Aos 10 anos, Jessica Oliveira de Lima foi diagnosticada com meningite meningocócica e enfrentou um longo caminho de recuperação. Hoje, ela busca conscientizar outras famílias sobre a importância da vacinação contra a doença. “Vacinar é um ato de amor aos seus filhos”, alertou Ao visitar a casa da avó em Angra dos Reis (RJ), Jessica Oliveira de Lima pensou que iria fazer um passeio divertido e descontraído com a família. Ela não imaginava que voltaria da viagem com o diagnóstico de meningite meningocócica e muito menos que enfrentaria uma longa jornada de luta pela sobrevivência. A jovem, que mora no Rio de Janeiro (RJ), foi diagnosticada aos 10 anos, em 2015 e, desde então, enfrentou inúmeros desafios para lidar com as sequelas da doença.
Amputação aconteceu aos 10 anos
Arquivo pessoal
Taboola Recommendation
Hoje, aos 20 anos, Jessica é atleta de alto desempenho e compartilha sua história nas redes sociais para conscientizar as famílias sobre a importância da vacinação contra meningite. Em entrevista exclusiva à CRESCER, a nadadora conta como a doença impactou a sua saúde e a levou à amputação de seus membros.
O diagnóstico
O sinal de alerta para o crítico estado de saúde de Jessica surgiu a partir da observação de sua avó. “Ela notou que eu estava mais irritada. Ao chegar ao nosso destino, os sintomas de febre, dor de cabeça, náusea e sensibilidade à luz começaram a surgir também. Eu me recordo que fui brincar com meus primos para tentar me distrair dos desconfortos que estava sentindo”, disse a jovem. Infelizmente, seu quadro não melhorou. Pouco tempo depois, vieram os vômitos e as manchas roxas pelo corpo — sintomas comuns da doença.
Fraca e com dor, Jessica chegou a desmaiar e, ao despertar, já não conseguia mais andar e falar. “Tudo aconteceu tão rápido que eu não tive tempo o suficiente para assimilar e pensar o que poderia ser, mas o que jamais pensei era que fosse algo grave, principalmente meningite. Eu não tinha informações da doença e da sua existência. Eu não era vacinada justamente porque não fomos informados. Precisei descobrir o que era meningite sentindo na pele”, ressaltou.
Meningite: saiba quando e como vacinar seu filho
Bebê que teve meningite precisou ficar 6 meses internado e não consegue mais respirar sozinho
Meningite: “Segurei minha bebê e achei que ela iria morrer. As mães precisam confiar nos seus instintos”
Jessica foi levada às pressas ao hospital, mas, a princípio, foi diagnosticada apenas com uma virose e orientada a voltar para casa. “Antes de ir embora, surgiu um médico pedindo para que eu ficasse em observação. Foi como uma luz porque sabemos hoje que a meningite é capaz de levar a óbito em 24 horas. Com certeza, se eu tivesse voltado para casa, o meu histórico seria outro”.
Ao ver o quadro da paciente, uma das médicas do hospital decidiu iniciar o tratamento para meningite, mesmo sem os resultados dos exames. Em seguida, Jessica precisou passar pelo procedimento de entubação. Ela se lembra de ouvir os pais a confortando, dizendo que tudo ficaria bem. Foram três dias internada no hospital de Angra dos Reis até a transferência para uma unidade de saúde com mais recurso. “Não fiquei lá à toa. A mesma médica que trouxe o diagnóstico oficial de meningite lutou até o último minuto pela minha vida”, a atleta destacou.
Jessica foi diagnosticada com meningite aos 10 anos
Arquivo Pessoal
Jessica passou 22 dias em coma. “Foi um choque acordar sem poder mover meus membros, porque a meningite afetou 90% da minha pele do corpo, causando a paralisia nos membros”, ela relatou. Para evitar o avanço da doença, a jovem precisou tomar uma das decisões mais difíceis da sua vida: a amputação dos seus quatro membros. “Os pensamentos de como seria a minha vida me perseguiam. Como seria depender de alguém para fazer algo que facilmente fazia sozinha? Parecia não ser possível viver sem os meus braços e pernas. Mesmo a partir das dúvidas, escolhi a vida”, lembra.
As amputações foram realizadas em cirurgias diferentes, devido ao quadro delicado de Jessica. Além da perda de seus membros, ela sofreu com o comprometimento de sua audição. Apesar das dificuldades, a jovem destaca a importância do apoio da sua família. “A minha mãe, que é minha grande guerreira, abriu mão do trabalho para me ajudar a viver, porque eu precisaria dela a todo momento, e meu pai, juntamente, lutou para sobrevivermos!”.
Por um ano e dois meses, Jessica permaneceu internada, enfrentando as complicações da doença. Ao ter alta, ela precisou lidar com um novo desafio — ser uma pessoa com deficiência em uma sociedade pouco inclusiva. Foram anos lutando por acessibilidade, inclusive no período escolar. Felizmente, ela encontrou em seu caminho uma ótima motivação para seguir em frente: o esporte.
A paixão pelo esporte
Jessica teve alta em 2016 em meio aos jogos Paralímpicos no Rio. Após passar por tantos momentos difíceis, a jovem teve a oportunidade de acompanhar de perto diferentes competições. Da arquibancada dos jogos, ela viu uma prova de natação e se apaixonou. “Foi muito importante ver pessoas com deficiência em um cenário profissional para entender que eu também sou capaz, que o lugar da pessoa com deficiência é onde ela quiser”, ela afirmou.
Jessica é atleta de natação
Arquivo Pessoal
Atualmente, Jessica é atleta de natação paralímpica desde 2019. Em sua estreia nas Paralimpíadas conquistou duas medalhas, sendo uma de ouro e outra de prata. Em 2022, a jovem foi convocada para a Seleção Brasileira de Jovens em uma competição Mundial escolar, o Mundial Gymnasiade, que aconteceu em Normandia, na França.
Hoje, Jessica tem 20 anos
Arquivo Pessoal
Importância da vacinação
Em suas redes sociais com mais de 400 mil seguidores, Jessica é uma voz potente para conscientizar os pais sobre os riscos da doença para crianças não vacinadas. A partir de sua história, ela busca evitar que outras famílias vivenciem as sequelas deixadas pela meningite. “Pais, vacinar é um ato de amor aos seus filhos. Sem dúvidas uma decisão inegociável para que todos tenham a qualidade de vida saudável que merecem”, alertou.
Jessica também é autora do livro “Desista de desistir”, no qual conta sua trajetória de luta contra a doença. “O propósito é salvar através da informação e aos sobreviventes mostrar que o diagnóstico impacta muito a nossa vida, mas não determina até onde podemos ir”, finalizou.
Aos 10 anos, Jessica Oliveira de Lima foi diagnosticada com meningite meningocócica e enfrentou um longo caminho de recuperação. Hoje, ela busca conscientizar outras famílias sobre a importância da vacinação contra a doença. “Vacinar é um ato de amor aos seus filhos”, alertou Ao visitar a casa da avó em Angra dos Reis (RJ), Jessica Oliveira de Lima pensou que iria fazer um passeio divertido e descontraído com a família. Ela não imaginava que voltaria da viagem com o diagnóstico de meningite meningocócica e muito menos que enfrentaria uma longa jornada de luta pela sobrevivência. A jovem, que mora no Rio de Janeiro (RJ), foi diagnosticada aos 10 anos, em 2015 e, desde então, enfrentou inúmeros desafios para lidar com as sequelas da doença.
Amputação aconteceu aos 10 anos
Arquivo pessoal
Taboola Recommendation
Hoje, aos 20 anos, Jessica é atleta de alto desempenho e compartilha sua história nas redes sociais para conscientizar as famílias sobre a importância da vacinação contra meningite. Em entrevista exclusiva à CRESCER, a nadadora conta como a doença impactou a sua saúde e a levou à amputação de seus membros.
O diagnóstico
O sinal de alerta para o crítico estado de saúde de Jessica surgiu a partir da observação de sua avó. “Ela notou que eu estava mais irritada. Ao chegar ao nosso destino, os sintomas de febre, dor de cabeça, náusea e sensibilidade à luz começaram a surgir também. Eu me recordo que fui brincar com meus primos para tentar me distrair dos desconfortos que estava sentindo”, disse a jovem. Infelizmente, seu quadro não melhorou. Pouco tempo depois, vieram os vômitos e as manchas roxas pelo corpo — sintomas comuns da doença.
Fraca e com dor, Jessica chegou a desmaiar e, ao despertar, já não conseguia mais andar e falar. “Tudo aconteceu tão rápido que eu não tive tempo o suficiente para assimilar e pensar o que poderia ser, mas o que jamais pensei era que fosse algo grave, principalmente meningite. Eu não tinha informações da doença e da sua existência. Eu não era vacinada justamente porque não fomos informados. Precisei descobrir o que era meningite sentindo na pele”, ressaltou.
Meningite: saiba quando e como vacinar seu filho
Bebê que teve meningite precisou ficar 6 meses internado e não consegue mais respirar sozinho
Meningite: “Segurei minha bebê e achei que ela iria morrer. As mães precisam confiar nos seus instintos”
Jessica foi levada às pressas ao hospital, mas, a princípio, foi diagnosticada apenas com uma virose e orientada a voltar para casa. “Antes de ir embora, surgiu um médico pedindo para que eu ficasse em observação. Foi como uma luz porque sabemos hoje que a meningite é capaz de levar a óbito em 24 horas. Com certeza, se eu tivesse voltado para casa, o meu histórico seria outro”.
Ao ver o quadro da paciente, uma das médicas do hospital decidiu iniciar o tratamento para meningite, mesmo sem os resultados dos exames. Em seguida, Jessica precisou passar pelo procedimento de entubação. Ela se lembra de ouvir os pais a confortando, dizendo que tudo ficaria bem. Foram três dias internada no hospital de Angra dos Reis até a transferência para uma unidade de saúde com mais recurso. “Não fiquei lá à toa. A mesma médica que trouxe o diagnóstico oficial de meningite lutou até o último minuto pela minha vida”, a atleta destacou.
Jessica foi diagnosticada com meningite aos 10 anos
Arquivo Pessoal
Jessica passou 22 dias em coma. “Foi um choque acordar sem poder mover meus membros, porque a meningite afetou 90% da minha pele do corpo, causando a paralisia nos membros”, ela relatou. Para evitar o avanço da doença, a jovem precisou tomar uma das decisões mais difíceis da sua vida: a amputação dos seus quatro membros. “Os pensamentos de como seria a minha vida me perseguiam. Como seria depender de alguém para fazer algo que facilmente fazia sozinha? Parecia não ser possível viver sem os meus braços e pernas. Mesmo a partir das dúvidas, escolhi a vida”, lembra.
As amputações foram realizadas em cirurgias diferentes, devido ao quadro delicado de Jessica. Além da perda de seus membros, ela sofreu com o comprometimento de sua audição. Apesar das dificuldades, a jovem destaca a importância do apoio da sua família. “A minha mãe, que é minha grande guerreira, abriu mão do trabalho para me ajudar a viver, porque eu precisaria dela a todo momento, e meu pai, juntamente, lutou para sobrevivermos!”.
Por um ano e dois meses, Jessica permaneceu internada, enfrentando as complicações da doença. Ao ter alta, ela precisou lidar com um novo desafio — ser uma pessoa com deficiência em uma sociedade pouco inclusiva. Foram anos lutando por acessibilidade, inclusive no período escolar. Felizmente, ela encontrou em seu caminho uma ótima motivação para seguir em frente: o esporte.
A paixão pelo esporte
Jessica teve alta em 2016 em meio aos jogos Paralímpicos no Rio. Após passar por tantos momentos difíceis, a jovem teve a oportunidade de acompanhar de perto diferentes competições. Da arquibancada dos jogos, ela viu uma prova de natação e se apaixonou. “Foi muito importante ver pessoas com deficiência em um cenário profissional para entender que eu também sou capaz, que o lugar da pessoa com deficiência é onde ela quiser”, ela afirmou.
Jessica é atleta de natação
Arquivo Pessoal
Atualmente, Jessica é atleta de natação paralímpica desde 2019. Em sua estreia nas Paralimpíadas conquistou duas medalhas, sendo uma de ouro e outra de prata. Em 2022, a jovem foi convocada para a Seleção Brasileira de Jovens em uma competição Mundial escolar, o Mundial Gymnasiade, que aconteceu em Normandia, na França.
Hoje, Jessica tem 20 anos
Arquivo Pessoal
Importância da vacinação
Em suas redes sociais com mais de 400 mil seguidores, Jessica é uma voz potente para conscientizar os pais sobre os riscos da doença para crianças não vacinadas. A partir de sua história, ela busca evitar que outras famílias vivenciem as sequelas deixadas pela meningite. “Pais, vacinar é um ato de amor aos seus filhos. Sem dúvidas uma decisão inegociável para que todos tenham a qualidade de vida saudável que merecem”, alertou.
Jessica também é autora do livro “Desista de desistir”, no qual conta sua trajetória de luta contra a doença. “O propósito é salvar através da informação e aos sobreviventes mostrar que o diagnóstico impacta muito a nossa vida, mas não determina até onde podemos ir”, finalizou.