Sete tendências do vinho que você já abraçou (mesmo sem saber) – 30/09/2024 – Isabelle Moreira Lima

O mercado do vinho está encolhendo. E crescendo. Enquanto boa parte dos produtores de grande porte, já bem estabelecidos, sofre com um mercado minguante e preocupado com os efeitos do álcool na saúde, há uma ebulição causada pela chegada de uma turma jovem, apegada a produtores menores, que fazem uma bebida mais artesanal e com menos intervenção. Alheia à crise das grandes vinícolas, essa turma sorve taça em bares nos quatro cantos do mundo, como reportou Eric Asimov nesta semana no New York Times.

Aqui não é diferente, haja vista a epidemia de winebars já mencionada nesta Folha. Mas o Brasil tem outra vantagem: não está saturado nem no que é considerado “clássico”. É um desses mercados ainda em desenvolvimento em todas as faixas etárias e estratos sociais, que absorve bem as novas tendências, ao mesmo tempo em que ainda pode crescer no mercado mais tradicional. Com essa verve e o vácuo europeu e norte-americano, somos o alvo prioritário de alguns grupos e países.

Prova disso é que, na nesta semana, São Paulo se torna a capital do vinho na América Latina e, por que não?, no mundo, ainda que por 72 horas. A cidade recebe a partir desta terça (1º) a feira ProWine, prima latina da gigante alemã ProWein. É a terceira vez que o evento é realizado no Brasil e as expectativas são de crescimento expressivo. São esperadas 1.400 mil marcas de 32 países.

Um papo com Christian Burgos, sócio da feira e CEO do grupo que engloba a revista Adega, aponta para algumas tendências que devemos ver nos próximos anos e que eu listo aqui:

1. O vinho branco é o novo pretinho básico. O consumo dele só cresce e a oferta deve ser maior neste ano. Com a mudança climática e o desejo de uma alimentação mais leve, vinhos com mais frescor e menos corpo são nortes do consumo, e eles ganharam terreno;

2. O Brasil agora produz vinho em quase todo lugar, não apenas no Sul. Na lista há até origens tão aparentemente “exóticas”, como a Chapada Diamantina, que tem presença na feira com a vinícola Uvva;

3. O Sudeste se firma como região vitivinicultora forte. Apesar de enfrentar problemas como as queimadas em suas primeiras décadas de produção, a aposta é que cresça muito como fornecedora do que vamos beber nos próximos anos. Na feira, será lançada a rota paulista do vinho, que tem como objetivo abrir uma nova fronteira também para o enoturismo;

4. Hoje já bebemos mais borbulhas em qualquer época do ano, não só em datas comemorativas. No entanto, os espumantes ainda são vistos como algo para o brinde ou para a balada e não chegam à mesa. O que é uma pena, considerando seu potencial de harmonização com a comida. Há espaço para crescer;

5. Lugar de comprar vinho é em todo lugar: supermercado, empório, site, televendas, redes sociais. Não encontrar algo para tomar não é mais desculpa para servir uma tacinha;

6. Os chilenos e os portugueses seguem sendo completamente loucos pelo Brasil e é provável que você encontre mais diversidade de rótulos e bebidas desses países;

7. O vinho natural deixa de ser nicho e é tratado como algo mais “normal”, presente de forma pulverizada em todas as importadoras.

Vai uma taça? Neste calor sem medida, o australiano Angove Long Row Riesling (R$ 109 na World Wine) é como avistar um oásis no deserto, oferecendo notas cítricas e minerais para se refrescar. Na onda sudestina, o Casa Verrone Brut é um espumante com borbulhas finas e muito frescor. Se for comer, o rosado italiano Arenile Cerasuolo d’Abruzzo DOC 2021 (R$ 104 na Premium) tem estrutura para acompanhar uma mesa variada.

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