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23 Apr 2025, Wed

Opeth confirma trajetória ascendente a público empolgado em SP

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No intervalo de uma semana, em março de 2001, enquanto o Savatage lançava seu último disco, “Poets and Madmen”, antes de desaparecer ao encerrar uma turnê no ano seguinte, o Opeth pôs no mercado “Blackwater Park”. O álbum em questão foi o responsável por tirá-lo de uma bolha de vanguarda no metal extremo para se tornar um dos ícones da música pesada progressiva que se consolidou naquela década.

Assim, um encontro que poderia ter sido recorrente nos últimos vinte anos foi acontecer apenas no Espaço Unimed, em São Paulo, na última segunda-feira (21). Tratou-se do segundo repeteco de apresentações do Monsters of Rock 2025 na capital paulista.

– Advertisement –

Foto: Leca Suzuki @lecasuzukiphoto

Diferentemente do sideshow na véspera, quando Queensrÿche e Judas Priest na Vibra pouco foram além do apresentado no Allianz Parque, Savatage e Opeth dispuseram de mais tempo para saciar o público que preencheu bem a pista premium, mas não encheu o espaço com capacidade para oito mil pessoas da casa na zona oeste paulistana.

Para o Opeth, de trajetória ascendente no Brasil, o show no Espaço Unimed serviu como encerramento de uma passagem com suas duas maiores apresentações na única cidade em que já tocou durante seu sexto retorno ao país desde a estreia em 2009. Diz-se que o grupo, inclusive, desmarcou uma turnê solo por aqui para priorizar a presença no festival de sábado (19).

Foto: Leca Suzuki @lecasuzukiphoto

Quando o bem-humorado e sarcástico Mikael Åkerfeldt subiu ao palco, as camisetas que se avolumavam próximo à grade de separação do público eram quase todas de sua banda. Dava até para questionar se a sequência para a noite estava correta ou veríamos um esvaziamento da casa para a atração final.

Diferentemente da última apresentação no país em 2023, transferida para o Terra SP pela demanda de ingressos após esgotar o Carioca Club em show remarcado pela pandemia de covid-19, o repertório no Espaço Unimed se focou em “The Last Will and Testament”. O álbum lançado no fim do ano passado teve três de seus parágrafos, quer dizer, músicas executadas.

Foto: Leca Suzuki @lecasuzukiphoto

O show começou com “§1”, faixa de abertura do disco novo que trouxe de volta os vocais guturais a um trabalho estúdio do Opeth depois de 16 anos — sem necessariamente fugir das estruturas progressivas predominantes da sonoridade no período.

Apesar de bem recebida, o público enlouqueceu na sequência, sem pausas para respiro, com duas de suas mais celebradas pedradas labirínticas “Master’s Apprentices” e “The Leper Affinity”. A parte final desta foi originalmente registrada em piano executada ao vivo por Joakim Svalberg num Fender Rhodes, como Åkerfeldt fez questão de salientar ao seu término.

As faixas de “Deliverance” (2002) e do citado “Blackwater Park” promoveram uma arrancada inicial que permitiu ao Opeth seguir em “modo cruzeiro” pela hora restante do desfile de riffs e solos no entrosamento já telepático entre o dono da banda e Fredrik Åkesson nas guitarras.

Quase tão esperadas quanto às variações de andamento das longas músicas do Opeth são as intervenções sarcásticas e autodepreciativas de Åkerfeldt. Como no Allianz Parque dias antes, ele fez pouco caso de seu uso de vocais guturais, justificando-os apenas porque não sabia cantar no início de carreira.

Foto: Leca Suzuki @lecasuzukiphoto

Antes de retomar a apresentação, porém, o líder do grupo fez um elogio ao seu novo baterista, o finlandês Waltteri Väyrynen, ao dizer que a banda não faz uso de metrônomos no palco. Revelou, ainda, que um roadie ficava atento atrás do kit de bateria para disparar os vocais pré-gravados de Ian Anderson, ícone do Jethro Tull com participação especial na faixa “§7”, e assim a música do disco novo soava diferente a cada show.

Se no Allianz Parque o Opeth foi corajoso de deixar a ponte e o refrão posteriores ao solo de “In My Time of Need” para serem cantadas sozinhas por um público que claramente não o conhecia, no Espaço Unimed, Åkerfeldt mal conseguiu terminar o anúncio da balada do sereno disco “Damnation” (2003) e os presentes já completaram seu título. Obviamente, fizeram coros na referida parte.

A reta final da primeira parte do show teve “§3”, talvez a mais teatral das faixas do disco mais recente. O encerramento veio com outra pedrada: “Ghost of Perdition”, de “Ghost Reveries” (2005), trabalho com que o Opeth se consolidou como o maior ícone do prog metal deste milênio.

Foto: Leca Suzuki @lecasuzukiphoto

O retorno para o bis foi rápido, com o baixista Martín Méndez tomando a linha de frente para tocar ao lado de Väyrynen a introdução de “Sorceress”, faixa-título do álbum de 2016 e única música da fase puramente progressiva do Opeth — leia-se, sem uso de vocais guturais — representada no repertório desta noite.

Quando Åkerfeldt anunciou a hora de tocar a última música do antes do Savatage, houve mais lamentos na pista do que celebração ao grupo responsável por encerrar a noite. Os catorze minutos de “Deliverance”, clássica faixa-título do disco de 2002 com possivelmente a sequência mais impressionante de riffs feita por uma banda de qualquer vertente do metal neste século, puseram fim à hora e meia do Opeth no palco do Espaço Unimed.

Foto: Leca Suzuki @lecasuzukiphoto

Foi menos tempo do que um costumeiro show próprio do grupo, normalmente superior a duas horas. Das três músicas cortadas em relação ao repertório normal executado na turnê europeia, uma infelizmente foi a rara “The Night and the Silent Water”, do quase sempre ignorado segundo disco “Morningrise” (1996).

Entre as piadas contadas durante a noite sobre os bastidores do Monsters of Rock após seu show no sábado anterior, Åkerfeldt disse que o Opeth humildemente era apenas um “gremlin do rock”. Provavelmente, estava só disfarçando a quantidade cada vez maior de água com a qual o público “vem molhando” a banda em suas apresentações.

Foto: Leca Suzuki @lecasuzukiphoto

Opeth — ao vivo em São Paulo

  • Data: Espaço Unimed
  • Local: 21 de abril de 2025
  • Turnê: The Last Will and Testament
  • Produção: Mercury Concerts

Repertório:

  1. §1
  2. Master’s Apprentices
  3. The Leper Affinity
  4. §7
  5. In My Time of Need
  6. §3
  7. Ghost of Perdition

Bis:

  1. Sorceress
  2. Deliverance
Foto: Leca Suzuki @lecasuzukiphoto

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No intervalo de uma semana, em março de 2001, enquanto o Savatage lançava seu último disco, “Poets and Madmen”, antes de desaparecer ao encerrar uma turnê no ano seguinte, o Opeth pôs no mercado “Blackwater Park”. O álbum em questão foi o responsável por tirá-lo de uma bolha de vanguarda no metal extremo para se tornar um dos ícones da música pesada progressiva que se consolidou naquela década.

Assim, um encontro que poderia ter sido recorrente nos últimos vinte anos foi acontecer apenas no Espaço Unimed, em São Paulo, na última segunda-feira (21). Tratou-se do segundo repeteco de apresentações do Monsters of Rock 2025 na capital paulista.

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Foto: Leca Suzuki @lecasuzukiphoto

Diferentemente do sideshow na véspera, quando Queensrÿche e Judas Priest na Vibra pouco foram além do apresentado no Allianz Parque, Savatage e Opeth dispuseram de mais tempo para saciar o público que preencheu bem a pista premium, mas não encheu o espaço com capacidade para oito mil pessoas da casa na zona oeste paulistana.

Para o Opeth, de trajetória ascendente no Brasil, o show no Espaço Unimed serviu como encerramento de uma passagem com suas duas maiores apresentações na única cidade em que já tocou durante seu sexto retorno ao país desde a estreia em 2009. Diz-se que o grupo, inclusive, desmarcou uma turnê solo por aqui para priorizar a presença no festival de sábado (19).

Foto: Leca Suzuki @lecasuzukiphoto

Quando o bem-humorado e sarcástico Mikael Åkerfeldt subiu ao palco, as camisetas que se avolumavam próximo à grade de separação do público eram quase todas de sua banda. Dava até para questionar se a sequência para a noite estava correta ou veríamos um esvaziamento da casa para a atração final.

Diferentemente da última apresentação no país em 2023, transferida para o Terra SP pela demanda de ingressos após esgotar o Carioca Club em show remarcado pela pandemia de covid-19, o repertório no Espaço Unimed se focou em “The Last Will and Testament”. O álbum lançado no fim do ano passado teve três de seus parágrafos, quer dizer, músicas executadas.

Foto: Leca Suzuki @lecasuzukiphoto

O show começou com “§1”, faixa de abertura do disco novo que trouxe de volta os vocais guturais a um trabalho estúdio do Opeth depois de 16 anos — sem necessariamente fugir das estruturas progressivas predominantes da sonoridade no período.

Apesar de bem recebida, o público enlouqueceu na sequência, sem pausas para respiro, com duas de suas mais celebradas pedradas labirínticas “Master’s Apprentices” e “The Leper Affinity”. A parte final desta foi originalmente registrada em piano executada ao vivo por Joakim Svalberg num Fender Rhodes, como Åkerfeldt fez questão de salientar ao seu término.

As faixas de “Deliverance” (2002) e do citado “Blackwater Park” promoveram uma arrancada inicial que permitiu ao Opeth seguir em “modo cruzeiro” pela hora restante do desfile de riffs e solos no entrosamento já telepático entre o dono da banda e Fredrik Åkesson nas guitarras.

Quase tão esperadas quanto às variações de andamento das longas músicas do Opeth são as intervenções sarcásticas e autodepreciativas de Åkerfeldt. Como no Allianz Parque dias antes, ele fez pouco caso de seu uso de vocais guturais, justificando-os apenas porque não sabia cantar no início de carreira.

Foto: Leca Suzuki @lecasuzukiphoto

Antes de retomar a apresentação, porém, o líder do grupo fez um elogio ao seu novo baterista, o finlandês Waltteri Väyrynen, ao dizer que a banda não faz uso de metrônomos no palco. Revelou, ainda, que um roadie ficava atento atrás do kit de bateria para disparar os vocais pré-gravados de Ian Anderson, ícone do Jethro Tull com participação especial na faixa “§7”, e assim a música do disco novo soava diferente a cada show.

Se no Allianz Parque o Opeth foi corajoso de deixar a ponte e o refrão posteriores ao solo de “In My Time of Need” para serem cantadas sozinhas por um público que claramente não o conhecia, no Espaço Unimed, Åkerfeldt mal conseguiu terminar o anúncio da balada do sereno disco “Damnation” (2003) e os presentes já completaram seu título. Obviamente, fizeram coros na referida parte.

A reta final da primeira parte do show teve “§3”, talvez a mais teatral das faixas do disco mais recente. O encerramento veio com outra pedrada: “Ghost of Perdition”, de “Ghost Reveries” (2005), trabalho com que o Opeth se consolidou como o maior ícone do prog metal deste milênio.

Foto: Leca Suzuki @lecasuzukiphoto

O retorno para o bis foi rápido, com o baixista Martín Méndez tomando a linha de frente para tocar ao lado de Väyrynen a introdução de “Sorceress”, faixa-título do álbum de 2016 e única música da fase puramente progressiva do Opeth — leia-se, sem uso de vocais guturais — representada no repertório desta noite.

Quando Åkerfeldt anunciou a hora de tocar a última música do antes do Savatage, houve mais lamentos na pista do que celebração ao grupo responsável por encerrar a noite. Os catorze minutos de “Deliverance”, clássica faixa-título do disco de 2002 com possivelmente a sequência mais impressionante de riffs feita por uma banda de qualquer vertente do metal neste século, puseram fim à hora e meia do Opeth no palco do Espaço Unimed.

Foto: Leca Suzuki @lecasuzukiphoto

Foi menos tempo do que um costumeiro show próprio do grupo, normalmente superior a duas horas. Das três músicas cortadas em relação ao repertório normal executado na turnê europeia, uma infelizmente foi a rara “The Night and the Silent Water”, do quase sempre ignorado segundo disco “Morningrise” (1996).

Entre as piadas contadas durante a noite sobre os bastidores do Monsters of Rock após seu show no sábado anterior, Åkerfeldt disse que o Opeth humildemente era apenas um “gremlin do rock”. Provavelmente, estava só disfarçando a quantidade cada vez maior de água com a qual o público “vem molhando” a banda em suas apresentações.

Foto: Leca Suzuki @lecasuzukiphoto

Opeth — ao vivo em São Paulo

  • Data: Espaço Unimed
  • Local: 21 de abril de 2025
  • Turnê: The Last Will and Testament
  • Produção: Mercury Concerts

Repertório:

  1. §1
  2. Master’s Apprentices
  3. The Leper Affinity
  4. §7
  5. In My Time of Need
  6. §3
  7. Ghost of Perdition

Bis:

  1. Sorceress
  2. Deliverance
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