A Basílica de São Pedro, no coração do Vaticano, abriu suas portas na manhã desta quarta-feira, 23 de abril, para o início do velório público do papa Francisco, falecido na última segunda-feira, aos 88 anos, vítima de um acidente vascular cerebral (AVC) e insuficiência cardíaca. O pontífice, conhecido por sua simplicidade e proximidade com os fiéis, deixou um legado que ecoa em todo o mundo, e sua despedida promete reunir milhares de pessoas de diferentes nações. A procissão que trasladou o caixão da Casa Santa Marta até a basílica foi marcada por cânticos, orações e um silêncio reverente, enquanto cardeais, religiosos e fiéis acompanhavam o trajeto. O funeral está marcado para sábado, 26 de abril, e o sepultamento ocorrerá na Basílica de Santa Maria Maggiore, um desejo expresso pelo próprio Francisco.
O velório, que se estende até sexta-feira, 25 de abril, é um momento de grande simbolismo para a Igreja Católica. O corpo do papa, vestido com uma batina branca, casula vermelha, pálio e mitra branca, repousa em um caixão simples de madeira revestido de zinco, conforme suas instruções para evitar ostentação. A decisão reflete a essência de seu papado, marcado pela humildade e pela ênfase no papel de pastor, e não de governante. A expectativa é que líderes mundiais, como os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, Emmanuel Macron e Donald Trump, compareçam ao funeral, enquanto fiéis de todo o globo já formam filas extensas para prestar suas últimas homenagens.
Desde as primeiras horas da manhã, a Praça de São Pedro foi tomada por uma multidão que aguardava a liberação da entrada na basílica. A Guarda Suíça, responsável pela segurança do Vaticano, organizou o fluxo de visitantes, enquanto a polícia italiana reforçou as medidas de segurança na região. A cerimônia de traslado, presidida pelo cardeal Kevin Farrell, camerlengo da Igreja Católica, foi transmitida ao vivo pelo Vatican News, permitindo que milhões de pessoas acompanhassem o evento à distância. O velório público é apenas o primeiro passo de uma série de rituais que culminarão no sepultamento do pontífice, seguido pelo conclave para a escolha de seu sucessor.
Cronograma do velório e funeral
O Vaticano divulgou os horários detalhados para a visitação pública ao caixão de Francisco, garantindo que fiéis tenham a oportunidade de se despedir. Abaixo, os detalhes do cronograma:
- Quarta-feira, 23 de abril: Das 11h às 0h (6h às 19h no horário de Brasília).
- Quinta-feira, 24 de abril: Das 7h às 0h (2h às 19h no horário de Brasília).
- Sexta-feira, 25 de abril: Das 7h às 19h (2h às 14h no horário de Brasília).
- Sábado, 26 de abril: Missa Exequial às 10h (5h no horário de Brasília), seguida do traslado para a Basílica de Santa Maria Maggiore para o sepultamento.
Simplicidade marca a despedida do pontífice
Francisco, nascido Jorge Mario Bergoglio em Buenos Aires, Argentina, sempre defendeu a simplicidade como um dos pilares de sua liderança. Durante seus 12 anos de papado, ele rejeitou símbolos de poder, como a residência no Palácio Apostólico, optando por viver na Casa Santa Marta. Essa escolha se reflete também em seus rituais fúnebres, que ele próprio revisou em 2024, por meio da nova edição do Ordo Exsequiarum Romani Pontificis. O documento trouxe mudanças significativas, eliminando tradições como o uso de três caixões – de cipreste, chumbo e carvalho – e a exposição do corpo em uma plataforma elevada, conhecida como catafalco.
O caixão simples, colocado diretamente no chão da Basílica de São Pedro, simboliza a visão de Francisco de um papado mais próximo dos fiéis e menos associado a ostentação. No interior do caixão, foram depositados um saco com moedas cunhadas durante seu pontificado e um tubo contendo o rogito, um documento que detalha sua vida e realizações. Um véu de seda branco será colocado sobre seu rosto antes do sepultamento, mantendo uma tradição antiga, mas sem os elementos mais elaborados de cerimônias anteriores.
A escolha da Basílica de Santa Maria Maggiore como local de sepultamento também reflete a espiritualidade do pontífice. Dedicada à Virgem Maria, a basílica era um local de oração frequente para Francisco, que a visitava antes e depois de suas viagens internacionais. A decisão de ser sepultado fora do Vaticano, algo que não ocorria desde 1903, quando o papa Leão XIII foi enterrado na Basílica de São João de Latrão, reforça o caráter único de seu papado. O túmulo será simples, com a inscrição “Franciscus”, conforme seu testamento.
Um papado marcado por reformas e desafios
O papado de Francisco foi um dos mais transformadores das últimas décadas. Eleito em 2013, após a renúncia de Bento XVI, o argentino se tornou o primeiro papa latino-americano e jesuíta da história. Sua liderança foi marcada por esforços para reformar a Cúria Romana, combater desigualdades sociais e promover o diálogo inter-religioso. Ele também enfrentou desafios significativos, como escândalos financeiros no Vaticano e a polarização dentro da Igreja em temas como o papel das mulheres e a inclusão de minorias.
Entre suas ações mais notáveis, está a encíclica Laudato Si’, publicada em 2015, que trouxe a questão ambiental para o centro do debate católico, defendendo a proteção do planeta como um dever moral. Francisco também realizou viagens históricas, como a visita a Cuba e aos Estados Unidos em 2015, e encontros com líderes de outras religiões, incluindo o grande imã de Al-Azhar, no Egito. No Brasil, sua passagem pela Jornada Mundial da Juventude, em 2013, no Rio de Janeiro, deixou uma marca indelével, com milhões de jovens reunidos na praia de Copacabana.
Apesar de sua popularidade, Francisco enfrentou críticas de setores conservadores da Igreja, que o acusavam de flexibilizar doutrinas tradicionais. Sua saúde, fragilizada nos últimos anos, também foi um ponto de atenção. Internado por 37 dias entre fevereiro e março de 2025 devido a uma pneumonia dupla, ele fez sua última aparição pública no Domingo de Páscoa, 20 de abril, quando, em uma cadeira de rodas, abençoou os fiéis na Praça de São Pedro.
Detalhes da procissão e organização do velório
A procissão que marcou o início do velório foi um momento de grande emoção. Às 9h no horário local (4h em Brasília), o caixão deixou a Casa Santa Marta, onde Francisco viveu desde o início de seu pontificado. O trajeto passou pela Praça Santa Marta, pela Praça dos Protomártires Romanos e pelo Arco dos Sinos, até chegar à Praça de São Pedro. Durante o percurso, religiosos entoaram salmos e cânticos em latim, enquanto fiéis aplaudiam e rezavam.
Na Basílica de São Pedro, o cardeal Kevin Farrell conduziu a Liturgia da Palavra, que incluiu a aspersão de água benta e o uso de incenso. Após a cerimônia inicial, pequenos grupos, incluindo religiosos e funcionários do Vaticano, puderam se aproximar do caixão para uma despedida mais próxima. A visitação pública começou oficialmente às 11h, com filas que se estendiam por quilômetros ao redor da Praça de São Pedro.
A organização do evento envolveu um esforço conjunto entre o Vaticano e as autoridades italianas. Detectores de metais foram instalados nos acessos à basílica, e a polícia reforçou a segurança para garantir a proteção dos visitantes. Estima-se que cerca de 20 mil pessoas acompanharam a procissão, e o número de visitantes deve crescer ao longo dos três dias de velório, com base em precedentes como o funeral de João Paulo II, que atraiu cerca de 2 milhões de pessoas.
Presença de líderes mundiais no funeral
O funeral de Francisco, marcado para sábado, 26 de abril, às 10h no horário local (5h em Brasília), será um evento de alcance global. A Missa Exequial, presidida pelo cardeal Giovanni Battista Re, decano do Colégio dos Cardeais, ocorrerá na Praça de São Pedro e será aberta ao público. Líderes mundiais já confirmaram presença, destacando a relevância de Francisco no cenário internacional.
Entre os nomes confirmados estão:
- Luiz Inácio Lula da Silva, presidente do Brasil, que manteve uma relação próxima com Francisco, especialmente em temas como justiça social e meio ambiente.
- Javier Milei, presidente da Argentina, que, apesar de divergências passadas, elogiou a sabedoria do pontífice.
- Emmanuel Macron, presidente da França, representando a tradição católica do país.
- Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, cuja presença reforça a projeção diplomática do evento.
- Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia, que encontrou Francisco em ocasiões anteriores para discutir a paz.
A ausência notável será a do presidente russo Vladimir Putin, que, segundo o Kremlin, não tem planos de comparecer. A presença de líderes de diferentes espectros políticos e religiosos destaca o papel de Francisco como uma figura unificadora, capaz de dialogar com diversas culturas e ideologias.
Impacto global da morte de Francisco
A morte de Francisco desencadeou uma onda de homenagens em todo o mundo. Na Argentina, seu país natal, a Associação do Futebol Argentino publicou um vídeo destacando sua paixão pelo esporte e sua torcida pelo San Lorenzo de Almagro. Em Portugal, a Câmara de Lisboa aprovou a nomeação do Parque Tejo como Parque Papa Francisco, enquanto na Madeira, a Assembleia Legislativa realizou um minuto de silêncio.
No Brasil, fiéis se reuniram em catedrais e santuários, como o de Nossa Senhora Aparecida, para missas em memória do pontífice. Em Roma, a presença de peregrinos de diversas nacionalidades transformou a Praça de São Pedro em um mosaico de culturas, com bandeiras de países como México, Filipinas e Polônia. A cobertura midiática, com transmissões ao vivo em canais como o Vatican News, ampliou o alcance do evento, permitindo que milhões acompanhassem as cerimônias.
A Igreja Católica, agora em período de Sé Vacante, prepara-se para o conclave, que deve começar entre 15 e 20 dias após a morte de Francisco. Com 135 cardeais eleitores, dos quais 80% foram nomeados por Francisco, a escolha do próximo papa será influenciada por seu legado. O processo, realizado na Capela Sistina, exige uma maioria de dois terços e pode durar dias, até que um novo pontífice seja anunciado com a tradicional frase: Habemus Papam.
Rituais fúnebres e o período de luto
Os rituais fúnebres de Francisco seguem uma combinação de tradições antigas e mudanças introduzidas por ele. Após a confirmação de sua morte, realizada pelo cardeal Kevin Farrell na Casa Santa Marta, o Anel do Pescador, símbolo do papado, foi destruído, marcando o fim de seu pontificado. O corpo foi embalsamado para suportar os dias de exposição pública, e a capela da Casa Santa Marta foi selada.
O período de luto, conhecido como novendiali, se estende por nove dias após a Missa Exequial. Durante esse tempo, missas em sufrágio pela alma de Francisco serão celebradas em igrejas ao redor do mundo. Na Basílica de São João de Latrão, em Roma, uma missa especial está marcada para esta quarta-feira, às 19h no horário local (14h em Brasília), presidida pelo cardeal Baldo Reina.
O sepultamento, previsto para sábado, será um momento de simplicidade. Na Basílica de Santa Maria Maggiore, o cardeal Farrell presidirá o rito de inumação, que inclui o cântico do Salve Regina. O túmulo ficará acessível aos fiéis, permitindo visitas e orações, conforme o desejo de Francisco de manter sua proximidade com o povo mesmo após a morte.
Legado de Francisco para a Igreja e o mundo
Francisco deixou uma marca indelével na Igreja Católica e na sociedade global. Sua defesa dos pobres, dos migrantes e do meio ambiente ressoou em um mundo marcado por desigualdades e conflitos. Ele foi um papa que desafiou convenções, como quando lavou os pés de prisioneiros e refugiados ou quando pediu perdão pelas falhas da Igreja em casos de abusos sexuais.
Sua ênfase na misericórdia, expressa no Jubileu Extraordinário de 2015, inspirou milhões de católicos a repensar sua fé. Suas mensagens de paz, como os apelos pelo fim dos conflitos na Ucrânia e na Faixa de Gaza, reforçaram seu papel como uma voz moral em tempos de crise. Mesmo enfrentando resistências internas, Francisco nomeou cardeais de regiões periféricas, como Mongólia e Haiti, diversificando o Colégio Cardinalício.
A influência de Francisco também se estende à cultura popular. Sua imagem, muitas vezes associada a gestos simples, como carregar a própria maleta ou dirigir um carro modesto, tornou-o um ícone de humildade. No Brasil, sua visita à favela de Varginha, no Rio de Janeiro, em 2013, foi um marco, destacando sua atenção às periferias.
Preparativos para o conclave
Enquanto o mundo se despede de Francisco, o Vaticano já organiza os próximos passos. O conclave, que reunirá cardeais eleitores na Capela Sistina, é um processo cercado de sigilo e tradição. Os cardeais, alojados em acomodações especiais, votarão até alcançar a maioria necessária para eleger o novo papa. O processo pode levar dias, com pausas para oração em caso de impasse.
A escolha do sucessor será influenciada pelo perfil de Francisco, que nomeou a maioria dos eleitores. Entre os nomes cotados, estão cardeais como o italiano Pietro Parolin, secretário de Estado do Vaticano, e o filipino Luis Antonio Tagle, conhecido por sua proximidade com os fiéis. A eleição, no entanto, é imprevisível, e a história da Igreja já mostrou surpresas, como a própria escolha de Bergoglio em 2013.
A fumaça branca, sinal da eleição de um novo papa, será aguardada com ansiedade. Quando isso ocorrer, o anúncio Habemus Papam ecoará da sacada da Basílica de São Pedro, marcando o início de um novo capítulo para a Igreja Católica. Até lá, o mundo permanece unido em luto e reflexão, celebrando a vida e o legado de um papa que transformou a Igreja com sua simplicidade e coragem.

A Basílica de São Pedro, no coração do Vaticano, abriu suas portas na manhã desta quarta-feira, 23 de abril, para o início do velório público do papa Francisco, falecido na última segunda-feira, aos 88 anos, vítima de um acidente vascular cerebral (AVC) e insuficiência cardíaca. O pontífice, conhecido por sua simplicidade e proximidade com os fiéis, deixou um legado que ecoa em todo o mundo, e sua despedida promete reunir milhares de pessoas de diferentes nações. A procissão que trasladou o caixão da Casa Santa Marta até a basílica foi marcada por cânticos, orações e um silêncio reverente, enquanto cardeais, religiosos e fiéis acompanhavam o trajeto. O funeral está marcado para sábado, 26 de abril, e o sepultamento ocorrerá na Basílica de Santa Maria Maggiore, um desejo expresso pelo próprio Francisco.
O velório, que se estende até sexta-feira, 25 de abril, é um momento de grande simbolismo para a Igreja Católica. O corpo do papa, vestido com uma batina branca, casula vermelha, pálio e mitra branca, repousa em um caixão simples de madeira revestido de zinco, conforme suas instruções para evitar ostentação. A decisão reflete a essência de seu papado, marcado pela humildade e pela ênfase no papel de pastor, e não de governante. A expectativa é que líderes mundiais, como os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, Emmanuel Macron e Donald Trump, compareçam ao funeral, enquanto fiéis de todo o globo já formam filas extensas para prestar suas últimas homenagens.
Desde as primeiras horas da manhã, a Praça de São Pedro foi tomada por uma multidão que aguardava a liberação da entrada na basílica. A Guarda Suíça, responsável pela segurança do Vaticano, organizou o fluxo de visitantes, enquanto a polícia italiana reforçou as medidas de segurança na região. A cerimônia de traslado, presidida pelo cardeal Kevin Farrell, camerlengo da Igreja Católica, foi transmitida ao vivo pelo Vatican News, permitindo que milhões de pessoas acompanhassem o evento à distância. O velório público é apenas o primeiro passo de uma série de rituais que culminarão no sepultamento do pontífice, seguido pelo conclave para a escolha de seu sucessor.
Cronograma do velório e funeral
O Vaticano divulgou os horários detalhados para a visitação pública ao caixão de Francisco, garantindo que fiéis tenham a oportunidade de se despedir. Abaixo, os detalhes do cronograma:
- Quarta-feira, 23 de abril: Das 11h às 0h (6h às 19h no horário de Brasília).
- Quinta-feira, 24 de abril: Das 7h às 0h (2h às 19h no horário de Brasília).
- Sexta-feira, 25 de abril: Das 7h às 19h (2h às 14h no horário de Brasília).
- Sábado, 26 de abril: Missa Exequial às 10h (5h no horário de Brasília), seguida do traslado para a Basílica de Santa Maria Maggiore para o sepultamento.
Simplicidade marca a despedida do pontífice
Francisco, nascido Jorge Mario Bergoglio em Buenos Aires, Argentina, sempre defendeu a simplicidade como um dos pilares de sua liderança. Durante seus 12 anos de papado, ele rejeitou símbolos de poder, como a residência no Palácio Apostólico, optando por viver na Casa Santa Marta. Essa escolha se reflete também em seus rituais fúnebres, que ele próprio revisou em 2024, por meio da nova edição do Ordo Exsequiarum Romani Pontificis. O documento trouxe mudanças significativas, eliminando tradições como o uso de três caixões – de cipreste, chumbo e carvalho – e a exposição do corpo em uma plataforma elevada, conhecida como catafalco.
O caixão simples, colocado diretamente no chão da Basílica de São Pedro, simboliza a visão de Francisco de um papado mais próximo dos fiéis e menos associado a ostentação. No interior do caixão, foram depositados um saco com moedas cunhadas durante seu pontificado e um tubo contendo o rogito, um documento que detalha sua vida e realizações. Um véu de seda branco será colocado sobre seu rosto antes do sepultamento, mantendo uma tradição antiga, mas sem os elementos mais elaborados de cerimônias anteriores.
A escolha da Basílica de Santa Maria Maggiore como local de sepultamento também reflete a espiritualidade do pontífice. Dedicada à Virgem Maria, a basílica era um local de oração frequente para Francisco, que a visitava antes e depois de suas viagens internacionais. A decisão de ser sepultado fora do Vaticano, algo que não ocorria desde 1903, quando o papa Leão XIII foi enterrado na Basílica de São João de Latrão, reforça o caráter único de seu papado. O túmulo será simples, com a inscrição “Franciscus”, conforme seu testamento.
Um papado marcado por reformas e desafios
O papado de Francisco foi um dos mais transformadores das últimas décadas. Eleito em 2013, após a renúncia de Bento XVI, o argentino se tornou o primeiro papa latino-americano e jesuíta da história. Sua liderança foi marcada por esforços para reformar a Cúria Romana, combater desigualdades sociais e promover o diálogo inter-religioso. Ele também enfrentou desafios significativos, como escândalos financeiros no Vaticano e a polarização dentro da Igreja em temas como o papel das mulheres e a inclusão de minorias.
Entre suas ações mais notáveis, está a encíclica Laudato Si’, publicada em 2015, que trouxe a questão ambiental para o centro do debate católico, defendendo a proteção do planeta como um dever moral. Francisco também realizou viagens históricas, como a visita a Cuba e aos Estados Unidos em 2015, e encontros com líderes de outras religiões, incluindo o grande imã de Al-Azhar, no Egito. No Brasil, sua passagem pela Jornada Mundial da Juventude, em 2013, no Rio de Janeiro, deixou uma marca indelével, com milhões de jovens reunidos na praia de Copacabana.
Apesar de sua popularidade, Francisco enfrentou críticas de setores conservadores da Igreja, que o acusavam de flexibilizar doutrinas tradicionais. Sua saúde, fragilizada nos últimos anos, também foi um ponto de atenção. Internado por 37 dias entre fevereiro e março de 2025 devido a uma pneumonia dupla, ele fez sua última aparição pública no Domingo de Páscoa, 20 de abril, quando, em uma cadeira de rodas, abençoou os fiéis na Praça de São Pedro.
Detalhes da procissão e organização do velório
A procissão que marcou o início do velório foi um momento de grande emoção. Às 9h no horário local (4h em Brasília), o caixão deixou a Casa Santa Marta, onde Francisco viveu desde o início de seu pontificado. O trajeto passou pela Praça Santa Marta, pela Praça dos Protomártires Romanos e pelo Arco dos Sinos, até chegar à Praça de São Pedro. Durante o percurso, religiosos entoaram salmos e cânticos em latim, enquanto fiéis aplaudiam e rezavam.
Na Basílica de São Pedro, o cardeal Kevin Farrell conduziu a Liturgia da Palavra, que incluiu a aspersão de água benta e o uso de incenso. Após a cerimônia inicial, pequenos grupos, incluindo religiosos e funcionários do Vaticano, puderam se aproximar do caixão para uma despedida mais próxima. A visitação pública começou oficialmente às 11h, com filas que se estendiam por quilômetros ao redor da Praça de São Pedro.
A organização do evento envolveu um esforço conjunto entre o Vaticano e as autoridades italianas. Detectores de metais foram instalados nos acessos à basílica, e a polícia reforçou a segurança para garantir a proteção dos visitantes. Estima-se que cerca de 20 mil pessoas acompanharam a procissão, e o número de visitantes deve crescer ao longo dos três dias de velório, com base em precedentes como o funeral de João Paulo II, que atraiu cerca de 2 milhões de pessoas.
Presença de líderes mundiais no funeral
O funeral de Francisco, marcado para sábado, 26 de abril, às 10h no horário local (5h em Brasília), será um evento de alcance global. A Missa Exequial, presidida pelo cardeal Giovanni Battista Re, decano do Colégio dos Cardeais, ocorrerá na Praça de São Pedro e será aberta ao público. Líderes mundiais já confirmaram presença, destacando a relevância de Francisco no cenário internacional.
Entre os nomes confirmados estão:
- Luiz Inácio Lula da Silva, presidente do Brasil, que manteve uma relação próxima com Francisco, especialmente em temas como justiça social e meio ambiente.
- Javier Milei, presidente da Argentina, que, apesar de divergências passadas, elogiou a sabedoria do pontífice.
- Emmanuel Macron, presidente da França, representando a tradição católica do país.
- Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, cuja presença reforça a projeção diplomática do evento.
- Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia, que encontrou Francisco em ocasiões anteriores para discutir a paz.
A ausência notável será a do presidente russo Vladimir Putin, que, segundo o Kremlin, não tem planos de comparecer. A presença de líderes de diferentes espectros políticos e religiosos destaca o papel de Francisco como uma figura unificadora, capaz de dialogar com diversas culturas e ideologias.
Impacto global da morte de Francisco
A morte de Francisco desencadeou uma onda de homenagens em todo o mundo. Na Argentina, seu país natal, a Associação do Futebol Argentino publicou um vídeo destacando sua paixão pelo esporte e sua torcida pelo San Lorenzo de Almagro. Em Portugal, a Câmara de Lisboa aprovou a nomeação do Parque Tejo como Parque Papa Francisco, enquanto na Madeira, a Assembleia Legislativa realizou um minuto de silêncio.
No Brasil, fiéis se reuniram em catedrais e santuários, como o de Nossa Senhora Aparecida, para missas em memória do pontífice. Em Roma, a presença de peregrinos de diversas nacionalidades transformou a Praça de São Pedro em um mosaico de culturas, com bandeiras de países como México, Filipinas e Polônia. A cobertura midiática, com transmissões ao vivo em canais como o Vatican News, ampliou o alcance do evento, permitindo que milhões acompanhassem as cerimônias.
A Igreja Católica, agora em período de Sé Vacante, prepara-se para o conclave, que deve começar entre 15 e 20 dias após a morte de Francisco. Com 135 cardeais eleitores, dos quais 80% foram nomeados por Francisco, a escolha do próximo papa será influenciada por seu legado. O processo, realizado na Capela Sistina, exige uma maioria de dois terços e pode durar dias, até que um novo pontífice seja anunciado com a tradicional frase: Habemus Papam.
Rituais fúnebres e o período de luto
Os rituais fúnebres de Francisco seguem uma combinação de tradições antigas e mudanças introduzidas por ele. Após a confirmação de sua morte, realizada pelo cardeal Kevin Farrell na Casa Santa Marta, o Anel do Pescador, símbolo do papado, foi destruído, marcando o fim de seu pontificado. O corpo foi embalsamado para suportar os dias de exposição pública, e a capela da Casa Santa Marta foi selada.
O período de luto, conhecido como novendiali, se estende por nove dias após a Missa Exequial. Durante esse tempo, missas em sufrágio pela alma de Francisco serão celebradas em igrejas ao redor do mundo. Na Basílica de São João de Latrão, em Roma, uma missa especial está marcada para esta quarta-feira, às 19h no horário local (14h em Brasília), presidida pelo cardeal Baldo Reina.
O sepultamento, previsto para sábado, será um momento de simplicidade. Na Basílica de Santa Maria Maggiore, o cardeal Farrell presidirá o rito de inumação, que inclui o cântico do Salve Regina. O túmulo ficará acessível aos fiéis, permitindo visitas e orações, conforme o desejo de Francisco de manter sua proximidade com o povo mesmo após a morte.
Legado de Francisco para a Igreja e o mundo
Francisco deixou uma marca indelével na Igreja Católica e na sociedade global. Sua defesa dos pobres, dos migrantes e do meio ambiente ressoou em um mundo marcado por desigualdades e conflitos. Ele foi um papa que desafiou convenções, como quando lavou os pés de prisioneiros e refugiados ou quando pediu perdão pelas falhas da Igreja em casos de abusos sexuais.
Sua ênfase na misericórdia, expressa no Jubileu Extraordinário de 2015, inspirou milhões de católicos a repensar sua fé. Suas mensagens de paz, como os apelos pelo fim dos conflitos na Ucrânia e na Faixa de Gaza, reforçaram seu papel como uma voz moral em tempos de crise. Mesmo enfrentando resistências internas, Francisco nomeou cardeais de regiões periféricas, como Mongólia e Haiti, diversificando o Colégio Cardinalício.
A influência de Francisco também se estende à cultura popular. Sua imagem, muitas vezes associada a gestos simples, como carregar a própria maleta ou dirigir um carro modesto, tornou-o um ícone de humildade. No Brasil, sua visita à favela de Varginha, no Rio de Janeiro, em 2013, foi um marco, destacando sua atenção às periferias.
Preparativos para o conclave
Enquanto o mundo se despede de Francisco, o Vaticano já organiza os próximos passos. O conclave, que reunirá cardeais eleitores na Capela Sistina, é um processo cercado de sigilo e tradição. Os cardeais, alojados em acomodações especiais, votarão até alcançar a maioria necessária para eleger o novo papa. O processo pode levar dias, com pausas para oração em caso de impasse.
A escolha do sucessor será influenciada pelo perfil de Francisco, que nomeou a maioria dos eleitores. Entre os nomes cotados, estão cardeais como o italiano Pietro Parolin, secretário de Estado do Vaticano, e o filipino Luis Antonio Tagle, conhecido por sua proximidade com os fiéis. A eleição, no entanto, é imprevisível, e a história da Igreja já mostrou surpresas, como a própria escolha de Bergoglio em 2013.
A fumaça branca, sinal da eleição de um novo papa, será aguardada com ansiedade. Quando isso ocorrer, o anúncio Habemus Papam ecoará da sacada da Basílica de São Pedro, marcando o início de um novo capítulo para a Igreja Católica. Até lá, o mundo permanece unido em luto e reflexão, celebrando a vida e o legado de um papa que transformou a Igreja com sua simplicidade e coragem.
