A TV Globo completou 60 anos em 2025, e a celebração trouxe à tona a força da teledramaturgia brasileira, que moldou a cultura nacional e conquistou o mundo. Para marcar a data, a emissora divulgou um ranking com as 60 melhores novelas de sua história, escolhido por 60 jornalistas e especialistas em teledramaturgia. No topo da lista está Vale Tudo, de 1988, um clássico que revolucionou o gênero com sua trama envolvente e a pergunta que parou o país: “Quem matou Odete Roitman?”. A lista, que vai de Avenida Brasil, em segundo lugar, a produções menos lembradas, como Caminho das Índias, reflete a diversidade de gêneros, épocas e temas que fizeram da Globo a maior produtora de novelas da América Latina. Com mais de 340 tramas exibidas desde 1965, a seleção destaca o impacto cultural, social e econômico das novelas, que se tornaram um espelho do Brasil e um produto de exportação para mais de 100 países.
A escolha das novelas foi feita com base em critérios como inovação narrativa, audiência, influência cultural e qualidade artística. Cada especialista selecionou cinco títulos, atribuindo pontos de 1 a 5, com as produções mais antigas levando vantagem em caso de empate. O resultado revelou a predominância do drama, presente em 39 das 60 novelas, seguido pelo romance, que guiou 29 tramas. Comédias e suspenses aparecem em menor número, mas contribuem para a riqueza do ranking. Avenida Brasil, de 2012, ficou em segundo lugar, consolidando seu status de fenômeno global que levou o subúrbio carioca para o centro das atenções. Roque Santeiro, de 1985, completou o pódio, com sua crítica mordaz aos costumes brasileiros. A lista também inclui títulos como A Favorita, de 2008, e O Clone, de 2001, que misturaram inovação e temas universais.
A relevância das novelas da Globo transcende o entretenimento. Elas abordaram questões sociais, como racismo, feminismo e desigualdade, influenciando debates públicos e comportamentos. Produções como Escrava Isaura, de 1976, e O Bem-Amado, de 1973, romperam fronteiras, sendo exibidas em países como China, Rússia e até na Bósnia, onde pararam conflitos durante sua transmissão. A celebração dos 60 anos da Globo incluiu eventos especiais, como um musical temático com estrelas como Susana Vieira e Rodrigo Lombardi, e a reprise de tramas clássicas no Globoplay, reacendendo a nostalgia dos telespectadores. O ranking não apenas celebra o passado, mas reforça o compromisso da emissora em inovar, com novas produções que apostam em diversidade e narrativas contemporâneas.
- Critérios: Inovação, audiência, impacto cultural e qualidade artística.
- Gêneros principais: Drama (39 novelas), romance (29), comédia e suspense.
- Exportação: Novelas exibidas em mais de 100 países, como Escrava Isaura e Avenida Brasil.
- Plataforma: Globoplay disponibiliza clássicos para streaming.
O impacto cultural das novelas
As novelas da Globo são mais do que entretenimento; elas são um reflexo da sociedade brasileira. Desde a estreia de Ilusões Perdidas, em 1965, a emissora produziu histórias que capturaram o imaginário popular, abordando desde romances épicos até críticas políticas. Vale Tudo, liderando o ranking, destacou-se por sua trama sobre corrupção e ambição, com a vilã Odete Roitman, interpretada por Beatriz Segall, tornando-se um ícone cultural. A novela, escrita por Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères, teve média de 78 pontos de audiência no Rio de Janeiro, um feito impressionante para a época. Sua relevância permanece, com uma nova versão prevista para estrear em 2025, protagonizada por Taís Araújo e Cauã Reymond.
Avenida Brasil, em segundo lugar, marcou a década de 2010 com sua narrativa ágil e personagens memoráveis, como a vingativa Nina, vivida por Débora Falabella. A trama de João Emanuel Carneiro alcançou picos de 80 pontos no Ibope e foi vendida para 130 países, consolidando a Globo como potência global. Já Roque Santeiro, terceira colocada, enfrentou a censura por 10 anos antes de ir ao ar, em 1985. Escrita por Dias Gomes e Aguinaldo Silva, a novela usou a fictícia Asa Branca para satirizar o Brasil, com José Wilker no papel-título. Sua média de 74 pontos em São Paulo e o final próximo de 100 pontos mostram seu impacto avassalador. Essas produções mostram como as novelas da Globo moldaram gerações, influenciando costumes e discussões sociais.
A evolução da teledramaturgia
A história das novelas da Globo reflete a evolução da televisão brasileira. Nos anos 1960 e 1970, tramas como O Bem-Amado e Escrava Isaura estabeleceram o padrão de qualidade, com roteiros de Dias Gomes e Gilberto Braga. O Bem-Amado, de 1973, foi a primeira novela brasileira exportada, alcançando países como Uruguai e Argentina. Já Escrava Isaura, com Lucélia Santos, conquistou a China, onde foi vista por milhões. Nos anos 1980, a emissora viveu seu auge, com produções como Roque Santeiro e Tieta, de 1989, que adaptou Jorge Amado com Betty Faria no papel principal. Tieta, oitava no ranking, combinou sensualidade, humor e crítica social, marcando a faixa das 19h.
A década de 1990 trouxe narrativas mais complexas, como A Próxima Vítima, sexta colocada, que misturou suspense e drama em uma trama de assassinatos escrita por Sílvio de Abreu. O Rei do Gado, décimo lugar, abordou a reforma agrária e a imigração italiana, com Antônio Fagundes brilhando como Bruno Mezenga. Nos anos 2000, O Clone e Laços de Família, nona colocada, consolidaram a Globo no mercado internacional. O Clone, de Glória Perez, explorou a cultura árabe e a clonagem, enquanto Laços de Família, de Manoel Carlos, emocionou com a luta de Camila, vivida por Carolina Dieckmann, contra a leucemia. Essas novelas mostram como a Globo soube se reinventar, adaptando-se a mudanças culturais e tecnológicas.
- Década de 1970: O Bem-Amado e Escrava Isaura abrem portas para exportação.
- Década de 1980: Roque Santeiro e Tieta dominam audiência e crítica.
- Década de 1990: A Próxima Vítima e O Rei do Gado inovam em suspense e temas sociais.
- Década de 2000: O Clone e Laços de Família conquistam o mundo.
As novelas mais exportadas
A força das novelas da Globo no mercado internacional é inegável. Escrava Isaura, de 1976, foi vendida para mais de 100 países, tornando-se um marco na exportação de teledramaturgia. Na China, a novela parou cidades, enquanto na Bósnia, interrompeu conflitos durante sua exibição. O Bem-Amado, primeira novela a cruzar fronteiras, abriu caminho para outras produções, como Terra Nostra, de 1999, que abordou a imigração italiana e conquistou mercados na Europa e América Latina. Avenida Brasil, com sua trama universal de vingança, foi exibida em 130 países, incluindo Rússia e Turquia, onde se tornou um fenômeno.
Caminho das Índias, 60ª no ranking, também se destacou no exterior, levando a cultura indiana para o mundo. Escrita por Glória Perez, a novela venceu o Emmy Internacional em 2009, um reconhecimento à qualidade da produção brasileira. Outras tramas, como O Clone e A Favorita, também figuram entre as mais exportadas, graças a temas universais como amor, traição e redenção. A Globo investiu em dublagens e adaptações culturais, garantindo que as novelas fossem acessíveis a diferentes públicos. Esse esforço colocou o Brasil no mapa da teledramaturgia global, rivalizando com produções mexicanas e turcas.
Os gêneros que marcaram época
O ranking das 60 melhores novelas revela a diversidade de gêneros que a Globo explorou ao longo de seis décadas. O drama, presente em 39 tramas, é o fio condutor de clássicos como Vale Tudo e Por Amor, 11ª colocada, que abordou sacrifícios maternos com Regina Duarte no papel principal. O romance, com 29 novelas, emocionou em histórias como Laços de Família e O Rei do Gado. A comédia, embora menos frequente, brilhou em Que Rei Sou Eu?, 13ª no ranking, uma sátira medieval escrita por Cassiano Gabus Mendes. Suspenses, como A Próxima Vítima e A Favorita, mantiveram o público grudado na tela com reviravoltas inesperadas.
Cada gênero reflete o contexto histórico em que as novelas foram produzidas. Nos anos 1970, o drama social de O Bem-Amado e Pai Herói, 29ª colocada, dialogava com a ditadura militar. Nos anos 1980, a comédia de Tieta e o suspense de Vale Tudo capturaram um Brasil em redemocratização. A década de 2000 trouxe temas contemporâneos, como a clonagem em O Clone e o racismo em Da Cor do Pecado, 47ª no ranking. Essa capacidade de mesclar entretenimento com reflexão social é o que torna as novelas da Globo únicas, capazes de entreter e provocar debates ao mesmo tempo.
As estrelas das novelas
As novelas da Globo também são conhecidas por seus elencos estelares. Atrizes como Regina Duarte, Glória Pires e Susana Vieira marcaram gerações com papéis inesquecíveis. Regina Duarte brilhou em Vale Tudo como Raquel Accioli, enquanto Glória Pires foi a vilã Maria de Fátima na mesma trama. Susana Vieira, por sua vez, roubou a cena em Por Amor e Senhora do Destino, 14ª no ranking. Atores como Antônio Fagundes, José Wilker e Tony Ramos também deixaram sua marca, com atuações memoráveis em O Rei do Gado, Roque Santeiro e Pai Herói, respectivamente.
A celebração dos 60 anos da Globo destacou essas estrelas em eventos especiais, como o musical de abertura apresentado por Rodrigo Lombardi e Eduardo Sterblitch. Susana Vieira, com sua espontaneidade, arrancou risadas ao reclamar do calor durante a gravação, reforçando sua conexão com o público. A emissora também reuniu vilãs icônicas, como Carminha, de Avenida Brasil, e Nazaré Tedesco, de Senhora do Destino, em um especial que relembrou o impacto dessas personagens. Essas atuações não apenas elevaram a qualidade das novelas, mas também transformaram atores em ícones culturais.
- Regina Duarte: Raquel Accioli (Vale Tudo), Helena (Por Amor).
- Glória Pires: Maria de Fátima (Vale Tudo), Ruth/Raquel (Mulheres de Areia).
- Susana Vieira: Branca (Por Amor), Maria do Carmo (Senhora do Destino).
- Antônio Fagundes: Bruno Mezenga (O Rei do Gado), Juvenal (A Favorita).
O papel do Globoplay
O Globoplay, plataforma de streaming da Globo, tem sido essencial para manter viva a memória da teledramaturgia. Clássicos como Chocolate com Pimenta, Mulheres de Areia e Tieta lideram o ranking de novelas antigas mais assistidas, mostrando o apelo atemporal dessas tramas. Chocolate com Pimenta, de 2003, é a favorita dos assinantes, com a história de Ana Francisca, vivida por Mariana Ximenes, conquistando novas gerações. Mulheres de Areia, de 1993, com Glória Pires como as gêmeas Ruth e Raquel, aparece em segundo lugar, enquanto Mulheres Apaixonadas, também de 2003, fecha o pódio.
A plataforma disponibiliza mais de 50 novelas na íntegra, incluindo títulos menos conhecidos, como A Viagem, de 1994, e Renascer, de 1993. A nova versão de Renascer, lançada em 2024, impulsionou o interesse pela original, que ocupa o nono lugar entre as mais vistas. O Globoplay também resgata produções dos anos 1970, como O Bem-Amado e Pai Herói, embora estas sejam menos acessadas devido ao menor número de títulos dessa época no catálogo. A estratégia da Globo de investir em reprises e remakes, como a nova Vale Tudo em 2025, reflete a demanda do público por nostalgia aliada a narrativas modernas.
Desafios da teledramaturgia
Produzir novelas nem sempre foi um caminho tranquilo para a Globo. Algumas tramas, como Brilhante, de 1981, e Bang Bang, de 2005, enfrentaram rejeição do público e problemas de bastidores. Brilhante, de Gilberto Braga, foi criticada por sua narrativa confusa e sofreu com a censura, que limitou a trama do personagem gay Inácio, vivido por Dennis Carvalho. Bang Bang, um faroeste de Mário Prata, perdeu audiência para a concorrente Prova de Amor, da Record, e foi encurtada após mudanças drásticas no roteiro. Essas experiências mostram os riscos de inovar em um gênero tão exigente.
A censura também foi um obstáculo, especialmente durante a ditadura militar. Roque Santeiro ficou 10 anos proibida antes de sua exibição em 1985, enquanto Vale Tudo enfrentou restrições em cenas que abordavam corrupção. Nos anos 2000, novelas como As Filhas da Mãe e Desejos de Mulher, ambas de 2002, sofreram com baixa audiência e críticas por roteiros inconsistentes. Apesar desses tropeços, a Globo aprendeu com os erros, ajustando narrativas e investindo em pesquisa de público para garantir o sucesso de suas produções.
A diversidade nas novelas atuais
Nos últimos anos, a Globo tem priorizado a diversidade em suas novelas, respondendo a demandas por representatividade. Tramas como Garota do Momento, exibida na faixa das 18h em 2025, e Volta por Cima, na faixa das 19h, trazem protagonistas negros e narrativas que abordam racismo e inclusão. Garota do Momento, estrelada por Duda Santos, destaca a trajetória de Bia, uma jovem negra em busca de seu lugar no mundo. Volta por Cima, com Fabrício Boliveira e Sheron Menezzes, inovou ao ter um elenco majoritariamente negro, algo inédito na história da emissora.
Essa mudança reflete a liderança de Amauri Soares, diretor executivo dos Estúdios Globo, que defende a inclusão como parte essencial da teledramaturgia. A emissora também tem investido em autores e diretores negros, como Raphael Montes, que escreveu Beleza Fatal para a Band, e Manuela Dias, responsável pela nova Vale Tudo. A presença de protagonistas negras, como Taís Araújo em Vale Tudo e Clara Moneke na futura Dona de Mim, sinaliza um compromisso com narrativas mais plurais, contrastando com erros do passado, como o blackface em A Cabana do Pai Tomás, de 1969.
- Garota do Momento: Bia (Duda Santos) enfrenta racismo e busca emancipação.
- Volta por Cima: Elenco majoritariamente negro, com Fabrício Boliveira e Sheron Menezzes.
- Vale Tudo (2025): Taís Araújo como Raquel Accioli, em remake moderno.
- Dona de Mim: Clara Moneke protagoniza trama sobre adoção e identidade.
O futuro da teledramaturgia
A Globo planeja manter sua liderança na teledramaturgia com novas produções e remakes. A nova versão de Vale Tudo, que estreia em março de 2025, promete atualizar a trama de 1988 com temas atuais, como corrupção digital e desigualdade social. Escrita por Manuela Dias, a novela terá Taís Araújo como Raquel e Cauã Reymond como Ivan, em uma releitura que mantém a essência do original. Outras tramas, como Dona de Mim, com Clara Moneke, e a segunda temporada de Justiça, prevista para 2026, mostram o foco da emissora em narrativas contemporâneas e diversas.
O Globoplay também será peça-chave no futuro, com investimentos em conteúdos exclusivos e a expansão do catálogo de novelas clássicas. A plataforma planeja lançar minisséries baseadas em tramas como Tieta e A Próxima Vítima, adaptadas para formatos mais curtos. Além disso, a Globo aposta em parcerias internacionais, como a venda de formatos para streamings globais, seguindo o exemplo de Avenida Brasil, que inspirou adaptações na Turquia. Essas estratégias garantem que a teledramaturgia brasileira continue relevante, mesmo em um mercado dominado por séries e conteúdos on-demand.
- Vale Tudo (2025): Estreia em março, com Taís Araújo e Cauã Reymond.
- Dona de Mim: Clara Moneke protagoniza em 2025.
- Justiça 2: Segunda temporada prevista para 2026.
- Globoplay: Minisséries baseadas em Tieta e A Próxima Vítima em desenvolvimento.

A TV Globo completou 60 anos em 2025, e a celebração trouxe à tona a força da teledramaturgia brasileira, que moldou a cultura nacional e conquistou o mundo. Para marcar a data, a emissora divulgou um ranking com as 60 melhores novelas de sua história, escolhido por 60 jornalistas e especialistas em teledramaturgia. No topo da lista está Vale Tudo, de 1988, um clássico que revolucionou o gênero com sua trama envolvente e a pergunta que parou o país: “Quem matou Odete Roitman?”. A lista, que vai de Avenida Brasil, em segundo lugar, a produções menos lembradas, como Caminho das Índias, reflete a diversidade de gêneros, épocas e temas que fizeram da Globo a maior produtora de novelas da América Latina. Com mais de 340 tramas exibidas desde 1965, a seleção destaca o impacto cultural, social e econômico das novelas, que se tornaram um espelho do Brasil e um produto de exportação para mais de 100 países.
A escolha das novelas foi feita com base em critérios como inovação narrativa, audiência, influência cultural e qualidade artística. Cada especialista selecionou cinco títulos, atribuindo pontos de 1 a 5, com as produções mais antigas levando vantagem em caso de empate. O resultado revelou a predominância do drama, presente em 39 das 60 novelas, seguido pelo romance, que guiou 29 tramas. Comédias e suspenses aparecem em menor número, mas contribuem para a riqueza do ranking. Avenida Brasil, de 2012, ficou em segundo lugar, consolidando seu status de fenômeno global que levou o subúrbio carioca para o centro das atenções. Roque Santeiro, de 1985, completou o pódio, com sua crítica mordaz aos costumes brasileiros. A lista também inclui títulos como A Favorita, de 2008, e O Clone, de 2001, que misturaram inovação e temas universais.
A relevância das novelas da Globo transcende o entretenimento. Elas abordaram questões sociais, como racismo, feminismo e desigualdade, influenciando debates públicos e comportamentos. Produções como Escrava Isaura, de 1976, e O Bem-Amado, de 1973, romperam fronteiras, sendo exibidas em países como China, Rússia e até na Bósnia, onde pararam conflitos durante sua transmissão. A celebração dos 60 anos da Globo incluiu eventos especiais, como um musical temático com estrelas como Susana Vieira e Rodrigo Lombardi, e a reprise de tramas clássicas no Globoplay, reacendendo a nostalgia dos telespectadores. O ranking não apenas celebra o passado, mas reforça o compromisso da emissora em inovar, com novas produções que apostam em diversidade e narrativas contemporâneas.
- Critérios: Inovação, audiência, impacto cultural e qualidade artística.
- Gêneros principais: Drama (39 novelas), romance (29), comédia e suspense.
- Exportação: Novelas exibidas em mais de 100 países, como Escrava Isaura e Avenida Brasil.
- Plataforma: Globoplay disponibiliza clássicos para streaming.
O impacto cultural das novelas
As novelas da Globo são mais do que entretenimento; elas são um reflexo da sociedade brasileira. Desde a estreia de Ilusões Perdidas, em 1965, a emissora produziu histórias que capturaram o imaginário popular, abordando desde romances épicos até críticas políticas. Vale Tudo, liderando o ranking, destacou-se por sua trama sobre corrupção e ambição, com a vilã Odete Roitman, interpretada por Beatriz Segall, tornando-se um ícone cultural. A novela, escrita por Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères, teve média de 78 pontos de audiência no Rio de Janeiro, um feito impressionante para a época. Sua relevância permanece, com uma nova versão prevista para estrear em 2025, protagonizada por Taís Araújo e Cauã Reymond.
Avenida Brasil, em segundo lugar, marcou a década de 2010 com sua narrativa ágil e personagens memoráveis, como a vingativa Nina, vivida por Débora Falabella. A trama de João Emanuel Carneiro alcançou picos de 80 pontos no Ibope e foi vendida para 130 países, consolidando a Globo como potência global. Já Roque Santeiro, terceira colocada, enfrentou a censura por 10 anos antes de ir ao ar, em 1985. Escrita por Dias Gomes e Aguinaldo Silva, a novela usou a fictícia Asa Branca para satirizar o Brasil, com José Wilker no papel-título. Sua média de 74 pontos em São Paulo e o final próximo de 100 pontos mostram seu impacto avassalador. Essas produções mostram como as novelas da Globo moldaram gerações, influenciando costumes e discussões sociais.
A evolução da teledramaturgia
A história das novelas da Globo reflete a evolução da televisão brasileira. Nos anos 1960 e 1970, tramas como O Bem-Amado e Escrava Isaura estabeleceram o padrão de qualidade, com roteiros de Dias Gomes e Gilberto Braga. O Bem-Amado, de 1973, foi a primeira novela brasileira exportada, alcançando países como Uruguai e Argentina. Já Escrava Isaura, com Lucélia Santos, conquistou a China, onde foi vista por milhões. Nos anos 1980, a emissora viveu seu auge, com produções como Roque Santeiro e Tieta, de 1989, que adaptou Jorge Amado com Betty Faria no papel principal. Tieta, oitava no ranking, combinou sensualidade, humor e crítica social, marcando a faixa das 19h.
A década de 1990 trouxe narrativas mais complexas, como A Próxima Vítima, sexta colocada, que misturou suspense e drama em uma trama de assassinatos escrita por Sílvio de Abreu. O Rei do Gado, décimo lugar, abordou a reforma agrária e a imigração italiana, com Antônio Fagundes brilhando como Bruno Mezenga. Nos anos 2000, O Clone e Laços de Família, nona colocada, consolidaram a Globo no mercado internacional. O Clone, de Glória Perez, explorou a cultura árabe e a clonagem, enquanto Laços de Família, de Manoel Carlos, emocionou com a luta de Camila, vivida por Carolina Dieckmann, contra a leucemia. Essas novelas mostram como a Globo soube se reinventar, adaptando-se a mudanças culturais e tecnológicas.
- Década de 1970: O Bem-Amado e Escrava Isaura abrem portas para exportação.
- Década de 1980: Roque Santeiro e Tieta dominam audiência e crítica.
- Década de 1990: A Próxima Vítima e O Rei do Gado inovam em suspense e temas sociais.
- Década de 2000: O Clone e Laços de Família conquistam o mundo.
As novelas mais exportadas
A força das novelas da Globo no mercado internacional é inegável. Escrava Isaura, de 1976, foi vendida para mais de 100 países, tornando-se um marco na exportação de teledramaturgia. Na China, a novela parou cidades, enquanto na Bósnia, interrompeu conflitos durante sua exibição. O Bem-Amado, primeira novela a cruzar fronteiras, abriu caminho para outras produções, como Terra Nostra, de 1999, que abordou a imigração italiana e conquistou mercados na Europa e América Latina. Avenida Brasil, com sua trama universal de vingança, foi exibida em 130 países, incluindo Rússia e Turquia, onde se tornou um fenômeno.
Caminho das Índias, 60ª no ranking, também se destacou no exterior, levando a cultura indiana para o mundo. Escrita por Glória Perez, a novela venceu o Emmy Internacional em 2009, um reconhecimento à qualidade da produção brasileira. Outras tramas, como O Clone e A Favorita, também figuram entre as mais exportadas, graças a temas universais como amor, traição e redenção. A Globo investiu em dublagens e adaptações culturais, garantindo que as novelas fossem acessíveis a diferentes públicos. Esse esforço colocou o Brasil no mapa da teledramaturgia global, rivalizando com produções mexicanas e turcas.
Os gêneros que marcaram época
O ranking das 60 melhores novelas revela a diversidade de gêneros que a Globo explorou ao longo de seis décadas. O drama, presente em 39 tramas, é o fio condutor de clássicos como Vale Tudo e Por Amor, 11ª colocada, que abordou sacrifícios maternos com Regina Duarte no papel principal. O romance, com 29 novelas, emocionou em histórias como Laços de Família e O Rei do Gado. A comédia, embora menos frequente, brilhou em Que Rei Sou Eu?, 13ª no ranking, uma sátira medieval escrita por Cassiano Gabus Mendes. Suspenses, como A Próxima Vítima e A Favorita, mantiveram o público grudado na tela com reviravoltas inesperadas.
Cada gênero reflete o contexto histórico em que as novelas foram produzidas. Nos anos 1970, o drama social de O Bem-Amado e Pai Herói, 29ª colocada, dialogava com a ditadura militar. Nos anos 1980, a comédia de Tieta e o suspense de Vale Tudo capturaram um Brasil em redemocratização. A década de 2000 trouxe temas contemporâneos, como a clonagem em O Clone e o racismo em Da Cor do Pecado, 47ª no ranking. Essa capacidade de mesclar entretenimento com reflexão social é o que torna as novelas da Globo únicas, capazes de entreter e provocar debates ao mesmo tempo.
As estrelas das novelas
As novelas da Globo também são conhecidas por seus elencos estelares. Atrizes como Regina Duarte, Glória Pires e Susana Vieira marcaram gerações com papéis inesquecíveis. Regina Duarte brilhou em Vale Tudo como Raquel Accioli, enquanto Glória Pires foi a vilã Maria de Fátima na mesma trama. Susana Vieira, por sua vez, roubou a cena em Por Amor e Senhora do Destino, 14ª no ranking. Atores como Antônio Fagundes, José Wilker e Tony Ramos também deixaram sua marca, com atuações memoráveis em O Rei do Gado, Roque Santeiro e Pai Herói, respectivamente.
A celebração dos 60 anos da Globo destacou essas estrelas em eventos especiais, como o musical de abertura apresentado por Rodrigo Lombardi e Eduardo Sterblitch. Susana Vieira, com sua espontaneidade, arrancou risadas ao reclamar do calor durante a gravação, reforçando sua conexão com o público. A emissora também reuniu vilãs icônicas, como Carminha, de Avenida Brasil, e Nazaré Tedesco, de Senhora do Destino, em um especial que relembrou o impacto dessas personagens. Essas atuações não apenas elevaram a qualidade das novelas, mas também transformaram atores em ícones culturais.
- Regina Duarte: Raquel Accioli (Vale Tudo), Helena (Por Amor).
- Glória Pires: Maria de Fátima (Vale Tudo), Ruth/Raquel (Mulheres de Areia).
- Susana Vieira: Branca (Por Amor), Maria do Carmo (Senhora do Destino).
- Antônio Fagundes: Bruno Mezenga (O Rei do Gado), Juvenal (A Favorita).
O papel do Globoplay
O Globoplay, plataforma de streaming da Globo, tem sido essencial para manter viva a memória da teledramaturgia. Clássicos como Chocolate com Pimenta, Mulheres de Areia e Tieta lideram o ranking de novelas antigas mais assistidas, mostrando o apelo atemporal dessas tramas. Chocolate com Pimenta, de 2003, é a favorita dos assinantes, com a história de Ana Francisca, vivida por Mariana Ximenes, conquistando novas gerações. Mulheres de Areia, de 1993, com Glória Pires como as gêmeas Ruth e Raquel, aparece em segundo lugar, enquanto Mulheres Apaixonadas, também de 2003, fecha o pódio.
A plataforma disponibiliza mais de 50 novelas na íntegra, incluindo títulos menos conhecidos, como A Viagem, de 1994, e Renascer, de 1993. A nova versão de Renascer, lançada em 2024, impulsionou o interesse pela original, que ocupa o nono lugar entre as mais vistas. O Globoplay também resgata produções dos anos 1970, como O Bem-Amado e Pai Herói, embora estas sejam menos acessadas devido ao menor número de títulos dessa época no catálogo. A estratégia da Globo de investir em reprises e remakes, como a nova Vale Tudo em 2025, reflete a demanda do público por nostalgia aliada a narrativas modernas.
Desafios da teledramaturgia
Produzir novelas nem sempre foi um caminho tranquilo para a Globo. Algumas tramas, como Brilhante, de 1981, e Bang Bang, de 2005, enfrentaram rejeição do público e problemas de bastidores. Brilhante, de Gilberto Braga, foi criticada por sua narrativa confusa e sofreu com a censura, que limitou a trama do personagem gay Inácio, vivido por Dennis Carvalho. Bang Bang, um faroeste de Mário Prata, perdeu audiência para a concorrente Prova de Amor, da Record, e foi encurtada após mudanças drásticas no roteiro. Essas experiências mostram os riscos de inovar em um gênero tão exigente.
A censura também foi um obstáculo, especialmente durante a ditadura militar. Roque Santeiro ficou 10 anos proibida antes de sua exibição em 1985, enquanto Vale Tudo enfrentou restrições em cenas que abordavam corrupção. Nos anos 2000, novelas como As Filhas da Mãe e Desejos de Mulher, ambas de 2002, sofreram com baixa audiência e críticas por roteiros inconsistentes. Apesar desses tropeços, a Globo aprendeu com os erros, ajustando narrativas e investindo em pesquisa de público para garantir o sucesso de suas produções.
A diversidade nas novelas atuais
Nos últimos anos, a Globo tem priorizado a diversidade em suas novelas, respondendo a demandas por representatividade. Tramas como Garota do Momento, exibida na faixa das 18h em 2025, e Volta por Cima, na faixa das 19h, trazem protagonistas negros e narrativas que abordam racismo e inclusão. Garota do Momento, estrelada por Duda Santos, destaca a trajetória de Bia, uma jovem negra em busca de seu lugar no mundo. Volta por Cima, com Fabrício Boliveira e Sheron Menezzes, inovou ao ter um elenco majoritariamente negro, algo inédito na história da emissora.
Essa mudança reflete a liderança de Amauri Soares, diretor executivo dos Estúdios Globo, que defende a inclusão como parte essencial da teledramaturgia. A emissora também tem investido em autores e diretores negros, como Raphael Montes, que escreveu Beleza Fatal para a Band, e Manuela Dias, responsável pela nova Vale Tudo. A presença de protagonistas negras, como Taís Araújo em Vale Tudo e Clara Moneke na futura Dona de Mim, sinaliza um compromisso com narrativas mais plurais, contrastando com erros do passado, como o blackface em A Cabana do Pai Tomás, de 1969.
- Garota do Momento: Bia (Duda Santos) enfrenta racismo e busca emancipação.
- Volta por Cima: Elenco majoritariamente negro, com Fabrício Boliveira e Sheron Menezzes.
- Vale Tudo (2025): Taís Araújo como Raquel Accioli, em remake moderno.
- Dona de Mim: Clara Moneke protagoniza trama sobre adoção e identidade.
O futuro da teledramaturgia
A Globo planeja manter sua liderança na teledramaturgia com novas produções e remakes. A nova versão de Vale Tudo, que estreia em março de 2025, promete atualizar a trama de 1988 com temas atuais, como corrupção digital e desigualdade social. Escrita por Manuela Dias, a novela terá Taís Araújo como Raquel e Cauã Reymond como Ivan, em uma releitura que mantém a essência do original. Outras tramas, como Dona de Mim, com Clara Moneke, e a segunda temporada de Justiça, prevista para 2026, mostram o foco da emissora em narrativas contemporâneas e diversas.
O Globoplay também será peça-chave no futuro, com investimentos em conteúdos exclusivos e a expansão do catálogo de novelas clássicas. A plataforma planeja lançar minisséries baseadas em tramas como Tieta e A Próxima Vítima, adaptadas para formatos mais curtos. Além disso, a Globo aposta em parcerias internacionais, como a venda de formatos para streamings globais, seguindo o exemplo de Avenida Brasil, que inspirou adaptações na Turquia. Essas estratégias garantem que a teledramaturgia brasileira continue relevante, mesmo em um mercado dominado por séries e conteúdos on-demand.
- Vale Tudo (2025): Estreia em março, com Taís Araújo e Cauã Reymond.
- Dona de Mim: Clara Moneke protagoniza em 2025.
- Justiça 2: Segunda temporada prevista para 2026.
- Globoplay: Minisséries baseadas em Tieta e A Próxima Vítima em desenvolvimento.
