Uma missão espacial que promete entrar para a história está programada para decolar na manhã de segunda-feira, a partir do deserto do Texas. A Blue Origin, empresa de voos espaciais fundada por Jeff Bezos, levará seis mulheres ao limite do espaço em uma viagem suborbital a bordo do foguete New Shepard. Entre as passageiras estão nomes de peso, como a popstar Katy Perry, a jornalista Gayle King e a ex-jornalista Lauren Sánchez, noiva de Bezos. A missão, batizada de NS-31, será a primeira com uma tripulação exclusivamente feminina desde o voo solo de Valentina Tereshkova, em 1963, quando a cosmonauta soviética se tornou a primeira mulher a ir ao espaço.
A decolagem está marcada para as 9h30 no horário do leste dos Estados Unidos, equivalente a 10h30 no horário de Brasília, a partir da base de lançamento da Blue Origin em Van Horn, no Texas. A viagem, que deve durar cerca de 10 minutos, levará as passageiras a uma altitude superior a 100 quilômetros, ultrapassando a linha de Kármán, reconhecida internacionalmente como a fronteira entre a atmosfera terrestre e o espaço. Durante o voo, elas experimentarão alguns minutos de gravidade zero antes de retornar ao solo em uma aterrissagem suave no deserto texano.
Completam a tripulação Aisha Bowe, ex-cientista de foguetes da Nasa e fundadora da STEMBoard, Amanda Nguyen, pesquisadora em bioastronáutica e ativista pelos direitos civis, e Kerianne Flynn, produtora de cinema com trabalhos voltados para documentários. A missão não apenas destaca a diversidade de perfis das passageiras, mas também reforça o papel da Blue Origin no turismo espacial, um setor que vem ganhando força nos últimos anos.
- Tripulação estelar: A missão reúne mulheres de diferentes áreas, incluindo música, jornalismo, ciência e cinema.
- Voos anteriores: A Blue Origin já levou ao espaço celebridades como William Shatner e Michael Strahan.
- Autonomia total: O New Shepard é um sistema totalmente autônomo, sem piloto a bordo.
- Impacto cultural: A viagem marca um momento significativo para a representatividade feminina no espaço.
Uma missão com significado histórico
A escolha de uma tripulação exclusivamente feminina para a missão NS-31 não é apenas um marco técnico, mas também um símbolo de progresso na exploração espacial. Desde que Valentina Tereshkova realizou seu voo histórico há mais de seis décadas, as mulheres têm conquistado espaço crescente em missões espaciais, mas uma tripulação inteiramente feminina em um voo comercial é algo inédito em mais de 60 anos. A Blue Origin destacou que a missão busca inspirar futuras gerações, especialmente jovens mulheres interessadas em carreiras ligadas à ciência, tecnologia, engenharia e matemática, conhecidas pela sigla STEM.
Katy Perry, uma das passageiras mais conhecidas da missão, é um ícone global da música pop, com hits como “Firework” e “Roar”. Além de sua carreira artística, ela é embaixadora da Unicef e fundadora da Firework Foundation, que promove o acesso de crianças às artes. Sua participação no voo foi descrita como uma oportunidade de motivar sua filha e outras pessoas a perseguirem seus sonhos, independentemente dos obstáculos. A presença dela na missão também adiciona um toque de glamour a um evento que já chama atenção pela sua relevância histórica.
Lauren Sánchez, que liderou a organização da tripulação, traz sua própria trajetória ao voo. Jornalista premiada com um Emmy, ela é pilota de helicóptero licenciada e fundadora da Black Ops Aviation, uma empresa de produção de filmes aéreos. Sánchez também é autora de um livro infantil, “The Fly Who Flew to Space”, que conta a história de um personagem que supera desafios para alcançar grandes objetivos. Sua conexão pessoal com Bezos, fundador da Blue Origin, não diminui o peso de sua participação, que reflete anos de envolvimento com aviação e filantropia.
Preparação intensa para o voo
As passageiras da NS-31 passaram por um treinamento rigoroso para garantir que estejam prontas para a experiência única de um voo suborbital. Nos dias que antecedem a decolagem, elas se reuniram na base de Van Horn para sessões finais de preparação. O processo incluiu familiarização com a cápsula do New Shepard, ajustes em trajes espaciais personalizados e simulações detalhadas do que esperar durante o voo. Cada detalhe, desde a localização das câmeras dentro da cápsula até os procedimentos de comunicação com o controle em terra, foi cuidadosamente ensaiado para garantir segurança e conforto.
Aisha Bowe, por exemplo, intensificou sua preparação física com simulações no National Aerospace Training and Research Center, conhecido como Nastar. Ela participou de exercícios que replicam as forças gravitacionais sentidas durante o lançamento e a reentrada, além de planejar um voo em um jato de combate para se acostumar às condições extremas. Sua experiência como engenheira aeroespacial e ex-cientista da Nasa a coloca como uma das passageiras mais tecnicamente preparadas para a missão, mas ela enfatizou que o treinamento foi essencial para alinhar corpo e mente ao desafio.
Gayle King, co-apresentadora do programa “CBS Mornings”, revelou que buscou técnicas de meditação para lidar com a ansiedade pré-voo. Conhecida por sua habilidade em contar histórias e entrevistar personalidades, King planeja levar ao espaço fotos de família e um item especial de seu neto, simbolizando a conexão com suas raízes durante a jornada. Sua participação reflete não apenas uma conquista pessoal, mas também um compromisso em compartilhar a experiência com seu público, ampliando o alcance da missão.
O que esperar do voo
A missão NS-31 seguirá um perfil de voo bem estabelecido pela Blue Origin. Após a decolagem, o foguete New Shepard acelerará a mais de três vezes a velocidade do som, cerca de 3.700 quilômetros por hora. Aproximadamente dois minutos e meio após o lançamento, a cápsula que transporta as passageiras se separará do propulsor, continuando sua trajetória até ultrapassar a linha de Kármán. Nesse ponto, as mulheres poderão flutuar dentro da cápsula, experimentando a ausência de gravidade por cerca de quatro minutos enquanto observam a curvatura da Terra através de grandes janelas.
O propulsor, projetado para ser reutilizável, aterrissará de forma autônoma em uma plataforma próxima ao local de lançamento. A cápsula, por sua vez, descerá com a ajuda de três paraquedas, garantindo um pouso suave no deserto do Texas. Todo o processo, desde a decolagem até o pouso, é controlado por sistemas computadorizados, sem a necessidade de um piloto humano a bordo. Esse nível de automação é uma das marcas registradas do New Shepard, que já completou 30 missões, sendo 10 delas com tripulações.
- Velocidade impressionante: O foguete atinge mais de 3.700 km/h em poucos minutos.
- Gravidade zero: As passageiras terão cerca de quatro minutos para flutuar livremente.
- Janelas amplas: A cápsula oferece vistas panorâmicas da Terra e do espaço.
- Reutilização: O propulsor retorna ao solo para ser usado em futuras missões.
Perfil das passageiras
Amanda Nguyen, outra integrante da tripulação, é uma figura notável tanto na ciência quanto no ativismo. Como pesquisadora em bioastronáutica, ela trabalhou em projetos da Nasa, incluindo a missão final do ônibus espacial e o telescópio Kepler, que caça exoplanetas. Fora do laboratório, Nguyen é uma defensora incansável dos direitos civis, sendo a primeira mulher vietnamita a voar ao espaço. Para a missão, ela planeja levar conchas de uma ilha na Malásia, onde sua mãe buscou refúgio após a queda de Saigon, além de uma nota escrita à mão com a frase “Nunca desista”.
Kerianne Flynn, a produtora de cinema da tripulação, traz um olhar artístico para a missão. Com trabalhos em documentários como “This Changes Everything”, que explora a história das mulheres em Hollywood, ela tem uma paixão por contar histórias que desafiam barreiras. Sua participação na NS-31 reflete esse compromisso, já que o voo representa uma oportunidade de mostrar ao mundo o potencial das mulheres em áreas tradicionalmente dominadas por homens. Flynn também planeja usar a experiência para inspirar jovens em projetos educacionais ligados às artes e à ciência.
A missão também carrega um peso cultural significativo para Aisha Bowe, que será a primeira mulher negra a voar com a Blue Origin. Sua trajetória, de engenheira aeroespacial a empreendedora, é marcada por prêmios como o NASA Engineering Honor Award e o Black Enterprises Luminary Award. Bowe levará ao espaço uma bandeira da missão Apollo 12, amostras de plantas do laboratório de astrobotânica da Winston-Salem State University e uma sopa de conchas desidratada, prato típico das Bahamas, sua terra natal.
O impacto do turismo espacial
A Blue Origin tem se consolidado como uma das principais empresas no mercado de turismo espacial, competindo diretamente com nomes como Virgin Galactic e SpaceX. Desde o primeiro voo tripulado do New Shepard, em julho de 2021, que levou o próprio Jeff Bezos ao espaço, a empresa já transportou 52 pessoas além da linha de Kármán. Cada missão reforça a viabilidade de viagens espaciais comerciais, um setor que, embora ainda restrito a uma elite financeira, começa a ganhar tração global.
O custo de um assento no New Shepard não é divulgado publicamente, mas especula-se que esteja na casa de centenas de milhares de dólares. Apesar do preço elevado, a demanda por essas experiências parece crescer, impulsionada por celebridades e figuras públicas que atraem atenção para o setor. A presença de nomes como Katy Perry e Gayle King na missão NS-31 deve ampliar ainda mais o interesse do público, especialmente por conta do caráter histórico do voo.
Além do turismo, a Blue Origin também utiliza o New Shepard para experimentos científicos. Em voos anteriores, a empresa testou condições de baixa gravidade para a Nasa, incluindo simulações do ambiente lunar. Embora a NS-31 seja focada na experiência humana, sem cargas científicas a bordo, ela reforça a versatilidade do sistema, que combina inovação técnica com apelo cultural.
Como a missão foi planejada
A organização da missão NS-31 começou a ganhar forma há mais de dois anos, quando Lauren Sánchez teve a ideia de reunir uma tripulação exclusivamente feminina. O processo de seleção envolveu a busca por mulheres que não apenas tivessem trajetórias inspiradoras, mas também representassem uma diversidade de experiências e perspectivas. O resultado é um grupo que combina talento, determinação e um desejo comum de deixar um legado positivo.
Cada passageira trouxe algo único para a missão. Katy Perry, por exemplo, planeja levar um item vivo ao espaço, como uma planta, para simbolizar a fragilidade e a importância da Terra. Gayle King optou por itens pessoais que conectam sua jornada à família, enquanto Aisha Bowe e Amanda Nguyen escolheram objetos com significado cultural e histórico. Kerianne Flynn, por sua vez, vê o voo como uma oportunidade de capturar imagens e histórias que possam ser compartilhadas com o mundo.
O treinamento, embora breve, foi projetado para cobrir todos os aspectos da experiência. As passageiras aprenderam a operar dentro da cápsula, responder a comandos do controle de solo e lidar com situações de emergência, como o uso de máscaras de oxigênio. A Blue Origin enfatiza que a segurança é a prioridade, e o histórico do New Shepard, com 30 missões bem-sucedidas, reforça essa confiança.
Momentos marcantes do New Shepard
O programa New Shepard tem uma história repleta de conquistas. Nomeado em homenagem a Alan Shepard, o primeiro americano no espaço, o sistema foi projetado para ser reutilizável, reduzindo custos e aumentando a frequência de voos. Desde sua estreia, o foguete já levou ao espaço figuras como William Shatner, que se tornou a pessoa mais velha a voar ao espaço aos 90 anos, e Laura Shepard Churchley, filha de Alan Shepard, que homenageou o legado de seu pai.
- Primeiro voo tripulado: Em julho de 2021, Jeff Bezos e três outros passageiros cruzaram a linha de Kármán.
- Recorde de idade: William Shatner, aos 90 anos, voou em outubro de 2021.
- Homenagem histórica: Laura Shepard Churchley participou de uma missão em 2021.
- Resiliência técnica: Após uma falha em 2022, o programa retomou voos em 2023.
Olhando para o futuro
A missão NS-31 é apenas uma etapa na ambição maior da Blue Origin de democratizar o acesso ao espaço. Além do New Shepard, a empresa está desenvolvendo o foguete New Glenn, projetado para missões orbitais e já testado com sucesso em janeiro deste ano. Com capacidade para lançar satélites e cargas maiores, o New Glenn posiciona a Blue Origin como uma concorrente direta da SpaceX, especialmente em contratos com a Nasa e empresas privadas como a Amazon, que planeja usar o foguete para sua constelação de satélites Kuiper.
Para as passageiras da NS-31, no entanto, o foco está no presente. A experiência de flutuar no espaço, mesmo que por poucos minutos, promete ser transformadora. Cada uma delas planeja usar a visibilidade da missão para inspirar outros, seja através da música, do jornalismo, da ciência ou do ativismo. A presença de figuras tão diversas reforça a ideia de que o espaço, embora ainda um destino exclusivo, pode ser um lugar para todos.
A transmissão ao vivo do lançamento estará disponível a partir das 7h no horário local do Texas, permitindo que o público acompanhe cada etapa da jornada. A expectativa é que o voo não apenas marque um feito técnico, mas também deixe uma marca cultural duradoura, mostrando que as barreiras, assim como a gravidade, podem ser superadas.
Curiosidades sobre a missão
- Itens pessoais: Cada passageira pode levar até 1,36 kg de itens, como fotos, bandeiras ou objetos simbólicos.
- Trajes exclusivos: Os uniformes foram desenhados pela Monse, com estilo moderno e funcional.
- Símbolos no distintivo: O emblema da missão inclui estrelas, microfones e rolos de filme, representando as passageiras.
- Impacto global: A viagem deve alcançar milhões de pessoas por meio de cobertura midiática.

Uma missão espacial que promete entrar para a história está programada para decolar na manhã de segunda-feira, a partir do deserto do Texas. A Blue Origin, empresa de voos espaciais fundada por Jeff Bezos, levará seis mulheres ao limite do espaço em uma viagem suborbital a bordo do foguete New Shepard. Entre as passageiras estão nomes de peso, como a popstar Katy Perry, a jornalista Gayle King e a ex-jornalista Lauren Sánchez, noiva de Bezos. A missão, batizada de NS-31, será a primeira com uma tripulação exclusivamente feminina desde o voo solo de Valentina Tereshkova, em 1963, quando a cosmonauta soviética se tornou a primeira mulher a ir ao espaço.
A decolagem está marcada para as 9h30 no horário do leste dos Estados Unidos, equivalente a 10h30 no horário de Brasília, a partir da base de lançamento da Blue Origin em Van Horn, no Texas. A viagem, que deve durar cerca de 10 minutos, levará as passageiras a uma altitude superior a 100 quilômetros, ultrapassando a linha de Kármán, reconhecida internacionalmente como a fronteira entre a atmosfera terrestre e o espaço. Durante o voo, elas experimentarão alguns minutos de gravidade zero antes de retornar ao solo em uma aterrissagem suave no deserto texano.
Completam a tripulação Aisha Bowe, ex-cientista de foguetes da Nasa e fundadora da STEMBoard, Amanda Nguyen, pesquisadora em bioastronáutica e ativista pelos direitos civis, e Kerianne Flynn, produtora de cinema com trabalhos voltados para documentários. A missão não apenas destaca a diversidade de perfis das passageiras, mas também reforça o papel da Blue Origin no turismo espacial, um setor que vem ganhando força nos últimos anos.
- Tripulação estelar: A missão reúne mulheres de diferentes áreas, incluindo música, jornalismo, ciência e cinema.
- Voos anteriores: A Blue Origin já levou ao espaço celebridades como William Shatner e Michael Strahan.
- Autonomia total: O New Shepard é um sistema totalmente autônomo, sem piloto a bordo.
- Impacto cultural: A viagem marca um momento significativo para a representatividade feminina no espaço.
Uma missão com significado histórico
A escolha de uma tripulação exclusivamente feminina para a missão NS-31 não é apenas um marco técnico, mas também um símbolo de progresso na exploração espacial. Desde que Valentina Tereshkova realizou seu voo histórico há mais de seis décadas, as mulheres têm conquistado espaço crescente em missões espaciais, mas uma tripulação inteiramente feminina em um voo comercial é algo inédito em mais de 60 anos. A Blue Origin destacou que a missão busca inspirar futuras gerações, especialmente jovens mulheres interessadas em carreiras ligadas à ciência, tecnologia, engenharia e matemática, conhecidas pela sigla STEM.
Katy Perry, uma das passageiras mais conhecidas da missão, é um ícone global da música pop, com hits como “Firework” e “Roar”. Além de sua carreira artística, ela é embaixadora da Unicef e fundadora da Firework Foundation, que promove o acesso de crianças às artes. Sua participação no voo foi descrita como uma oportunidade de motivar sua filha e outras pessoas a perseguirem seus sonhos, independentemente dos obstáculos. A presença dela na missão também adiciona um toque de glamour a um evento que já chama atenção pela sua relevância histórica.
Lauren Sánchez, que liderou a organização da tripulação, traz sua própria trajetória ao voo. Jornalista premiada com um Emmy, ela é pilota de helicóptero licenciada e fundadora da Black Ops Aviation, uma empresa de produção de filmes aéreos. Sánchez também é autora de um livro infantil, “The Fly Who Flew to Space”, que conta a história de um personagem que supera desafios para alcançar grandes objetivos. Sua conexão pessoal com Bezos, fundador da Blue Origin, não diminui o peso de sua participação, que reflete anos de envolvimento com aviação e filantropia.
Preparação intensa para o voo
As passageiras da NS-31 passaram por um treinamento rigoroso para garantir que estejam prontas para a experiência única de um voo suborbital. Nos dias que antecedem a decolagem, elas se reuniram na base de Van Horn para sessões finais de preparação. O processo incluiu familiarização com a cápsula do New Shepard, ajustes em trajes espaciais personalizados e simulações detalhadas do que esperar durante o voo. Cada detalhe, desde a localização das câmeras dentro da cápsula até os procedimentos de comunicação com o controle em terra, foi cuidadosamente ensaiado para garantir segurança e conforto.
Aisha Bowe, por exemplo, intensificou sua preparação física com simulações no National Aerospace Training and Research Center, conhecido como Nastar. Ela participou de exercícios que replicam as forças gravitacionais sentidas durante o lançamento e a reentrada, além de planejar um voo em um jato de combate para se acostumar às condições extremas. Sua experiência como engenheira aeroespacial e ex-cientista da Nasa a coloca como uma das passageiras mais tecnicamente preparadas para a missão, mas ela enfatizou que o treinamento foi essencial para alinhar corpo e mente ao desafio.
Gayle King, co-apresentadora do programa “CBS Mornings”, revelou que buscou técnicas de meditação para lidar com a ansiedade pré-voo. Conhecida por sua habilidade em contar histórias e entrevistar personalidades, King planeja levar ao espaço fotos de família e um item especial de seu neto, simbolizando a conexão com suas raízes durante a jornada. Sua participação reflete não apenas uma conquista pessoal, mas também um compromisso em compartilhar a experiência com seu público, ampliando o alcance da missão.
O que esperar do voo
A missão NS-31 seguirá um perfil de voo bem estabelecido pela Blue Origin. Após a decolagem, o foguete New Shepard acelerará a mais de três vezes a velocidade do som, cerca de 3.700 quilômetros por hora. Aproximadamente dois minutos e meio após o lançamento, a cápsula que transporta as passageiras se separará do propulsor, continuando sua trajetória até ultrapassar a linha de Kármán. Nesse ponto, as mulheres poderão flutuar dentro da cápsula, experimentando a ausência de gravidade por cerca de quatro minutos enquanto observam a curvatura da Terra através de grandes janelas.
O propulsor, projetado para ser reutilizável, aterrissará de forma autônoma em uma plataforma próxima ao local de lançamento. A cápsula, por sua vez, descerá com a ajuda de três paraquedas, garantindo um pouso suave no deserto do Texas. Todo o processo, desde a decolagem até o pouso, é controlado por sistemas computadorizados, sem a necessidade de um piloto humano a bordo. Esse nível de automação é uma das marcas registradas do New Shepard, que já completou 30 missões, sendo 10 delas com tripulações.
- Velocidade impressionante: O foguete atinge mais de 3.700 km/h em poucos minutos.
- Gravidade zero: As passageiras terão cerca de quatro minutos para flutuar livremente.
- Janelas amplas: A cápsula oferece vistas panorâmicas da Terra e do espaço.
- Reutilização: O propulsor retorna ao solo para ser usado em futuras missões.
Perfil das passageiras
Amanda Nguyen, outra integrante da tripulação, é uma figura notável tanto na ciência quanto no ativismo. Como pesquisadora em bioastronáutica, ela trabalhou em projetos da Nasa, incluindo a missão final do ônibus espacial e o telescópio Kepler, que caça exoplanetas. Fora do laboratório, Nguyen é uma defensora incansável dos direitos civis, sendo a primeira mulher vietnamita a voar ao espaço. Para a missão, ela planeja levar conchas de uma ilha na Malásia, onde sua mãe buscou refúgio após a queda de Saigon, além de uma nota escrita à mão com a frase “Nunca desista”.
Kerianne Flynn, a produtora de cinema da tripulação, traz um olhar artístico para a missão. Com trabalhos em documentários como “This Changes Everything”, que explora a história das mulheres em Hollywood, ela tem uma paixão por contar histórias que desafiam barreiras. Sua participação na NS-31 reflete esse compromisso, já que o voo representa uma oportunidade de mostrar ao mundo o potencial das mulheres em áreas tradicionalmente dominadas por homens. Flynn também planeja usar a experiência para inspirar jovens em projetos educacionais ligados às artes e à ciência.
A missão também carrega um peso cultural significativo para Aisha Bowe, que será a primeira mulher negra a voar com a Blue Origin. Sua trajetória, de engenheira aeroespacial a empreendedora, é marcada por prêmios como o NASA Engineering Honor Award e o Black Enterprises Luminary Award. Bowe levará ao espaço uma bandeira da missão Apollo 12, amostras de plantas do laboratório de astrobotânica da Winston-Salem State University e uma sopa de conchas desidratada, prato típico das Bahamas, sua terra natal.
O impacto do turismo espacial
A Blue Origin tem se consolidado como uma das principais empresas no mercado de turismo espacial, competindo diretamente com nomes como Virgin Galactic e SpaceX. Desde o primeiro voo tripulado do New Shepard, em julho de 2021, que levou o próprio Jeff Bezos ao espaço, a empresa já transportou 52 pessoas além da linha de Kármán. Cada missão reforça a viabilidade de viagens espaciais comerciais, um setor que, embora ainda restrito a uma elite financeira, começa a ganhar tração global.
O custo de um assento no New Shepard não é divulgado publicamente, mas especula-se que esteja na casa de centenas de milhares de dólares. Apesar do preço elevado, a demanda por essas experiências parece crescer, impulsionada por celebridades e figuras públicas que atraem atenção para o setor. A presença de nomes como Katy Perry e Gayle King na missão NS-31 deve ampliar ainda mais o interesse do público, especialmente por conta do caráter histórico do voo.
Além do turismo, a Blue Origin também utiliza o New Shepard para experimentos científicos. Em voos anteriores, a empresa testou condições de baixa gravidade para a Nasa, incluindo simulações do ambiente lunar. Embora a NS-31 seja focada na experiência humana, sem cargas científicas a bordo, ela reforça a versatilidade do sistema, que combina inovação técnica com apelo cultural.
Como a missão foi planejada
A organização da missão NS-31 começou a ganhar forma há mais de dois anos, quando Lauren Sánchez teve a ideia de reunir uma tripulação exclusivamente feminina. O processo de seleção envolveu a busca por mulheres que não apenas tivessem trajetórias inspiradoras, mas também representassem uma diversidade de experiências e perspectivas. O resultado é um grupo que combina talento, determinação e um desejo comum de deixar um legado positivo.
Cada passageira trouxe algo único para a missão. Katy Perry, por exemplo, planeja levar um item vivo ao espaço, como uma planta, para simbolizar a fragilidade e a importância da Terra. Gayle King optou por itens pessoais que conectam sua jornada à família, enquanto Aisha Bowe e Amanda Nguyen escolheram objetos com significado cultural e histórico. Kerianne Flynn, por sua vez, vê o voo como uma oportunidade de capturar imagens e histórias que possam ser compartilhadas com o mundo.
O treinamento, embora breve, foi projetado para cobrir todos os aspectos da experiência. As passageiras aprenderam a operar dentro da cápsula, responder a comandos do controle de solo e lidar com situações de emergência, como o uso de máscaras de oxigênio. A Blue Origin enfatiza que a segurança é a prioridade, e o histórico do New Shepard, com 30 missões bem-sucedidas, reforça essa confiança.
Momentos marcantes do New Shepard
O programa New Shepard tem uma história repleta de conquistas. Nomeado em homenagem a Alan Shepard, o primeiro americano no espaço, o sistema foi projetado para ser reutilizável, reduzindo custos e aumentando a frequência de voos. Desde sua estreia, o foguete já levou ao espaço figuras como William Shatner, que se tornou a pessoa mais velha a voar ao espaço aos 90 anos, e Laura Shepard Churchley, filha de Alan Shepard, que homenageou o legado de seu pai.
- Primeiro voo tripulado: Em julho de 2021, Jeff Bezos e três outros passageiros cruzaram a linha de Kármán.
- Recorde de idade: William Shatner, aos 90 anos, voou em outubro de 2021.
- Homenagem histórica: Laura Shepard Churchley participou de uma missão em 2021.
- Resiliência técnica: Após uma falha em 2022, o programa retomou voos em 2023.
Olhando para o futuro
A missão NS-31 é apenas uma etapa na ambição maior da Blue Origin de democratizar o acesso ao espaço. Além do New Shepard, a empresa está desenvolvendo o foguete New Glenn, projetado para missões orbitais e já testado com sucesso em janeiro deste ano. Com capacidade para lançar satélites e cargas maiores, o New Glenn posiciona a Blue Origin como uma concorrente direta da SpaceX, especialmente em contratos com a Nasa e empresas privadas como a Amazon, que planeja usar o foguete para sua constelação de satélites Kuiper.
Para as passageiras da NS-31, no entanto, o foco está no presente. A experiência de flutuar no espaço, mesmo que por poucos minutos, promete ser transformadora. Cada uma delas planeja usar a visibilidade da missão para inspirar outros, seja através da música, do jornalismo, da ciência ou do ativismo. A presença de figuras tão diversas reforça a ideia de que o espaço, embora ainda um destino exclusivo, pode ser um lugar para todos.
A transmissão ao vivo do lançamento estará disponível a partir das 7h no horário local do Texas, permitindo que o público acompanhe cada etapa da jornada. A expectativa é que o voo não apenas marque um feito técnico, mas também deixe uma marca cultural duradoura, mostrando que as barreiras, assim como a gravidade, podem ser superadas.
Curiosidades sobre a missão
- Itens pessoais: Cada passageira pode levar até 1,36 kg de itens, como fotos, bandeiras ou objetos simbólicos.
- Trajes exclusivos: Os uniformes foram desenhados pela Monse, com estilo moderno e funcional.
- Símbolos no distintivo: O emblema da missão inclui estrelas, microfones e rolos de filme, representando as passageiras.
- Impacto global: A viagem deve alcançar milhões de pessoas por meio de cobertura midiática.
