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28 Apr 2025, Mon

Choro de Cássio e recusa de Tite: início do Brasileirão reabre debate sobre saúde mental no futebol




Semana da sexta rodada da competição é marcada por posicionamentos e alertas sobre críticas exacerbadas direcionadas aos jogadores Cássio chora após bom jogo pelo Cruzeiro e desabafa sobre críticas: “O ser humano está ficando doente”
O choro de Cássio após a vitória do Corinthians sobre o Vasco e a recusa de Tite ao convite para treinar o Corinthians reabriram a discussão sobre saúde mental no futebol brasileiro. Uma discussão que ganhou força em abril, pouco depois do início de duas das grandes competições da temporada para os principais times do Brasil: a Libertadores e o Brasileirão – e, junto com elas, a pressão por desempenho e entrega de resultados imediatos.

Ex-treinador do Flamengo e da Seleção, Tite foi o personagem principal do retorno do tema ao debate e às manchetes. O técnico alegou problemas de saúde mental, além de questões físicas, para recusar a proposta de assumir o cargo no Corinthians, na semana passada.
Tite anuncia pausa na carreira
Praticamente acertado para retornar ao Corinthians, Tite sofreu uma crise de ansiedade na última segunda-feira (21). Após o incidente, o técnico concluiu que não estava em condições de voltar a trabalhar neste momento. Em nota oficial, o treinador afirmou que conversou com a família e decidiu interromper a carreira por tempo indeterminado para cuidar de questões de saúde mental e física, sem dar maiores detalhes.
Torcida do Flamengo protesta contra Tite
André Durão/ge
‘Entendi que existem momentos em que é preciso compreender que, como ser humano, posso ser vulnerável e admitir isso certamente irá me tornar mais forte’, escreveu o treinador, em um trecho da nota.
Comandado por Tite entre 2016 e 2022, na Seleção, o zagueiro Danilo se solidarizou com a situação do treinador. Na última sexta-feira (25), o defensor do Flamengo revelou que já atravessou problemas de saúde mental e pediu um debate mais amplo sobre a saúde mental no futebol, começando pelas categorias de base.
— É um tema muito sensível e que às vezes não damos o valor necessário. Eu, há mais ou menos três ou quatro anos, passei por um episódio dessa maneira. Também sofri com crise de ansiedade em momentos de dificuldade psicológica. Não é nada agradável de sentir e, mais difícil ainda, de passar. Penso que isso pode ser uma oportunidade para olharmos o esporte de alto rendimento de uma maneira diferente. Acredito que nós, atletas, principalmente os de maior poder financeiro, ou de uma voz de alcance maior, temos condições de buscar ajuda por nós mesmos. Ou uma consciência de entender que precisamos de ajuda na maioria das vezes. Podemos buscar profissionais e estruturas que possam nos ajudar — disse o zagueiro, em entrevista coletiva no Ninho do Urubu.
Danilo em entrevista coletiva no Flamengo
Adriano Fontes / Flamengo
‘Tentar desenvolver um trabalho onde a gente valorize o ser humano primeiramente, antes do atleta de futebol. Até porque o atleta de futebol só vai existir e performar na potência se ele estiver bem e equilibrado’, analisou o zagueiro, em outro trecho da coletiva.
Desabafo de Cássio
Neste domingo, o goleiro Cássio foi às lágrimas no gramado do Parque do Sabiá após a boa atuação que teve na vitória do Cruzeiro sobre o Vasco, por 1 a 0, em Uberlândia. O veterano explicou o choro e fez um forte desabafo sobre as críticas que vem sofrendo por atuações recentes.
“A gente é ser humano, erramos e acertamos. Nunca fui de me omitir sobre as coisas, mas a gente vive momentos em que as pessoas se preocupam mais em dar pedradas, tentar humilhar as pessoas. Vamos ficar doentes, o ser humano está ficando doente.”
Emocionado, Cássio chora após vitória do Cruzeiro contra o Vasco
Na sequência, Cássio ressaltou a importância de pensar sobre a saúde mental dos jogadores.
— Muitas vezes falam sobre os altos salários (para minimizar problemas de saúde mental). Se fosse assim, as pessoas bem-sucedidas não morreriam e nem teriam problemas. A crítica faz parte, elas me fizeram evoluir como pessoa e como atleta, mas estamos passando dos limites. Estamos preocupados em que dê algo errado, mais do que torcendo que as coisas deem certo, para humilhar as pessoas. Que a gente possa dar mais uma resposta positiva — completou.
Blindagem dos treinadores
Seleção Sportv repercute falas de Filipe Luís sobre alerta às críticas de redes sociais
A rodada deste domingo de Brasileirão também teve outra fala sobre o tema. Desta vez, Filipe Luís alertou sobre o cuidado com as cobranças externas no futebol. Depois da goleada do Flamengo por 4 a 0 contra o Corinthians, no Maracanã, o treinador externou sua opinião sobre alguns comentários em respeito aos jogadores do Rubro-Negro nas redes sociais.
— Não vamos fazer gol todos os jogos, é evidente. Mas eu conheço o Flamengo. Quando não fazemos gols, como o Vasco, a torcida ou analistas de Youtube começam a achar um culpado. É o Gerson no ataque, Bruno Henrique, Michael não pode jogar mais… E aí torcedor consome isso, por isso falo: não consumam isso. Quando não fazemos gols, os jogadores são os primeiros a se cobrar, querer melhorar. Esse time já deu muitas alegrias, é o time mais goleador de 2025 — disse Filipe, em um dos trechos da sua fala.
Filipe Luís em coletiva de imprensa, após Flamengo x Corinthians
Letícia Marques
Antes do treinador do Flamengo, Abel Ferreira, técnico do Palmeiras, já havia se manifestado sobre a mesma pauta, após a vitória do Palmeiras por 3 a 2 sobre o Bolívar, na altitude de La Paz, pela fase de grupos da Libertadores, na quinta-feira passada. Em entrevista coletiva, ele alertou sobre os elogios que, segundo ele, chegariam aos jogadores por causa da vitória, esfriando a empolgação com o momento.
— Se me permite, tenho que pôr gelo na imprensa, porque os mesmos que vão elogiar agora são os mesmos que nos rasgaram no Paulista e ainda fomos à final. Nossa força é que sabemos o que fizemos. E tudo leva tempo. Mesmo com os lesionados, fizemos o Paulistão sem nenhum reforço e fomos muito bem. Aos jogadores, falo para não lerem o que escrevem, porque agora vão ser muitos elogios. É armadilha. Quando deixam massagear nosso ego, é um perigo — disse.
Abel Ferreira em Bolívar x Palmeiras
Cesar Greco/Palmeiras
Antes de Filipe Luís, Abel Ferreira, técnico do Palmeiras, já havia se manifestado sobre a mesma pauta. Após a vitória do Palmeiras por 3 a 2 sobre o Bolívar, na altitude de La Paz, pela fase de grupos da Libertadores, na quinta-feira, dia 24.
Em sua entrevista coletiva, Abel alertou sobre os elogios que, segundo ele, chegariam aos jogadores por conta da vitória, esfriando a empolgação com o momento.
— Aos meus jogadores, eu vou dizer exatamente isso: ‘não leiam o que escrevem, porque agora vão nos encher o ego, de armadilhas, nós somos os mesmos, não mudou. Sabem quando deixamos que massageiem o ego? Isso é um perigo’. Então, a vocês e aos jogadores, não leiam o que estão escrevendo, pois são os mesmos que nos rasgaram. Vocês, nós, todos! Então, calma, gelo. Nem éramos tudo aquilo que

* Estagiário sob supervisão de Marcelo Baltar


Semana da sexta rodada da competição é marcada por posicionamentos e alertas sobre críticas exacerbadas direcionadas aos jogadores Cássio chora após bom jogo pelo Cruzeiro e desabafa sobre críticas: “O ser humano está ficando doente”
O choro de Cássio após a vitória do Corinthians sobre o Vasco e a recusa de Tite ao convite para treinar o Corinthians reabriram a discussão sobre saúde mental no futebol brasileiro. Uma discussão que ganhou força em abril, pouco depois do início de duas das grandes competições da temporada para os principais times do Brasil: a Libertadores e o Brasileirão – e, junto com elas, a pressão por desempenho e entrega de resultados imediatos.

Ex-treinador do Flamengo e da Seleção, Tite foi o personagem principal do retorno do tema ao debate e às manchetes. O técnico alegou problemas de saúde mental, além de questões físicas, para recusar a proposta de assumir o cargo no Corinthians, na semana passada.
Tite anuncia pausa na carreira
Praticamente acertado para retornar ao Corinthians, Tite sofreu uma crise de ansiedade na última segunda-feira (21). Após o incidente, o técnico concluiu que não estava em condições de voltar a trabalhar neste momento. Em nota oficial, o treinador afirmou que conversou com a família e decidiu interromper a carreira por tempo indeterminado para cuidar de questões de saúde mental e física, sem dar maiores detalhes.
Torcida do Flamengo protesta contra Tite
André Durão/ge
‘Entendi que existem momentos em que é preciso compreender que, como ser humano, posso ser vulnerável e admitir isso certamente irá me tornar mais forte’, escreveu o treinador, em um trecho da nota.
Comandado por Tite entre 2016 e 2022, na Seleção, o zagueiro Danilo se solidarizou com a situação do treinador. Na última sexta-feira (25), o defensor do Flamengo revelou que já atravessou problemas de saúde mental e pediu um debate mais amplo sobre a saúde mental no futebol, começando pelas categorias de base.
— É um tema muito sensível e que às vezes não damos o valor necessário. Eu, há mais ou menos três ou quatro anos, passei por um episódio dessa maneira. Também sofri com crise de ansiedade em momentos de dificuldade psicológica. Não é nada agradável de sentir e, mais difícil ainda, de passar. Penso que isso pode ser uma oportunidade para olharmos o esporte de alto rendimento de uma maneira diferente. Acredito que nós, atletas, principalmente os de maior poder financeiro, ou de uma voz de alcance maior, temos condições de buscar ajuda por nós mesmos. Ou uma consciência de entender que precisamos de ajuda na maioria das vezes. Podemos buscar profissionais e estruturas que possam nos ajudar — disse o zagueiro, em entrevista coletiva no Ninho do Urubu.
Danilo em entrevista coletiva no Flamengo
Adriano Fontes / Flamengo
‘Tentar desenvolver um trabalho onde a gente valorize o ser humano primeiramente, antes do atleta de futebol. Até porque o atleta de futebol só vai existir e performar na potência se ele estiver bem e equilibrado’, analisou o zagueiro, em outro trecho da coletiva.
Desabafo de Cássio
Neste domingo, o goleiro Cássio foi às lágrimas no gramado do Parque do Sabiá após a boa atuação que teve na vitória do Cruzeiro sobre o Vasco, por 1 a 0, em Uberlândia. O veterano explicou o choro e fez um forte desabafo sobre as críticas que vem sofrendo por atuações recentes.
“A gente é ser humano, erramos e acertamos. Nunca fui de me omitir sobre as coisas, mas a gente vive momentos em que as pessoas se preocupam mais em dar pedradas, tentar humilhar as pessoas. Vamos ficar doentes, o ser humano está ficando doente.”
Emocionado, Cássio chora após vitória do Cruzeiro contra o Vasco
Na sequência, Cássio ressaltou a importância de pensar sobre a saúde mental dos jogadores.
— Muitas vezes falam sobre os altos salários (para minimizar problemas de saúde mental). Se fosse assim, as pessoas bem-sucedidas não morreriam e nem teriam problemas. A crítica faz parte, elas me fizeram evoluir como pessoa e como atleta, mas estamos passando dos limites. Estamos preocupados em que dê algo errado, mais do que torcendo que as coisas deem certo, para humilhar as pessoas. Que a gente possa dar mais uma resposta positiva — completou.
Blindagem dos treinadores
Seleção Sportv repercute falas de Filipe Luís sobre alerta às críticas de redes sociais
A rodada deste domingo de Brasileirão também teve outra fala sobre o tema. Desta vez, Filipe Luís alertou sobre o cuidado com as cobranças externas no futebol. Depois da goleada do Flamengo por 4 a 0 contra o Corinthians, no Maracanã, o treinador externou sua opinião sobre alguns comentários em respeito aos jogadores do Rubro-Negro nas redes sociais.
— Não vamos fazer gol todos os jogos, é evidente. Mas eu conheço o Flamengo. Quando não fazemos gols, como o Vasco, a torcida ou analistas de Youtube começam a achar um culpado. É o Gerson no ataque, Bruno Henrique, Michael não pode jogar mais… E aí torcedor consome isso, por isso falo: não consumam isso. Quando não fazemos gols, os jogadores são os primeiros a se cobrar, querer melhorar. Esse time já deu muitas alegrias, é o time mais goleador de 2025 — disse Filipe, em um dos trechos da sua fala.
Filipe Luís em coletiva de imprensa, após Flamengo x Corinthians
Letícia Marques
Antes do treinador do Flamengo, Abel Ferreira, técnico do Palmeiras, já havia se manifestado sobre a mesma pauta, após a vitória do Palmeiras por 3 a 2 sobre o Bolívar, na altitude de La Paz, pela fase de grupos da Libertadores, na quinta-feira passada. Em entrevista coletiva, ele alertou sobre os elogios que, segundo ele, chegariam aos jogadores por causa da vitória, esfriando a empolgação com o momento.
— Se me permite, tenho que pôr gelo na imprensa, porque os mesmos que vão elogiar agora são os mesmos que nos rasgaram no Paulista e ainda fomos à final. Nossa força é que sabemos o que fizemos. E tudo leva tempo. Mesmo com os lesionados, fizemos o Paulistão sem nenhum reforço e fomos muito bem. Aos jogadores, falo para não lerem o que escrevem, porque agora vão ser muitos elogios. É armadilha. Quando deixam massagear nosso ego, é um perigo — disse.
Abel Ferreira em Bolívar x Palmeiras
Cesar Greco/Palmeiras
Antes de Filipe Luís, Abel Ferreira, técnico do Palmeiras, já havia se manifestado sobre a mesma pauta. Após a vitória do Palmeiras por 3 a 2 sobre o Bolívar, na altitude de La Paz, pela fase de grupos da Libertadores, na quinta-feira, dia 24.
Em sua entrevista coletiva, Abel alertou sobre os elogios que, segundo ele, chegariam aos jogadores por conta da vitória, esfriando a empolgação com o momento.
— Aos meus jogadores, eu vou dizer exatamente isso: ‘não leiam o que escrevem, porque agora vão nos encher o ego, de armadilhas, nós somos os mesmos, não mudou. Sabem quando deixamos que massageiem o ego? Isso é um perigo’. Então, a vocês e aos jogadores, não leiam o que estão escrevendo, pois são os mesmos que nos rasgaram. Vocês, nós, todos! Então, calma, gelo. Nem éramos tudo aquilo que

* Estagiário sob supervisão de Marcelo Baltar



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