Todo fã de Hozier já sabe que os shows do cantor irlandês são verdadeiros eventos que emocionam. Com a chegada da Unreal Unearth Tour ao Brasil, não foi diferente: o artista multiplatinado, dono de hits como “Take Me to Church” e “Too Sweet”, surpreendeu ao anunciar seu retorno em menos de um ano.
Trazendo sua sonoridade inconfundível e letras que equilibram poesia e intensidade emocional, Andrew – nome que antecede seu sobrenome, usado como nome artístico – retorna ao país após sua aclamada estreia no Lollapalooza 2024. Agora, com um repertório que dá ainda mais chances para outros pontos de destaque da carreira e a presença da convidada especial Gigi Perez, os shows prometem ser momentos inesquecíveis para os fãs brasileiros.
A mística presença de palco de Hozier – construída em torno de sua voz poderosa, instrumentais envolventes e mensagens profundas – é um dos elementos que tornam sua carreira tão admirada. A conexão com o público é evidente e ganha novas camadas nesta turnê, que mergulha nas temáticas intensas do álbum Unreal Unearth.
O TMDQA! entrevistou o irlandês, onde em 10 minutos, falamos sobre sua turnê, sobre o público brasileiro e o processo criativo entorno do disco Unreal Unearth. Vem conferir como foi o papo com a gente!
TMDQA! Entrevista Hozier
TMDQA!: Hozier, primeiramente, é um enorme prazer conversar contigo! Você está trazendo a Unreal Unearth Tour para o Brasil. Depois da recepção incrível no Lollapalooza 2024, sinto que a sensação será diferente desta vez, especialmente porque estamos falando de shows solo, que sempre ajudam o público a se conectar mais com as músicas. Quais são suas expectativas para essa turnê? Como você enxerga essa diferença entre apresentações solo e festivais?
Hozier: Sim, eu acho que em festivais o tempo é mais curto, certo? Normalmente temos cerca de 60 minutos.
Já nos nossos próprios shows, costumamos passar quase o dobro desse tempo no palco.
Isso nos dá a oportunidade de tocar mais músicas e incluir faixas com mais dinâmica -canções mais suaves, mais calmas, mais íntimas – sabendo que estamos ali com um público dedicado, que está lá especificamente para ver o nosso trabalho. É diferente de um festival, onde você divide a atenção com vários outros artistas.
E agora temos dois shows chegando no Brasil, o que é muito especial. Para mim, é uma chance de tocar essas músicas pela primeira vez em um novo lugar, apesar de eu ter vindo ao Lollapalooza no último ano – e isso me deixa muito animado.
TMDQA!: Unreal Unearth é descrito como uma odisseia sonora estruturada em torno dos nove círculos do Inferno de Dante. Em que momento do processo criativo esse conceito tomou forma? Foi estruturado desde o início ou algo que evoluiu organicamente?
Hozier: Sim, foi uma espécie de estrutura-guia, com certeza. No começo, eu não tinha certeza se queria fazer um álbum inteiro baseado nisso, mas sabia que estava escrevendo músicas que faziam referência a muita mitologia.
Comecei a me aprofundar nisso bem no início da pandemia de COVID, quando eu tinha muito tempo livre. Então me dediquei a ler bastante poesia antiga, especialmente epopeias. Li, por exemplo, Metamorfoses, de Ovídio. Sempre senti que precisava ler essas obras – talvez porque larguei a faculdade e sentia que devia compensar isso lendo mais por conta própria.
Naquela época, eu já estava escrevendo bastante material inspirado na jornada de Dante. Algumas canções faziam referência direta a momentos muito específicos do texto, quase literalmente.
Mas logo percebi que precisava me afastar um pouco dessas referências tão literais. Então comecei a abordar os temas dos Nove Círculos de maneira mais ampla, buscando capturar o sentimento geral dos cantos – com acenos sutis ao que acontece neles, mas sem seguir ao pé da letra.
Ou seja, a ideia surgiu desde cedo, mas a forma de executá-la foi mudando conforme o processo criativo avançava.
Continua após o vídeo
TMDQA!: Você incorpora mitos como Ícaro, Nyx, Caronte e o arquétipo do psicopompo em suas faixas. O que te atrai na mitologia e como escolhe quais histórias entrelaçar na sua música?
Hozier: Acho fascinante quando você tem uma história que pode ter milhares de anos – literalmente milhares – e, mesmo assim, continua encontrando algo ali. Mesmo que a interpretação seja totalmente diferente dos valores originais daquela narrativa, ainda existe uma sabedoria embutida, baseada em certos princípios ou sistemas de valores.
E quando você se aproxima dessas histórias a partir de uma perspectiva diferente, de uma época diferente, é possível encontrar algo novo, algo que vai além do contexto original em que aquele mito foi criado. Isso é algo realmente interessante e divertido pra mim.
Na Irlanda, crescemos cercados pela mitologia irlandesa. Ao andar pelo país, você se depara com lugares antigos – sítios arqueológicos, pedras erguidas, túmulos milenares. Há um lugar, por exemplo, perto da fronteira com a Irlanda do Norte, perto de Dundalk, onde dizem que fica a rocha à qual Cúchulainn se amarrou – e ela ainda está lá!
Cúchulainn é uma espécie de figura mitológica hercúlea para nós, e conta-se que, ao perceber que estava morrendo, ele se amarrou de pé nessa pedra para enganar o inimigo, fazendo parecer que ainda estava vivo. Esse tipo de história está fisicamente presente no território, então é fácil ter acesso à mitologia quando ela faz parte do seu espaço cultural desde o nascimento. Sempre foi algo muito acessível pra mim.
TMDQA!: Se você pudesse compartilhar apenas uma música de Unreal Unearth com alguém que nunca ouviu seu trabalho antes, qual seria – e por quê?
Hozier: Isso é realmente muito difícil porque há uma variedade enorme de músicas. Tem canções que são super pessoais para mim. “To Someone From A Warm Climate” é uma música muito, muito pessoal. “Unknown / Nth” também é uma das minhas favoritas.
Mas, novamente, essas músicas trazem um certo tom, uma cor específica para o álbum. Ainda assim, há outras faixas que têm significados diferentes, sabe? Mas se eu tivesse que escolher um ponto de partida, eu começaria por essas, porque elas realmente me parecem muito pessoais.
TMDQA!: Por fim, considerando o nome do nosso veículo (Tenho Mais Discos Que Amigos!), você também se considera alguém que tem mais discos do que amigos? E se pudesse escolher um álbum para descrever quem você é, qual seria?
Hozier: Ah, provavelmente sim. Quero dizer, eu tenho mais discos do que amigos, sabe? [risos] Agora estou tentando pensar em quais discos eu pego e tiro da estante com mais frequência.
Um que eu tenho ouvido bastante recentemente e que sempre posso revisitar, como um velho amigo, é Astral Weeks. É um álbum do Van Morrison que ouvi muito quando era jovem, e até hoje ainda encontro coisas nesse disco que acho misteriosas e incomuns.
Então, Astral Weeks é um que nunca me abandono; sempre será um dos meus favoritos.
TMDQA!: Hozier, mais uma vez, muito obrigado pela oportunidade. O Brasil te aguarda, até breve!
Hozier: Obrigado, foi super divertido! Até breve!
Hozier no Brasil
O cantor se apresenta em São Paulo no Espaço Unimed, no dia 30 de maio; e no Rio de Janeiro no Qualistage, no dia 1 de junho. Mais informações estão presentes no site da Ticketmaster Brasil.
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Quer ouvir artistas e bandas que estão começando a despontar com trabalhos ótimos mas ainda têm pouca visibilidade? Siga a Playlist TMDQA! Radar para conhecer seus novos músicos favoritos em um só lugar e aproveite para seguir o TMDQA! no Spotify!
Todo fã de Hozier já sabe que os shows do cantor irlandês são verdadeiros eventos que emocionam. Com a chegada da Unreal Unearth Tour ao Brasil, não foi diferente: o artista multiplatinado, dono de hits como “Take Me to Church” e “Too Sweet”, surpreendeu ao anunciar seu retorno em menos de um ano.
Trazendo sua sonoridade inconfundível e letras que equilibram poesia e intensidade emocional, Andrew – nome que antecede seu sobrenome, usado como nome artístico – retorna ao país após sua aclamada estreia no Lollapalooza 2024. Agora, com um repertório que dá ainda mais chances para outros pontos de destaque da carreira e a presença da convidada especial Gigi Perez, os shows prometem ser momentos inesquecíveis para os fãs brasileiros.
A mística presença de palco de Hozier – construída em torno de sua voz poderosa, instrumentais envolventes e mensagens profundas – é um dos elementos que tornam sua carreira tão admirada. A conexão com o público é evidente e ganha novas camadas nesta turnê, que mergulha nas temáticas intensas do álbum Unreal Unearth.
O TMDQA! entrevistou o irlandês, onde em 10 minutos, falamos sobre sua turnê, sobre o público brasileiro e o processo criativo entorno do disco Unreal Unearth. Vem conferir como foi o papo com a gente!
TMDQA! Entrevista Hozier
TMDQA!: Hozier, primeiramente, é um enorme prazer conversar contigo! Você está trazendo a Unreal Unearth Tour para o Brasil. Depois da recepção incrível no Lollapalooza 2024, sinto que a sensação será diferente desta vez, especialmente porque estamos falando de shows solo, que sempre ajudam o público a se conectar mais com as músicas. Quais são suas expectativas para essa turnê? Como você enxerga essa diferença entre apresentações solo e festivais?
Hozier: Sim, eu acho que em festivais o tempo é mais curto, certo? Normalmente temos cerca de 60 minutos.
Já nos nossos próprios shows, costumamos passar quase o dobro desse tempo no palco.
Isso nos dá a oportunidade de tocar mais músicas e incluir faixas com mais dinâmica -canções mais suaves, mais calmas, mais íntimas – sabendo que estamos ali com um público dedicado, que está lá especificamente para ver o nosso trabalho. É diferente de um festival, onde você divide a atenção com vários outros artistas.
E agora temos dois shows chegando no Brasil, o que é muito especial. Para mim, é uma chance de tocar essas músicas pela primeira vez em um novo lugar, apesar de eu ter vindo ao Lollapalooza no último ano – e isso me deixa muito animado.
TMDQA!: Unreal Unearth é descrito como uma odisseia sonora estruturada em torno dos nove círculos do Inferno de Dante. Em que momento do processo criativo esse conceito tomou forma? Foi estruturado desde o início ou algo que evoluiu organicamente?
Hozier: Sim, foi uma espécie de estrutura-guia, com certeza. No começo, eu não tinha certeza se queria fazer um álbum inteiro baseado nisso, mas sabia que estava escrevendo músicas que faziam referência a muita mitologia.
Comecei a me aprofundar nisso bem no início da pandemia de COVID, quando eu tinha muito tempo livre. Então me dediquei a ler bastante poesia antiga, especialmente epopeias. Li, por exemplo, Metamorfoses, de Ovídio. Sempre senti que precisava ler essas obras – talvez porque larguei a faculdade e sentia que devia compensar isso lendo mais por conta própria.
Naquela época, eu já estava escrevendo bastante material inspirado na jornada de Dante. Algumas canções faziam referência direta a momentos muito específicos do texto, quase literalmente.
Mas logo percebi que precisava me afastar um pouco dessas referências tão literais. Então comecei a abordar os temas dos Nove Círculos de maneira mais ampla, buscando capturar o sentimento geral dos cantos – com acenos sutis ao que acontece neles, mas sem seguir ao pé da letra.
Ou seja, a ideia surgiu desde cedo, mas a forma de executá-la foi mudando conforme o processo criativo avançava.
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TMDQA!: Você incorpora mitos como Ícaro, Nyx, Caronte e o arquétipo do psicopompo em suas faixas. O que te atrai na mitologia e como escolhe quais histórias entrelaçar na sua música?
Hozier: Acho fascinante quando você tem uma história que pode ter milhares de anos – literalmente milhares – e, mesmo assim, continua encontrando algo ali. Mesmo que a interpretação seja totalmente diferente dos valores originais daquela narrativa, ainda existe uma sabedoria embutida, baseada em certos princípios ou sistemas de valores.
E quando você se aproxima dessas histórias a partir de uma perspectiva diferente, de uma época diferente, é possível encontrar algo novo, algo que vai além do contexto original em que aquele mito foi criado. Isso é algo realmente interessante e divertido pra mim.
Na Irlanda, crescemos cercados pela mitologia irlandesa. Ao andar pelo país, você se depara com lugares antigos – sítios arqueológicos, pedras erguidas, túmulos milenares. Há um lugar, por exemplo, perto da fronteira com a Irlanda do Norte, perto de Dundalk, onde dizem que fica a rocha à qual Cúchulainn se amarrou – e ela ainda está lá!
Cúchulainn é uma espécie de figura mitológica hercúlea para nós, e conta-se que, ao perceber que estava morrendo, ele se amarrou de pé nessa pedra para enganar o inimigo, fazendo parecer que ainda estava vivo. Esse tipo de história está fisicamente presente no território, então é fácil ter acesso à mitologia quando ela faz parte do seu espaço cultural desde o nascimento. Sempre foi algo muito acessível pra mim.
TMDQA!: Se você pudesse compartilhar apenas uma música de Unreal Unearth com alguém que nunca ouviu seu trabalho antes, qual seria – e por quê?
Hozier: Isso é realmente muito difícil porque há uma variedade enorme de músicas. Tem canções que são super pessoais para mim. “To Someone From A Warm Climate” é uma música muito, muito pessoal. “Unknown / Nth” também é uma das minhas favoritas.
Mas, novamente, essas músicas trazem um certo tom, uma cor específica para o álbum. Ainda assim, há outras faixas que têm significados diferentes, sabe? Mas se eu tivesse que escolher um ponto de partida, eu começaria por essas, porque elas realmente me parecem muito pessoais.
TMDQA!: Por fim, considerando o nome do nosso veículo (Tenho Mais Discos Que Amigos!), você também se considera alguém que tem mais discos do que amigos? E se pudesse escolher um álbum para descrever quem você é, qual seria?
Hozier: Ah, provavelmente sim. Quero dizer, eu tenho mais discos do que amigos, sabe? [risos] Agora estou tentando pensar em quais discos eu pego e tiro da estante com mais frequência.
Um que eu tenho ouvido bastante recentemente e que sempre posso revisitar, como um velho amigo, é Astral Weeks. É um álbum do Van Morrison que ouvi muito quando era jovem, e até hoje ainda encontro coisas nesse disco que acho misteriosas e incomuns.
Então, Astral Weeks é um que nunca me abandono; sempre será um dos meus favoritos.
TMDQA!: Hozier, mais uma vez, muito obrigado pela oportunidade. O Brasil te aguarda, até breve!
Hozier: Obrigado, foi super divertido! Até breve!
Hozier no Brasil
O cantor se apresenta em São Paulo no Espaço Unimed, no dia 30 de maio; e no Rio de Janeiro no Qualistage, no dia 1 de junho. Mais informações estão presentes no site da Ticketmaster Brasil.
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