Florianópolis vai do bucolismo ao agito – 22/01/2025 – Turismo
A maior parte das ilhas turísticas brasileiras tem identidade única, um estilo próprio que dá o tom do lugar, com suas praias, trilhas e outras atrações. Em Floripa é diferente, irmão: é muito mais do que um sonho. São vários. Cada bairro tem seu charme —e, por vezes, nem parecem pertencer à mesma cidade.
As razões para essa variedade são muitas, mas uma delas certamente está ligada à geografia da ilha. Florianópolis é comprida, lembrando o mapa do Chile. São cerca de 54 km de comprimento e 18 km de largura, o que faz com que as regiões sejam distantes (e diferentes) umas das outras. Essa, aliás, é uma informação valiosa para quem planeja conhecer a capital catarinense: independentemente do local de hospedagem, circular de carro é essencial para desbravar os diversos cantos e aproveitar bem o tempo, embora o trânsito seja muito intenso na alta temporada.
Quem chega por terra entra pelo centro, passando por uma das duas pontes que ligam a porção insular à porção continental da cidade. Uma delas é a famosa ponte Hercílio Luz, o cartão postal de Florianópolis. Construída em 1926, ela foi reinaugurada no fim de 2019, depois de uma novela de 28 anos de burocracias e irregularidades. Hoje em pleno funcionamento, permite a circulação de veículos, bicicletas e pedestres.
Uma vez cruzada a ponte, chega-se ao centro histórico da cidade, onde é visível a influência portuguesa. O mar, é claro, está em todo lugar, mas a região é urbana, sem praias. O barato por ali é visitar o mercado público, onde se pode comprar produtos frescos (especialmente peixes e frutos do mar) e curtir os bares e restaurantes da área externa. Mais à frente, a avenida Beira-Mar honra o próprio nome, com um calçadão propício para uma caminhada ou corrida com uma vista estonteante.
A atmosfera portuguesa fica ainda mais intensa no charmoso Santo Antônio de Lisboa, já no início da parte norte da ilha. Com um simpático centrinho com igrejas e casas em estilo lusitano, o bairro é repleto de bons restaurantes e lojas de artesanato. Com águas de baía, a praia é calma como uma lagoa, fica cheia de barquinhos e é mais voltada à pesca —e não ao banho. O visual bucólico vale a pena: é um ótimo ponto para ver o sol se pôr petiscando e batendo um bom papo.
No extremo norte, o cenário muda. A famosa praia de Jurerê Internacional concentra o luxo da cidade, com casas imponentes e seus jardins bem-cuidados, livres de muros. A orla conta com diversos “beach clubs” e é voltada para quem procura badalação, especialmente na alta temporada. A praia tem poucas ondas, boa faixa de areia e é bonita —o que está longe de ser raro em Florianópolis. Perto dali há opções mais interessantes e menos pretensiosas, como as praias de Ingleses do Rio Vermelho (conhecido como Zinga, o segundo bairro mais populoso da cidade, perdendo apenas para o centro) e do Santinho.
Do Zinga, uma estrada atravessa o Parque Estadual do Rio Vermelho, em um agradável caminho entre árvores. Por alguns quilômetros, o verde domina a paisagem até o azul ressurgir, anunciando a chegada à praia da Barra da Lagoa, que abriga uma das bases do Projeto Tamar —um passeio ideal para se fazer com crianças. Neste ponto, estamos na região leste da ilha que, na prática, é o bairro da Lagoa da Conceição. A região é marcada pela própria lagoa e pelas praias que a circundam: Mole, Galheta, Gravatá e Joaquina, além da Barra.
O bairro da lagoa é um mundo à parte. Apesar de ter boa estrutura, mantém o charme de uma vila. É o canto preferido dos “tilelês”, reúne estudantes, estrangeiros e hippies que se apaixonaram pela abundante natureza do lugar. No centrinho, um pequeno porto lacustre leva turistas e moradores a pontos mais distantes na lagoa, onde vivem comunidades e se escondem cachoeiras. À beira da lagoa, a avenida das Rendeiras concentra bares, restaurantes, baladas e dunas. Ao fim da avenida, entusiastas do surfe podem pegar boas ondas na Joaquina, enquanto a Mole, mais badalada, dá espaço a quem quer ver e ser visto.
Descendo a Joaquina, chega-se ao sul da ilha, mais precisamente nos bairros Rio Tavares e Campeche —talvez os bairros que mais se transformaram nos últimos anos. Privilegiada pela praia e pela relativa proximidade com o centro, a região ficou cool: ganhou moradores mais jovens, cafés, bares, restaurantes e até espaços de coworking (caso seja necessário trabalhar entre um mergulho e outro). Um pouco mais ao sul, encontram-se as belas praias do Matadeiro e Pântano do Sul. De ambas, é possível fazer a trilha para a deslumbrante e preservada praia da Lagoinha do Leste, um dos pontos imperdíveis da ilha. O caminho pode ser desafiador, mas há a opção de ir e voltar de barco. As águas azuis-esverdeadas com partes mais calmas e outras mais agitadas vão valer o esforço.
O sul guarda, ainda, o Ribeirão da Ilha, que tem sua história fortemente marcada pela colonização açoriana —o que fica muito claro no sotaque dos habitantes locais. Ali, as águas são dedicadas às fazendas de ostras, servidas em charmosos (e salgados!) restaurantes, alguns com mesas sobre trapiches, para comer bem pertinho do mar.
A maior parte das ilhas turísticas brasileiras tem identidade única, um estilo próprio que dá o tom do lugar, com suas praias, trilhas e outras atrações. Em Floripa é diferente, irmão: é muito mais do que um sonho. São vários. Cada bairro tem seu charme —e, por vezes, nem parecem pertencer à mesma cidade.
As razões para essa variedade são muitas, mas uma delas certamente está ligada à geografia da ilha. Florianópolis é comprida, lembrando o mapa do Chile. São cerca de 54 km de comprimento e 18 km de largura, o que faz com que as regiões sejam distantes (e diferentes) umas das outras. Essa, aliás, é uma informação valiosa para quem planeja conhecer a capital catarinense: independentemente do local de hospedagem, circular de carro é essencial para desbravar os diversos cantos e aproveitar bem o tempo, embora o trânsito seja muito intenso na alta temporada.
Quem chega por terra entra pelo centro, passando por uma das duas pontes que ligam a porção insular à porção continental da cidade. Uma delas é a famosa ponte Hercílio Luz, o cartão postal de Florianópolis. Construída em 1926, ela foi reinaugurada no fim de 2019, depois de uma novela de 28 anos de burocracias e irregularidades. Hoje em pleno funcionamento, permite a circulação de veículos, bicicletas e pedestres.
Uma vez cruzada a ponte, chega-se ao centro histórico da cidade, onde é visível a influência portuguesa. O mar, é claro, está em todo lugar, mas a região é urbana, sem praias. O barato por ali é visitar o mercado público, onde se pode comprar produtos frescos (especialmente peixes e frutos do mar) e curtir os bares e restaurantes da área externa. Mais à frente, a avenida Beira-Mar honra o próprio nome, com um calçadão propício para uma caminhada ou corrida com uma vista estonteante.
A atmosfera portuguesa fica ainda mais intensa no charmoso Santo Antônio de Lisboa, já no início da parte norte da ilha. Com um simpático centrinho com igrejas e casas em estilo lusitano, o bairro é repleto de bons restaurantes e lojas de artesanato. Com águas de baía, a praia é calma como uma lagoa, fica cheia de barquinhos e é mais voltada à pesca —e não ao banho. O visual bucólico vale a pena: é um ótimo ponto para ver o sol se pôr petiscando e batendo um bom papo.
No extremo norte, o cenário muda. A famosa praia de Jurerê Internacional concentra o luxo da cidade, com casas imponentes e seus jardins bem-cuidados, livres de muros. A orla conta com diversos “beach clubs” e é voltada para quem procura badalação, especialmente na alta temporada. A praia tem poucas ondas, boa faixa de areia e é bonita —o que está longe de ser raro em Florianópolis. Perto dali há opções mais interessantes e menos pretensiosas, como as praias de Ingleses do Rio Vermelho (conhecido como Zinga, o segundo bairro mais populoso da cidade, perdendo apenas para o centro) e do Santinho.
Do Zinga, uma estrada atravessa o Parque Estadual do Rio Vermelho, em um agradável caminho entre árvores. Por alguns quilômetros, o verde domina a paisagem até o azul ressurgir, anunciando a chegada à praia da Barra da Lagoa, que abriga uma das bases do Projeto Tamar —um passeio ideal para se fazer com crianças. Neste ponto, estamos na região leste da ilha que, na prática, é o bairro da Lagoa da Conceição. A região é marcada pela própria lagoa e pelas praias que a circundam: Mole, Galheta, Gravatá e Joaquina, além da Barra.
O bairro da lagoa é um mundo à parte. Apesar de ter boa estrutura, mantém o charme de uma vila. É o canto preferido dos “tilelês”, reúne estudantes, estrangeiros e hippies que se apaixonaram pela abundante natureza do lugar. No centrinho, um pequeno porto lacustre leva turistas e moradores a pontos mais distantes na lagoa, onde vivem comunidades e se escondem cachoeiras. À beira da lagoa, a avenida das Rendeiras concentra bares, restaurantes, baladas e dunas. Ao fim da avenida, entusiastas do surfe podem pegar boas ondas na Joaquina, enquanto a Mole, mais badalada, dá espaço a quem quer ver e ser visto.
Descendo a Joaquina, chega-se ao sul da ilha, mais precisamente nos bairros Rio Tavares e Campeche —talvez os bairros que mais se transformaram nos últimos anos. Privilegiada pela praia e pela relativa proximidade com o centro, a região ficou cool: ganhou moradores mais jovens, cafés, bares, restaurantes e até espaços de coworking (caso seja necessário trabalhar entre um mergulho e outro). Um pouco mais ao sul, encontram-se as belas praias do Matadeiro e Pântano do Sul. De ambas, é possível fazer a trilha para a deslumbrante e preservada praia da Lagoinha do Leste, um dos pontos imperdíveis da ilha. O caminho pode ser desafiador, mas há a opção de ir e voltar de barco. As águas azuis-esverdeadas com partes mais calmas e outras mais agitadas vão valer o esforço.
O sul guarda, ainda, o Ribeirão da Ilha, que tem sua história fortemente marcada pela colonização açoriana —o que fica muito claro no sotaque dos habitantes locais. Ali, as águas são dedicadas às fazendas de ostras, servidas em charmosos (e salgados!) restaurantes, alguns com mesas sobre trapiches, para comer bem pertinho do mar.
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