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6 May 2025, Tue

Lista define sequência de votos para eleger novo papa

Conclave - Papa - Vaticano


A Capela Sistina, coração do Vaticano, está pronta para receber 133 cardeais eleitores a partir de 7 de maio, quando começa o conclave para escolher o sucessor do papa Francisco, falecido em 21 de abril. O processo, marcado por rituais seculares, ganhou destaque com a divulgação da ordem de votação dos cardeais, um protocolo que organiza a sequência dos votos na eleição do novo líder da Igreja Católica.

Essa lista, publicada oficialmente pelo Vaticano, detalha a hierarquia e a precedência dos cardeais, garantindo que a votação siga uma estrutura rígida e tradicional. A eleição, que ocorre sob os afrescos de Michelangelo, é um dos eventos mais aguardados pelos 1,4 bilhão de católicos no mundo.

O conclave, termo derivado do latim “cum clave” (fechado com chave), reflete a natureza sigilosa e isolada do processo. Abaixo, alguns aspectos que definem essa etapa crucial:

lista conclave
lista conclave – Foto: Divulgação/Vatican Media
  • Sigilo absoluto: Os cardeais juram manter segredo sobre as discussões, sob pena de excomunhão.
  • Fumaça como sinal: Fumaça preta indica votação sem consenso; fumaça branca anuncia o novo papa.
  • Voto qualificado: O eleito precisa de dois terços dos votos, ou seja, pelo menos 89 dos 133 possíveis.
  • Isolamento total: Os cardeais ficam na Casa Santa Marta, sem acesso a celulares ou notícias externas.

O anúncio da ordem de votação reforça a transparência do Vaticano em aspectos logísticos, enquanto o mistério sobre o resultado permanece intacto.

Hierarquia define sequência

A ordem de votação dos cardeais segue a precedência eclesiástica, baseada em cargos e antiguidade. Cardeais-bispos, como Pietro Parolin e Fernando Filoni, estão entre os primeiros a depositar suas cédulas na urna. Em seguida, vêm os cardeais-presbíteros, como Luis Antonio Tagle, e, por fim, os cardeais-diáconos.

Essa estrutura garante que a votação reflita a hierarquia da Igreja. Cada cardeal, após escrever o nome de seu escolhido em uma cédula com grafia disfarçada, faz um juramento solene diante da urna, invocando Cristo como testemunha. O processo, conhecido como “scrutinium”, é repetido até que um candidato alcance a maioria necessária.

A lista divulgada pelo Vaticano, segundo informações da imprensa oficial, inclui nomes de 70 países, com forte presença de Itália (17 cardeais), Estados Unidos (10) e Brasil (7). A diversidade reflete a internacionalização promovida por Francisco, que nomeou 80% dos eleitores atuais.

Preparativos intensos na Capela Sistina

As obras na Capela Sistina começaram semanas antes do conclave. Operários instalaram um piso elevado para facilitar o acesso dos cardeais, muitos deles idosos, e montaram mesas para as sessões de votação. A chaminé, que emite a fumaça visível na Praça São Pedro, foi fixada no telhado por bombeiros.

Dois fornos foram posicionados no canto da capela: um para queimar as cédulas e outro para adicionar produtos químicos que garantem a cor da fumaça. Janelas foram seladas, e dispositivos eletrônicos, desativados, para assegurar o sigilo. Cerca de 200 quartos na Casa Santa Marta foram preparados com camas, mesas e guarda-roupas simples, onde os cardeais ficarão isolados.

A missa Pro Eligendo Pontifice, marcada para a manhã de 7 de maio na Basílica de São Pedro, abre o dia do conclave. Às 16h30, os cardeais entram em procissão na Capela Sistina, entoando o hino Veni Creator Spiritus. O mestre das celebrações litúrgicas pronuncia o “extra omnes”, ordenando a saída de não envolvidos, e a votação começa.

Perfil dos eleitores

O conclave de 2025 é o mais diverso da história, com cardeais de 70 nações, incluindo estreantes como Mongólia, Laos e Papua-Nova Guiné. A Europa mantém a maior representação, com 49% dos eleitores, seguida por Ásia (23), África (18) e América do Sul (17).

Entre os brasileiros, sete cardeais estão aptos a votar:

  • João Braz de Aviz, 78 anos, prefeito do Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada.
  • Odilo Pedro Scherer, 75 anos, arcebispo de São Paulo, experiente em conclaves.
  • Sérgio da Rocha, 65 anos, arcebispo de Salvador e membro do Conselho de Cardeais.
  • Orani João Tempesta, 74 anos, arcebispo do Rio de Janeiro, conhecido pela Jornada Mundial da Juventude.
  • Leonardo Ulrich Steiner, 74 anos, arcebispo de Manaus, primeiro cardeal da Amazônia.
  • Paulo Cezar Costa, 57 anos, arcebispo de Brasília, jovem e influente.
  • Jaime Spengler, 64 anos, arcebispo de Porto Alegre, presidente da CNBB.

Embora nenhum brasileiro esteja entre os favoritos, sua presença reforça a relevância do país, que abriga 13% dos católicos do mundo.

Nomes cotados para o papado

A sucessão de Francisco desperta especulações sobre o perfil do próximo papa. Cardeais como Pietro Parolin, italiano e secretário de Estado do Vaticano, são vistos como moderados com experiência administrativa. Pierbattista Pizzaballa, patriarca de Jerusalém, ganhou destaque por sua atuação em conflitos no Oriente Médio.

Luis Antonio Tagle, filipino, é elogiado por seu compromisso social e carisma, mas enfrenta ressalvas por questões administrativas passadas. Jean-Marc Aveline, de Marselha, e Mario Grech, de Malta, também aparecem em listas de apostas, refletindo a busca por um líder que una progressistas e conservadores.

Robert Sarah, da Guiné, representa uma ala conservadora, com posições firmes contra secularismo e imigração. Péter Erdo, da Hungria, e Matteo Zuppi, da Itália, completam os nomes mais mencionados, mas o ditado romano “quem entra papa no conclave sai cardeal” sugere que surpresas são possíveis.

Reuniões prévias moldam debates

As congregações gerais, realizadas desde 22 de abril, reuniram cardeais para discutir prioridades da Igreja. Temas como evangelização, finanças do Vaticano e crises éticas dominaram as conversas. Em 30 de abril, 181 cardeais, incluindo 124 eleitores, debateram a situação econômica da Santa Sé.

Cardeais como Reinhard Marx, de Munique, apresentaram propostas para fortalecer as finanças vaticanas. Christoph Schonborn, de Viena, detalhou operações do Banco do Vaticano. Essas reuniões, segundo o porta-voz Matteo Bruni, serviram para alinhar visões e traçar o perfil ideal do futuro papa.

Na sessão de 3 de maio, 26 cardeais falaram sobre comunhão e solidariedade entre igrejas, destacando a necessidade de um líder que inspire esperança. A ausência de alguns eleitores, como Angelo Becciu, que renunciou à participação por questões judiciais, também marcou os debates.

Rituais e tradições do conclave

O conclave é regido pela constituição Universi Dominici Gregis, de João Paulo II, com ajustes de Bento XVI. Após o “extra omnes”, os cardeais iniciam a votação com cédulas retangulares. Três escrutinadores, três revisores e três infirmarii, sorteados entre os eleitores, garantem a contagem e a coleta de votos de cardeais doentes.

Cada votação é seguida pela queima das cédulas. Se não houver consenso, um produto químico produz fumaça preta. Quando o eleito alcança 89 votos, a fumaça branca sinaliza o “Habemus Papam”. O novo papa escolhe seu nome pontifício na Sala das Lágrimas e aparece na varanda da Basílica de São Pedro para a bênção Urbi et Orbi.

Os últimos conclaves foram rápidos: Bento XVI foi eleito em 2005 com quatro votações, e Francisco, em 2013, com cinco. Alguns cardeais preveem um processo de dois a três dias, mas divisões entre “bergoglistas” e conservadores podem prolongar as deliberações.

Logística reforça sigilo

A segurança do conclave é prioridade. Cerca de 80 selos de chumbo foram colocados nas entradas da Capela Sistina e áreas adjacentes. Janelas foram obscurecidas, e sensores tecnológicos, desativados. Os cardeais usam vestes corais durante a procissão inicial, mas optam por trajes simples durante as votações.

A Casa Santa Marta, onde os eleitores se hospedam, passou por reformas para acomodar os 133 cardeais. Divisórias e portas temporárias foram instaladas, e janelas, seladas, para evitar contato externo. O ambiente austero reforça o foco espiritual do processo.

Representação global

A diversidade do conclave reflete a visão de Francisco, que ampliou a participação de regiões periféricas. Países como Haiti, Cabo Verde e Timor-Leste terão cardeais votantes pela primeira vez. A América Latina, com 46 eleitores contra 13 na era Bento XVI, ganhou peso significativo.

Entre os eleitores, 108 foram nomeados por Francisco, 22 por Bento XVI e cinco por João Paulo II. O cardeal mais jovem, Mikola Bychok, ucraniano de 45 anos, contrasta com o mais velho, Carlos Osoro Sierra, espanhol de 79 anos. Essa variedade de origens e idades enriquece os debates, mas torna a escolha mais complexa.

Expectativas na Praça São Pedro

Milhares de fiéis e jornalistas já se reúnem na Praça São Pedro, atentos à chaminé da Capela Sistina. A fumaça, preta ou branca, será o primeiro sinal do progresso das votações. Em 2013, a eleição de Francisco atraiu multidões que celebraram a escolha de um papa latino-americano.

A missa de abertura, presidida por Giovanni Battista Re, decano do Colégio Cardinalício, será transmitida para o mundo. Após a votação inicial, os cardeais continuarão as sessões duas vezes por dia, manhã e tarde, até que um nome emerja. A expectativa é que o novo papa seja anunciado até 10 de maio, embora o prazo dependa do consenso.

Papel do camerlengo

O cardeal Kevin Farrell, camerlengo interino, administra o Vaticano durante a Sé Vacante. Ele supervisiona a convocação dos cardeais, a lacração dos aposentos de Francisco e a organização do conclave. Sua função é garantir que o processo siga as normas canônicas, sem interferências externas.

Farrell também coordenou a instalação das cortinas de veludo vermelho na varanda da Basílica de São Pedro, que serão abertas para a primeira aparição do novo papa. A gestão temporária do Vaticano inclui decisões administrativas urgentes, mas evita mudanças estruturais até a eleição.

Influência de Francisco

O legado de Francisco molda o conclave. Sua ênfase em periferias, justiça social e diálogo inter-religioso orienta as discussões. Cardeais como Tagle e Aveline, alinhados a essa visão, podem atrair votos de eleitores progressistas. Já figuras como Sarah apelam a setores que buscam uma Igreja mais ortodoxa.

A nomeação de cardeais de regiões como a Amazônia, representada por Steiner, e de países africanos, como a Guiné de Sarah, ampliou o escopo do Colégio Cardinalício. Essa globalização desafia a predominância histórica da Europa e abre espaço para um papa de origem não tradicional.

Curiosidades do processo

O conclave combina tradição e logística moderna. Algumas peculiaridades destacam sua singularidade:

  • Cédulas anônimas: Os cardeais disfarçam a grafia para evitar identificação.
  • Sala das Lágrimas: O eleito veste os paramentos papais em uma sacristia reservada.
  • Três tamanhos de vestes: Roupas papais são preparadas em pequeno, médio e grande.
  • Juramento solene: Cada voto é acompanhado por uma invocação a Cristo.
  • Fumaça química: Produtos especiais garantem a visibilidade da fumaça na praça.

Esses detalhes, preservados por séculos, fascinam fiéis e observadores, reforçando a mística do conclave.

Desafios do novo pontífice

O próximo papa enfrentará questões como a secularização na Europa, o crescimento do catolicismo na África e na Ásia, e a reforma da Cúria Romana. A gestão financeira do Vaticano, discutida nas congregações gerais, exige transparência após escândalos recentes.

A evangelização em um mundo polarizado também será central. Cardeais como Vesco, de Argel, defendem um papa na linha de Francisco, que “abra os braços” aos fiéis. Outros, como Goh, de Singapura, enfatizam a necessidade de firmeza doutrinária.

A escolha refletirá o equilíbrio entre continuidade e renovação, com os 133 cardeais buscando um líder capaz de unir a Igreja em tempos de mudança.



A Capela Sistina, coração do Vaticano, está pronta para receber 133 cardeais eleitores a partir de 7 de maio, quando começa o conclave para escolher o sucessor do papa Francisco, falecido em 21 de abril. O processo, marcado por rituais seculares, ganhou destaque com a divulgação da ordem de votação dos cardeais, um protocolo que organiza a sequência dos votos na eleição do novo líder da Igreja Católica.

Essa lista, publicada oficialmente pelo Vaticano, detalha a hierarquia e a precedência dos cardeais, garantindo que a votação siga uma estrutura rígida e tradicional. A eleição, que ocorre sob os afrescos de Michelangelo, é um dos eventos mais aguardados pelos 1,4 bilhão de católicos no mundo.

O conclave, termo derivado do latim “cum clave” (fechado com chave), reflete a natureza sigilosa e isolada do processo. Abaixo, alguns aspectos que definem essa etapa crucial:

lista conclave
lista conclave – Foto: Divulgação/Vatican Media
  • Sigilo absoluto: Os cardeais juram manter segredo sobre as discussões, sob pena de excomunhão.
  • Fumaça como sinal: Fumaça preta indica votação sem consenso; fumaça branca anuncia o novo papa.
  • Voto qualificado: O eleito precisa de dois terços dos votos, ou seja, pelo menos 89 dos 133 possíveis.
  • Isolamento total: Os cardeais ficam na Casa Santa Marta, sem acesso a celulares ou notícias externas.

O anúncio da ordem de votação reforça a transparência do Vaticano em aspectos logísticos, enquanto o mistério sobre o resultado permanece intacto.

Hierarquia define sequência

A ordem de votação dos cardeais segue a precedência eclesiástica, baseada em cargos e antiguidade. Cardeais-bispos, como Pietro Parolin e Fernando Filoni, estão entre os primeiros a depositar suas cédulas na urna. Em seguida, vêm os cardeais-presbíteros, como Luis Antonio Tagle, e, por fim, os cardeais-diáconos.

Essa estrutura garante que a votação reflita a hierarquia da Igreja. Cada cardeal, após escrever o nome de seu escolhido em uma cédula com grafia disfarçada, faz um juramento solene diante da urna, invocando Cristo como testemunha. O processo, conhecido como “scrutinium”, é repetido até que um candidato alcance a maioria necessária.

A lista divulgada pelo Vaticano, segundo informações da imprensa oficial, inclui nomes de 70 países, com forte presença de Itália (17 cardeais), Estados Unidos (10) e Brasil (7). A diversidade reflete a internacionalização promovida por Francisco, que nomeou 80% dos eleitores atuais.

Preparativos intensos na Capela Sistina

As obras na Capela Sistina começaram semanas antes do conclave. Operários instalaram um piso elevado para facilitar o acesso dos cardeais, muitos deles idosos, e montaram mesas para as sessões de votação. A chaminé, que emite a fumaça visível na Praça São Pedro, foi fixada no telhado por bombeiros.

Dois fornos foram posicionados no canto da capela: um para queimar as cédulas e outro para adicionar produtos químicos que garantem a cor da fumaça. Janelas foram seladas, e dispositivos eletrônicos, desativados, para assegurar o sigilo. Cerca de 200 quartos na Casa Santa Marta foram preparados com camas, mesas e guarda-roupas simples, onde os cardeais ficarão isolados.

A missa Pro Eligendo Pontifice, marcada para a manhã de 7 de maio na Basílica de São Pedro, abre o dia do conclave. Às 16h30, os cardeais entram em procissão na Capela Sistina, entoando o hino Veni Creator Spiritus. O mestre das celebrações litúrgicas pronuncia o “extra omnes”, ordenando a saída de não envolvidos, e a votação começa.

Perfil dos eleitores

O conclave de 2025 é o mais diverso da história, com cardeais de 70 nações, incluindo estreantes como Mongólia, Laos e Papua-Nova Guiné. A Europa mantém a maior representação, com 49% dos eleitores, seguida por Ásia (23), África (18) e América do Sul (17).

Entre os brasileiros, sete cardeais estão aptos a votar:

  • João Braz de Aviz, 78 anos, prefeito do Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada.
  • Odilo Pedro Scherer, 75 anos, arcebispo de São Paulo, experiente em conclaves.
  • Sérgio da Rocha, 65 anos, arcebispo de Salvador e membro do Conselho de Cardeais.
  • Orani João Tempesta, 74 anos, arcebispo do Rio de Janeiro, conhecido pela Jornada Mundial da Juventude.
  • Leonardo Ulrich Steiner, 74 anos, arcebispo de Manaus, primeiro cardeal da Amazônia.
  • Paulo Cezar Costa, 57 anos, arcebispo de Brasília, jovem e influente.
  • Jaime Spengler, 64 anos, arcebispo de Porto Alegre, presidente da CNBB.

Embora nenhum brasileiro esteja entre os favoritos, sua presença reforça a relevância do país, que abriga 13% dos católicos do mundo.

Nomes cotados para o papado

A sucessão de Francisco desperta especulações sobre o perfil do próximo papa. Cardeais como Pietro Parolin, italiano e secretário de Estado do Vaticano, são vistos como moderados com experiência administrativa. Pierbattista Pizzaballa, patriarca de Jerusalém, ganhou destaque por sua atuação em conflitos no Oriente Médio.

Luis Antonio Tagle, filipino, é elogiado por seu compromisso social e carisma, mas enfrenta ressalvas por questões administrativas passadas. Jean-Marc Aveline, de Marselha, e Mario Grech, de Malta, também aparecem em listas de apostas, refletindo a busca por um líder que una progressistas e conservadores.

Robert Sarah, da Guiné, representa uma ala conservadora, com posições firmes contra secularismo e imigração. Péter Erdo, da Hungria, e Matteo Zuppi, da Itália, completam os nomes mais mencionados, mas o ditado romano “quem entra papa no conclave sai cardeal” sugere que surpresas são possíveis.

Reuniões prévias moldam debates

As congregações gerais, realizadas desde 22 de abril, reuniram cardeais para discutir prioridades da Igreja. Temas como evangelização, finanças do Vaticano e crises éticas dominaram as conversas. Em 30 de abril, 181 cardeais, incluindo 124 eleitores, debateram a situação econômica da Santa Sé.

Cardeais como Reinhard Marx, de Munique, apresentaram propostas para fortalecer as finanças vaticanas. Christoph Schonborn, de Viena, detalhou operações do Banco do Vaticano. Essas reuniões, segundo o porta-voz Matteo Bruni, serviram para alinhar visões e traçar o perfil ideal do futuro papa.

Na sessão de 3 de maio, 26 cardeais falaram sobre comunhão e solidariedade entre igrejas, destacando a necessidade de um líder que inspire esperança. A ausência de alguns eleitores, como Angelo Becciu, que renunciou à participação por questões judiciais, também marcou os debates.

Rituais e tradições do conclave

O conclave é regido pela constituição Universi Dominici Gregis, de João Paulo II, com ajustes de Bento XVI. Após o “extra omnes”, os cardeais iniciam a votação com cédulas retangulares. Três escrutinadores, três revisores e três infirmarii, sorteados entre os eleitores, garantem a contagem e a coleta de votos de cardeais doentes.

Cada votação é seguida pela queima das cédulas. Se não houver consenso, um produto químico produz fumaça preta. Quando o eleito alcança 89 votos, a fumaça branca sinaliza o “Habemus Papam”. O novo papa escolhe seu nome pontifício na Sala das Lágrimas e aparece na varanda da Basílica de São Pedro para a bênção Urbi et Orbi.

Os últimos conclaves foram rápidos: Bento XVI foi eleito em 2005 com quatro votações, e Francisco, em 2013, com cinco. Alguns cardeais preveem um processo de dois a três dias, mas divisões entre “bergoglistas” e conservadores podem prolongar as deliberações.

Logística reforça sigilo

A segurança do conclave é prioridade. Cerca de 80 selos de chumbo foram colocados nas entradas da Capela Sistina e áreas adjacentes. Janelas foram obscurecidas, e sensores tecnológicos, desativados. Os cardeais usam vestes corais durante a procissão inicial, mas optam por trajes simples durante as votações.

A Casa Santa Marta, onde os eleitores se hospedam, passou por reformas para acomodar os 133 cardeais. Divisórias e portas temporárias foram instaladas, e janelas, seladas, para evitar contato externo. O ambiente austero reforça o foco espiritual do processo.

Representação global

A diversidade do conclave reflete a visão de Francisco, que ampliou a participação de regiões periféricas. Países como Haiti, Cabo Verde e Timor-Leste terão cardeais votantes pela primeira vez. A América Latina, com 46 eleitores contra 13 na era Bento XVI, ganhou peso significativo.

Entre os eleitores, 108 foram nomeados por Francisco, 22 por Bento XVI e cinco por João Paulo II. O cardeal mais jovem, Mikola Bychok, ucraniano de 45 anos, contrasta com o mais velho, Carlos Osoro Sierra, espanhol de 79 anos. Essa variedade de origens e idades enriquece os debates, mas torna a escolha mais complexa.

Expectativas na Praça São Pedro

Milhares de fiéis e jornalistas já se reúnem na Praça São Pedro, atentos à chaminé da Capela Sistina. A fumaça, preta ou branca, será o primeiro sinal do progresso das votações. Em 2013, a eleição de Francisco atraiu multidões que celebraram a escolha de um papa latino-americano.

A missa de abertura, presidida por Giovanni Battista Re, decano do Colégio Cardinalício, será transmitida para o mundo. Após a votação inicial, os cardeais continuarão as sessões duas vezes por dia, manhã e tarde, até que um nome emerja. A expectativa é que o novo papa seja anunciado até 10 de maio, embora o prazo dependa do consenso.

Papel do camerlengo

O cardeal Kevin Farrell, camerlengo interino, administra o Vaticano durante a Sé Vacante. Ele supervisiona a convocação dos cardeais, a lacração dos aposentos de Francisco e a organização do conclave. Sua função é garantir que o processo siga as normas canônicas, sem interferências externas.

Farrell também coordenou a instalação das cortinas de veludo vermelho na varanda da Basílica de São Pedro, que serão abertas para a primeira aparição do novo papa. A gestão temporária do Vaticano inclui decisões administrativas urgentes, mas evita mudanças estruturais até a eleição.

Influência de Francisco

O legado de Francisco molda o conclave. Sua ênfase em periferias, justiça social e diálogo inter-religioso orienta as discussões. Cardeais como Tagle e Aveline, alinhados a essa visão, podem atrair votos de eleitores progressistas. Já figuras como Sarah apelam a setores que buscam uma Igreja mais ortodoxa.

A nomeação de cardeais de regiões como a Amazônia, representada por Steiner, e de países africanos, como a Guiné de Sarah, ampliou o escopo do Colégio Cardinalício. Essa globalização desafia a predominância histórica da Europa e abre espaço para um papa de origem não tradicional.

Curiosidades do processo

O conclave combina tradição e logística moderna. Algumas peculiaridades destacam sua singularidade:

  • Cédulas anônimas: Os cardeais disfarçam a grafia para evitar identificação.
  • Sala das Lágrimas: O eleito veste os paramentos papais em uma sacristia reservada.
  • Três tamanhos de vestes: Roupas papais são preparadas em pequeno, médio e grande.
  • Juramento solene: Cada voto é acompanhado por uma invocação a Cristo.
  • Fumaça química: Produtos especiais garantem a visibilidade da fumaça na praça.

Esses detalhes, preservados por séculos, fascinam fiéis e observadores, reforçando a mística do conclave.

Desafios do novo pontífice

O próximo papa enfrentará questões como a secularização na Europa, o crescimento do catolicismo na África e na Ásia, e a reforma da Cúria Romana. A gestão financeira do Vaticano, discutida nas congregações gerais, exige transparência após escândalos recentes.

A evangelização em um mundo polarizado também será central. Cardeais como Vesco, de Argel, defendem um papa na linha de Francisco, que “abra os braços” aos fiéis. Outros, como Goh, de Singapura, enfatizam a necessidade de firmeza doutrinária.

A escolha refletirá o equilíbrio entre continuidade e renovação, com os 133 cardeais buscando um líder capaz de unir a Igreja em tempos de mudança.



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