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12 Mar 2025, Wed

‘Tive um AVC aos 20 anos enquanto fazia esteira, tentando emagrecer a qualquer custo’




A criadora de conteúdo Nicole Peixoto Freire teve um acidente vascular cerebral isquêmico devido a um quadro chamado dissecção arterial. Todo o lado esquerdo do seu corpo ficou paralisado, e sua mão não voltou a mexer até hoje A criadora de conteúdo Nicole Peixoto Freire, de 29 anos, sofreu um acidente vascular cerebral aos 20. Ela estava na esteira da academia quando passou mal. O lado esquerdo de seu corpo paralisou e só melhorou com fisioterapia. Ainda assim, ela não tem mais o movimento da mão esquerda.
“Eu estava fissurada em emagrecer e fui para esteira correr. Só que eu não tinha preparo físico. Escolhi um treino aleatório, que era tiro super rápido a 17 km/h, sendo que eu nunca tinha corrido antes. Eu queria me ver suando. Também estava fazendo uma dieta restrita, sem muito carboidrato”, lembra.
Leia também
“Ainda que isso não tenha causado meu AVC, o meu alerta é que nada que você faça por estética vai valer tão a pena que compense você perder sua saúde”, diz.
Enquanto corria na esteira do prédio em que morava, Freire olhou para trás ao pensar que viu alguém e depois sentiu uma pontada na cabeça. Ela chegou a pensar que tinham batido nela. Instintivamente, a criadora de conteúdo puxou a trava de segurança da esteira, desceu e sentou no chão. Ao ligar para o seu pai, ele notou que havia algo de errado com a filha. “Eu achava que estava morrendo”, lembra Freire.
Nicole Peixoto Freire no dia do AVC
Arquivo pessoal
Sua madrasta desceu com a médica do prédio, e Freire foi encaminhada para o hospital às pressas. Nesse momento, o lado esquerdo do seu corpo estava paralisado. Entre a ligação de Freire com o pai e a ida ao pronto-socorro levou cerca de 30 minutos. A rapidez em buscar atendimento especializado é fundamental para um desfecho positivo em casos de AVC.
A confirmação do AVC
Ao chegar ao pronto-socorro, a jovem foi rapidamente medicada com trombolítico, fármaco usado para disolver coágulos sanguíneos. Na sequência, fez tomografia, exame que confirmou o acidente vascular cerebral isquêmico.
Freire ficou três dias na UTI e os descreve como os piores da sua vida. “Eu gritava para os meus médicos que não ia mais andar e chorava muito por medo de morrer”, lembra. Ela sofreu também pela incerteza do que seria sua vida após o AVC e de tudo que ela teria que abrir mão pelas perdas dos movimentos do lado esquerdo do corpo.
Você entende, aos poucos, que não consegue andar ou se mexer na cama e precisa de ajuda para ir ao banheiro, colocar roupa e comer.”
Depois da UTI, ainda ficou uma semana no quarto e, então, recebeu alta do hospital. Em casa, a situação ainda estava delicada. Mas a criadora de conteúdo tinha a certeza de nunca estar sozinha.
“Eu estava torta, não conseguia andar nem comer e tomava remédios de duas em duas horas. Mas agradeço a Deus porque eu tinha amigos e familiares por perto, para me darem banho, lavarem meu cabelo, me fazerem dar risada”, reflete.
A busca do diagnóstico correto
No hospital de Curitiba (PR), onde Freire mora, o AVC foi justificado como se paciente tivesse uma doença autoimune. Insatisfeitos com a explicação médica, os pais da criadora de conteúdo a levaram para São Paulo.
Quando chegaram no novo estado, a paranaense foi internada novamente para iniciar a investigação do seu quadro. Ela passou sete dias no hospital. Embora exausta devido ao desgaste emocional de duas internações seguidas, Freire descobriu o motivo de ter tido um AVC: um quadro de dissecção arterial.
“A dissecção ocorre quando a camada mais interna da parede da artéria se rompe, permitindo que o sangue infiltre a própria parede arterial. Isso compromete sua estrutura, que deveria permanecer íntegra para garantir um fluxo sanguíneo adequado dentro da artéria”, explica o neurologista Érico Induzzi Borges, do Hospital Nove de Julho.
Já a relação entre o quadro e o AVC isquêmico se dá porque “quando o sangue ocupa espaço dentro da parede da artéria, a área destinada ao fluxo sanguíneo é reduzida. Além disso, o sangue também pode coagular no local da lesão. Se tratando de uma artéria do pescoço, chegará menos sangue para irrigar o sistema nervoso e, no segundo exemplo, o coágulo pode causar entupimento de uma artéria menor, que se localize dentro do cérebro”, como informa Borges.
Com o diagnóstico correto, Freire iniciou a reabilitação. Com três meses de fisioterapia, os movimentos começaram a voltar, mas foi preciso aprimorá-los. “Eu andava, mas muito mancando. Meu braço voltou a mexer, mas não tinha força nele. A minha mão não mexe até hoje”, explica.
A reabilitação também fez com que a criadora de conteúdo aprendesse a perder peso de forma saudável, sem se colocar em risco, para inclusive ter disposição para realizar a fisioterapia. Freire também se dedicou a cuidar da sua saúde mental no processo de recuperação.
“Hoje, sou uma pessoa totalmente independente. Posso ficar sozinha, cuido da minha casa, malho, já montei a cavalo, joguei tênis, faço box, musculação… O meu propósito de vida é mostrar para pessoas que passam pelo AVC que podemos mudar o que quisermos”, reflete.
Freire faz isso principalmente nas redes sociais, como no seu perfil @ni.freire no TikTok, em que ela divide seu dia a dia com seguidores e suas reflexões sobre a vida seguir apesar das adversidades.
Qual a relação entre dissecção arterial, AVC e atividade física?
“Exercícios de alto impacto ou movimentos bruscos de rotação ou inclinação do pescoço podem aumentar o risco de dissecção, mas a corrida por si só não é uma causa. Na presença de sintomas neurológicos, é muito importante buscar ajuda antes da prática de qualquer atividade física”, reforça Borges.
Vale lembrar que o sintoma mais frequente da dissecção arterial é a dor no pescoço, do lado da lesão da artéria. No entanto, outros sinais menos específicos podem estar associados ao quadro como visão dupla, tontura, dificuldade para falar ou engolir e fraqueza em um dos lados do corpo.


A criadora de conteúdo Nicole Peixoto Freire teve um acidente vascular cerebral isquêmico devido a um quadro chamado dissecção arterial. Todo o lado esquerdo do seu corpo ficou paralisado, e sua mão não voltou a mexer até hoje A criadora de conteúdo Nicole Peixoto Freire, de 29 anos, sofreu um acidente vascular cerebral aos 20. Ela estava na esteira da academia quando passou mal. O lado esquerdo de seu corpo paralisou e só melhorou com fisioterapia. Ainda assim, ela não tem mais o movimento da mão esquerda.
“Eu estava fissurada em emagrecer e fui para esteira correr. Só que eu não tinha preparo físico. Escolhi um treino aleatório, que era tiro super rápido a 17 km/h, sendo que eu nunca tinha corrido antes. Eu queria me ver suando. Também estava fazendo uma dieta restrita, sem muito carboidrato”, lembra.
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“Ainda que isso não tenha causado meu AVC, o meu alerta é que nada que você faça por estética vai valer tão a pena que compense você perder sua saúde”, diz.
Enquanto corria na esteira do prédio em que morava, Freire olhou para trás ao pensar que viu alguém e depois sentiu uma pontada na cabeça. Ela chegou a pensar que tinham batido nela. Instintivamente, a criadora de conteúdo puxou a trava de segurança da esteira, desceu e sentou no chão. Ao ligar para o seu pai, ele notou que havia algo de errado com a filha. “Eu achava que estava morrendo”, lembra Freire.
Nicole Peixoto Freire no dia do AVC
Arquivo pessoal
Sua madrasta desceu com a médica do prédio, e Freire foi encaminhada para o hospital às pressas. Nesse momento, o lado esquerdo do seu corpo estava paralisado. Entre a ligação de Freire com o pai e a ida ao pronto-socorro levou cerca de 30 minutos. A rapidez em buscar atendimento especializado é fundamental para um desfecho positivo em casos de AVC.
A confirmação do AVC
Ao chegar ao pronto-socorro, a jovem foi rapidamente medicada com trombolítico, fármaco usado para disolver coágulos sanguíneos. Na sequência, fez tomografia, exame que confirmou o acidente vascular cerebral isquêmico.
Freire ficou três dias na UTI e os descreve como os piores da sua vida. “Eu gritava para os meus médicos que não ia mais andar e chorava muito por medo de morrer”, lembra. Ela sofreu também pela incerteza do que seria sua vida após o AVC e de tudo que ela teria que abrir mão pelas perdas dos movimentos do lado esquerdo do corpo.
Você entende, aos poucos, que não consegue andar ou se mexer na cama e precisa de ajuda para ir ao banheiro, colocar roupa e comer.”
Depois da UTI, ainda ficou uma semana no quarto e, então, recebeu alta do hospital. Em casa, a situação ainda estava delicada. Mas a criadora de conteúdo tinha a certeza de nunca estar sozinha.
“Eu estava torta, não conseguia andar nem comer e tomava remédios de duas em duas horas. Mas agradeço a Deus porque eu tinha amigos e familiares por perto, para me darem banho, lavarem meu cabelo, me fazerem dar risada”, reflete.
A busca do diagnóstico correto
No hospital de Curitiba (PR), onde Freire mora, o AVC foi justificado como se paciente tivesse uma doença autoimune. Insatisfeitos com a explicação médica, os pais da criadora de conteúdo a levaram para São Paulo.
Quando chegaram no novo estado, a paranaense foi internada novamente para iniciar a investigação do seu quadro. Ela passou sete dias no hospital. Embora exausta devido ao desgaste emocional de duas internações seguidas, Freire descobriu o motivo de ter tido um AVC: um quadro de dissecção arterial.
“A dissecção ocorre quando a camada mais interna da parede da artéria se rompe, permitindo que o sangue infiltre a própria parede arterial. Isso compromete sua estrutura, que deveria permanecer íntegra para garantir um fluxo sanguíneo adequado dentro da artéria”, explica o neurologista Érico Induzzi Borges, do Hospital Nove de Julho.
Já a relação entre o quadro e o AVC isquêmico se dá porque “quando o sangue ocupa espaço dentro da parede da artéria, a área destinada ao fluxo sanguíneo é reduzida. Além disso, o sangue também pode coagular no local da lesão. Se tratando de uma artéria do pescoço, chegará menos sangue para irrigar o sistema nervoso e, no segundo exemplo, o coágulo pode causar entupimento de uma artéria menor, que se localize dentro do cérebro”, como informa Borges.
Com o diagnóstico correto, Freire iniciou a reabilitação. Com três meses de fisioterapia, os movimentos começaram a voltar, mas foi preciso aprimorá-los. “Eu andava, mas muito mancando. Meu braço voltou a mexer, mas não tinha força nele. A minha mão não mexe até hoje”, explica.
A reabilitação também fez com que a criadora de conteúdo aprendesse a perder peso de forma saudável, sem se colocar em risco, para inclusive ter disposição para realizar a fisioterapia. Freire também se dedicou a cuidar da sua saúde mental no processo de recuperação.
“Hoje, sou uma pessoa totalmente independente. Posso ficar sozinha, cuido da minha casa, malho, já montei a cavalo, joguei tênis, faço box, musculação… O meu propósito de vida é mostrar para pessoas que passam pelo AVC que podemos mudar o que quisermos”, reflete.
Freire faz isso principalmente nas redes sociais, como no seu perfil @ni.freire no TikTok, em que ela divide seu dia a dia com seguidores e suas reflexões sobre a vida seguir apesar das adversidades.
Qual a relação entre dissecção arterial, AVC e atividade física?
“Exercícios de alto impacto ou movimentos bruscos de rotação ou inclinação do pescoço podem aumentar o risco de dissecção, mas a corrida por si só não é uma causa. Na presença de sintomas neurológicos, é muito importante buscar ajuda antes da prática de qualquer atividade física”, reforça Borges.
Vale lembrar que o sintoma mais frequente da dissecção arterial é a dor no pescoço, do lado da lesão da artéria. No entanto, outros sinais menos específicos podem estar associados ao quadro como visão dupla, tontura, dificuldade para falar ou engolir e fraqueza em um dos lados do corpo.



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