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29 Apr 2025, Tue

iFood anuncia reajuste de 15,4% para motoboys a partir de junho, mas entregadores planejam novos protestos

Entregadores Ifood


A partir de 1º de junho de 2025, os entregadores do iFood terão um reajuste na taxa mínima de entrega, uma medida anunciada pela empresa após intensas mobilizações da categoria. O aumento, que eleva o pagamento mínimo de R$ 6,50 para R$ 7,50 para motocicletas e carros e de R$ 6,50 para R$ 7 para bicicletas, representa um acréscimo de 15,4% e 7,7%, respectivamente. Apesar da mudança, o valor por quilômetro rodado permanece inalterado em R$ 1,50, frustrando as expectativas de trabalhadores que, durante o movimento conhecido como “breque dos apps”, reivindicaram melhorias mais significativas. O anúncio ocorre em um contexto de crescente concorrência no setor de delivery, com o retorno do 99Food e rumores sobre a entrada da gigante chinesa Meituan no mercado brasileiro. A decisão, segundo a empresa, está atrelada à inflação acumulada, mas lideranças dos entregadores já planejam novos protestos, alegando que o reajuste não reflete as reais necessidades da categoria.

O movimento breque dos apps, realizado no final de março de 2025, mobilizou milhares de entregadores em 59 cidades brasileiras. A paralisação, que durou dois dias, trouxe à tona pautas como a precarização do trabalho e a necessidade de melhores condições de remuneração. Os trabalhadores exigiram uma taxa mínima de R$ 10 por corrida, um aumento no valor por quilômetro rodado para R$ 2,50, a limitação de entregas de bicicleta a um raio de 3 km e o pagamento integral de pedidos agrupados em uma mesma rota. A resposta do iFood, porém, ficou aquém das expectativas, gerando críticas entre os entregadores, que consideram a decisão unilateral e insuficiente para compensar os custos operacionais e os riscos da profissão.

Além do reajuste na taxa mínima, o iFood anunciou outras medidas para os entregadores, como a ampliação da Diária de Incapacidade Temporária de 7 para 30 dias, com um valor de R$ 1.500 em caso de acidentes que impeçam o trabalho. A indenização por morte ou invalidez também foi ajustada, passando de R$ 100 mil para R$ 120 mil. Essas mudanças, segundo a empresa, visam oferecer maior segurança aos trabalhadores, mas não acalmaram os ânimos da categoria, que segue insatisfeita com a falta de diálogo e com a manutenção do valor por quilômetro rodado.

  • Taxa mínima para motos e carros: de R$ 6,50 para R$ 7,50 (aumento de 15,4%).
  • Taxa mínima para bicicletas: de R$ 6,50 para R$ 7 (aumento de 7,7%).
  • Valor por km rodado: mantido em R$ 1,50.
  • Diária de Incapacidade Temporária: ampliada de 7 para 30 dias, com pagamento de R$ 1,500.
  • Indenização por morte ou invalidez: de R$ 100 mil para R$ 120 mil.

Contexto do reajuste e inflação

O iFood justificou o reajuste com base no acumulado do INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), que em 2024 registrou uma inflação de 4,8%. A empresa destacou que o aumento de 15,4% para motocicletas e 7,7% para bicicletas supera a inflação do período, sendo absorvido pela companhia sem repasse aos consumidores ou restaurantes. Johnny Borges, diretor de responsabilidade social do iFood, afirmou que a decisão reflete a sensibilidade da empresa com o equilíbrio do ecossistema de delivery, que inclui entregadores, restaurantes e clientes. Contudo, a manutenção do valor por quilômetro rodado em R$ 1,50, inalterado desde 2023, foi um ponto de forte crítica entre os entregadores, que argumentam que os custos com combustível, manutenção de veículos e equipamentos de segurança não acompanham o ajuste proposto.

A realidade dos entregadores no Brasil é marcada por desafios diários. Muitos trabalham longas jornadas, enfrentando trânsito intenso, condições climáticas adversas e riscos de acidentes. A profissão, que ganhou destaque durante a pandemia, tornou-se uma fonte de renda para milhares de brasileiros, mas também expôs a precarização do trabalho em plataformas digitais. Estudos recentes apontam que os ganhos médios por hora trabalhada no iFood são superiores ao salário mínimo-hora, mas os custos operacionais, como combustível e manutenção, reduzem significativamente a renda líquida dos trabalhadores. O reajuste, embora bem-vindo, não resolve questões estruturais, como a ausência de benefícios trabalhistas e a dependência de algoritmos para a distribuição de corridas.

Impacto do breque dos apps

O breque dos apps, ocorrido entre 31 de março e 1º de abril de 2025, foi uma das maiores mobilizações da categoria nos últimos anos. Em São Paulo, centenas de entregadores se reuniram na praça Charles Miller, no Pacaembu, e seguiram em direção à sede do iFood, em Osasco, exigindo diálogo com a empresa. A manifestação, escoltada por viaturas da Polícia Militar, destacou a força da categoria, que paralisou parcialmente o serviço de delivery em diversas cidades. Restaurantes, como a sorveteria Cangote Sorvetes, na Vila Buarque, optaram por fechar suas lojas virtuais durante o protesto, enquanto pedidos demoraram mais para serem entregues devido à escassez de entregadores disponíveis.

A mobilização teve como principal objetivo pressionar as empresas de delivery a atenderem as demandas dos trabalhadores. Lideranças, como Junior Freitas, reforçaram que a precarização do trabalho é uma realidade há anos, com longas jornadas e riscos constantes nas ruas. Apesar do encontro entre representantes do iFood e nove lideranças do movimento, as negociações não resultaram em avanços significativos na época. A empresa prometeu analisar as reivindicações, mas o reajuste anunciado em abril foi considerado insuficiente, reacendendo o debate sobre a necessidade de novas paralisações.

  • Principais reivindicações do breque:
    • Taxa mínima de R$ 10 por corrida.
    • Aumento do valor por km rodado para R$ 2,50.
    • Limitação de entregas de bicicleta a um raio de 3 km.
    • Pagamento integral de pedidos agrupados em uma mesma rota.

Concorrência no setor de delivery

O mercado de delivery no Brasil está em transformação, com a entrada de novos players e o retorno de concorrentes. O 99Food, serviço de entrega da 99, anunciou sua volta ao mercado brasileiro até junho de 2025, prometendo competir diretamente com o iFood. Rumores também apontam para a possível chegada da gigante chinesa Meituan, uma das maiores plataformas de delivery do mundo, que poderia investir pesado no Brasil a partir de 2026. Essas movimentações aumentam a pressão sobre o iFood, que domina o setor com uma receita de R$ 7,1 bilhões em 2023, segundo dados da Prosus, sua controladora holandesa.

A concorrência pode beneficiar os entregadores, já que novas plataformas tendem a oferecer melhores condições para atrair trabalhadores. O 99Food, por exemplo, planeja focar em parcerias com restaurantes locais e em políticas de remuneração competitiva. A possibilidade de escolha entre diferentes aplicativos dá aos entregadores maior poder de negociação, mas também exige que as empresas invistam em melhorias contínuas para reter seus trabalhadores. Nesse cenário, o reajuste do iFood pode ser visto como uma tentativa de manter a liderança no mercado, mas sem atender plenamente às demandas da categoria.

A chegada de concorrentes também levanta questões sobre a sustentabilidade do modelo de negócios das plataformas de delivery. O iFood, por exemplo, destacou que 60% dos pedidos intermediados pelo aplicativo são entregues pelos próprios restaurantes, reduzindo a dependência de entregadores autônomos. Essa estratégia, porém, não elimina a necessidade de melhorar as condições de trabalho para os entregadores, que seguem sendo peças-chave no ecossistema de delivery.

Benefícios adicionais para entregadores

Além do reajuste na taxa mínima, o iFood anunciou mudanças em seus benefícios para os entregadores. A ampliação da Diária de Incapacidade Temporária para 30 dias é uma medida que busca oferecer maior proteção em casos de acidentes, como quedas ou colisões no trânsito. O valor de R$ 1,500, pago em caso de afastamento temporário, é um incremento em relação ao modelo anterior, que limitava o benefício a 7 dias. A indenização por morte ou invalidez, agora em R$ 120 mil, também reflete o esforço da empresa em responder às críticas sobre a falta de segurança na profissão.

Essas medidas, no entanto, não abordam questões estruturais, como a ausência de direitos trabalhistas tradicionais, como férias, 13º salário ou fundo de garantia. A relação entre entregadores e plataformas como o iFood é regida por contratos de prestação de serviços, o que classifica os trabalhadores como autônomos. Essa configuração permite maior flexibilidade, mas também transfere todos os custos e riscos da atividade para os entregadores, que arcam com despesas como combustível, manutenção de veículos e equipamentos de proteção.

  • Benefícios anunciados pelo iFood:
    • Diária de Incapacidade Temporária: de 7 para 30 dias, com pagamento de R$ 1,500.
    • Indenização por morte ou invalidez: de R$ 100 mil para R$ 120 mil.
    • Rotas de bicicleta: limitadas a uma média de 4 km desde janeiro de 2025.

Perspectivas para o futuro

O reajuste anunciado pelo iFood é um passo em direção à melhoria das condições dos entregadores, mas não resolve os problemas estruturais apontados pela categoria. A insatisfação dos trabalhadores, expressa em mobilizações como o breque dos apps, indica que o diálogo entre a empresa e os entregadores precisa ser ampliado. Lideranças como Junior Freitas já sinalizam a possibilidade de novos protestos em dois meses, caso as demandas não sejam atendidas. A falta de negociação direta com a categoria é um dos principais pontos de atrito, com os entregadores criticando as decisões unilaterais da empresa.

O cenário econômico também influencia as perspectivas para o setor de delivery. Com a inflação acumulada e o aumento dos custos de vida, os entregadores enfrentam dificuldades para manter sua renda líquida. O salário mínimo nacional, ajustado para R$ 1,518 em 2025, serve como referência para muitos trabalhadores, mas os ganhos no delivery dependem diretamente do volume de corridas e das condições impostas pelas plataformas. Nesse contexto, o reajuste de 15,4% para motos e 7,7% para bicicletas, embora acima da inflação, não compensa integralmente os gastos operacionais.

A regulamentação do trabalho em plataformas digitais é outro tema em debate. A Amobitec, associação que representa o iFood e outras empresas do setor, defende a criação de regras que garantam proteção social aos trabalhadores sem comprometer a flexibilidade do modelo. Propostas em tramitação no Congresso Nacional buscam estabelecer direitos mínimos para os entregadores, como acesso a seguros e benefícios previdenciários, mas ainda não há consenso sobre o formato ideal. Enquanto isso, os entregadores continuam dependendo de mobilizações coletivas para pressionar por mudanças.

Cronograma do reajuste e mobilizações

O reajuste do iFood entra em vigor em 1º de junho de 2025, mas a categoria já planeja novas ações para os próximos meses. O calendário de mobilizações reflete a insatisfação com o aumento anunciado e a busca por melhores condições de trabalho. Abaixo, um resumo das datas-chave relacionadas ao tema:

  • 31 de março a 1º de abril de 2025: Breque dos apps, com paralisações em 59 cidades.
  • 29 de abril de 2025: Anúncio do reajuste na taxa mínima e benefícios adicionais.
  • 1º de junho de 2025: Início da aplicação do novo valor da taxa mínima.
  • Julho de 2025 (previsão): Possível nova onda de protestos, segundo lideranças.

Repercussão entre os entregadores

A notícia do reajuste gerou reações mistas entre os entregadores. Enquanto alguns reconhecem o esforço da empresa em ajustar os valores, a maioria considera o aumento insuficiente. Em redes sociais, trabalhadores expressaram frustração com a manutenção do valor por quilômetro rodado, que não acompanha a alta dos combustíveis e outros custos operacionais. Comentários em plataformas como o X destacam a importância do breque dos apps como ferramenta de pressão, mas também apontam a dificuldade de negociar com uma empresa que domina o mercado.

Junior Freitas, uma das lideranças do movimento em São Paulo, criticou a falta de margem para negociação. Segundo ele, a decisão unilateral do iFood reforça a necessidade de novas mobilizações. A organização de protestos, no entanto, enfrenta desafios, como a adesão de todos os entregadores e a repressão de ações mais radicais, como a interrupção total do serviço. Apesar disso, a categoria demonstra disposição para continuar lutando por melhores condições.

O impacto do reajuste também será sentido pelos restaurantes e consumidores. Embora o iFood tenha garantido que não repassará o aumento aos parceiros, mudanças futuras nos custos operacionais podem pressionar os preços dos pedidos. Em um mercado competitivo, a empresa precisa equilibrar a satisfação dos entregadores com a manutenção de preços acessíveis para os clientes, um desafio que se intensifica com a chegada de novos concorrentes.

Dados do setor de delivery

O setor de delivery no Brasil cresceu exponencialmente nos últimos anos, impulsionado pela pandemia e pela digitalização do consumo. Em 2023, o iFood gerou uma receita de R$ 7,1 bilhões, consolidando sua posição como líder na América Latina. A empresa também registrou um aumento de 37% na entrada de novos restaurantes em janeiro de 2025, em comparação com o mesmo período de 2024. Esses números refletem a força do mercado, mas também a dependência de entregadores para sustentar o modelo de negócios.

Estima-se que cerca de 200 mil entregadores atuem no iFood no Brasil, a maioria como autônomos. A flexibilidade do trabalho atrai muitos trabalhadores, mas a falta de direitos trabalhistas e a instabilidade de renda são críticas frequentes. Pesquisas realizadas pelo Cebrap em 2023 indicam que os ganhos líquidos por hora trabalhada no iFood são 2,2 vezes superiores ao salário mínimo-hora, mas os custos com manutenção e combustível reduzem significativamente essa margem. O reajuste de 2025, embora positivo, não altera esse cenário de forma estrutural.

A concorrência no setor também está aquecida. Além do 99Food, que retorna com a promessa de melhores condições para entregadores e restaurantes, a possível entrada da Meituan pode transformar o mercado. A gigante chinesa, que opera em mais de 2.800 cidades na China, tem expertise em logística e tecnologia, o que pode desafiar a dominância do iFood. Para os entregadores, essa competição pode significar mais opções de trabalho, mas também exige que as plataformas invistam em melhorias contínuas para manter sua base de trabalhadores.

Desafios da profissão de entregador

Ser entregador por aplicativo no Brasil é uma atividade marcada por riscos e desafios. Acidentes de trânsito, exposição a condições climáticas adversas e a pressão por entregas rápidas são parte do cotidiano dos trabalhadores. Em 2024, o iFood registrou 148 denúncias de racismo contra entregadores, um problema que adiciona uma camada de dificuldade à profissão. A empresa implementou medidas para combater a discriminação, como a suspensão de clientes envolvidos em casos confirmados, mas os trabalhadores ainda relatam episódios de desrespeito.

Os custos operacionais também são um obstáculo significativo. Para os motoboys, despesas com combustível, manutenção da motocicleta e equipamentos de segurança, como capacetes e botas, consomem uma parte considerável da renda. Para os ciclistas, o desgaste físico e a limitação de rotas mais longas são desafios adicionais. A decisão do iFood de limitar as rotas de bicicleta a uma média de 4 km desde janeiro de 2025 foi bem recebida, mas os entregadores pedem uma redução ainda maior, para 3 km, para tornar o trabalho mais sustentável.

A precarização do trabalho em plataformas digitais é um tema em debate global. No Brasil, a ausência de regulamentação específica para os entregadores cria um vácuo jurídico, deixando os trabalhadores sem acesso a direitos básicos. Propostas de lei em tramitação no Congresso buscam mudar esse cenário, mas enfrentam resistência de empresas que defendem a flexibilidade do modelo atual. Enquanto isso, os entregadores dependem de mobilizações coletivas para pressionar por mudanças, como o breque dos apps, que demonstrou a força da categoria.

Possíveis impactos econômicos

O reajuste do iFood, embora absorvido pela empresa, pode ter efeitos indiretos no ecossistema de delivery. Restaurantes, que já lidam com margens apertadas, podem enfrentar pressões adicionais se os custos operacionais aumentarem no futuro. Consumidores, por sua vez, podem sentir o impacto em preços mais altos, especialmente em um contexto de inflação acumulada. O INPC, que serve como base para o reajuste, registrou 4,8% em 2024, mas os custos de vida, incluindo alimentação e transporte, continuam desafiando o orçamento das famílias brasileiras.

A concorrência no setor também pode influenciar os preços. Plataformas como o 99Food, que planejam oferecer taxas mais competitivas para restaurantes, podem forçar o iFood a rever sua estratégia. Para os entregadores, a entrada de novos players é uma oportunidade de negociar melhores condições, mas também aumenta a pressão por produtividade, já que a oferta de corridas pode se diluir entre diferentes aplicativos. Nesse cenário, a capacidade do iFood de equilibrar os interesses de entregadores, restaurantes e consumidores será crucial para manter sua liderança.

A economia brasileira, que enfrenta desafios como o aumento do salário mínimo para R$ 1,518 em 2025 e a alta dos combustíveis, também influencia o setor de delivery. Os entregadores, que dependem de uma renda variável, são particularmente vulneráveis a essas mudanças. O reajuste de 15,4% para motos e 7,7% para bicicletas, embora positivo, não acompanha integralmente a escalada dos custos operacionais, o que reforça a necessidade de medidas mais robustas para apoiar a categoria.

Mobilizações futuras

A possibilidade de novos protestos, prevista para julho de 2025, reflete a insatisfação dos entregadores com o reajuste atual. Lideranças da categoria, como Junior Freitas, destacam que a falta de diálogo com o iFood é um obstáculo para avanços significativos. A organização de paralisações exige coordenação entre milhares de trabalhadores em diferentes cidades, o que representa um desafio logístico e político. Apesar disso, o breque dos apps demonstrou que a categoria tem força para impactar o funcionamento das plataformas, mesmo que temporariamente.

A adesão a novos protestos dependerá de fatores como a resposta do iFood às críticas atuais e a entrada de concorrentes no mercado. Plataformas como o 99Food podem atrair entregadores descontentes, mas também exigirão que os trabalhadores se adaptem a novos sistemas e algoritmos. A Meituan, caso confirme sua entrada no Brasil, pode intensificar a competição, mas sua chegada ainda é incerta. Enquanto isso, os entregadores seguem buscando formas de pressionar por melhores condições, seja por meio de paralisações, negociações ou apoio a propostas de regulamentação.

A história do breque dos apps é um exemplo de como a mobilização coletiva pode trazer mudanças, mesmo que parciais. O reajuste de 2025, embora insuficiente, é um reflexo da pressão exercida pela categoria. Para os entregadores, a luta por melhores condições de trabalho é uma maratona, que exige persistência e organização em um setor em constante transformação.



A partir de 1º de junho de 2025, os entregadores do iFood terão um reajuste na taxa mínima de entrega, uma medida anunciada pela empresa após intensas mobilizações da categoria. O aumento, que eleva o pagamento mínimo de R$ 6,50 para R$ 7,50 para motocicletas e carros e de R$ 6,50 para R$ 7 para bicicletas, representa um acréscimo de 15,4% e 7,7%, respectivamente. Apesar da mudança, o valor por quilômetro rodado permanece inalterado em R$ 1,50, frustrando as expectativas de trabalhadores que, durante o movimento conhecido como “breque dos apps”, reivindicaram melhorias mais significativas. O anúncio ocorre em um contexto de crescente concorrência no setor de delivery, com o retorno do 99Food e rumores sobre a entrada da gigante chinesa Meituan no mercado brasileiro. A decisão, segundo a empresa, está atrelada à inflação acumulada, mas lideranças dos entregadores já planejam novos protestos, alegando que o reajuste não reflete as reais necessidades da categoria.

O movimento breque dos apps, realizado no final de março de 2025, mobilizou milhares de entregadores em 59 cidades brasileiras. A paralisação, que durou dois dias, trouxe à tona pautas como a precarização do trabalho e a necessidade de melhores condições de remuneração. Os trabalhadores exigiram uma taxa mínima de R$ 10 por corrida, um aumento no valor por quilômetro rodado para R$ 2,50, a limitação de entregas de bicicleta a um raio de 3 km e o pagamento integral de pedidos agrupados em uma mesma rota. A resposta do iFood, porém, ficou aquém das expectativas, gerando críticas entre os entregadores, que consideram a decisão unilateral e insuficiente para compensar os custos operacionais e os riscos da profissão.

Além do reajuste na taxa mínima, o iFood anunciou outras medidas para os entregadores, como a ampliação da Diária de Incapacidade Temporária de 7 para 30 dias, com um valor de R$ 1.500 em caso de acidentes que impeçam o trabalho. A indenização por morte ou invalidez também foi ajustada, passando de R$ 100 mil para R$ 120 mil. Essas mudanças, segundo a empresa, visam oferecer maior segurança aos trabalhadores, mas não acalmaram os ânimos da categoria, que segue insatisfeita com a falta de diálogo e com a manutenção do valor por quilômetro rodado.

  • Taxa mínima para motos e carros: de R$ 6,50 para R$ 7,50 (aumento de 15,4%).
  • Taxa mínima para bicicletas: de R$ 6,50 para R$ 7 (aumento de 7,7%).
  • Valor por km rodado: mantido em R$ 1,50.
  • Diária de Incapacidade Temporária: ampliada de 7 para 30 dias, com pagamento de R$ 1,500.
  • Indenização por morte ou invalidez: de R$ 100 mil para R$ 120 mil.

Contexto do reajuste e inflação

O iFood justificou o reajuste com base no acumulado do INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), que em 2024 registrou uma inflação de 4,8%. A empresa destacou que o aumento de 15,4% para motocicletas e 7,7% para bicicletas supera a inflação do período, sendo absorvido pela companhia sem repasse aos consumidores ou restaurantes. Johnny Borges, diretor de responsabilidade social do iFood, afirmou que a decisão reflete a sensibilidade da empresa com o equilíbrio do ecossistema de delivery, que inclui entregadores, restaurantes e clientes. Contudo, a manutenção do valor por quilômetro rodado em R$ 1,50, inalterado desde 2023, foi um ponto de forte crítica entre os entregadores, que argumentam que os custos com combustível, manutenção de veículos e equipamentos de segurança não acompanham o ajuste proposto.

A realidade dos entregadores no Brasil é marcada por desafios diários. Muitos trabalham longas jornadas, enfrentando trânsito intenso, condições climáticas adversas e riscos de acidentes. A profissão, que ganhou destaque durante a pandemia, tornou-se uma fonte de renda para milhares de brasileiros, mas também expôs a precarização do trabalho em plataformas digitais. Estudos recentes apontam que os ganhos médios por hora trabalhada no iFood são superiores ao salário mínimo-hora, mas os custos operacionais, como combustível e manutenção, reduzem significativamente a renda líquida dos trabalhadores. O reajuste, embora bem-vindo, não resolve questões estruturais, como a ausência de benefícios trabalhistas e a dependência de algoritmos para a distribuição de corridas.

Impacto do breque dos apps

O breque dos apps, ocorrido entre 31 de março e 1º de abril de 2025, foi uma das maiores mobilizações da categoria nos últimos anos. Em São Paulo, centenas de entregadores se reuniram na praça Charles Miller, no Pacaembu, e seguiram em direção à sede do iFood, em Osasco, exigindo diálogo com a empresa. A manifestação, escoltada por viaturas da Polícia Militar, destacou a força da categoria, que paralisou parcialmente o serviço de delivery em diversas cidades. Restaurantes, como a sorveteria Cangote Sorvetes, na Vila Buarque, optaram por fechar suas lojas virtuais durante o protesto, enquanto pedidos demoraram mais para serem entregues devido à escassez de entregadores disponíveis.

A mobilização teve como principal objetivo pressionar as empresas de delivery a atenderem as demandas dos trabalhadores. Lideranças, como Junior Freitas, reforçaram que a precarização do trabalho é uma realidade há anos, com longas jornadas e riscos constantes nas ruas. Apesar do encontro entre representantes do iFood e nove lideranças do movimento, as negociações não resultaram em avanços significativos na época. A empresa prometeu analisar as reivindicações, mas o reajuste anunciado em abril foi considerado insuficiente, reacendendo o debate sobre a necessidade de novas paralisações.

  • Principais reivindicações do breque:
    • Taxa mínima de R$ 10 por corrida.
    • Aumento do valor por km rodado para R$ 2,50.
    • Limitação de entregas de bicicleta a um raio de 3 km.
    • Pagamento integral de pedidos agrupados em uma mesma rota.

Concorrência no setor de delivery

O mercado de delivery no Brasil está em transformação, com a entrada de novos players e o retorno de concorrentes. O 99Food, serviço de entrega da 99, anunciou sua volta ao mercado brasileiro até junho de 2025, prometendo competir diretamente com o iFood. Rumores também apontam para a possível chegada da gigante chinesa Meituan, uma das maiores plataformas de delivery do mundo, que poderia investir pesado no Brasil a partir de 2026. Essas movimentações aumentam a pressão sobre o iFood, que domina o setor com uma receita de R$ 7,1 bilhões em 2023, segundo dados da Prosus, sua controladora holandesa.

A concorrência pode beneficiar os entregadores, já que novas plataformas tendem a oferecer melhores condições para atrair trabalhadores. O 99Food, por exemplo, planeja focar em parcerias com restaurantes locais e em políticas de remuneração competitiva. A possibilidade de escolha entre diferentes aplicativos dá aos entregadores maior poder de negociação, mas também exige que as empresas invistam em melhorias contínuas para reter seus trabalhadores. Nesse cenário, o reajuste do iFood pode ser visto como uma tentativa de manter a liderança no mercado, mas sem atender plenamente às demandas da categoria.

A chegada de concorrentes também levanta questões sobre a sustentabilidade do modelo de negócios das plataformas de delivery. O iFood, por exemplo, destacou que 60% dos pedidos intermediados pelo aplicativo são entregues pelos próprios restaurantes, reduzindo a dependência de entregadores autônomos. Essa estratégia, porém, não elimina a necessidade de melhorar as condições de trabalho para os entregadores, que seguem sendo peças-chave no ecossistema de delivery.

Benefícios adicionais para entregadores

Além do reajuste na taxa mínima, o iFood anunciou mudanças em seus benefícios para os entregadores. A ampliação da Diária de Incapacidade Temporária para 30 dias é uma medida que busca oferecer maior proteção em casos de acidentes, como quedas ou colisões no trânsito. O valor de R$ 1,500, pago em caso de afastamento temporário, é um incremento em relação ao modelo anterior, que limitava o benefício a 7 dias. A indenização por morte ou invalidez, agora em R$ 120 mil, também reflete o esforço da empresa em responder às críticas sobre a falta de segurança na profissão.

Essas medidas, no entanto, não abordam questões estruturais, como a ausência de direitos trabalhistas tradicionais, como férias, 13º salário ou fundo de garantia. A relação entre entregadores e plataformas como o iFood é regida por contratos de prestação de serviços, o que classifica os trabalhadores como autônomos. Essa configuração permite maior flexibilidade, mas também transfere todos os custos e riscos da atividade para os entregadores, que arcam com despesas como combustível, manutenção de veículos e equipamentos de proteção.

  • Benefícios anunciados pelo iFood:
    • Diária de Incapacidade Temporária: de 7 para 30 dias, com pagamento de R$ 1,500.
    • Indenização por morte ou invalidez: de R$ 100 mil para R$ 120 mil.
    • Rotas de bicicleta: limitadas a uma média de 4 km desde janeiro de 2025.

Perspectivas para o futuro

O reajuste anunciado pelo iFood é um passo em direção à melhoria das condições dos entregadores, mas não resolve os problemas estruturais apontados pela categoria. A insatisfação dos trabalhadores, expressa em mobilizações como o breque dos apps, indica que o diálogo entre a empresa e os entregadores precisa ser ampliado. Lideranças como Junior Freitas já sinalizam a possibilidade de novos protestos em dois meses, caso as demandas não sejam atendidas. A falta de negociação direta com a categoria é um dos principais pontos de atrito, com os entregadores criticando as decisões unilaterais da empresa.

O cenário econômico também influencia as perspectivas para o setor de delivery. Com a inflação acumulada e o aumento dos custos de vida, os entregadores enfrentam dificuldades para manter sua renda líquida. O salário mínimo nacional, ajustado para R$ 1,518 em 2025, serve como referência para muitos trabalhadores, mas os ganhos no delivery dependem diretamente do volume de corridas e das condições impostas pelas plataformas. Nesse contexto, o reajuste de 15,4% para motos e 7,7% para bicicletas, embora acima da inflação, não compensa integralmente os gastos operacionais.

A regulamentação do trabalho em plataformas digitais é outro tema em debate. A Amobitec, associação que representa o iFood e outras empresas do setor, defende a criação de regras que garantam proteção social aos trabalhadores sem comprometer a flexibilidade do modelo. Propostas em tramitação no Congresso Nacional buscam estabelecer direitos mínimos para os entregadores, como acesso a seguros e benefícios previdenciários, mas ainda não há consenso sobre o formato ideal. Enquanto isso, os entregadores continuam dependendo de mobilizações coletivas para pressionar por mudanças.

Cronograma do reajuste e mobilizações

O reajuste do iFood entra em vigor em 1º de junho de 2025, mas a categoria já planeja novas ações para os próximos meses. O calendário de mobilizações reflete a insatisfação com o aumento anunciado e a busca por melhores condições de trabalho. Abaixo, um resumo das datas-chave relacionadas ao tema:

  • 31 de março a 1º de abril de 2025: Breque dos apps, com paralisações em 59 cidades.
  • 29 de abril de 2025: Anúncio do reajuste na taxa mínima e benefícios adicionais.
  • 1º de junho de 2025: Início da aplicação do novo valor da taxa mínima.
  • Julho de 2025 (previsão): Possível nova onda de protestos, segundo lideranças.

Repercussão entre os entregadores

A notícia do reajuste gerou reações mistas entre os entregadores. Enquanto alguns reconhecem o esforço da empresa em ajustar os valores, a maioria considera o aumento insuficiente. Em redes sociais, trabalhadores expressaram frustração com a manutenção do valor por quilômetro rodado, que não acompanha a alta dos combustíveis e outros custos operacionais. Comentários em plataformas como o X destacam a importância do breque dos apps como ferramenta de pressão, mas também apontam a dificuldade de negociar com uma empresa que domina o mercado.

Junior Freitas, uma das lideranças do movimento em São Paulo, criticou a falta de margem para negociação. Segundo ele, a decisão unilateral do iFood reforça a necessidade de novas mobilizações. A organização de protestos, no entanto, enfrenta desafios, como a adesão de todos os entregadores e a repressão de ações mais radicais, como a interrupção total do serviço. Apesar disso, a categoria demonstra disposição para continuar lutando por melhores condições.

O impacto do reajuste também será sentido pelos restaurantes e consumidores. Embora o iFood tenha garantido que não repassará o aumento aos parceiros, mudanças futuras nos custos operacionais podem pressionar os preços dos pedidos. Em um mercado competitivo, a empresa precisa equilibrar a satisfação dos entregadores com a manutenção de preços acessíveis para os clientes, um desafio que se intensifica com a chegada de novos concorrentes.

Dados do setor de delivery

O setor de delivery no Brasil cresceu exponencialmente nos últimos anos, impulsionado pela pandemia e pela digitalização do consumo. Em 2023, o iFood gerou uma receita de R$ 7,1 bilhões, consolidando sua posição como líder na América Latina. A empresa também registrou um aumento de 37% na entrada de novos restaurantes em janeiro de 2025, em comparação com o mesmo período de 2024. Esses números refletem a força do mercado, mas também a dependência de entregadores para sustentar o modelo de negócios.

Estima-se que cerca de 200 mil entregadores atuem no iFood no Brasil, a maioria como autônomos. A flexibilidade do trabalho atrai muitos trabalhadores, mas a falta de direitos trabalhistas e a instabilidade de renda são críticas frequentes. Pesquisas realizadas pelo Cebrap em 2023 indicam que os ganhos líquidos por hora trabalhada no iFood são 2,2 vezes superiores ao salário mínimo-hora, mas os custos com manutenção e combustível reduzem significativamente essa margem. O reajuste de 2025, embora positivo, não altera esse cenário de forma estrutural.

A concorrência no setor também está aquecida. Além do 99Food, que retorna com a promessa de melhores condições para entregadores e restaurantes, a possível entrada da Meituan pode transformar o mercado. A gigante chinesa, que opera em mais de 2.800 cidades na China, tem expertise em logística e tecnologia, o que pode desafiar a dominância do iFood. Para os entregadores, essa competição pode significar mais opções de trabalho, mas também exige que as plataformas invistam em melhorias contínuas para manter sua base de trabalhadores.

Desafios da profissão de entregador

Ser entregador por aplicativo no Brasil é uma atividade marcada por riscos e desafios. Acidentes de trânsito, exposição a condições climáticas adversas e a pressão por entregas rápidas são parte do cotidiano dos trabalhadores. Em 2024, o iFood registrou 148 denúncias de racismo contra entregadores, um problema que adiciona uma camada de dificuldade à profissão. A empresa implementou medidas para combater a discriminação, como a suspensão de clientes envolvidos em casos confirmados, mas os trabalhadores ainda relatam episódios de desrespeito.

Os custos operacionais também são um obstáculo significativo. Para os motoboys, despesas com combustível, manutenção da motocicleta e equipamentos de segurança, como capacetes e botas, consomem uma parte considerável da renda. Para os ciclistas, o desgaste físico e a limitação de rotas mais longas são desafios adicionais. A decisão do iFood de limitar as rotas de bicicleta a uma média de 4 km desde janeiro de 2025 foi bem recebida, mas os entregadores pedem uma redução ainda maior, para 3 km, para tornar o trabalho mais sustentável.

A precarização do trabalho em plataformas digitais é um tema em debate global. No Brasil, a ausência de regulamentação específica para os entregadores cria um vácuo jurídico, deixando os trabalhadores sem acesso a direitos básicos. Propostas de lei em tramitação no Congresso buscam mudar esse cenário, mas enfrentam resistência de empresas que defendem a flexibilidade do modelo atual. Enquanto isso, os entregadores dependem de mobilizações coletivas para pressionar por mudanças, como o breque dos apps, que demonstrou a força da categoria.

Possíveis impactos econômicos

O reajuste do iFood, embora absorvido pela empresa, pode ter efeitos indiretos no ecossistema de delivery. Restaurantes, que já lidam com margens apertadas, podem enfrentar pressões adicionais se os custos operacionais aumentarem no futuro. Consumidores, por sua vez, podem sentir o impacto em preços mais altos, especialmente em um contexto de inflação acumulada. O INPC, que serve como base para o reajuste, registrou 4,8% em 2024, mas os custos de vida, incluindo alimentação e transporte, continuam desafiando o orçamento das famílias brasileiras.

A concorrência no setor também pode influenciar os preços. Plataformas como o 99Food, que planejam oferecer taxas mais competitivas para restaurantes, podem forçar o iFood a rever sua estratégia. Para os entregadores, a entrada de novos players é uma oportunidade de negociar melhores condições, mas também aumenta a pressão por produtividade, já que a oferta de corridas pode se diluir entre diferentes aplicativos. Nesse cenário, a capacidade do iFood de equilibrar os interesses de entregadores, restaurantes e consumidores será crucial para manter sua liderança.

A economia brasileira, que enfrenta desafios como o aumento do salário mínimo para R$ 1,518 em 2025 e a alta dos combustíveis, também influencia o setor de delivery. Os entregadores, que dependem de uma renda variável, são particularmente vulneráveis a essas mudanças. O reajuste de 15,4% para motos e 7,7% para bicicletas, embora positivo, não acompanha integralmente a escalada dos custos operacionais, o que reforça a necessidade de medidas mais robustas para apoiar a categoria.

Mobilizações futuras

A possibilidade de novos protestos, prevista para julho de 2025, reflete a insatisfação dos entregadores com o reajuste atual. Lideranças da categoria, como Junior Freitas, destacam que a falta de diálogo com o iFood é um obstáculo para avanços significativos. A organização de paralisações exige coordenação entre milhares de trabalhadores em diferentes cidades, o que representa um desafio logístico e político. Apesar disso, o breque dos apps demonstrou que a categoria tem força para impactar o funcionamento das plataformas, mesmo que temporariamente.

A adesão a novos protestos dependerá de fatores como a resposta do iFood às críticas atuais e a entrada de concorrentes no mercado. Plataformas como o 99Food podem atrair entregadores descontentes, mas também exigirão que os trabalhadores se adaptem a novos sistemas e algoritmos. A Meituan, caso confirme sua entrada no Brasil, pode intensificar a competição, mas sua chegada ainda é incerta. Enquanto isso, os entregadores seguem buscando formas de pressionar por melhores condições, seja por meio de paralisações, negociações ou apoio a propostas de regulamentação.

A história do breque dos apps é um exemplo de como a mobilização coletiva pode trazer mudanças, mesmo que parciais. O reajuste de 2025, embora insuficiente, é um reflexo da pressão exercida pela categoria. Para os entregadores, a luta por melhores condições de trabalho é uma maratona, que exige persistência e organização em um setor em constante transformação.



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