Veja entrevista de empresário executado em SP; ‘querem me calar’
Vinicius Gritzbach, empresário executado a tiros no Aeroporto de Guarulhos na sexta-feira (8), deu uma única entrevista antes de morrer aos 38 anos. Considerado um traidor pela facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), ele admitiu que temia a morte.
O Domingo Espetacular exibiu trechos inéditos da entrevista na noite de domingo (10). A conversa com o jornalista Roberto Cabrini durou três horas e ocorreu em fevereiro deste ano, pouco antes de Vinicius assinar o acordo de delação premiada em março.
“Eu temo minha vida, mas quero que a verdade venha à tona”, afirmou na ocasião o empresário executado.
Ele era apontado como homem de confiança do PCC, antes de ser acusado de dar um golpe de R$ 200 milhões em uma das maiores facções criminosas do Brasil.
As investigações da polícia apontam que o empresário executado lavava o dinheiro da facção criminosa e enriqueceu ilicitamente, se apropriando de parte dos valores. Ao ser cobrado pelo PCC, mandou matar dois integrantes do grupo.
Na entrevista, Vinicius estima que sua fortuna chega a R$ 19 milhões e nega fontes ilícitas, mas confessa que pode ter intermediado a compra e venda de imóveis por traficantes. Havia, por exemplo, diferenças entre os valores da venda e das escrituras.
“Nunca me foi aberto que eram criminosos, sempre se passaram por empresários”, se defende. “Eu não tinha essas informações e tratava todos os clientes igualmente”.
Empresário executado em SP era acusado de mandar matar membros do PCC
O empresário executado no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, era suspeito de ser o mandante do assassinato de Anselmo Santa Fausta, o “Cara Preta”, um dos principais narcotraficantes do PCC.
O criminoso havia feito uma compra de R$ 12 milhões com Vinicius. O empresário também estaria envolvido na morte de Antônio Corona Neto, o “Sem Sangue”, que era motorista de “Cara Preta”.
“Eu não mandei matar ninguém, eu não tive participação nenhuma”, negou Vinicius Gritzbach, reiterando que sua atribuição era somente intermediar a compra e venda de imóveis.
Durante a entrevista, ele ainda acusa policiais civis de São Paulo de participarem do esquema criminoso. “Em muitos momentos, policiais falavam que eu estava indo contra um sistema. É pesado. E hoje eu consigo entender um pouco desse sistema”, disse.
Na época, Vinicius já havia escapado de duas emboscadas e sabia que estava jurado de morte pelo PCC. O jornalista Roberto Cabrini perguntou quem poderia ter interesse em matá-lo, ao que ele responde: “pseudo-empresários, pessoas que querem me calar”.
A reportagem do Domingo Espetacular ainda aponta que o empresário executado a tiros de fuzil por homens encapuzados no Aeroporto de Guarulhos fez uma última delação ao Ministério Público 15 dias antes de morrer, documento que não chegou a assinar.
Assista à única entrevista de Vinicius Gritzbach, empresário executado no Aeroporto de Guarulhos
*com informações do Domingo Espetacular
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