%).

Impactos na rotina: como o medo molda comportamentos
O receio de ser vítima de um crime transforma o dia a dia de milhões de brasileiros. Muitos adaptam suas rotinas para minimizar riscos, como evitar o uso de celulares na rua ou optar por transporte privado em vez de ônibus. Em áreas urbanas, 53% relatam ter deixado de frequentar certos lugares ou horários por medo de roubo, percentual que sobe para 68% nas capitais. Essa mudança de comportamento reflete não apenas a percepção de insegurança, mas também o impacto psicológico que ela gera, com pessoas vivendo em estado de alerta constante.
A preocupação com o roubo de celulares é um exemplo claro desse impacto. Com o aumento de crimes envolvendo smartphones, especialmente em grandes cidades, 37% dos brasileiros dizem estar sempre atentos a esse risco. Em São Paulo, o índice é ainda maior, com 43% relatando preocupação constante. Apesar disso, apenas 9% dos entrevistados afirmam ter sofrido esse tipo de crime nos últimos 12 meses, sugerindo que o medo muitas vezes supera a experiência real de vitimização. Mesmo assim, o prejuízo estimado com furtos e roubos de celulares no país chega a bilhões de reais anualmente, afetando desde a economia pessoal até o mercado de seguros.
Outro comportamento comum é evitar situações de maior exposição, como ficar sozinho em pontos de ônibus ou usar o transporte público à noite. Metade dos brasileiros sente muito medo ao esperar um ônibus sozinha, e 23% relatam um pouco de receio, números que reforçam a preferência por alternativas como carros de aplicativo, especialmente entre mulheres e idosos. Essas escolhas, embora compreensíveis, limitam a mobilidade e reforçam desigualdades, já que nem todos têm acesso a meios de transporte privados.
Cenário urbano: o peso da violência percebida
A vida nas grandes cidades amplifica o sentimento de insegurança. Em São Paulo, 64% dos moradores acreditam que a criminalidade aumentou no último ano, percepção que se alinha com o maior receio de crimes como roubo de celular (43%) e assalto no transporte público (26%). No entanto, os índices de vitimização real não diferem tanto da média nacional, com 29% relatando roubos de celular em São Paulo, contra 28% no país. Esse dado sugere que a exposição constante a notícias sobre violência e a vivência em ambientes urbanos densos moldam uma percepção de risco mais intensa.
No Nordeste, a situação é ainda mais crítica. A região lidera os índices de medo em quase todas as situações analisadas, com 62% relatando muito receio diante de motos e 46% temendo assaltos no transporte público. Fatores como desigualdade social, desemprego e menor presença de policiamento em áreas periféricas contribuem para esse cenário. Mesmo assim, 15% dos brasileiros acreditam que a segurança melhorou no último ano, percentual que reflete otimismo em algumas regiões menos urbanizadas, onde a violência é menos visível no cotidiano.
A percepção de piora na segurança também varia por fatores políticos e sociais. Em São Paulo, por exemplo, 26% acreditam que a situação permaneceu estável, enquanto 8% veem melhora. Esses números contrastam com a média nacional, onde 25% consideram a segurança inalterada e 15% notam avanços. A influência de discursos políticos e da mídia na formação dessas percepções é inegável, com manchetes sobre crimes violentos reforçando o sentimento de vulnerabilidade, especialmente em grandes centros.
• Mudanças de comportamento por medo:
- 53% evitam certos locais ou horários por receio de assalto.
- 68% nas capitais relatam evitar áreas específicas.
- 37% estão sempre preocupados com roubo de celular.
- 50% sentem muito medo ao esperar ônibus sozinhos.
Vulnerabilidades específicas: quem sente mais medo
As mulheres enfrentam um cenário particularmente desafiador. Além do medo de assalto, elas relatam maior receio de violência de gênero, com 66% sentindo muito medo diante de motos, contra 44% dos homens. Essa diferença aparece em todas as situações analisadas, desde usar o transporte público (40% das mulheres sentem muito medo, contra 25% dos homens) até estar em um restaurante (20% contra 10%). A percepção de vulnerabilidade é agravada por casos de assédio e violência sexual, que tornam o espaço público um ambiente hostil para muitas.
Idosos também se destacam como um grupo vulnerável. Com 63% relatando muito medo de motos, eles frequentemente evitam sair à noite ou frequentar locais movimentados. A sensação de fragilidade física e a menor capacidade de reação em situações de risco contribuem para esse quadro. Em contrapartida, jovens de 16 a 24 anos, embora também expostos à violência, apresentam menor receio (49%), possivelmente por maior confiança ou menor percepção de risco.
A renda é outro fator determinante. Pessoas com até dois salários mínimos relatam medo em contextos que, para os mais ricos, são considerados seguros. Enquanto 29% dos mais pobres temem assaltos em restaurantes, apenas 6% dos que ganham acima de dez salários mínimos compartilham esse receio. Essa disparidade reflete o acesso desigual a espaços protegidos e a maior exposição dos mais pobres a áreas de risco, como periferias urbanas e transporte público lotado.
Cenário histórico: a evolução do medo no Brasil
A insegurança não é um fenômeno novo no Brasil, mas sua intensidade tem variado ao longo do tempo. Em 2019, por exemplo, 51% dos brasileiros expressavam mais medo do que confiança na polícia, índice que se manteve estável até 2024, com 51% relatando o mesmo sentimento. Esse dado indica que a relação com as forças de segurança não melhorou significativamente, apesar de esforços para reduzir a violência policial. Em 2022, 87% dos paulistas temiam assaltos, percentual que caiu para 64% em 2025, sugerindo uma leve melhora na percepção, mas ainda com números alarmantes.
O medo de crimes específicos também tem histórico relevante. Em 2022, 91% dos moradores do Rio de Janeiro temiam ser atingidos por bala perdida, contra 83% em Minas Gerais. Em São Paulo, o roubo de celulares já era a principal preocupação, com 83% relatando receio. Esses números mostram que, embora os contextos regionais variem, a insegurança é uma constante em todo o país, moldada por fatores como urbanização, desigualdade e acesso a políticas públicas.
• Evolução do medo no Brasil:
- 2019: 51% tinham mais medo do que confiança na polícia.
- 2022: 87% dos paulistas temiam assaltos na rua.
- 2024: 53% evitavam locais por medo de roubo de celular.
- 2025: 80% temem assalto com aproximação de motos.
Impactos econômicos e sociais da insegurança
A insegurança urbana gera consequências que vão além do medo. O roubo de celulares, por exemplo, representa um prejuízo bilionário para a população. Em 2024, estimativas apontaram que o custo médio de um celular roubado era de R$ 1.549, com 9% dos brasileiros relatando esse tipo de crime nos últimos 12 meses. Esse impacto é maior entre os mais pobres, para quem a perda de um smartphone pode equivaler a um mês de salário. Além disso, o medo constante reduz a mobilidade, limitando o acesso a oportunidades de trabalho e lazer, especialmente para mulheres e idosos.
No mercado de trabalho, profissões como entregadores e motoristas de aplicativo enfrentam riscos elevados. Em 2024, o número de mortes no trânsito envolvendo motociclistas cresceu 43% em São Paulo, com muitos incidentes ligados à pressa para realizar entregas. Esse cenário reflete a precariedade de condições de trabalho, onde a pressão por produtividade aumenta a exposição a acidentes e crimes. A insegurança também afeta o comércio, com lojistas relatando queda no movimento em áreas percebidas como perigosas.
A desigualdade social agrava esses impactos. Enquanto os mais ricos podem investir em segurança privada e morar em bairros vigiados, os mais pobres dependem de transporte público e vivem em áreas com maior incidência de crimes. Essa disparidade reforça o ciclo de exclusão, com comunidades periféricas enfrentando não apenas a violência, mas também a falta de políticas públicas eficazes para combatê-la.
Respostas institucionais e desafios
As autoridades têm enfrentado dificuldades para reverter o quadro de insegurança. Em São Paulo, a Secretaria de Segurança Pública destaca a menor taxa de homicídios do país como um avanço, além da contratação de novos policiais. No entanto, a percepção pública não acompanha esses indicadores, com 64% dos paulistas acreditando que a criminalidade aumentou. Medidas como a proibição de garupas em motos, testada em outros países como a Colômbia, já foram debatidas no Brasil, mas enfrentam resistência por serem vistas como discriminatórias contra trabalhadores que dependem de motocicletas.
Campanhas de conscientização e aumento do policiamento em áreas críticas são outras estratégias adotadas, mas os resultados são limitados. Em 2023, 60% dos brasileiros relatavam insegurança ao caminhar à noite, índice que subiu para 65% em 2024, sugerindo que as ações implementadas não têm impacto percebido pela população. A violência policial, por sua vez, também contribui para o problema, com 51% dos brasileiros expressando mais medo do que confiança nas forças de segurança em 2025.
Os desafios são complexos e envolvem não apenas o combate ao crime, mas também o enfrentamento de questões estruturais, como desemprego, desigualdade e acesso à educação. Em áreas como a cracolândia, em São Paulo, a concentração de usuários de drogas aumenta a percepção de insegurança, com moradores relatando medo de sair de casa. Essas dinâmicas exigem abordagens integradas, que combinem segurança pública com políticas sociais, mas a implementação enfrenta barreiras políticas e financeiras.
Perspectivas para o futuro
O cenário de insegurança urbana no Brasil exige atenção contínua. A percepção de que a criminalidade está crescendo, mesmo quando indicadores mostram redução em certos crimes, reflete uma desconexão entre as políticas públicas e a experiência da população. Em São Paulo, por exemplo, a taxa de homicídios caiu nas últimas décadas, mas a sensação de insegurança permanece elevada, com 64% dos moradores acreditando que a situação piorou. Esse paradoxo sugere que o combate à violência deve ir além de estatísticas, abordando o impacto psicológico e social do medo.
Mulheres, idosos e pessoas de baixa renda continuarão sendo os grupos mais afetados, exigindo políticas específicas que considerem suas vulnerabilidades. A ampliação do acesso a transporte seguro, a melhoria da iluminação pública e o aumento da presença policial em áreas críticas são medidas que podem reduzir o receio no curto prazo. No entanto, soluções de longo prazo dependem de investimentos em educação, geração de empregos e redução das desigualdades, fatores que alimentam a violência urbana.
A tecnologia também pode desempenhar um papel importante. Iniciativas como câmeras de monitoramento e aplicativos de segurança têm sido testadas em algumas cidades, mas sua eficácia é limitada sem uma integração com outras políticas. Enquanto isso, a população segue adaptando suas rotinas, com 53% evitando locais de risco e 37% sempre preocupados com o roubo de celulares. Esses números refletem um país em busca de segurança, onde o medo molda não apenas o presente, mas também as expectativas para o futuro.
• Possíveis caminhos para reduzir a insegurança:
- Ampliar o policiamento em áreas de maior risco.
- Investir em iluminação pública e infraestrutura urbana.
- Criar programas sociais para comunidades vulneráveis.
- Desenvolver tecnologias de monitoramento integradas.
