A chegada da Leapmotor ao Brasil marca um novo capítulo na eletrificação do mercado automotivo nacional. Com o respaldo da Stellantis, gigante global que detém marcas como Fiat, Jeep e Peugeot, a fabricante chinesa inicia suas operações no segundo semestre de 2025 trazendo dois SUVs elétricos: o C10, já anunciado, e o B10, um modelo médio que promete competir diretamente com nomes consolidados como BYD Yuan Plus e o futuro Geely EX5. O B10, apresentado globalmente no Salão de Paris em 2024, foi projetado com foco em mercados internacionais, combinando tecnologia avançada, autonomia robusta e um preço estimado em torno de R$ 250 mil. A estratégia da Leapmotor no Brasil inclui a abertura de 34 concessionárias, algumas compartilhando espaço com marcas Stellantis e outras exclusivas, para garantir capilaridade e rápida penetração no mercado.
O B10 se posiciona como um SUV médio com porte ligeiramente superior ao Jeep Compass, um dos líderes do segmento. Com 4,52 metros de comprimento e um entre-eixos de 2,74 metros, o modelo oferece espaço interno generoso, embora seu porta-malas de 420 litros fique abaixo de alguns concorrentes. A motorização elétrica traseira entrega 218 cavalos e 24,5 kgfm de torque, disponível em duas configurações de bateria: 56,2 kWh, com autonomia de 380 km, e 67,1 kWh, alcançando até 460 km no ciclo CLTC chinês, conhecido por ser otimista. No Brasil, onde os padrões de medição são mais rigorosos, a expectativa é que a autonomia real fique entre 300 e 400 km, dependendo da configuração.
A Stellantis, que adquiriu 21% da Leapmotor em 2023 por cerca de 1,5 bilhão de euros, vê na marca chinesa uma oportunidade de fortalecer sua oferta de veículos elétricos no Brasil, após experiências menos bem-sucedidas com modelos como Peugeot e208 e Fiat 500e. A joint venture Leapmotor International, liderada pela Stellantis com 51% de participação, é responsável pela exportação e venda dos modelos fora da China, incluindo o Brasil. A escolha por trazer a Leapmotor como marca própria, em vez de rebatizar os veículos com logotipos de Fiat ou Jeep, reflete a confiança na qualidade e no apelo tecnológico dos produtos chineses.
Características técnicas do B10
O Leapmotor B10 foi desenhado para atender às demandas de mercados exigentes, com um pacote tecnológico que o coloca à frente de muitos concorrentes. Seu design externo segue linhas modernas, com faróis afilados, grade frontal fechada típica de elétricos e rodas de 18 polegadas que conferem robustez. Internamente, o modelo impressiona pelo acabamento sofisticado e pela presença de equipamentos de ponta. O quadro de instrumentos digital de 8,8 polegadas e a central multimídia de 14,6 polegadas formam o coração do sistema de infoentretenimento, que inclui comandos por voz, integração com smartphones e até uma função de karaokê, um diferencial curioso para o público jovem.
A segurança é outro ponto forte do B10. Todas as versões contam com frenagem automática de emergência, alerta de saída de faixa com correção ativa, centralização de faixa e controlador de velocidade adaptativo. As configurações topo de linha adicionam alerta de ponto cego e assistente de estacionamento automatizado, apoiados por um conjunto de 12 radares, um sensor lidar e múltiplas câmeras. Esses recursos posicionam o B10 como um dos SUVs médios mais avançados em termos de assistência ao motorista no mercado brasileiro.
- Dimensões: 4,52 m de comprimento, 1,88 m de largura, 1,65 m de altura e 2,74 m de entre-eixos.
- Motorização: Elétrico traseiro com 218 cv e 24,5 kgfm de torque.
- Baterias: 56,2 kWh (380 km de autonomia CLTC) ou 67,1 kWh (460 km de autonomia CLTC).
- Tecnologia: Central multimídia de 14,6 polegadas, quadro digital de 8,8 polegadas, comandos por voz e karaokê.
- Segurança: Frenagem de emergência, alerta de faixa, controlador adaptativo e assistente de estacionamento (topo de linha).
Estratégia da Stellantis no Brasil
A entrada da Leapmotor no Brasil é parte de um movimento estratégico da Stellantis para recuperar terreno no segmento de veículos elétricos. Após tentativas tímidas com modelos importados de suas marcas europeias, a empresa agora aposta na expertise da Leapmotor, que já é a quarta maior startup de veículos elétricos na China, com mais de 400 mil unidades vendidas até julho de 2024. A escolha por SUVs médios, como o B10 e o C10, reflete a preferência do consumidor brasileiro, que tem impulsionado as vendas de modelos como Jeep Compass, Toyota Corolla Cross e Volkswagen T-Cross.
A rede de concessionárias da Leapmotor será um diferencial competitivo. Das 34 lojas previstas para 2025, cerca de metade compartilhará espaço com marcas como Fiat e Jeep, aproveitando a infraestrutura existente da Stellantis. As demais serão espaços exclusivos, projetados para destacar a identidade tecnológica da Leapmotor. Até o final de 2026, a meta é expandir para 50 pontos de venda, cobrindo as principais capitais e regiões metropolitanas do país. Essa capilaridade é essencial para competir com marcas chinesas já estabelecidas, como BYD e GWM, que investem pesado em redes próprias e produção local.
Além do B10, o C10 chega com uma proposta complementar. Disponível em versão puramente elétrica ou com tecnologia EREV (elétrica de alcance estendido), o C10 utiliza um motor a combustão de 1,5 litro como gerador para carregar a bateria de 28,4 kWh, oferecendo uma autonomia combinada de até 1.000 km no ciclo CLTC. Essa versatilidade pode atrair consumidores que ainda hesitam em adotar elétricos puros devido à infraestrutura de recarga limitada em algumas regiões do Brasil. O C10, com porte semelhante ao do B10, mas com maior capacidade de carga (435 litros de porta-malas), será outro trunfo da Leapmotor.
⚡BYD Atto 3’e rakip 14 bin dolarlık Leapmotor B10’dan yeni görüntüler!
Leapmotor’un Avrupa’da da üreteceği elektrikli aracı B10’dan yeni görüntüler geldi. 4,5 metrelik kompakt SUV, iç kısımda yeni kabin tasarımıyla dikkat çekiyor.
14,6 inç 2,5K çözünürlüğe sahip tek bir… pic.twitter.com/EOLZzrsYZj
— Dolubatarya (@DoluBatarya) February 19, 2025
Contexto do mercado elétrico brasileiro
O mercado de veículos elétricos no Brasil está em franca expansão, embora ainda represente uma fatia pequena das vendas totais. Em 2024, cerca de 150 mil veículos eletrificados (elétricos e híbridos) foram emplacados, um aumento de 65% em relação a 2023. Marcas chinesas, como BYD e GWM, lideram o segmento, com modelos como o Dolphin, Yuan Plus e Haval H6 ganhando popularidade. A chegada da Leapmotor intensifica essa competição, especialmente no segmento de SUVs médios, que responde por quase 40% das vendas de eletrificados no país.
O B10 entra em um nicho disputado, onde o BYD Yuan Plus é referência. Vendido na faixa de R$ 230 mil a R$ 270 mil, o Yuan Plus oferece 204 cv e autonomia de até 458 km no ciclo WLTP. O Geely EX5, esperado para 2026, também será um concorrente direto, com proposta semelhante de tecnologia e preço acessível. A vantagem do B10 está no pacote tecnológico mais avançado, como o sensor lidar e o assistente de estacionamento, que ainda são raros na categoria. Por outro lado, o imposto de importação, que será elevado a 35% para elétricos a partir de julho de 2025, pode encarecer o modelo e limitar sua competitividade.
A Stellantis já sinalizou interesse em produzir localmente os modelos da Leapmotor, o que reduziria custos e tornaria os preços mais atrativos. A fábrica da Jeep em Goiana (PE) é uma candidata natural para essa operação, mas ainda não há confirmação oficial. A produção local também seria uma resposta às iniciativas de concorrentes como a BYD, que já anunciou uma planta em Camaçari (BA), e a GWM, que produz em Iracemápolis (SP).
Inovações tecnológicas do B10
O Leapmotor B10 se destaca pela integração de tecnologias de ponta, muitas delas desenvolvidas internamente pela fabricante chinesa. A Leapmotor é conhecida por sua verticalização, produzindo 60% dos componentes de seus veículos, incluindo motores elétricos, baterias e sistemas de software. O B10 utiliza a plataforma LEAP 3.5, que combina chips de alta performance, como o Qualcomm Snapdragon SA8650 para condução autônoma e o Snapdragon 8295A para o cockpit digital. Esses processadores permitem recursos como condução autônoma de nível 2+ e uma interface de infoentretenimento responsiva.
O sistema operacional Leapmotor OS 4.0 Plus é outro diferencial. Compatível com assistentes de inteligência artificial, como DeepSeek e Tongyi Qianwen, o sistema oferece respostas em tempo real a comandos de voz e suporta funções como navegação assistida e estacionamento por memória. A central multimídia de 14,6 polegadas, com resolução 2.5K, é uma das maiores da categoria, rivalizando com telas vistas em modelos premium como o Tesla Model Y. O B10 também inclui um teto solar panorâmico de 1,83 m², sistema de som com 12 alto-falantes e recursos familiares, como suportes para tablets e mesas dobráveis nos bancos traseiros.
- Plataforma LEAP 3.5: Suporta condução autônoma de nível 2+ e integração com IA.
- Chips Qualcomm: SA8650 (200 TOPS) para condução e 8295A (30 TOPS) para o cockpit.
- Leapmotor OS 4.0 Plus: Interface com IA, navegação assistida e estacionamento automatizado.
- Teto panorâmico: 1,83 m², com cortina elétrica.
- Conforto: Bancos com ajustes elétricos, suportes para tablets e mesas dobráveis.
Cronograma de lançamentos da Leapmotor
A Leapmotor tem planos ambiciosos para o Brasil. Além do B10 e do C10, a marca prevê a introdução de mais dois modelos até 2027, consolidando sua presença no mercado. O próximo lançamento, esperado para 2026, deve ser o C16, um SUV grande com capacidade para seis passageiros e opção de motorização elétrica ou EREV. O C16, já disponível na China, mede 4,91 metros e oferece até 580 km de autonomia na versão elétrica. O quarto modelo permanece indefinido, mas especula-se que possa ser o sedã B01, a ser revelado no Salão de Xangai em 2025, ou uma nova geração do compacto T03, que foi descartado em sua versão atual para o Brasil.
- 2025: Lançamento do B10 e C10 no segundo semestre, com 34 concessionárias.
- 2026: Introdução do C16, SUV grande para seis passageiros.
- 2027: Chegada de um quarto modelo, possivelmente o sedã B01 ou uma nova versão do T03.
- Expansão: Meta de 50 concessionárias até o final de 2026.
Comparação com concorrentes
O B10 enfrenta um mercado competitivo, onde cada detalhe pode influenciar a decisão de compra. O BYD Yuan Plus, principal rival, tem a vantagem de uma rede de concessionárias consolidada e preços mais acessíveis, mas peca em tecnologias de condução autônoma. O Geely EX5, embora ainda não lançado, promete um design atraente e integração com o ecossistema da Volvo, dona de parte da Geely. O Jeep Compass, produzido localmente, segue como referência no segmento, mas sua versão elétrica ainda não está confirmada para o Brasil.
O B10 se destaca pelo equilíbrio entre preço, tecnologia e espaço interno. Seu entre-eixos de 2,74 metros é superior ao do Yuan Plus (2,72 m) e do Compass (2,63 m), garantindo mais conforto para os ocupantes. A autonomia de até 460 km (CLTC) é competitiva, embora o ciclo WLTP, mais próximo da realidade, deva reduzir esse número para cerca de 400 km. O porta-malas de 420 litros, porém, é uma desvantagem frente aos 440 litros do Yuan Plus e 476 litros do Corolla Cross.
A estratégia de preços será crucial. Na China, o B10 varia entre 110 mil e 140 mil yuans (R$ 87,7 mil a R$ 113,6 mil), alinhado ao Yuan Plus. No Brasil, o imposto de importação e os custos logísticos devem elevar o preço para cerca de R$ 250 mil, próximo do Yuan Plus topo de linha. A possibilidade de produção local, caso confirmada, poderia reduzir esse valor e tornar o B10 mais competitivo.
Impacto no mercado automotivo brasileiro
A chegada da Leapmotor reforça a tendência de consolidação das marcas chinesas no Brasil. Nos últimos cinco anos, fabricantes como BYD, GWM e Chery transformaram o cenário automotivo nacional, oferecendo produtos de alta qualidade a preços competitivos. A Leapmotor, com o apoio da Stellantis, tem potencial para seguir o mesmo caminho, especialmente no segmento de SUVs médios, que cresceu 12% em vendas em 2024. A aposta em tecnologias como condução autônoma e cockpits digitais atende à demanda de consumidores jovens, que valorizam conectividade e inovação.
A Stellantis, por sua vez, ganha fôlego para competir com rivais como a Volkswagen, que planeja lançar modelos elétricos baseados na plataforma MEB, e a Toyota, que investe em híbridos flex. A parceria com a Leapmotor também abre portas para a exportação de veículos brasileiros para outros mercados da América Latina, onde a Stellantis já tem forte presença. A longo prazo, a produção local dos modelos Leapmotor poderia gerar empregos e atrair investimentos para o setor automotivo, beneficiando a economia nacional.
Perspectivas para a eletrificação no Brasil
A eletrificação do transporte é uma prioridade global, e o Brasil, embora atrasado em relação a mercados como China e Europa, começa a acelerar nesse sentido. A infraestrutura de recarga, com cerca de 4 mil eletropostos públicos em 2024, ainda é um obstáculo, mas iniciativas privadas e governamentais prometem expandir esse número para 10 mil até 2030. O B10, com sua proposta de autonomia robusta e recarga rápida (30% a 80% em cerca de 25 minutos), está bem posicionado para atender consumidores urbanos e viagens de média distância.
A política de incentivos fiscais também será determinante. Até junho de 2025, veículos elétricos importados terão alíquotas reduzidas, mas o aumento para 35% a partir de julho pode encarecer modelos como o B10. A produção local, se viabilizada, seria uma solução para manter preços competitivos e estimular a adoção de elétricos. Além disso, a Leapmotor planeja oferecer pacotes de manutenção e garantia estendida, detalhes que serão anunciados próximo ao lançamento.
A concorrência no segmento de SUVs médios elétricos está apenas começando. A chegada do B10, aliada à expansão da Leapmotor no Brasil, sinaliza um futuro promissor para a mobilidade elétrica, com mais opções para o consumidor e pressão por inovações tecnológicas. O sucesso do modelo dependerá de sua capacidade de entregar o prometido em termos de desempenho, conforto e preço, em um mercado que não perdoa erros.

A chegada da Leapmotor ao Brasil marca um novo capítulo na eletrificação do mercado automotivo nacional. Com o respaldo da Stellantis, gigante global que detém marcas como Fiat, Jeep e Peugeot, a fabricante chinesa inicia suas operações no segundo semestre de 2025 trazendo dois SUVs elétricos: o C10, já anunciado, e o B10, um modelo médio que promete competir diretamente com nomes consolidados como BYD Yuan Plus e o futuro Geely EX5. O B10, apresentado globalmente no Salão de Paris em 2024, foi projetado com foco em mercados internacionais, combinando tecnologia avançada, autonomia robusta e um preço estimado em torno de R$ 250 mil. A estratégia da Leapmotor no Brasil inclui a abertura de 34 concessionárias, algumas compartilhando espaço com marcas Stellantis e outras exclusivas, para garantir capilaridade e rápida penetração no mercado.
O B10 se posiciona como um SUV médio com porte ligeiramente superior ao Jeep Compass, um dos líderes do segmento. Com 4,52 metros de comprimento e um entre-eixos de 2,74 metros, o modelo oferece espaço interno generoso, embora seu porta-malas de 420 litros fique abaixo de alguns concorrentes. A motorização elétrica traseira entrega 218 cavalos e 24,5 kgfm de torque, disponível em duas configurações de bateria: 56,2 kWh, com autonomia de 380 km, e 67,1 kWh, alcançando até 460 km no ciclo CLTC chinês, conhecido por ser otimista. No Brasil, onde os padrões de medição são mais rigorosos, a expectativa é que a autonomia real fique entre 300 e 400 km, dependendo da configuração.
A Stellantis, que adquiriu 21% da Leapmotor em 2023 por cerca de 1,5 bilhão de euros, vê na marca chinesa uma oportunidade de fortalecer sua oferta de veículos elétricos no Brasil, após experiências menos bem-sucedidas com modelos como Peugeot e208 e Fiat 500e. A joint venture Leapmotor International, liderada pela Stellantis com 51% de participação, é responsável pela exportação e venda dos modelos fora da China, incluindo o Brasil. A escolha por trazer a Leapmotor como marca própria, em vez de rebatizar os veículos com logotipos de Fiat ou Jeep, reflete a confiança na qualidade e no apelo tecnológico dos produtos chineses.
Características técnicas do B10
O Leapmotor B10 foi desenhado para atender às demandas de mercados exigentes, com um pacote tecnológico que o coloca à frente de muitos concorrentes. Seu design externo segue linhas modernas, com faróis afilados, grade frontal fechada típica de elétricos e rodas de 18 polegadas que conferem robustez. Internamente, o modelo impressiona pelo acabamento sofisticado e pela presença de equipamentos de ponta. O quadro de instrumentos digital de 8,8 polegadas e a central multimídia de 14,6 polegadas formam o coração do sistema de infoentretenimento, que inclui comandos por voz, integração com smartphones e até uma função de karaokê, um diferencial curioso para o público jovem.
A segurança é outro ponto forte do B10. Todas as versões contam com frenagem automática de emergência, alerta de saída de faixa com correção ativa, centralização de faixa e controlador de velocidade adaptativo. As configurações topo de linha adicionam alerta de ponto cego e assistente de estacionamento automatizado, apoiados por um conjunto de 12 radares, um sensor lidar e múltiplas câmeras. Esses recursos posicionam o B10 como um dos SUVs médios mais avançados em termos de assistência ao motorista no mercado brasileiro.
- Dimensões: 4,52 m de comprimento, 1,88 m de largura, 1,65 m de altura e 2,74 m de entre-eixos.
- Motorização: Elétrico traseiro com 218 cv e 24,5 kgfm de torque.
- Baterias: 56,2 kWh (380 km de autonomia CLTC) ou 67,1 kWh (460 km de autonomia CLTC).
- Tecnologia: Central multimídia de 14,6 polegadas, quadro digital de 8,8 polegadas, comandos por voz e karaokê.
- Segurança: Frenagem de emergência, alerta de faixa, controlador adaptativo e assistente de estacionamento (topo de linha).
Estratégia da Stellantis no Brasil
A entrada da Leapmotor no Brasil é parte de um movimento estratégico da Stellantis para recuperar terreno no segmento de veículos elétricos. Após tentativas tímidas com modelos importados de suas marcas europeias, a empresa agora aposta na expertise da Leapmotor, que já é a quarta maior startup de veículos elétricos na China, com mais de 400 mil unidades vendidas até julho de 2024. A escolha por SUVs médios, como o B10 e o C10, reflete a preferência do consumidor brasileiro, que tem impulsionado as vendas de modelos como Jeep Compass, Toyota Corolla Cross e Volkswagen T-Cross.
A rede de concessionárias da Leapmotor será um diferencial competitivo. Das 34 lojas previstas para 2025, cerca de metade compartilhará espaço com marcas como Fiat e Jeep, aproveitando a infraestrutura existente da Stellantis. As demais serão espaços exclusivos, projetados para destacar a identidade tecnológica da Leapmotor. Até o final de 2026, a meta é expandir para 50 pontos de venda, cobrindo as principais capitais e regiões metropolitanas do país. Essa capilaridade é essencial para competir com marcas chinesas já estabelecidas, como BYD e GWM, que investem pesado em redes próprias e produção local.
Além do B10, o C10 chega com uma proposta complementar. Disponível em versão puramente elétrica ou com tecnologia EREV (elétrica de alcance estendido), o C10 utiliza um motor a combustão de 1,5 litro como gerador para carregar a bateria de 28,4 kWh, oferecendo uma autonomia combinada de até 1.000 km no ciclo CLTC. Essa versatilidade pode atrair consumidores que ainda hesitam em adotar elétricos puros devido à infraestrutura de recarga limitada em algumas regiões do Brasil. O C10, com porte semelhante ao do B10, mas com maior capacidade de carga (435 litros de porta-malas), será outro trunfo da Leapmotor.
⚡BYD Atto 3’e rakip 14 bin dolarlık Leapmotor B10’dan yeni görüntüler!
Leapmotor’un Avrupa’da da üreteceği elektrikli aracı B10’dan yeni görüntüler geldi. 4,5 metrelik kompakt SUV, iç kısımda yeni kabin tasarımıyla dikkat çekiyor.
14,6 inç 2,5K çözünürlüğe sahip tek bir… pic.twitter.com/EOLZzrsYZj
— Dolubatarya (@DoluBatarya) February 19, 2025
Contexto do mercado elétrico brasileiro
O mercado de veículos elétricos no Brasil está em franca expansão, embora ainda represente uma fatia pequena das vendas totais. Em 2024, cerca de 150 mil veículos eletrificados (elétricos e híbridos) foram emplacados, um aumento de 65% em relação a 2023. Marcas chinesas, como BYD e GWM, lideram o segmento, com modelos como o Dolphin, Yuan Plus e Haval H6 ganhando popularidade. A chegada da Leapmotor intensifica essa competição, especialmente no segmento de SUVs médios, que responde por quase 40% das vendas de eletrificados no país.
O B10 entra em um nicho disputado, onde o BYD Yuan Plus é referência. Vendido na faixa de R$ 230 mil a R$ 270 mil, o Yuan Plus oferece 204 cv e autonomia de até 458 km no ciclo WLTP. O Geely EX5, esperado para 2026, também será um concorrente direto, com proposta semelhante de tecnologia e preço acessível. A vantagem do B10 está no pacote tecnológico mais avançado, como o sensor lidar e o assistente de estacionamento, que ainda são raros na categoria. Por outro lado, o imposto de importação, que será elevado a 35% para elétricos a partir de julho de 2025, pode encarecer o modelo e limitar sua competitividade.
A Stellantis já sinalizou interesse em produzir localmente os modelos da Leapmotor, o que reduziria custos e tornaria os preços mais atrativos. A fábrica da Jeep em Goiana (PE) é uma candidata natural para essa operação, mas ainda não há confirmação oficial. A produção local também seria uma resposta às iniciativas de concorrentes como a BYD, que já anunciou uma planta em Camaçari (BA), e a GWM, que produz em Iracemápolis (SP).
Inovações tecnológicas do B10
O Leapmotor B10 se destaca pela integração de tecnologias de ponta, muitas delas desenvolvidas internamente pela fabricante chinesa. A Leapmotor é conhecida por sua verticalização, produzindo 60% dos componentes de seus veículos, incluindo motores elétricos, baterias e sistemas de software. O B10 utiliza a plataforma LEAP 3.5, que combina chips de alta performance, como o Qualcomm Snapdragon SA8650 para condução autônoma e o Snapdragon 8295A para o cockpit digital. Esses processadores permitem recursos como condução autônoma de nível 2+ e uma interface de infoentretenimento responsiva.
O sistema operacional Leapmotor OS 4.0 Plus é outro diferencial. Compatível com assistentes de inteligência artificial, como DeepSeek e Tongyi Qianwen, o sistema oferece respostas em tempo real a comandos de voz e suporta funções como navegação assistida e estacionamento por memória. A central multimídia de 14,6 polegadas, com resolução 2.5K, é uma das maiores da categoria, rivalizando com telas vistas em modelos premium como o Tesla Model Y. O B10 também inclui um teto solar panorâmico de 1,83 m², sistema de som com 12 alto-falantes e recursos familiares, como suportes para tablets e mesas dobráveis nos bancos traseiros.
- Plataforma LEAP 3.5: Suporta condução autônoma de nível 2+ e integração com IA.
- Chips Qualcomm: SA8650 (200 TOPS) para condução e 8295A (30 TOPS) para o cockpit.
- Leapmotor OS 4.0 Plus: Interface com IA, navegação assistida e estacionamento automatizado.
- Teto panorâmico: 1,83 m², com cortina elétrica.
- Conforto: Bancos com ajustes elétricos, suportes para tablets e mesas dobráveis.
Cronograma de lançamentos da Leapmotor
A Leapmotor tem planos ambiciosos para o Brasil. Além do B10 e do C10, a marca prevê a introdução de mais dois modelos até 2027, consolidando sua presença no mercado. O próximo lançamento, esperado para 2026, deve ser o C16, um SUV grande com capacidade para seis passageiros e opção de motorização elétrica ou EREV. O C16, já disponível na China, mede 4,91 metros e oferece até 580 km de autonomia na versão elétrica. O quarto modelo permanece indefinido, mas especula-se que possa ser o sedã B01, a ser revelado no Salão de Xangai em 2025, ou uma nova geração do compacto T03, que foi descartado em sua versão atual para o Brasil.
- 2025: Lançamento do B10 e C10 no segundo semestre, com 34 concessionárias.
- 2026: Introdução do C16, SUV grande para seis passageiros.
- 2027: Chegada de um quarto modelo, possivelmente o sedã B01 ou uma nova versão do T03.
- Expansão: Meta de 50 concessionárias até o final de 2026.
Comparação com concorrentes
O B10 enfrenta um mercado competitivo, onde cada detalhe pode influenciar a decisão de compra. O BYD Yuan Plus, principal rival, tem a vantagem de uma rede de concessionárias consolidada e preços mais acessíveis, mas peca em tecnologias de condução autônoma. O Geely EX5, embora ainda não lançado, promete um design atraente e integração com o ecossistema da Volvo, dona de parte da Geely. O Jeep Compass, produzido localmente, segue como referência no segmento, mas sua versão elétrica ainda não está confirmada para o Brasil.
O B10 se destaca pelo equilíbrio entre preço, tecnologia e espaço interno. Seu entre-eixos de 2,74 metros é superior ao do Yuan Plus (2,72 m) e do Compass (2,63 m), garantindo mais conforto para os ocupantes. A autonomia de até 460 km (CLTC) é competitiva, embora o ciclo WLTP, mais próximo da realidade, deva reduzir esse número para cerca de 400 km. O porta-malas de 420 litros, porém, é uma desvantagem frente aos 440 litros do Yuan Plus e 476 litros do Corolla Cross.
A estratégia de preços será crucial. Na China, o B10 varia entre 110 mil e 140 mil yuans (R$ 87,7 mil a R$ 113,6 mil), alinhado ao Yuan Plus. No Brasil, o imposto de importação e os custos logísticos devem elevar o preço para cerca de R$ 250 mil, próximo do Yuan Plus topo de linha. A possibilidade de produção local, caso confirmada, poderia reduzir esse valor e tornar o B10 mais competitivo.
Impacto no mercado automotivo brasileiro
A chegada da Leapmotor reforça a tendência de consolidação das marcas chinesas no Brasil. Nos últimos cinco anos, fabricantes como BYD, GWM e Chery transformaram o cenário automotivo nacional, oferecendo produtos de alta qualidade a preços competitivos. A Leapmotor, com o apoio da Stellantis, tem potencial para seguir o mesmo caminho, especialmente no segmento de SUVs médios, que cresceu 12% em vendas em 2024. A aposta em tecnologias como condução autônoma e cockpits digitais atende à demanda de consumidores jovens, que valorizam conectividade e inovação.
A Stellantis, por sua vez, ganha fôlego para competir com rivais como a Volkswagen, que planeja lançar modelos elétricos baseados na plataforma MEB, e a Toyota, que investe em híbridos flex. A parceria com a Leapmotor também abre portas para a exportação de veículos brasileiros para outros mercados da América Latina, onde a Stellantis já tem forte presença. A longo prazo, a produção local dos modelos Leapmotor poderia gerar empregos e atrair investimentos para o setor automotivo, beneficiando a economia nacional.
Perspectivas para a eletrificação no Brasil
A eletrificação do transporte é uma prioridade global, e o Brasil, embora atrasado em relação a mercados como China e Europa, começa a acelerar nesse sentido. A infraestrutura de recarga, com cerca de 4 mil eletropostos públicos em 2024, ainda é um obstáculo, mas iniciativas privadas e governamentais prometem expandir esse número para 10 mil até 2030. O B10, com sua proposta de autonomia robusta e recarga rápida (30% a 80% em cerca de 25 minutos), está bem posicionado para atender consumidores urbanos e viagens de média distância.
A política de incentivos fiscais também será determinante. Até junho de 2025, veículos elétricos importados terão alíquotas reduzidas, mas o aumento para 35% a partir de julho pode encarecer modelos como o B10. A produção local, se viabilizada, seria uma solução para manter preços competitivos e estimular a adoção de elétricos. Além disso, a Leapmotor planeja oferecer pacotes de manutenção e garantia estendida, detalhes que serão anunciados próximo ao lançamento.
A concorrência no segmento de SUVs médios elétricos está apenas começando. A chegada do B10, aliada à expansão da Leapmotor no Brasil, sinaliza um futuro promissor para a mobilidade elétrica, com mais opções para o consumidor e pressão por inovações tecnológicas. O sucesso do modelo dependerá de sua capacidade de entregar o prometido em termos de desempenho, conforto e preço, em um mercado que não perdoa erros.
