A novela Vale Tudo, exibida originalmente em 1988, marcou a história da televisão brasileira com uma trama que misturava crítica social, corrupção e um mistério que paralisou o país: quem matou Odete Roitman? A vilã, interpretada por Beatriz Segall, tornou-se um ícone da teledramaturgia, e sua morte, exibida na véspera de Natal, alcançou 81 pontos de audiência, atrasando ceias e mobilizando milhões de brasileiros. Agora, com o remake da novela em 2025, a pergunta que ecoou por décadas retorna, prometendo reacender a curiosidade do público. Odete, vivida no remake por Débora Bloch, continua sendo o centro das atenções, com a autora Manuela Dias garantindo que a vilã morrerá novamente, mas por outras mãos. O assassinato original, revelado apenas no último capítulo, foi obra de Leila, personagem de Cássia Kis, que atirou em Odete por engano, pensando ser Maria de Fátima.
O impacto de Vale Tudo vai além do entretenimento. A novela, escrita por Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères, expôs a crise ética e a corrupção no Brasil dos anos 1980, durante a redemocratização. Odete Roitman, com seu preconceito e arrogância, representava uma elite que chocava e fascinava o público. Sua morte, decidida de última hora pelos autores, gerou um fenômeno cultural, com bolões, promoções e até a Bolsa de Valores envolvida na especulação sobre o culpado. Restaurantes no Rio de Janeiro registraram 40% menos reservas entre 20h e 22h no dia do último capítulo, e o trânsito na Zona Sul carioca ficou abaixo do normal.

Com o remake, a Globo celebra seus 60 anos trazendo uma nova versão da trama, atualizada por Manuela Dias. A escolha de Débora Bloch para o papel de Odete foi anunciada no Upfront 2025, em São Paulo, gerando grande expectativa. A nova produção mantém o mistério, mas promete surpresas, com um elenco estelar que inclui Taís Araújo como Raquel Accioli, Bella Campos como Maria de Fátima e Paolla Oliveira como Heleninha Roitman. A pergunta “quem matou Odete Roitman?” volta a intrigar, com a certeza de que o desfecho será diferente.
- Principais marcos do mistério de Odete Roitman:
- Exibição do assassinato: 24 de dezembro de 1988, com 81 pontos de audiência.
- Revelação do culpado: 6 de janeiro de 1989, no último capítulo.
- Impacto cultural: 3 milhões de cartas enviadas em promoção para acertar o assassino.
- Remake: Estreia em 31 de março de 2025, com novo desfecho.
O fenômeno cultural de Vale Tudo
Vale Tudo não foi apenas uma novela, mas um espelho do Brasil em um momento de transição. Lançada em maio de 1988, a trama abordava a inversão de valores em um país que saía da ditadura militar e enfrentava inflação galopante e desigualdades sociais. Odete Roitman, como presidente da companhia aérea TCA, encarnava o cinismo de uma elite que via o dinheiro como único valor. Sua relação conturbada com os filhos, Heleninha e Afonso, e sua aliança com a ambiciosa Maria de Fátima, interpretada por Gloria Pires, criaram uma narrativa envolvente. A vilã, com falas carregadas de preconceito, chocava o público, mas também o prendia com seu carisma perverso.
A morte de Odete, com três tiros à queima-roupa, foi um marco. A cena, exibida na véspera de Natal, fez famílias adiarem a ceia de Natal para acompanhar o desfecho. Bares e restaurantes com televisores lotaram, e o Jornal do Brasil publicou que “o Brasil vai parar para assistir”. A decisão sobre o assassino foi tão sigilosa que apenas no dia da gravação do último capítulo os autores escolheram Leila, após o diretor Dennis Carvalho perguntar: “Quem é a mulher com a cara de mais louca do elenco?”. A escolha, inicialmente planejada para outro personagem, mudou após vazamentos, como uma matéria da revista Contigo que apontava Reginaldo Faria como possível culpado.
O mistério gerou uma mobilização sem precedentes. Uma promoção da Maggi, em parceria com a Globo, sorteou 5 milhões de cruzados para quem acertasse o assassino, recebendo 3 milhões de cartas, sendo 800 mil apenas no último dia. Eugenio, personagem de Sérgio Mamberti, liderava as apostas com 24%, enquanto Leila tinha apenas 6,3%. O impacto foi tão grande que até a Bolsa de Valores do Rio de Janeiro registrou movimentações atípicas, com investidores especulando sobre o desfecho. A novela, com média de 61 pontos de audiência, tornou-se a oitava maior audiência da história da Globo.
Beatriz Segall: A eterna Odete Roitman
Beatriz Segall, que faleceu em 2018 aos 92 anos, deu vida à Odete Roitman com uma atuação que marcou gerações. Nascida em 1926, a atriz começou sua carreira na TV Tupi nos anos 1950 e estreou na Globo em 1978, com Dancin’ Days. Antes de Vale Tudo, participou de novelas como Pai Herói e Água Viva, onde interpretou outra vilã memorável, Lourdes Mesquita. Sua performance como Odete, no entanto, elevou-a a um patamar único. Com falas afiadas e uma postura aristocrática, Segall transformou a personagem em um ícone, mas também carregou o peso de ser lembrada quase exclusivamente por esse papel.
- Curiosidades sobre Beatriz Segall:
- Primeira vilã: Antes de Odete, interpretou Lourdes Mesquita em Água Viva (1980).
- Rejeição a vilãs: Após Vale Tudo, exigiu não interpretar mais antagonistas.
- Último papel: Participou da série Os Experientes, em 2015.
- Falecimento: Morreu em 2018, vítima de pneumonia e complicações do Alzheimer.
Segall, no entanto, guardava mágoas da Globo. Em entrevista em 2014, revelou que nunca teve contrato fixo com a emissora, trabalhando sempre por obra. “A Globo nunca me deu importância”, desabafou, lamentando a falta de reconhecimento. Ela também criticava a qualidade das novelas modernas, afirmando que os elencos de sua época eram superiores e que tramas como Vale Tudo seriam difíceis de serem feitas hoje. Sua última aparição na TV foi em 2015, na série Os Experientes, mas sua carreira de mais de 70 anos incluiu passagens marcantes pelo teatro e pela Record, onde atuou em Bicho do Mato.
A relação de Segall com o papel de Odete era ambígua. Embora reconhecesse a importância do personagem, irritava-se por ser constantemente associada a ele. Em 2006, disse ao jornal O Estado de S. Paulo que se incomodava com as piadas repetitivas e com o apelido de “Dona Odete” nas ruas. Mesmo assim, sua atuação permanece como referência, e o remake de Vale Tudo enfrenta o desafio de recriar uma personagem tão marcante sem perder a essência que Segall trouxe.
O remake de Vale Tudo: Novas apostas
A Globo anunciou o remake de Vale Tudo como parte das comemorações de seus 60 anos, com estreia em 31 de março de 2025, substituindo Mania de Você no horário das 21h. A nova versão, escrita por Manuela Dias e dirigida por Paulo Silvestrini, promete atualizar a trama para os dias atuais, mantendo a crítica social que tornou a original um clássico. Débora Bloch, escolhida para interpretar Odete Roitman, enfrentará a pressão de suceder Beatriz Segall. A atriz, que estava em No Rancho Fundo, destacou que a nova Odete manterá o caráter preconceituoso e classista, com falas que chocam por sua naturalidade.
A escolha do elenco gerou grande expectativa. Taís Araújo viverá Raquel Accioli, a protagonista honesta que enfrenta a filha inescrupulosa Maria de Fátima, interpretada por Bella Campos. Paolla Oliveira será Heleninha Roitman, marcada pelo alcoolismo e pela relação conflituosa com a mãe. Outros nomes confirmados incluem Cauã Reymond como César, Humberto Carrão como Afonso, Renato Góes como Ivan e Malu Galli como Celina. A autora Manuela Dias adiantou que o mistério do assassinato será mantido, mas com um novo culpado. Carolina Dieckmann, que interpretará Leila, já foi informada que sua personagem terá um arco diferente, explorando novas nuances.
- Elenco principal do remake:
- Débora Bloch: Odete Roitman, a vilã central.
- Taís Araújo: Raquel Accioli, a protagonista íntegra.
- Bella Campos: Maria de Fátima, a filha ambiciosa.
- Paolla Oliveira: Heleninha Roitman, a filha problemática.
- Carolina Dieckmann: Leila, com um arco reformulado.
A produção começou a ganhar forma ainda em 2024, com gravações iniciadas no final do ano. O evento Upfront 2025, realizado em São Paulo, apresentou o elenco e confirmou a aposta da Globo em recriar o fenômeno cultural de 1988. A nova versão terá 174 capítulos, e o mistério do assassinato de Odete será um dos pontos altos, com a autora prometendo um desfecho surpreendente. A expectativa é que a novela alcance o mesmo impacto da original, especialmente em um momento em que temas como desigualdade e corrupção continuam atuais.
Como o mistério mobilizou o Brasil
O assassinato de Odete Roitman não foi apenas um evento televisivo, mas um fenômeno social que revelou o poder da telenovela no Brasil. Em 1988, a trama dominou as conversas em todo o país, com famílias, amigos e até desconhecidos debatendo quem seria o culpado. A Globo, percebendo o potencial do mistério, manteve o segredo sob sigilo absoluto. A gravação da cena final, exibida em 6 de janeiro de 1989, foi feita no mesmo dia do capítulo, para evitar vazamentos. A escolha de Leila como assassina surpreendeu até o elenco, que especulava outros nomes, como Marco Aurélio, interpretado por Reginaldo Faria.
A promoção da Maggi intensificou a febre. Com 3 milhões de cartas enviadas, a campanha mostrou o engajamento do público. Em cidades como o Rio de Janeiro, o capítulo final esvaziou as ruas, com o trânsito na Zona Sul reduzido a níveis incomuns para uma sexta-feira à noite. Restaurantes relataram queda de 40% nas reservas, e muitos clientes levaram pratos para comerem em frente à TV. O Jornal do Brasil descreveu o evento como “a redenção do Brasil”, destacando como a morte de Odete simbolizava o desejo de justiça em um país marcado por impunidade.
O impacto também se refletiu na mídia. Jornais como O Globo publicaram manchetes como “Três tiros atrasam a ceia”, narrando como a novela dominou as comemorações de Natal. Personalidades, como a modelo Luiza Brunet, admitiram ter ajustado seus planos para assistir ao capítulo. A audiência de 81 pontos na véspera de Natal e a média de 61 pontos ao longo da novela consolidaram Vale Tudo como um marco. O mistério, que durou apenas 11 capítulos, foi suficiente para criar um legado que persiste até hoje.
A escolha de Leila como assassina
A decisão de fazer Leila, interpretada por Cássia Kis, a assassina de Odete Roitman foi um dos momentos mais inesperados de Vale Tudo. A personagem, movida por ciúmes, atirou em Odete por engano, pensando que era Maria de Fátima, que tinha um caso com seu marido, Marco Aurélio. A escolha foi feita de última hora, após os autores descartarem outros suspeitos devido a vazamentos. O diretor Dennis Carvalho, em conversa com Gilberto Braga, optou por Leila por sua instabilidade emocional, que a tornava uma candidata plausível.
A cena do assassinato, com três tiros à queima-roupa, chocou o público pela brutalidade. Exibida na véspera de Natal, a sequência foi planejada para maximizar o impacto, com Odete caindo dramaticamente após ser baleada. A revelação, no entanto, só veio no último capítulo, em 6 de janeiro de 1989, mantendo o suspense por semanas. A estratégia dos autores de adiar a decisão sobre o culpado garantiu que o mistério permanecesse vivo, com o público criando teorias e bolões para tentar acertar o desfecho.
No remake, a autora Manuela Dias já confirmou que Leila, agora vivida por Carolina Dieckmann, não será a assassina. A mudança busca surpreender tanto os fãs da versão original quanto os novos espectadores. A nova Leila terá um arco mais complexo, explorando sua dubiedade e conflitos internos. A decisão de alterar o culpado reflete a intenção de manter o mistério fresco, mas também aumenta a pressão sobre a produção para entregar um desfecho à altura do original.
- Momentos-chave do assassinato na versão original:
- Data da morte: 24 de dezembro de 1988.
- Culpada: Leila, interpretada por Cássia Kis.
- Motivo: Ciúmes, atirando por engano em Odete.
- Audiência: 81 pontos no capítulo da morte.
O legado de Odete Roitman
Odete Roitman transcendeu a ficção para se tornar um símbolo da televisão brasileira. Sua combinação de arrogância, preconceito e carisma a colocou ao lado de outras vilãs icônicas, como Nazaré Tedesco, de Senhora do Destino, e Carminha, de Avenida Brasil. A personagem, no entanto, era mais do que uma antagonista. Ela representava os valores de uma elite que chocava o público, mas também expunha as contradições de um Brasil em transformação. Suas falas, muitas vezes politicamente incorretas, geraram debates sobre racismo e classismo, com o autor Gilberto Braga defendendo que eram uma crítica ao preconceito.
O impacto de Odete foi tão grande que até hoje seu nome é sinônimo de vilania. A pergunta “quem matou Odete Roitman?” tornou-se uma referência cultural, citada em conversas, memes e até em posts no X, onde usuários relembram o mistério com humor e nostalgia. A novela também influenciou outras produções, com o formato de “quem matou?” sendo replicado em tramas como A Próxima Vítima e Avenida Brasil. O sucesso de Vale Tudo, com sua mistura de suspense e crítica social, consolidou o poder das telenovelas como reflexo da sociedade.
No remake, a Globo aposta na relevância desses temas. A nova Odete, vivida por Débora Bloch, manterá o perfil preconceituoso, mas com atualizações para refletir os debates atuais sobre desigualdade e poder. A escolha de um novo assassino e a reformulação de personagens como Leila mostram o cuidado da produção em respeitar o legado da original, mas também em trazer novidade. A expectativa é que o mistério volte a mobilizar o público, recriando o fenômeno de 1988 em um contexto digital, com redes sociais amplificando as discussões.
Desafios do remake
Recriar uma novela como Vale Tudo é uma tarefa ousada. A original, considerada uma das melhores da história da teledramaturgia, tem um peso cultural que coloca pressão sobre a nova produção. A escolha de Débora Bloch para Odete Roitman foi bem recebida, mas a comparação com Beatriz Segall é inevitável. Bloch, com uma carreira sólida em novelas como Avenida Brasil e Justiça, traz experiência, mas precisará equilibrar a essência da personagem com uma abordagem contemporânea.
A atualização da trama também enfrenta desafios. A proposta de “humanizar” Odete, mencionada por Manuela Dias, gerou críticas nas redes sociais, com fãs temendo que a vilã perca sua força. A autora defendeu que a personagem será adaptada para refletir os tempos atuais, mantendo seu caráter provocador. Além disso, a Globo precisará lidar com a sensibilidade do público moderno, que exige representatividade e cuidado com temas como racismo e classismo, presentes nas falas de Odete.
O elenco estelar é um dos trunfos da produção. Taís Araújo, como Raquel, traz a força de uma protagonista que representa a honestidade em um mundo corrupto. Bella Campos, em seu primeiro grande papel, terá o desafio de recriar Maria de Fátima, uma das vilãs mais odiadas da TV. Paolla Oliveira, como Heleninha, promete explorar a complexidade de uma personagem marcada por vícios e traumas. A direção de Paulo Silvestrini, conhecido por trabalhos como A Força do Querer, garante um olhar moderno para a trama.
A expectativa para 2025
A estreia do remake de Vale Tudo, marcada para 31 de março de 2025, já gera grande expectativa. A Globo aposta no sucesso da novela para repetir o impacto cultural da original, em um momento em que as telenovelas enfrentam concorrência com streaming e redes sociais. A escolha de manter o mistério do assassinato, mas com um novo culpado, é uma estratégia para atrair tanto os fãs da versão de 1988 quanto uma nova geração de espectadores.
A produção investe em uma abordagem visual moderna, com cenários que refletem o Brasil atual, mas sem perder a essência da trama original. A música “Brasil”, de Gal Costa, que marcou a abertura da primeira versão, foi confirmada no remake, reforçando a conexão com o passado. As gravações, iniciadas no final de 2024, incluem locações no Rio de Janeiro, recriando a atmosfera da elite carioca que Odete Roitman representava.
O mistério de “quem matou Odete Roitman?” promete dominar as redes sociais, com debates e teorias circulando no X e outras plataformas. A Globo planeja campanhas interativas, como enquetes e promoções, para engajar o público, replicando o fenômeno dos bolões de 1988. A novela também será disponibilizada no Globoplay, permitindo que os espectadores assistam no ritmo que preferirem, uma novidade em relação à exibição linear da original.
- Cronograma do remake de Vale Tudo:
- Anúncio do elenco: Outubro de 2024, no Upfront 2025.
- Início das gravações: Final de 2024.
- Estreia: 31 de março de 2025, às 21h20.
- Total de capítulos: 174, com exibição até o final de 2025.
A nova versão de Vale Tudo carrega o desafio de honrar um clássico enquanto se conecta com o público atual. O assassinato de Odete Roitman, que parou o Brasil em 1988, volta a ser o centro das atenções, prometendo reacender a paixão pelas telenovelas e reafirmar o poder de uma boa história. Com um elenco de peso, uma autora experiente e uma produção caprichada, a Globo aposta que a pergunta “quem matou Odete Roitman?” continuará ecoando por gerações.
