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23 Apr 2025, Wed

Dia do Livro: veja qual obra é mais buscada na maior biblioteca de SP

Sala tem 56 mil títulos


São Paulo — O Dia Mundial do Livro é celebrado nesta quarta-feira, 23 de abril, em uma data escolhida pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) em tributo aos escritores Miguel de Cervantes, Inca Garcilaso de la Vega e William Shakespeare, que morreram em 23 de abril de 1616.

O escritor mais celebrado na maior biblioteca pública de São Paulo, no entanto, é brasileiro. O livro “Dois irmãos”, de Milton Hatoum, é a obra campeã de empréstimos na Biblioteca Mário de Andrade (BMA), que completou cem anos em 2025. Somente no primeiro trimestre deste ano, foram 114 empréstimos do romance lançado em 2000 pela Companhia das Letras, que entrou em 2023 na lista de leitura exigida para o vestibular da Fundação Universitária para o Vestibular (Fuvest), usado para ingresso na Universidade de São Paulo (USP).

O romance discorre sobre a rivalidade entre dois irmãos gêmeos, Yaqub e Omar, e os conflitos familiares intensificados por essa relação conturbada, ambientados em Manaus (AM) no século XX. A obra venceu o Prêmio Jabuti de Melhor Romance em 2001.

O segundo livro mais emprestado neste ano na biblioteca foi Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, uma das mais condecoradas da literatura brasileira, com 53 empréstimos. Para completar o pódio, a escritora Conceição Evaristo ocupa o terceiro lugar com o seu romance “Olhos d’água”, um dos maiores símbolos da literatura negro-brasileira, com 48 empréstimos.


Veja os livros mais emprestados na biblioteca em 2024:

  1. Dois irmãos, de Milton Hatoum
  2. Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis
  3. Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus
  4. A hora da estrela, de Clarice Lispector
  5. Tudo é rio, de Carla Madeira
  6. Olhos d’água, de Conceição Evaristo
  7. Crime e castigo, de Fiódor Dostoiévski
  8. Alguma poesia, de Carlos Drummond de Andrade
  9. Dias de abandono, de Elena Ferrante
  10. Água funda, de Ruth Guimarães

Centenário da Mário de Andrade

A Biblioteca Mário de Andrade, no centro de São Paulo, tem mais de 1,3 milhão títulos espalhados em suas salas e é a segunda maior biblioteca pública do Brasil, superada apenas pela Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro.

Fundada em 1925 como Biblioteca Municipal de São Paulo e inaugurada em 1926 na Rua 7 de Abril, a biblioteca contava com uma coleção inicial formada por obras que se encontravam em poder da Câmara Municipal de São Paulo, em cujo prédio a biblioteca funcionava. Com a ampliação do acervo, foi inaugurado, em 1942, o edifício que se conhece hoje, com entradas nas ruas da Consolação e São Luís.

Guilherme Galuppo Borba, o diretor da biblioteca carinhosamente cunhada “Mário”, divide o público visitante atual do espaço em duas grandes frentes: o da pesquisa e leitura, que visita com frequência a Sala Circulante — a mais popular da BMA, com 56 mil títulos disponíveis para empréstimos — e o da programação cultural, voltada para aqueles que buscam usufruir de serviços artísticos e culturais.

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Sala Circulante

Bruna Sales/Metrópoles

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Sala tem 56 mil títulos

Bruna Sales/Metrópoles

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Só em 2025, mais de 5 mil empréstimos foram realizados

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O livro mais lido é o “Dois Irmãos”, de Milton Hatoum

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É a sala mais popular da biblioteca

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Sala de convivência

Bruna Sales/Metrópoles

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Corredor para Sala Circulante

Bruna Sales/Metrópoles

Embora a leitura e a pesquisa estejam a um toque de distância em qualquer superfície eletrônica na atualidade, ainda há aqueles que gostam de folhear. Neste ano, entre janeiro e março, foram realizados mais de 5 mil empréstimos na BMA. De acordo com Guilherme Borba, o montante dessas pessoas ainda supera o número daqueles que apenas fazem consultas em livros que não são liberados para empréstimos, como nas salas São Paulo ou das Artes.

Mas ainda há um grupo subnotificado, que ajuda a explicar as mais de 530 pessoas que visitam a biblioteca diariamente (ver gráfico abaix0): o de pessoas que ocupam as salas para estudar a partir de seu próprio computador ou livros, trabalhar, fazer reuniões de grupo de estudo e outras atividades independentes — como, por exemplo, ouvir um podcast ou organizar as contas nas salas de convivência.

“Infelizmente, a biblioteca ainda não diferencia o público frequentador entre o leitor do seu próprio livro e o leitor do acervo interno. Essa é uma pergunta imprescindível para você poder fazer algum diagnóstico do status atual da biblioteca, em comparação à sua posição no passado e pensando no futuro, e para gente poder formar um público leitor”, admite o diretor.

Formado em geografia pela Universidade de São Paulo (USP), com mestrado e doutorado em urbanismo e estudos culturais pela mesma instituição, Borba assumiu a direção da biblioteca neste ano. “A gente está, no momento, pensando em como vamos melhorar a metodologia de coleta desses indicadores”, afirma.

chart visualization

Paloma da Rocha Maciel, por exemplo, é estudante de engenharia e frequenta a BMA todos os dias para estudar. Segundo a jovem de 21 anos, é mais fácil se concentrar em um espaço exclusivamente voltado ao estudo, rodeada de outras pessoas com o mesmo propósito. Lucas Rodrigues Cora, de 23 anos, é vestibulando e faz o mesmo uso do espaço há pouco tempo, depois de perceber que seria mais produtivo fora de casa, longe do barulho. Nenhum dos dois precisou pegar nenhum livro emprestado da biblioteca.

Caio Lago Rosa, estudante de ciências sociais, usa a Sala Circulante da biblioteca para ficar em dia com a matéria e é fã de livros físicos. “Com a materialidade no papel, a sua concentração é diferente. Pode ter muita coisa que não tem na internet aqui. Só de ver uma estante de livros, dá uma amplitude visível de quantos conteúdos e informações existem de tal assunto”, conta o jovem de 20 anos ao Metrópoles.

Para Borba, o papel social da biblioteca vem passando por mudanças porque a cidade de São Paulo também se transformou. “No passado, a Mário de Andrade prestava mais serviços de forma orgânica para pessoas mais instruídas, como estudantes e o grupo boêmio, intelectual da região central. Hoje em dia, ela é mais diversa sob o ponto de vista sociocultural e socioeconômico, com moradores de rua, imigrantes, pessoas em diferentes níveis de vulnerabilidade social, trabalhadores com diferentes níveis de poder aquisitivo e de capital cultural e social”, relata.

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Vista do terraço para a Hemeroteca

Bruna Sales/Metrópoles

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Entrada da biblioteca na Rua da Consolação, com instalação em vidro assinada pelo artista plástico Alex Flemming

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Salão de entrada da biblioteca

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Estátua “A Leitura”

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Sala silenciosa

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Sala para estudos silenciosos

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Sala São Paulo

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Sala das Artes

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A Biblioteca Mário de Andrade fica aberta de segunda a sexta, das 9h às 21h, e finais de semana e feriados, das 9h às 18h. Alguns setores possuem horários específico de funcionamento, que podem ser consultados no site oficial da Prefeitura.

Para realizar o empréstimo de livros, basta fazer um cadastro com um documento original de identidade e comprovante de residência. Não é necessário morar em São Paulo. Não há limite de idade ou de escolaridade.

São Paulo — O Dia Mundial do Livro é celebrado nesta quarta-feira, 23 de abril, em uma data escolhida pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) em tributo aos escritores Miguel de Cervantes, Inca Garcilaso de la Vega e William Shakespeare, que morreram em 23 de abril de 1616.

O escritor mais celebrado na maior biblioteca pública de São Paulo, no entanto, é brasileiro. O livro “Dois irmãos”, de Milton Hatoum, é a obra campeã de empréstimos na Biblioteca Mário de Andrade (BMA), que completou cem anos em 2025. Somente no primeiro trimestre deste ano, foram 114 empréstimos do romance lançado em 2000 pela Companhia das Letras, que entrou em 2023 na lista de leitura exigida para o vestibular da Fundação Universitária para o Vestibular (Fuvest), usado para ingresso na Universidade de São Paulo (USP).

O romance discorre sobre a rivalidade entre dois irmãos gêmeos, Yaqub e Omar, e os conflitos familiares intensificados por essa relação conturbada, ambientados em Manaus (AM) no século XX. A obra venceu o Prêmio Jabuti de Melhor Romance em 2001.

O segundo livro mais emprestado neste ano na biblioteca foi Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, uma das mais condecoradas da literatura brasileira, com 53 empréstimos. Para completar o pódio, a escritora Conceição Evaristo ocupa o terceiro lugar com o seu romance “Olhos d’água”, um dos maiores símbolos da literatura negro-brasileira, com 48 empréstimos.


Veja os livros mais emprestados na biblioteca em 2024:

  1. Dois irmãos, de Milton Hatoum
  2. Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis
  3. Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus
  4. A hora da estrela, de Clarice Lispector
  5. Tudo é rio, de Carla Madeira
  6. Olhos d’água, de Conceição Evaristo
  7. Crime e castigo, de Fiódor Dostoiévski
  8. Alguma poesia, de Carlos Drummond de Andrade
  9. Dias de abandono, de Elena Ferrante
  10. Água funda, de Ruth Guimarães

Centenário da Mário de Andrade

A Biblioteca Mário de Andrade, no centro de São Paulo, tem mais de 1,3 milhão títulos espalhados em suas salas e é a segunda maior biblioteca pública do Brasil, superada apenas pela Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro.

Fundada em 1925 como Biblioteca Municipal de São Paulo e inaugurada em 1926 na Rua 7 de Abril, a biblioteca contava com uma coleção inicial formada por obras que se encontravam em poder da Câmara Municipal de São Paulo, em cujo prédio a biblioteca funcionava. Com a ampliação do acervo, foi inaugurado, em 1942, o edifício que se conhece hoje, com entradas nas ruas da Consolação e São Luís.

Guilherme Galuppo Borba, o diretor da biblioteca carinhosamente cunhada “Mário”, divide o público visitante atual do espaço em duas grandes frentes: o da pesquisa e leitura, que visita com frequência a Sala Circulante — a mais popular da BMA, com 56 mil títulos disponíveis para empréstimos — e o da programação cultural, voltada para aqueles que buscam usufruir de serviços artísticos e culturais.

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Sala Circulante

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Sala tem 56 mil títulos

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Só em 2025, mais de 5 mil empréstimos foram realizados

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O livro mais lido é o “Dois Irmãos”, de Milton Hatoum

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É a sala mais popular da biblioteca

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Sala de convivência

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Corredor para Sala Circulante

Bruna Sales/Metrópoles

Embora a leitura e a pesquisa estejam a um toque de distância em qualquer superfície eletrônica na atualidade, ainda há aqueles que gostam de folhear. Neste ano, entre janeiro e março, foram realizados mais de 5 mil empréstimos na BMA. De acordo com Guilherme Borba, o montante dessas pessoas ainda supera o número daqueles que apenas fazem consultas em livros que não são liberados para empréstimos, como nas salas São Paulo ou das Artes.

Mas ainda há um grupo subnotificado, que ajuda a explicar as mais de 530 pessoas que visitam a biblioteca diariamente (ver gráfico abaix0): o de pessoas que ocupam as salas para estudar a partir de seu próprio computador ou livros, trabalhar, fazer reuniões de grupo de estudo e outras atividades independentes — como, por exemplo, ouvir um podcast ou organizar as contas nas salas de convivência.

“Infelizmente, a biblioteca ainda não diferencia o público frequentador entre o leitor do seu próprio livro e o leitor do acervo interno. Essa é uma pergunta imprescindível para você poder fazer algum diagnóstico do status atual da biblioteca, em comparação à sua posição no passado e pensando no futuro, e para gente poder formar um público leitor”, admite o diretor.

Formado em geografia pela Universidade de São Paulo (USP), com mestrado e doutorado em urbanismo e estudos culturais pela mesma instituição, Borba assumiu a direção da biblioteca neste ano. “A gente está, no momento, pensando em como vamos melhorar a metodologia de coleta desses indicadores”, afirma.

chart visualization

Paloma da Rocha Maciel, por exemplo, é estudante de engenharia e frequenta a BMA todos os dias para estudar. Segundo a jovem de 21 anos, é mais fácil se concentrar em um espaço exclusivamente voltado ao estudo, rodeada de outras pessoas com o mesmo propósito. Lucas Rodrigues Cora, de 23 anos, é vestibulando e faz o mesmo uso do espaço há pouco tempo, depois de perceber que seria mais produtivo fora de casa, longe do barulho. Nenhum dos dois precisou pegar nenhum livro emprestado da biblioteca.

Caio Lago Rosa, estudante de ciências sociais, usa a Sala Circulante da biblioteca para ficar em dia com a matéria e é fã de livros físicos. “Com a materialidade no papel, a sua concentração é diferente. Pode ter muita coisa que não tem na internet aqui. Só de ver uma estante de livros, dá uma amplitude visível de quantos conteúdos e informações existem de tal assunto”, conta o jovem de 20 anos ao Metrópoles.

Para Borba, o papel social da biblioteca vem passando por mudanças porque a cidade de São Paulo também se transformou. “No passado, a Mário de Andrade prestava mais serviços de forma orgânica para pessoas mais instruídas, como estudantes e o grupo boêmio, intelectual da região central. Hoje em dia, ela é mais diversa sob o ponto de vista sociocultural e socioeconômico, com moradores de rua, imigrantes, pessoas em diferentes níveis de vulnerabilidade social, trabalhadores com diferentes níveis de poder aquisitivo e de capital cultural e social”, relata.

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Vista do terraço para a Hemeroteca

Bruna Sales/Metrópoles

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Entrada da biblioteca na Rua da Consolação, com instalação em vidro assinada pelo artista plástico Alex Flemming

Bruna Sales/Metrópoles

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Salão de entrada da biblioteca

Bruna Sales/Metrópoles

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Estátua “A Leitura”

Bruna Sales/Metrópoles

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Sala silenciosa

Bruna Sales/Metrópoles

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Sala para estudos silenciosos

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Sala São Paulo

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Sala das Artes

Bruna Sales/Metrópoles

 

A Biblioteca Mário de Andrade fica aberta de segunda a sexta, das 9h às 21h, e finais de semana e feriados, das 9h às 18h. Alguns setores possuem horários específico de funcionamento, que podem ser consultados no site oficial da Prefeitura.

Para realizar o empréstimo de livros, basta fazer um cadastro com um documento original de identidade e comprovante de residência. Não é necessário morar em São Paulo. Não há limite de idade ou de escolaridade.



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