Um escândalo milionário no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) abalou a relação entre o Partido Democrático Trabalhista (PDT) e o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A bancada do PDT na Câmara dos Deputados, composta por 17 parlamentares, decidiu por unanimidade abandonar a base aliada do governo. A reunião que selou a ruptura ocorreu em Brasília, marcada por insatisfações acumuladas e pela recente saída de Carlos Lupi, presidente licenciado do partido, do cargo de ministro da Previdência Social.
A decisão reflete um momento de tensão política. Parlamentares do PDT expressaram descontentamento com o tratamento recebido pelo partido e com as perspectivas para as eleições de 2026. A demissão de Lupi, figura central da sigla, foi o estopim para a debandada.
- Motivos da ruptura: Insatisfação com a condução do governo e a troca ministerial.
- Escândalo no INSS: Fraude milionária envolvendo a Previdência Social.
- Impacto na Câmara: PDT detém 17 das 513 cadeiras, um número relevante.
- Eleições de 2026: Preocupações com alianças futuras influenciaram a decisão.
Reações no cenário político
O líder da bancada do PDT na Câmara, Mário Heringer (PDT-MG), foi enfático ao comunicar a decisão. Ele destacou que a saída da base aliada não significa uma oposição automática ao governo, mas sim uma postura de independência. A bancada planeja avaliar cada proposta do Executivo caso a caso, sem compromisso prévio de apoio. Essa mudança altera a dinâmica de votação na Câmara, onde o governo já enfrenta dificuldades para aprovar projetos prioritários.
No Senado, a situação é mais complexa. Weverton Rocha (MA), líder da bancada pedetista, sinalizou que a decisão da Câmara não será automaticamente replicada na Casa. Com apenas três senadores — Rocha, Ana Paula Lobato (MA) e Leila Barros (DF) —, o PDT tem menor peso no Senado, que conta com 81 parlamentares. Rocha informou que discutirá o posicionamento com suas colegas, mas descreveu um eventual desembarque como “mais difícil”. A cautela reflete a necessidade de manter influência em negociações legislativas.
A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, tentou minimizar o impacto da ruptura. Em entrevista, ela reforçou a importância do PDT como aliado histórico e expressou confiança em manter diálogo com a sigla. A declaração busca evitar um efeito dominó que possa incentivar outros partidos da base a reverem sua posição.

Histórico de tensões entre PDT e PT
A relação entre PDT e PT, embora marcada por alianças em momentos-chave, sempre foi permeada por rivalidades. Fundado em 1979 por Leonel Brizola, o PDT surgiu como uma força de esquerda trabalhista, mas perdeu protagonismo para o PT a partir dos anos 1990. A competição pelo eleitorado de esquerda gerou atritos, com breves tréguas, como em 1998, quando Brizola foi candidato a vice na chapa de Lula.
Nos últimos anos, o PDT integrou a base de Lula, mas com ressalvas. A indicação de Carlos Lupi para o Ministério da Previdência Social, em 2023, foi vista como um gesto de aproximação. Contudo, divergências em pautas econômicas e estratégias eleitorais mantiveram a aliança fragilizada.
- Rivalidade histórica: PDT e PT disputaram liderança da esquerda por décadas.
- Aliança instável: Apoio ao governo Lula veio com críticas internas no PDT.
- Figura de Lupi: Sua demissão intensificou o mal-estar entre os partidos.
Escândalo no INSS e a saída de Lupi
Carlos Lupi deixou o Ministério da Previdência Social na sexta-feira, 2 de maio de 2025, após a revelação de uma fraude milionária no INSS. O esquema, que envolveu desvios de recursos previdenciários, gerou forte pressão sobre Lupi, embora ele tenha negado qualquer envolvimento. Em sua carta de demissão, o ex-ministro afirmou que sua saída visava preservar a imagem do governo e do PDT.
O presidente Lula nomeou Wolney Queiroz, então secretário-executivo do ministério, como substituto. A escolha desagradou a bancada pedetista, que esperava maior consulta na decisão. Parlamentares do PDT interpretaram a troca como um sinal de desvalorização do partido dentro da coalizão governista.
A fraude no INSS, ainda sob investigação, envolveu a manipulação de benefícios previdenciários, com prejuízos estimados em dezenas de milhões de reais. Autoridades apuram a participação de servidores públicos e intermediários externos no esquema. O caso ganhou destaque na imprensa e ampliou a crise política em torno do Ministério da Previdência.
Movimentações no Congresso
A saída do PDT da base aliada reduz o apoio do governo na Câmara, onde a coalizão já enfrenta desafios para garantir maiorias. Com 17 deputados, o PDT representava uma força significativa em votações de projetos como reformas tributárias e medidas econômicas. A postura independente anunciada por Heringer sugere que o partido pode negociar apoios pontuais, mas sem alinhamento automático.
Na última sessão legislativa antes da decisão, o PDT já havia demonstrado resistência a algumas propostas do governo. Deputados da sigla votaram contra a urgência de um projeto de lei que regulamentava benefícios fiscais, sinalizando insatisfação com a articulação política do Planalto. A ruptura formaliza essa distância e pode complicar a aprovação de matérias prioritárias.
- Projetos em risco: Reformas e medidas econômicas podem enfrentar resistência.
- Negociações futuras: PDT deve buscar acordos pontuais com o governo.
- Peso na Câmara: Perda de 17 votos impacta a base governista.
- Articulação política: Planalto precisa reforçar diálogo com outros partidos.
Perspectivas eleitorais para 2026
A decisão do PDT está intrinsecamente ligada às eleições de 2026. Parlamentares da sigla expressaram preocupação com a falta de espaço político dentro da base aliada, especialmente em estados onde o PT domina candidaturas majoritárias. A saída da coalizão permite ao PDT maior liberdade para construir alianças regionais e fortalecer sua identidade partidária.
Ciro Gomes, ex-candidato à Presidência e uma das principais lideranças do PDT, criticou publicamente a substituição de Lupi por Queiroz. Ele classificou a decisão como um “desrespeito” ao partido e sinalizou que a sigla pode lançar candidatura própria em 2026. Gomes, que obteve 12,47% dos votos na eleição presidencial de 2018, é cotado para disputar novamente o Palácio do Planalto.
A ruptura também reflete estratégias regionais. No Maranhão, por exemplo, Weverton Rocha busca consolidar sua influência como pré-candidato ao governo estadual, o que pode colidir com interesses do PT. No Ceará, reduto dos irmãos Gomes, o PDT planeja manter sua hegemonia política, evitando subordinação ao projeto nacional petista.
Reações de outros partidos
A debandada do PDT gerou reações variadas no Congresso. Partidos da oposição, como o Partido Liberal (PL) e o Progressistas (PP), enxergam na ruptura uma oportunidade para atrair deputados pedetistas descontentes. Líderes oposicionistas já iniciaram conversas informais com membros do PDT, oferecendo apoio em disputas regionais.
Na base aliada, o MDB e o PSD, partidos centristas, adotaram tom cauteloso. Líderes dessas siglas afirmaram que manterão o apoio ao governo, mas cobraram maior diálogo do Planalto para evitar novas deserções. O Centrão, bloco de partidos conhecido por sua influência em negociações legislativas, pode ganhar ainda mais peso nas articulações políticas.
- Oposição fortalecida: PL e PP buscam aproximação com deputados do PDT.
- Centrão em alta: Bloco pode exigir mais espaço no governo.
- Base aliada enfraquecida: MDB e PSD cobram articulação do Planalto.
Contexto da crise no INSS
O escândalo que levou à demissão de Lupi expôs fragilidades na gestão do INSS. Investigações apontam que o esquema fraudulento operava há pelo menos dois anos, com a criação de benefícios fictícios e a liberação irregular de aposentadorias. A Polícia Federal conduz inquéritos para identificar todos os envolvidos, incluindo possíveis conexões com agentes políticos.
O novo ministro, Wolney Queiroz, anunciou que revisará processos internos do INSS para coibir novas fraudes. Ele também planeja mudanças em cargos estratégicos do ministério, o que pode gerar resistência de servidores de carreira. A transição ministerial ocorre em um momento delicado, com o governo sob pressão para aprovar medidas de ajuste fiscal.
A fraude no INSS não é um caso isolado. Nos últimos anos, o instituto enfrentou recorrentes denúncias de irregularidades, como filas para concessão de benefícios e erros em cálculos previdenciários. O escândalo atual reforça a necessidade de modernização dos sistemas de controle do órgão.
Posicionamento do PDT no Senado
No Senado, a bancada do PDT mantém postura reservada. Weverton Rocha destacou que a decisão da Câmara será debatida com cuidado, considerando o impacto em negociações legislativas. Ana Paula Lobato e Leila Barros, as outras senadoras da sigla, ainda não se manifestaram publicamente sobre a ruptura.
A influência do PDT no Senado é limitada, mas estratégica. Em votações apertadas, os três senadores podem fazer diferença, especialmente em pautas como emendas constitucionais, que exigem quórum qualificado. A manutenção de uma postura independente no Senado pode fortalecer a posição do PDT em negociações com o governo e a oposição.
Estratégias do governo para conter a crise
O Palácio do Planalto intensificou contatos com lideranças partidárias após a decisão do PDT. O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, foi escalado para dialogar com deputados e senadores da sigla, buscando evitar uma ruptura definitiva. O governo também planeja oferecer cargos em escalões inferiores para partidos aliados, reforçando a coalizão.
Lula, por sua vez, evitou comentar diretamente a saída do PDT. Em evento público, ele destacou a importância de manter a governabilidade e prometeu diálogo com todos os setores do Congresso. A estratégia do Planalto inclui acelerar a liberação de emendas parlamentares, uma prática comum para assegurar apoio legislativo.
- Diálogo intensificado: Planalto busca reaproximação com o PDT.
- Liberação de emendas: Governo pode usar recursos para manter aliados.
- Cargos estratégicos: Oferta de posições pode atrair partidos do Centrão.
- Pautas prioritárias: Aprovação de reformas depende de nova articulação.
Cronologia dos acontecimentos
Os eventos que culminaram na ruptura do PDT com o governo Lula se desenrolaram rapidamente. A crise no INSS e a demissão de Lupi foram catalisadores, mas as tensões já vinham se acumulando. Abaixo, os principais marcos do processo:
- Janeiro de 2023: Carlos Lupi assume o Ministério da Previdência Social.
- Abril de 2025: Primeiras denúncias de fraudes no INSS ganham repercussão.
- 2 de maio de 2025: Lupi pede demissão; Wolney Queiroz é nomeado ministro.
- 6 de maio de 2025: Bancada do PDT na Câmara decide deixar a base aliada.
- 6 de maio de 2025: Weverton Rocha sinaliza cautela no Senado.
Impacto na base aliada
A saída do PDT reduz a margem de manobra do governo na Câmara, onde a construção de maiorias é essencial para aprovar projetos. O PT, principal partido da coalizão, conta com 68 deputados, seguido pelo MDB (42) e PSD (42). A perda dos 17 deputados do PDT exige que o Planalto busque novos aliados, possivelmente entre partidos menores ou do Centrão.
A articulação política do governo enfrenta críticas internas. Deputados aliados apontam falhas na comunicação com o Congresso, o que teria contribuído para a crise com o PDT. O Planalto agora precisa equilibrar a manutenção da base atual com a conquista de novos apoios, em um cenário de crescente polarização política.
Movimentações regionais do PDT
A decisão do PDT também reflete interesses regionais. No Nordeste, onde a sigla tem forte presença, parlamentares buscam maior autonomia para negociações eleitorais. No Maranhão, Weverton Rocha trabalha para viabilizar sua candidatura ao governo em 2026, enfrentando competição com o PT. No Ceará, o PDT mantém controle político sob a liderança de Cid e Ciro Gomes, mas enfrenta pressões do PT em disputas locais.
No Rio de Janeiro, o PDT planeja fortalecer candidaturas municipais, aproveitando a popularidade de figuras como Martha Rocha. A independência em relação ao governo Lula permite à sigla construir alianças com partidos de centro e até de oposição, dependendo do contexto estadual.
Próximos passos do PDT
A bancada do PDT na Câmara já começou a discutir sua atuação independente. Reuniões internas definiram que a sigla priorizará pautas trabalhistas e de desenvolvimento regional, mantendo sua identidade de esquerda. Projetos relacionados à Previdência Social, como a correção de benefícios, devem receber atenção especial dos deputados pedetistas.
No Senado, a decisão final sobre o alinhamento com a Câmara será tomada após consulta às senadoras Lobato e Barros. A postura de Weverton Rocha sugere que o PDT buscará manter influência em negociações legislativas, sem se comprometer com o governo ou a oposição.
Desafios do novo ministro
Wolney Queiroz, agora à frente do Ministério da Previdência Social, enfrenta a tarefa de restaurar a credibilidade do INSS. Ele anunciou a criação de uma força-tarefa para investigar fraudes e prometeu transparência na gestão. A revisão de contratos e sistemas de concessão de benefícios está entre as prioridades do novo ministro.
Queiroz também precisa lidar com a pressão de deputados e senadores por respostas sobre o escândalo. A oposição já sinalizou que cobrará explicações detalhadas, enquanto aliados do governo exigem agilidade na resolução do caso. A atuação de Queiroz será decisiva para evitar novos desgastes ao Planalto.

Um escândalo milionário no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) abalou a relação entre o Partido Democrático Trabalhista (PDT) e o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A bancada do PDT na Câmara dos Deputados, composta por 17 parlamentares, decidiu por unanimidade abandonar a base aliada do governo. A reunião que selou a ruptura ocorreu em Brasília, marcada por insatisfações acumuladas e pela recente saída de Carlos Lupi, presidente licenciado do partido, do cargo de ministro da Previdência Social.
A decisão reflete um momento de tensão política. Parlamentares do PDT expressaram descontentamento com o tratamento recebido pelo partido e com as perspectivas para as eleições de 2026. A demissão de Lupi, figura central da sigla, foi o estopim para a debandada.
- Motivos da ruptura: Insatisfação com a condução do governo e a troca ministerial.
- Escândalo no INSS: Fraude milionária envolvendo a Previdência Social.
- Impacto na Câmara: PDT detém 17 das 513 cadeiras, um número relevante.
- Eleições de 2026: Preocupações com alianças futuras influenciaram a decisão.
Reações no cenário político
O líder da bancada do PDT na Câmara, Mário Heringer (PDT-MG), foi enfático ao comunicar a decisão. Ele destacou que a saída da base aliada não significa uma oposição automática ao governo, mas sim uma postura de independência. A bancada planeja avaliar cada proposta do Executivo caso a caso, sem compromisso prévio de apoio. Essa mudança altera a dinâmica de votação na Câmara, onde o governo já enfrenta dificuldades para aprovar projetos prioritários.
No Senado, a situação é mais complexa. Weverton Rocha (MA), líder da bancada pedetista, sinalizou que a decisão da Câmara não será automaticamente replicada na Casa. Com apenas três senadores — Rocha, Ana Paula Lobato (MA) e Leila Barros (DF) —, o PDT tem menor peso no Senado, que conta com 81 parlamentares. Rocha informou que discutirá o posicionamento com suas colegas, mas descreveu um eventual desembarque como “mais difícil”. A cautela reflete a necessidade de manter influência em negociações legislativas.
A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, tentou minimizar o impacto da ruptura. Em entrevista, ela reforçou a importância do PDT como aliado histórico e expressou confiança em manter diálogo com a sigla. A declaração busca evitar um efeito dominó que possa incentivar outros partidos da base a reverem sua posição.

Histórico de tensões entre PDT e PT
A relação entre PDT e PT, embora marcada por alianças em momentos-chave, sempre foi permeada por rivalidades. Fundado em 1979 por Leonel Brizola, o PDT surgiu como uma força de esquerda trabalhista, mas perdeu protagonismo para o PT a partir dos anos 1990. A competição pelo eleitorado de esquerda gerou atritos, com breves tréguas, como em 1998, quando Brizola foi candidato a vice na chapa de Lula.
Nos últimos anos, o PDT integrou a base de Lula, mas com ressalvas. A indicação de Carlos Lupi para o Ministério da Previdência Social, em 2023, foi vista como um gesto de aproximação. Contudo, divergências em pautas econômicas e estratégias eleitorais mantiveram a aliança fragilizada.
- Rivalidade histórica: PDT e PT disputaram liderança da esquerda por décadas.
- Aliança instável: Apoio ao governo Lula veio com críticas internas no PDT.
- Figura de Lupi: Sua demissão intensificou o mal-estar entre os partidos.
Escândalo no INSS e a saída de Lupi
Carlos Lupi deixou o Ministério da Previdência Social na sexta-feira, 2 de maio de 2025, após a revelação de uma fraude milionária no INSS. O esquema, que envolveu desvios de recursos previdenciários, gerou forte pressão sobre Lupi, embora ele tenha negado qualquer envolvimento. Em sua carta de demissão, o ex-ministro afirmou que sua saída visava preservar a imagem do governo e do PDT.
O presidente Lula nomeou Wolney Queiroz, então secretário-executivo do ministério, como substituto. A escolha desagradou a bancada pedetista, que esperava maior consulta na decisão. Parlamentares do PDT interpretaram a troca como um sinal de desvalorização do partido dentro da coalizão governista.
A fraude no INSS, ainda sob investigação, envolveu a manipulação de benefícios previdenciários, com prejuízos estimados em dezenas de milhões de reais. Autoridades apuram a participação de servidores públicos e intermediários externos no esquema. O caso ganhou destaque na imprensa e ampliou a crise política em torno do Ministério da Previdência.
Movimentações no Congresso
A saída do PDT da base aliada reduz o apoio do governo na Câmara, onde a coalizão já enfrenta desafios para garantir maiorias. Com 17 deputados, o PDT representava uma força significativa em votações de projetos como reformas tributárias e medidas econômicas. A postura independente anunciada por Heringer sugere que o partido pode negociar apoios pontuais, mas sem alinhamento automático.
Na última sessão legislativa antes da decisão, o PDT já havia demonstrado resistência a algumas propostas do governo. Deputados da sigla votaram contra a urgência de um projeto de lei que regulamentava benefícios fiscais, sinalizando insatisfação com a articulação política do Planalto. A ruptura formaliza essa distância e pode complicar a aprovação de matérias prioritárias.
- Projetos em risco: Reformas e medidas econômicas podem enfrentar resistência.
- Negociações futuras: PDT deve buscar acordos pontuais com o governo.
- Peso na Câmara: Perda de 17 votos impacta a base governista.
- Articulação política: Planalto precisa reforçar diálogo com outros partidos.
Perspectivas eleitorais para 2026
A decisão do PDT está intrinsecamente ligada às eleições de 2026. Parlamentares da sigla expressaram preocupação com a falta de espaço político dentro da base aliada, especialmente em estados onde o PT domina candidaturas majoritárias. A saída da coalizão permite ao PDT maior liberdade para construir alianças regionais e fortalecer sua identidade partidária.
Ciro Gomes, ex-candidato à Presidência e uma das principais lideranças do PDT, criticou publicamente a substituição de Lupi por Queiroz. Ele classificou a decisão como um “desrespeito” ao partido e sinalizou que a sigla pode lançar candidatura própria em 2026. Gomes, que obteve 12,47% dos votos na eleição presidencial de 2018, é cotado para disputar novamente o Palácio do Planalto.
A ruptura também reflete estratégias regionais. No Maranhão, por exemplo, Weverton Rocha busca consolidar sua influência como pré-candidato ao governo estadual, o que pode colidir com interesses do PT. No Ceará, reduto dos irmãos Gomes, o PDT planeja manter sua hegemonia política, evitando subordinação ao projeto nacional petista.
Reações de outros partidos
A debandada do PDT gerou reações variadas no Congresso. Partidos da oposição, como o Partido Liberal (PL) e o Progressistas (PP), enxergam na ruptura uma oportunidade para atrair deputados pedetistas descontentes. Líderes oposicionistas já iniciaram conversas informais com membros do PDT, oferecendo apoio em disputas regionais.
Na base aliada, o MDB e o PSD, partidos centristas, adotaram tom cauteloso. Líderes dessas siglas afirmaram que manterão o apoio ao governo, mas cobraram maior diálogo do Planalto para evitar novas deserções. O Centrão, bloco de partidos conhecido por sua influência em negociações legislativas, pode ganhar ainda mais peso nas articulações políticas.
- Oposição fortalecida: PL e PP buscam aproximação com deputados do PDT.
- Centrão em alta: Bloco pode exigir mais espaço no governo.
- Base aliada enfraquecida: MDB e PSD cobram articulação do Planalto.
Contexto da crise no INSS
O escândalo que levou à demissão de Lupi expôs fragilidades na gestão do INSS. Investigações apontam que o esquema fraudulento operava há pelo menos dois anos, com a criação de benefícios fictícios e a liberação irregular de aposentadorias. A Polícia Federal conduz inquéritos para identificar todos os envolvidos, incluindo possíveis conexões com agentes políticos.
O novo ministro, Wolney Queiroz, anunciou que revisará processos internos do INSS para coibir novas fraudes. Ele também planeja mudanças em cargos estratégicos do ministério, o que pode gerar resistência de servidores de carreira. A transição ministerial ocorre em um momento delicado, com o governo sob pressão para aprovar medidas de ajuste fiscal.
A fraude no INSS não é um caso isolado. Nos últimos anos, o instituto enfrentou recorrentes denúncias de irregularidades, como filas para concessão de benefícios e erros em cálculos previdenciários. O escândalo atual reforça a necessidade de modernização dos sistemas de controle do órgão.
Posicionamento do PDT no Senado
No Senado, a bancada do PDT mantém postura reservada. Weverton Rocha destacou que a decisão da Câmara será debatida com cuidado, considerando o impacto em negociações legislativas. Ana Paula Lobato e Leila Barros, as outras senadoras da sigla, ainda não se manifestaram publicamente sobre a ruptura.
A influência do PDT no Senado é limitada, mas estratégica. Em votações apertadas, os três senadores podem fazer diferença, especialmente em pautas como emendas constitucionais, que exigem quórum qualificado. A manutenção de uma postura independente no Senado pode fortalecer a posição do PDT em negociações com o governo e a oposição.
Estratégias do governo para conter a crise
O Palácio do Planalto intensificou contatos com lideranças partidárias após a decisão do PDT. O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, foi escalado para dialogar com deputados e senadores da sigla, buscando evitar uma ruptura definitiva. O governo também planeja oferecer cargos em escalões inferiores para partidos aliados, reforçando a coalizão.
Lula, por sua vez, evitou comentar diretamente a saída do PDT. Em evento público, ele destacou a importância de manter a governabilidade e prometeu diálogo com todos os setores do Congresso. A estratégia do Planalto inclui acelerar a liberação de emendas parlamentares, uma prática comum para assegurar apoio legislativo.
- Diálogo intensificado: Planalto busca reaproximação com o PDT.
- Liberação de emendas: Governo pode usar recursos para manter aliados.
- Cargos estratégicos: Oferta de posições pode atrair partidos do Centrão.
- Pautas prioritárias: Aprovação de reformas depende de nova articulação.
Cronologia dos acontecimentos
Os eventos que culminaram na ruptura do PDT com o governo Lula se desenrolaram rapidamente. A crise no INSS e a demissão de Lupi foram catalisadores, mas as tensões já vinham se acumulando. Abaixo, os principais marcos do processo:
- Janeiro de 2023: Carlos Lupi assume o Ministério da Previdência Social.
- Abril de 2025: Primeiras denúncias de fraudes no INSS ganham repercussão.
- 2 de maio de 2025: Lupi pede demissão; Wolney Queiroz é nomeado ministro.
- 6 de maio de 2025: Bancada do PDT na Câmara decide deixar a base aliada.
- 6 de maio de 2025: Weverton Rocha sinaliza cautela no Senado.
Impacto na base aliada
A saída do PDT reduz a margem de manobra do governo na Câmara, onde a construção de maiorias é essencial para aprovar projetos. O PT, principal partido da coalizão, conta com 68 deputados, seguido pelo MDB (42) e PSD (42). A perda dos 17 deputados do PDT exige que o Planalto busque novos aliados, possivelmente entre partidos menores ou do Centrão.
A articulação política do governo enfrenta críticas internas. Deputados aliados apontam falhas na comunicação com o Congresso, o que teria contribuído para a crise com o PDT. O Planalto agora precisa equilibrar a manutenção da base atual com a conquista de novos apoios, em um cenário de crescente polarização política.
Movimentações regionais do PDT
A decisão do PDT também reflete interesses regionais. No Nordeste, onde a sigla tem forte presença, parlamentares buscam maior autonomia para negociações eleitorais. No Maranhão, Weverton Rocha trabalha para viabilizar sua candidatura ao governo em 2026, enfrentando competição com o PT. No Ceará, o PDT mantém controle político sob a liderança de Cid e Ciro Gomes, mas enfrenta pressões do PT em disputas locais.
No Rio de Janeiro, o PDT planeja fortalecer candidaturas municipais, aproveitando a popularidade de figuras como Martha Rocha. A independência em relação ao governo Lula permite à sigla construir alianças com partidos de centro e até de oposição, dependendo do contexto estadual.
Próximos passos do PDT
A bancada do PDT na Câmara já começou a discutir sua atuação independente. Reuniões internas definiram que a sigla priorizará pautas trabalhistas e de desenvolvimento regional, mantendo sua identidade de esquerda. Projetos relacionados à Previdência Social, como a correção de benefícios, devem receber atenção especial dos deputados pedetistas.
No Senado, a decisão final sobre o alinhamento com a Câmara será tomada após consulta às senadoras Lobato e Barros. A postura de Weverton Rocha sugere que o PDT buscará manter influência em negociações legislativas, sem se comprometer com o governo ou a oposição.
Desafios do novo ministro
Wolney Queiroz, agora à frente do Ministério da Previdência Social, enfrenta a tarefa de restaurar a credibilidade do INSS. Ele anunciou a criação de uma força-tarefa para investigar fraudes e prometeu transparência na gestão. A revisão de contratos e sistemas de concessão de benefícios está entre as prioridades do novo ministro.
Queiroz também precisa lidar com a pressão de deputados e senadores por respostas sobre o escândalo. A oposição já sinalizou que cobrará explicações detalhadas, enquanto aliados do governo exigem agilidade na resolução do caso. A atuação de Queiroz será decisiva para evitar novos desgastes ao Planalto.
