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11 May 2025, Sun

Como evitar ligações automáticas com Não Me Perturbe e Qual Empresa Me Ligou

celular travado


Imagine atender o celular e ouvir apenas silêncio, seguido por um clique rápido. Essas ligações automáticas, conhecidas como robocalls, tornaram-se uma praga para milhões de usuários de telefonia no Brasil. Diariamente, números desconhecidos invadem a privacidade, muitas vezes com chamadas que duram apenas três segundos. A situação escalou a ponto de sobrecarregar as redes das operadoras, levando a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) a implementar medidas rigorosas contra essas práticas abusivas.

O problema não é novo, mas ganhou proporções alarmantes nos últimos anos. Operadoras relatam que até 90% das chamadas em suas redes são feitas por robôs, consumindo recursos e comprometendo a qualidade do serviço. Diante disso, ferramentas como o “Não Me Perturbe” e a plataforma “Qual Empresa Me Ligou?” surgiram como aliados dos consumidores, enquanto operadoras investem em tecnologias de bloqueio. A seguir, algumas estratégias eficazes para reduzir o incômodo:

  • Cadastro gratuito no “Não Me Perturbe” para bloquear telemarketing.
  • Uso de aplicativos de identificação e bloqueio de chamadas.
  • Evitar atender números sem identificação de origem.
  • Denunciar chamadas indesejadas à Anatel ou ao Procon.

Essas soluções, combinadas com novas regulamentações, oferecem esperança para quem busca tranquilidade ao usar o celular.

Origem do problema das robocalls

As ligações automáticas começaram como uma ferramenta de marketing, mas evoluíram para um problema sistêmico. Empresas utilizam sistemas computadorizados para disparar chamadas em massa, muitas vezes com mensagens pré-gravadas ou chamadas mudas que caem rapidamente. Essas práticas, segundo dados da Anatel, geram cerca de 10 bilhões de ligações mensais no Brasil, com metade classificada como robocalls. A maioria dura menos de seis segundos, configurando o que a agência chama de “chamadas de curta duração”.

A sobrecarga nas redes de telecomunicações é um dos principais efeitos colaterais. Cada ligação, por mais breve que seja, consome banda e infraestrutura, impactando a estabilidade do serviço para todos os usuários. Em 2024, a Anatel passou a considerar chamadas com menos de seis segundos como abusivas, obrigando operadoras a implementar filtros mais rigorosos. Além disso, muitas robocalls utilizam números fictícios, gerados automaticamente, o que dificulta o bloqueio manual pelos consumidores.

O aumento no volume de chamadas automáticas reflete o avanço das tecnologias de automação. Softwares sofisticados permitem que empresas disparem milhares de ligações simultaneamente, muitas vezes sem qualquer interação humana. Isso torna o problema não apenas incômodo, mas também um desafio técnico para as operadoras, que precisam equilibrar a liberdade de comunicação com a proteção dos usuários.

Como funciona o “Não Me Perturbe”

Uma das ferramentas mais populares para combater robocalls é o serviço “Não Me Perturbe”, lançado pela Anatel em 2019. Gratuito e acessível pelo site naomeperturbe.com.br, o serviço permite que consumidores cadastrem seus números de telefone para bloquear chamadas de telemarketing de empresas participantes, como operadoras de telecomunicações e instituições financeiras. O processo é simples, mas exige paciência, já que a efetivação do bloqueio pode levar até 30 dias.

Após o cadastro, o usuário recebe um comprovante de solicitação, que pode ser salvo ou impresso. A plataforma é limitada a empresas que aderiram ao programa, o que significa que chamadas de companhias não participantes podem continuar. Apesar disso, relatos indicam uma redução significativa nas ligações indesejadas, especialmente de grandes operadoras e bancos. A Anatel monitora o cumprimento das regras, aplicando multas de até R$ 50 milhões para empresas que desrespeitam o cadastro.

Para quem busca proteção imediata, o “Não Me Perturbe” pode ser combinado com outras estratégias, como o uso de aplicativos de bloqueio ou a denúncia de números abusivos. A ferramenta também é atualizada regularmente, incorporando novas empresas e melhorando sua eficácia contra práticas de telemarketing agressivo.

Identificação de chamadas com “Qual Empresa Me Ligou?”

Outra iniciativa da Anatel, a plataforma “Qual Empresa Me Ligou?” ajuda a rastrear a origem de ligações indesejadas. Disponível online, o serviço permite que o usuário insira o número que realizou a chamada e receba informações sobre a empresa responsável. Caso a ligação seja abusiva, é possível registrar uma denúncia diretamente na plataforma, facilitando ações regulatórias contra os infratores.

A transparência oferecida pela ferramenta é um passo importante para empoderar os consumidores. Muitas vezes, as robocalls são feitas por empresas de pequeno porte ou call centers terceirizados, que operam à margem das regulamentações. Ao identificar essas origens, os usuários podem tomar medidas como bloquear o número ou reportar o caso ao Procon. A plataforma também contribui para a coleta de dados pela Anatel, que utiliza as informações para mapear padrões de abuso e aprimorar suas políticas.

O uso do “Qual Empresa Me Ligou?” é especialmente útil para quem recebe chamadas persistentes de números desconhecidos. A interface é intuitiva, e o serviço é gratuito, tornando-o acessível para todos os públicos. Combinado com o “Não Me Perturbe”, ele forma uma dupla poderosa contra a enxurrada de robocalls que assolam os brasileiros.

Chamada Telefônica suspeit
Foto: TimmyTimTim/Shutterstock.com

Tecnologias de bloqueio nas operadoras

As operadoras de telefonia não ficaram paradas diante do avanço das robocalls. Empresas como Claro, Vivo, TIM e Oi têm investido em sistemas avançados para identificar e bloquear chamadas automáticas antes que cheguem ao consumidor. Essas tecnologias utilizam inteligência artificial para analisar padrões de tráfego, como chamadas de curta duração ou números gerados aleatoriamente, e aplicam filtros automáticos para barrá-las.

Algumas operadoras também oferecem alertas em tempo real, informando ao usuário que uma chamada recebida pode ser suspeita. Esses avisos aparecem na tela do celular, permitindo que o consumidor decida se quer atender ou bloquear o número. Além disso, as empresas estão promovendo campanhas de conscientização, incentivando o uso de ferramentas como o “Não Me Perturbe” e orientando sobre boas práticas para evitar golpes.

As medidas adotadas pelas operadoras refletem a pressão da Anatel, que intensificou a fiscalização em 2024. Relatórios mensais sobre tráfego de chamadas são agora obrigatórios, permitindo que a agência identifique irregularidades com maior rapidez. Apesar dos avanços, o combate às robocalls ainda enfrenta desafios, especialmente no caso de chamadas internacionais ou originadas de sistemas fora do alcance regulatório brasileiro.

Aplicativos para bloquear chamadas

Além das soluções oferecidas pela Anatel e pelas operadoras, aplicativos de terceiros são uma opção popular para quem deseja proteção extra contra robocalls. Disponíveis para Android e iOS, esses apps utilizam bancos de dados de números conhecidos por práticas abusivas e bloqueiam chamadas automaticamente. Entre os mais usados estão o Truecaller e o Whoscall, que oferecem versões gratuitas com funcionalidades básicas.

O Truecaller, por exemplo, identifica chamadas em tempo real e permite que o usuário crie listas de bloqueio personalizadas. Sua versão premium, que custa cerca de R$ 49,90 por ano, inclui recursos avançados como bloqueio de números internacionais. Já o Whoscall oferece uma interface simples e é eficaz para filtrar chamadas de telemarketing, com um plano pago de R$ 4,99 por mês para funcionalidades completas.

Esses aplicativos são fáceis de configurar e podem ser usados em conjunto com as ferramentas da Anatel. No entanto, é importante verificar a reputação do app antes de instalá-lo, já que alguns podem coletar dados pessoais sem consentimento. A escolha de um aplicativo confiável pode fazer a diferença na redução do volume de chamadas indesejadas.

  • Truecaller: Identifica e bloqueia chamadas com base em um banco de dados global.
  • Whoscall: Eficiente contra telemarketing, com alertas em tempo real.
  • Hiya: Oferece proteção contra fraudes e chamadas automáticas.
  • Call Blocker: Permite criar listas personalizadas de números bloqueados.

Configurações nativas dos smartphones

Os próprios smartphones oferecem recursos nativos para combater robocalls, muitas vezes ignorados pelos usuários. No Android, a função “ID de chamada e spam” pode ser ativada nas configurações do aplicativo Telefone, silenciando chamadas suspeitas ou enviando-as para o correio de voz. No iPhone, a opção “Silenciar chamadas desconhecidas”, disponível em Ajustes > Telefone, bloqueia automaticamente números que não estão na lista de contatos.

Essas configurações são simples de ativar e não exigem a instalação de aplicativos adicionais. No entanto, elas podem ser menos precisas do que soluções dedicadas, já que dependem de algoritmos genéricos para identificar chamadas indesejadas. Ainda assim, são uma primeira linha de defesa eficaz, especialmente para quem prefere evitar softwares de terceiros.

A ativação dessas funções varia conforme o modelo do celular. Em dispositivos Samsung, por exemplo, o recurso está integrado ao app Telefone, enquanto em iPhones ele exige apenas alguns toques nos ajustes. Consultar o manual do aparelho ou o site do fabricante pode ajudar a encontrar a configuração ideal.

Riscos associados às robocalls

Embora muitas robocalls sejam apenas incômodas, algumas representam riscos reais. Criminosos utilizam essas chamadas para aplicar golpes, como falsas ofertas de serviços ou solicitações de dados pessoais. Mensagens pré-gravadas que imitam instituições confiáveis, como bancos ou órgãos governamentais, são comuns e podem enganar até os mais cautelosos.

A Anatel alerta que números fictícios, frequentemente usados em robocalls, dificultam a rastreabilidade dessas fraudes. Em 2024, a agência registrou um aumento de 12% nas chamadas automáticas em comparação com o ano anterior, com cerca de 24 bilhões de ligações nos dois primeiros meses do ano. Esse crescimento reflete a sofisticação dos sistemas usados por golpistas, que exploram vulnerabilidades nas redes de telecomunicações.

Evitar atender números desconhecidos é uma das melhores formas de se proteger. Caso a chamada seja atendida, a recomendação é não fornecer informações pessoais ou clicar em links enviados por SMS associados à ligação. Denunciar o número à Anatel ou ao Procon também ajuda a conter a prática.

Ações do Procon contra chamadas abusivas

Quando as ferramentas da Anatel não são suficientes, o Programa de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon) oferece uma alternativa. Cada estado possui seu próprio Procon, e muitos disponibilizam sistemas de bloqueio de telemarketing. Em São Paulo, por exemplo, o serviço está ativo desde 2009 e já recebeu mais de 2 milhões de cadastros, permitindo que usuários registrem até cinco números de telefone.

O cadastro no Procon é semelhante ao do “Não Me Perturbe”, mas abrange empresas de todos os setores, não apenas telecomunicações e bancos. Após o registro, as companhias têm 30 dias para interromper as chamadas, sob pena de multas. Consumidores que continuam recebendo ligações podem registrar reclamações online ou por telefone, fornecendo o número da chamada e o nome da empresa.

Casos extremos, como o de uma ex-cliente da Claro que recebeu 23 chamadas após cancelar seu plano, resultaram em indenizações significativas. A consumidora ganhou R$ 40 mil por danos morais, demonstrando que o Procon pode ser um aliado poderoso na luta contra práticas abusivas.

Campanhas de conscientização

As operadoras e a Anatel têm intensificado esforços para educar os consumidores sobre como se proteger de robocalls. Campanhas publicitárias destacam a importância de ferramentas como o “Não Me Perturbe” e incentivam práticas simples, como não atender números desconhecidos. Essas iniciativas também alertam para os riscos de golpes, orientando os usuários a verificar a origem de chamadas suspeitas.

Além das campanhas, as operadoras oferecem guias online com instruções detalhadas sobre o uso de aplicativos e configurações nativas dos celulares. Esses materiais são especialmente úteis para públicos menos familiarizados com tecnologia, como idosos, que muitas vezes são alvos de robocalls fraudulentas.

A conscientização também passa por atualizações regulares nas políticas da Anatel. Novas regras, como a obrigatoriedade de relatórios detalhados sobre tráfego de chamadas, permitem que a agência acompanhe de perto o comportamento das operadoras e ajuste suas estratégias de combate às robocalls.

Avanços regulatórios em 2024

A introdução de regulamentações mais rígidas em 2024 marcou um ponto de virada no combate às robocalls. Além da classificação de chamadas com menos de seis segundos como abusivas, a Anatel implementou um sistema de coleta de dados que obriga as operadoras a reportar informações sobre o tráfego de chamadas. Esses relatórios ajudam a identificar números associados a práticas fraudulentas e a bloquear chamadas antes que cheguem aos consumidores.

Outra medida importante foi o aumento da fiscalização sobre empresas de telemarketing. A Anatel agora exige que as prestadoras de serviços informem a origem de chamadas indesejadas, facilitando a aplicação de multas. Essas ações refletem a pressão dos consumidores, que há anos demandam soluções eficazes contra o problema.

Apesar dos avanços, especialistas apontam que o combate às robocalls enfrenta obstáculos. Empresas que operam fora do Brasil ou utilizam sistemas de voz sobre IP (VoIP) muitas vezes escapam da jurisdição da Anatel, dificultando a aplicação das regras. Ainda assim, as medidas de 2024 representam um progresso significativo na proteção dos usuários.

Alternativas para usuários avançados

Para quem deseja ir além das soluções básicas, existem opções mais técnicas para bloquear robocalls. Configurar um dispositivo de bloqueio em linhas fixas, por exemplo, é uma alternativa para residências que recebem chamadas automáticas. Esses aparelhos, conectados ao telefone, utilizam bancos de dados de números fraudulentos e permitem a criação de listas personalizadas de bloqueio.

Outra possibilidade é o uso de serviços de telefonia VoIP, que oferecem softwares específicos para filtrar chamadas indesejadas. Esses sistemas são particularmente úteis para empresas ou usuários com alto volume de chamadas, já que permitem ajustes detalhados nas configurações de bloqueio.

Usuários avançados também podem explorar comunidades online, onde são compartilhadas listas de números associados a robocalls. Essas listas podem ser importadas para aplicativos como o Truecaller, aumentando a eficácia do bloqueio. No entanto, essas soluções exigem conhecimento técnico e tempo para configuração.

  • Dispositivos de bloqueio: Ideais para linhas fixas, com instalação simples.
  • Serviços VoIP: Oferecem filtros avançados para chamadas automáticas.
  • Comunidades online: Compartilham bancos de dados de números abusivos.
  • Apps personalizados: Permitem importar listas de bloqueio externas.

Proteção contra golpes

A prevenção contra golpes associados a robocalls exige vigilância constante. Criminosos frequentemente utilizam chamadas automáticas para coletar informações pessoais ou induzir vítimas a realizar pagamentos. Um exemplo comum é a ligação que simula um órgão governamental, como a Receita Federal, exigindo dados ou transferências bancárias.

A Anatel recomenda que os consumidores nunca compartilhem informações pessoais por telefone, especialmente em chamadas não solicitadas. Caso a ligação pareça legítima, a orientação é desligar e contatar a instituição diretamente por meio de canais oficiais. Essa prática simples pode evitar prejuízos financeiros e proteger dados sensíveis.

Denunciar números fraudulentos é outro passo importante. Além da plataforma “Qual Empresa Me Ligou?”, os consumidores podem registrar queixas no site da Anatel ou no Procon, fornecendo detalhes como o número da chamada e o horário. Essas denúncias ajudam a mapear redes de golpistas e a reforçar as medidas regulatórias.

Futuro do combate às robocalls

O combate às robocalls está longe de ser resolvido, mas os avanços recentes sugerem um futuro mais promissor. A Anatel planeja expandir suas ferramentas, incorporando tecnologias como inteligência artificial para detectar chamadas abusivas em tempo real. Essas inovações podem aumentar a precisão dos filtros e reduzir o volume de ligações que chegam aos consumidores.

As operadoras, por sua vez, estão explorando parcerias com empresas de tecnologia para desenvolver soluções mais robustas. Projetos-piloto já testam sistemas que bloqueiam chamadas internacionais fraudulentas, um dos maiores desafios no combate às robocalls. Essas iniciativas, embora em fase inicial, indicam um compromisso com a melhoria do serviço.

Enquanto isso, os consumidores podem se proteger adotando uma combinação de ferramentas e boas práticas. O uso conjunto do “Não Me Perturbe”, aplicativos de bloqueio e configurações nativas dos smartphones oferece uma defesa sólida contra a enxurrada de chamadas automáticas. A conscientização também desempenha um papel crucial, incentivando os usuários a reconhecerem e denunciarem práticas abusivas.



Imagine atender o celular e ouvir apenas silêncio, seguido por um clique rápido. Essas ligações automáticas, conhecidas como robocalls, tornaram-se uma praga para milhões de usuários de telefonia no Brasil. Diariamente, números desconhecidos invadem a privacidade, muitas vezes com chamadas que duram apenas três segundos. A situação escalou a ponto de sobrecarregar as redes das operadoras, levando a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) a implementar medidas rigorosas contra essas práticas abusivas.

O problema não é novo, mas ganhou proporções alarmantes nos últimos anos. Operadoras relatam que até 90% das chamadas em suas redes são feitas por robôs, consumindo recursos e comprometendo a qualidade do serviço. Diante disso, ferramentas como o “Não Me Perturbe” e a plataforma “Qual Empresa Me Ligou?” surgiram como aliados dos consumidores, enquanto operadoras investem em tecnologias de bloqueio. A seguir, algumas estratégias eficazes para reduzir o incômodo:

  • Cadastro gratuito no “Não Me Perturbe” para bloquear telemarketing.
  • Uso de aplicativos de identificação e bloqueio de chamadas.
  • Evitar atender números sem identificação de origem.
  • Denunciar chamadas indesejadas à Anatel ou ao Procon.

Essas soluções, combinadas com novas regulamentações, oferecem esperança para quem busca tranquilidade ao usar o celular.

Origem do problema das robocalls

As ligações automáticas começaram como uma ferramenta de marketing, mas evoluíram para um problema sistêmico. Empresas utilizam sistemas computadorizados para disparar chamadas em massa, muitas vezes com mensagens pré-gravadas ou chamadas mudas que caem rapidamente. Essas práticas, segundo dados da Anatel, geram cerca de 10 bilhões de ligações mensais no Brasil, com metade classificada como robocalls. A maioria dura menos de seis segundos, configurando o que a agência chama de “chamadas de curta duração”.

A sobrecarga nas redes de telecomunicações é um dos principais efeitos colaterais. Cada ligação, por mais breve que seja, consome banda e infraestrutura, impactando a estabilidade do serviço para todos os usuários. Em 2024, a Anatel passou a considerar chamadas com menos de seis segundos como abusivas, obrigando operadoras a implementar filtros mais rigorosos. Além disso, muitas robocalls utilizam números fictícios, gerados automaticamente, o que dificulta o bloqueio manual pelos consumidores.

O aumento no volume de chamadas automáticas reflete o avanço das tecnologias de automação. Softwares sofisticados permitem que empresas disparem milhares de ligações simultaneamente, muitas vezes sem qualquer interação humana. Isso torna o problema não apenas incômodo, mas também um desafio técnico para as operadoras, que precisam equilibrar a liberdade de comunicação com a proteção dos usuários.

Como funciona o “Não Me Perturbe”

Uma das ferramentas mais populares para combater robocalls é o serviço “Não Me Perturbe”, lançado pela Anatel em 2019. Gratuito e acessível pelo site naomeperturbe.com.br, o serviço permite que consumidores cadastrem seus números de telefone para bloquear chamadas de telemarketing de empresas participantes, como operadoras de telecomunicações e instituições financeiras. O processo é simples, mas exige paciência, já que a efetivação do bloqueio pode levar até 30 dias.

Após o cadastro, o usuário recebe um comprovante de solicitação, que pode ser salvo ou impresso. A plataforma é limitada a empresas que aderiram ao programa, o que significa que chamadas de companhias não participantes podem continuar. Apesar disso, relatos indicam uma redução significativa nas ligações indesejadas, especialmente de grandes operadoras e bancos. A Anatel monitora o cumprimento das regras, aplicando multas de até R$ 50 milhões para empresas que desrespeitam o cadastro.

Para quem busca proteção imediata, o “Não Me Perturbe” pode ser combinado com outras estratégias, como o uso de aplicativos de bloqueio ou a denúncia de números abusivos. A ferramenta também é atualizada regularmente, incorporando novas empresas e melhorando sua eficácia contra práticas de telemarketing agressivo.

Identificação de chamadas com “Qual Empresa Me Ligou?”

Outra iniciativa da Anatel, a plataforma “Qual Empresa Me Ligou?” ajuda a rastrear a origem de ligações indesejadas. Disponível online, o serviço permite que o usuário insira o número que realizou a chamada e receba informações sobre a empresa responsável. Caso a ligação seja abusiva, é possível registrar uma denúncia diretamente na plataforma, facilitando ações regulatórias contra os infratores.

A transparência oferecida pela ferramenta é um passo importante para empoderar os consumidores. Muitas vezes, as robocalls são feitas por empresas de pequeno porte ou call centers terceirizados, que operam à margem das regulamentações. Ao identificar essas origens, os usuários podem tomar medidas como bloquear o número ou reportar o caso ao Procon. A plataforma também contribui para a coleta de dados pela Anatel, que utiliza as informações para mapear padrões de abuso e aprimorar suas políticas.

O uso do “Qual Empresa Me Ligou?” é especialmente útil para quem recebe chamadas persistentes de números desconhecidos. A interface é intuitiva, e o serviço é gratuito, tornando-o acessível para todos os públicos. Combinado com o “Não Me Perturbe”, ele forma uma dupla poderosa contra a enxurrada de robocalls que assolam os brasileiros.

Chamada Telefônica suspeit
Foto: TimmyTimTim/Shutterstock.com

Tecnologias de bloqueio nas operadoras

As operadoras de telefonia não ficaram paradas diante do avanço das robocalls. Empresas como Claro, Vivo, TIM e Oi têm investido em sistemas avançados para identificar e bloquear chamadas automáticas antes que cheguem ao consumidor. Essas tecnologias utilizam inteligência artificial para analisar padrões de tráfego, como chamadas de curta duração ou números gerados aleatoriamente, e aplicam filtros automáticos para barrá-las.

Algumas operadoras também oferecem alertas em tempo real, informando ao usuário que uma chamada recebida pode ser suspeita. Esses avisos aparecem na tela do celular, permitindo que o consumidor decida se quer atender ou bloquear o número. Além disso, as empresas estão promovendo campanhas de conscientização, incentivando o uso de ferramentas como o “Não Me Perturbe” e orientando sobre boas práticas para evitar golpes.

As medidas adotadas pelas operadoras refletem a pressão da Anatel, que intensificou a fiscalização em 2024. Relatórios mensais sobre tráfego de chamadas são agora obrigatórios, permitindo que a agência identifique irregularidades com maior rapidez. Apesar dos avanços, o combate às robocalls ainda enfrenta desafios, especialmente no caso de chamadas internacionais ou originadas de sistemas fora do alcance regulatório brasileiro.

Aplicativos para bloquear chamadas

Além das soluções oferecidas pela Anatel e pelas operadoras, aplicativos de terceiros são uma opção popular para quem deseja proteção extra contra robocalls. Disponíveis para Android e iOS, esses apps utilizam bancos de dados de números conhecidos por práticas abusivas e bloqueiam chamadas automaticamente. Entre os mais usados estão o Truecaller e o Whoscall, que oferecem versões gratuitas com funcionalidades básicas.

O Truecaller, por exemplo, identifica chamadas em tempo real e permite que o usuário crie listas de bloqueio personalizadas. Sua versão premium, que custa cerca de R$ 49,90 por ano, inclui recursos avançados como bloqueio de números internacionais. Já o Whoscall oferece uma interface simples e é eficaz para filtrar chamadas de telemarketing, com um plano pago de R$ 4,99 por mês para funcionalidades completas.

Esses aplicativos são fáceis de configurar e podem ser usados em conjunto com as ferramentas da Anatel. No entanto, é importante verificar a reputação do app antes de instalá-lo, já que alguns podem coletar dados pessoais sem consentimento. A escolha de um aplicativo confiável pode fazer a diferença na redução do volume de chamadas indesejadas.

  • Truecaller: Identifica e bloqueia chamadas com base em um banco de dados global.
  • Whoscall: Eficiente contra telemarketing, com alertas em tempo real.
  • Hiya: Oferece proteção contra fraudes e chamadas automáticas.
  • Call Blocker: Permite criar listas personalizadas de números bloqueados.

Configurações nativas dos smartphones

Os próprios smartphones oferecem recursos nativos para combater robocalls, muitas vezes ignorados pelos usuários. No Android, a função “ID de chamada e spam” pode ser ativada nas configurações do aplicativo Telefone, silenciando chamadas suspeitas ou enviando-as para o correio de voz. No iPhone, a opção “Silenciar chamadas desconhecidas”, disponível em Ajustes > Telefone, bloqueia automaticamente números que não estão na lista de contatos.

Essas configurações são simples de ativar e não exigem a instalação de aplicativos adicionais. No entanto, elas podem ser menos precisas do que soluções dedicadas, já que dependem de algoritmos genéricos para identificar chamadas indesejadas. Ainda assim, são uma primeira linha de defesa eficaz, especialmente para quem prefere evitar softwares de terceiros.

A ativação dessas funções varia conforme o modelo do celular. Em dispositivos Samsung, por exemplo, o recurso está integrado ao app Telefone, enquanto em iPhones ele exige apenas alguns toques nos ajustes. Consultar o manual do aparelho ou o site do fabricante pode ajudar a encontrar a configuração ideal.

Riscos associados às robocalls

Embora muitas robocalls sejam apenas incômodas, algumas representam riscos reais. Criminosos utilizam essas chamadas para aplicar golpes, como falsas ofertas de serviços ou solicitações de dados pessoais. Mensagens pré-gravadas que imitam instituições confiáveis, como bancos ou órgãos governamentais, são comuns e podem enganar até os mais cautelosos.

A Anatel alerta que números fictícios, frequentemente usados em robocalls, dificultam a rastreabilidade dessas fraudes. Em 2024, a agência registrou um aumento de 12% nas chamadas automáticas em comparação com o ano anterior, com cerca de 24 bilhões de ligações nos dois primeiros meses do ano. Esse crescimento reflete a sofisticação dos sistemas usados por golpistas, que exploram vulnerabilidades nas redes de telecomunicações.

Evitar atender números desconhecidos é uma das melhores formas de se proteger. Caso a chamada seja atendida, a recomendação é não fornecer informações pessoais ou clicar em links enviados por SMS associados à ligação. Denunciar o número à Anatel ou ao Procon também ajuda a conter a prática.

Ações do Procon contra chamadas abusivas

Quando as ferramentas da Anatel não são suficientes, o Programa de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon) oferece uma alternativa. Cada estado possui seu próprio Procon, e muitos disponibilizam sistemas de bloqueio de telemarketing. Em São Paulo, por exemplo, o serviço está ativo desde 2009 e já recebeu mais de 2 milhões de cadastros, permitindo que usuários registrem até cinco números de telefone.

O cadastro no Procon é semelhante ao do “Não Me Perturbe”, mas abrange empresas de todos os setores, não apenas telecomunicações e bancos. Após o registro, as companhias têm 30 dias para interromper as chamadas, sob pena de multas. Consumidores que continuam recebendo ligações podem registrar reclamações online ou por telefone, fornecendo o número da chamada e o nome da empresa.

Casos extremos, como o de uma ex-cliente da Claro que recebeu 23 chamadas após cancelar seu plano, resultaram em indenizações significativas. A consumidora ganhou R$ 40 mil por danos morais, demonstrando que o Procon pode ser um aliado poderoso na luta contra práticas abusivas.

Campanhas de conscientização

As operadoras e a Anatel têm intensificado esforços para educar os consumidores sobre como se proteger de robocalls. Campanhas publicitárias destacam a importância de ferramentas como o “Não Me Perturbe” e incentivam práticas simples, como não atender números desconhecidos. Essas iniciativas também alertam para os riscos de golpes, orientando os usuários a verificar a origem de chamadas suspeitas.

Além das campanhas, as operadoras oferecem guias online com instruções detalhadas sobre o uso de aplicativos e configurações nativas dos celulares. Esses materiais são especialmente úteis para públicos menos familiarizados com tecnologia, como idosos, que muitas vezes são alvos de robocalls fraudulentas.

A conscientização também passa por atualizações regulares nas políticas da Anatel. Novas regras, como a obrigatoriedade de relatórios detalhados sobre tráfego de chamadas, permitem que a agência acompanhe de perto o comportamento das operadoras e ajuste suas estratégias de combate às robocalls.

Avanços regulatórios em 2024

A introdução de regulamentações mais rígidas em 2024 marcou um ponto de virada no combate às robocalls. Além da classificação de chamadas com menos de seis segundos como abusivas, a Anatel implementou um sistema de coleta de dados que obriga as operadoras a reportar informações sobre o tráfego de chamadas. Esses relatórios ajudam a identificar números associados a práticas fraudulentas e a bloquear chamadas antes que cheguem aos consumidores.

Outra medida importante foi o aumento da fiscalização sobre empresas de telemarketing. A Anatel agora exige que as prestadoras de serviços informem a origem de chamadas indesejadas, facilitando a aplicação de multas. Essas ações refletem a pressão dos consumidores, que há anos demandam soluções eficazes contra o problema.

Apesar dos avanços, especialistas apontam que o combate às robocalls enfrenta obstáculos. Empresas que operam fora do Brasil ou utilizam sistemas de voz sobre IP (VoIP) muitas vezes escapam da jurisdição da Anatel, dificultando a aplicação das regras. Ainda assim, as medidas de 2024 representam um progresso significativo na proteção dos usuários.

Alternativas para usuários avançados

Para quem deseja ir além das soluções básicas, existem opções mais técnicas para bloquear robocalls. Configurar um dispositivo de bloqueio em linhas fixas, por exemplo, é uma alternativa para residências que recebem chamadas automáticas. Esses aparelhos, conectados ao telefone, utilizam bancos de dados de números fraudulentos e permitem a criação de listas personalizadas de bloqueio.

Outra possibilidade é o uso de serviços de telefonia VoIP, que oferecem softwares específicos para filtrar chamadas indesejadas. Esses sistemas são particularmente úteis para empresas ou usuários com alto volume de chamadas, já que permitem ajustes detalhados nas configurações de bloqueio.

Usuários avançados também podem explorar comunidades online, onde são compartilhadas listas de números associados a robocalls. Essas listas podem ser importadas para aplicativos como o Truecaller, aumentando a eficácia do bloqueio. No entanto, essas soluções exigem conhecimento técnico e tempo para configuração.

  • Dispositivos de bloqueio: Ideais para linhas fixas, com instalação simples.
  • Serviços VoIP: Oferecem filtros avançados para chamadas automáticas.
  • Comunidades online: Compartilham bancos de dados de números abusivos.
  • Apps personalizados: Permitem importar listas de bloqueio externas.

Proteção contra golpes

A prevenção contra golpes associados a robocalls exige vigilância constante. Criminosos frequentemente utilizam chamadas automáticas para coletar informações pessoais ou induzir vítimas a realizar pagamentos. Um exemplo comum é a ligação que simula um órgão governamental, como a Receita Federal, exigindo dados ou transferências bancárias.

A Anatel recomenda que os consumidores nunca compartilhem informações pessoais por telefone, especialmente em chamadas não solicitadas. Caso a ligação pareça legítima, a orientação é desligar e contatar a instituição diretamente por meio de canais oficiais. Essa prática simples pode evitar prejuízos financeiros e proteger dados sensíveis.

Denunciar números fraudulentos é outro passo importante. Além da plataforma “Qual Empresa Me Ligou?”, os consumidores podem registrar queixas no site da Anatel ou no Procon, fornecendo detalhes como o número da chamada e o horário. Essas denúncias ajudam a mapear redes de golpistas e a reforçar as medidas regulatórias.

Futuro do combate às robocalls

O combate às robocalls está longe de ser resolvido, mas os avanços recentes sugerem um futuro mais promissor. A Anatel planeja expandir suas ferramentas, incorporando tecnologias como inteligência artificial para detectar chamadas abusivas em tempo real. Essas inovações podem aumentar a precisão dos filtros e reduzir o volume de ligações que chegam aos consumidores.

As operadoras, por sua vez, estão explorando parcerias com empresas de tecnologia para desenvolver soluções mais robustas. Projetos-piloto já testam sistemas que bloqueiam chamadas internacionais fraudulentas, um dos maiores desafios no combate às robocalls. Essas iniciativas, embora em fase inicial, indicam um compromisso com a melhoria do serviço.

Enquanto isso, os consumidores podem se proteger adotando uma combinação de ferramentas e boas práticas. O uso conjunto do “Não Me Perturbe”, aplicativos de bloqueio e configurações nativas dos smartphones oferece uma defesa sólida contra a enxurrada de chamadas automáticas. A conscientização também desempenha um papel crucial, incentivando os usuários a reconhecerem e denunciarem práticas abusivas.



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