A evolução dos veículos elétricos ganhou um novo capítulo com a análise detalhada das baterias da Tesla e da BYD, dois gigantes que dominam o setor. Pesquisadores da Universidade de Aix-la-Chapelle, na Alemanha, desmontaram as células 4680 da Tesla e as Blade Cells da BYD, expondo diferenças marcantes em design, desempenho e filosofia de produção. Enquanto a Tesla aposta em alta densidade energética para maximizar autonomia, a BYD foca em eficiência térmica, segurança e custo reduzido, estratégias que refletem os objetivos distintos de cada fabricante no competitivo mercado global. Os resultados, publicados na revista Cell Reports Physical Science, trazem dados inéditos que podem influenciar o desenvolvimento futuro das baterias automotivas.
No centro dessa análise está a composição química das baterias. A Tesla utiliza a combinação NMC811 (níquel, manganês e cobalto), alcançando 241 Wh/kg, enquanto a BYD opta pelo LFP (lítio-ferro-fosfato), com 160 Wh/kg. Apesar da diferença em densidade energética, as abordagens mostram prioridades claras: desempenho bruto versus durabilidade e acessibilidade.
Além disso, os métodos de construção revelam escolhas técnicas opostas. A Tesla adota o formato cilíndrico “jelly roll” em suas células 4680, enquanto a BYD emprega um empilhamento em Z nas Blade Cells, impactando diretamente a eficiência e a segurança das baterias.
O que há dentro das baterias da Tesla e da BYD? pic.twitter.com/Fky13VBSTM
— Olhar Digital (@olhardigital) March 8, 2025
Revelações sob o capô: o que os cientistas descobriram
Quando os pesquisadores alemães abriram as baterias, encontraram semelhanças surpreendentes e diferenças gritantes. Ambas as empresas evitam o uso de silício nas anodes, um material comum para aumentar a densidade energética, e utilizam soldagem a laser para conectar as folhas de eletrodos, garantindo flexibilidade e escalabilidade na produção. Contudo, as estratégias divergem em aspectos cruciais. A Tesla emprega um liant para solidificar os materiais ativos dos eletrodos, enquanto a BYD comprime os bordos do separador entre as eletrodos, resultando em uma bateria mais estável termicamente, mas com menor eficiência energética devido ao caminho mais longo da eletricidade.
A densidade energética é um dos pontos mais destacados. A célula 4680 da Tesla, extraída de um Model Y 2022, atinge 643,3 Wh/l, quase o dobro dos 355,26 Wh/l da Blade Cell da BYD, retirada de um fornecedor chinês. Isso explica a vantagem da Tesla em autonomia, mas também revela um custo: a célula americana gera o dobro de calor por volume durante a carga rápida, exigindo sistemas de refrigeração mais robustos. Já a BYD, com sua química LFP, prioriza uma gestão térmica mais simples, o que reduz custos e aumenta a segurança, embora sacrifique desempenho em aceleração e alcance.
Outro dado surpreendente é o custo por kWh. A bateria da BYD sai por 25 euros/kWh, contra 36 euros/kWh da Tesla, uma diferença explicada pela escolha de materiais mais baratos, como a ausência de cobalto e níquel na composição chinesa. Esses números mostram como a BYD consegue oferecer veículos mais acessíveis, enquanto a Tesla mantém o foco em um público que valoriza performance premium.
Filosofia em camadas: Tesla busca potência, BYD mira custo
A abordagem da Tesla reflete sua posição como pioneira no mercado de luxo elétrico. Com as células 4680, introduzidas em larga escala no Model Y, a empresa americana busca maximizar a energia em um espaço reduzido, ideal para longas distâncias e acelerações impressionantes. A estrutura em “rolo de gelatina” permite um fluxo elétrico mais direto, otimizando o desempenho, mas também eleva a temperatura durante cargas rápidas – um desafio que exige soluções avançadas de refrigeração. Em testes, a célula da Tesla mostrou-se capaz de suportar altas taxas de carga e descarga, mas ao custo de maior complexidade na produção e no gerenciamento térmico.
Por outro lado, a BYD adota uma visão pragmática, alinhada à sua ascensão como líder em vendas globais de elétricos. O empilhamento em Z das Blade Cells aumenta a durabilidade e a resistência térmica, tornando-as menos propensas a superaquecimento ou incêndios. Embora isso resulte em menor densidade energética, a química LFP garante uma vida útil superior, com estimativas de mais de 80% de capacidade após 3000 ciclos de carga – o equivalente a mais de 1 milhão de quilômetros em condições ideais.
Números que falam: comparando desempenho e eficiência
Os dados técnicos fornecem uma visão clara das prioridades de cada fabricante. A Tesla alcança 241 Wh/kg e 643,3 Wh/l, números que sustentam autonomias maiores, como os 455 km do Model Y Propulsion fabricado em Xangai. Já a BYD, com 160 Wh/kg e 355,26 Wh/l, foca em eficiência volumétrica e custo, oferecendo veículos como o Atto 3 com preços competitivos. Em termos de carga, a bateria Blade da BYD pode atingir 80% em cerca de 37 minutos, enquanto o Model Y com bateria BYD, produzido em Berlim, faz o mesmo de 10% a 80% em apenas 20 minutos, mostrando como a integração varia entre os modelos.
A gestão térmica também diferencia as baterias. Durante uma carga de 70 kW em uma bateria de 70 kWh, as células da Tesla aquecem duas vezes mais que as da BYD, o que impacta a longevidade e a segurança. Esse contraste reflete escolhas estratégicas: a Tesla aceita o calor extra para priorizar desempenho, enquanto a BYD minimiza riscos e custos operacionais.
Caminhos opostos na produção: inovação e escala
Na linha de montagem, as diferenças se aprofundam. A Tesla investe em integração vertical, produzindo suas células 4680 em gigafábricas como a de Austin, no Texas, e Berlim, na Alemanha. Esse controle permite ajustes rápidos, mas eleva os custos iniciais. A BYD, por sua vez, aproveita sua experiência como fabricante de baterias – atividade que antecede sua entrada no setor automotivo – para otimizar a produção em massa. Suas Blade Cells, fabricadas pela subsidiária FinDreams, são projetadas para serem baratas e escaláveis, atendendo tanto seus próprios veículos quanto parceiros como a Tesla, que já utiliza baterias BYD em alguns Model Y europeus.
A cronologia da inovação também destaca essa dualidade:
- 2003: A BYD inicia sua trajetória como fabricante de baterias, dominando o mercado de lítio antes de entrar no setor automotivo.
- 2008: Warren Buffett investe na BYD, impulsionando sua expansão.
- 2010: A Tesla lança o Roadster, pioneiro no uso de baterias de íon-lítio em larga escala.
- 2022: A BYD ultrapassa a Tesla em vendas globais de elétricos e começa a fornecer baterias Blade para o Model Y em Berlim.
- 2023: A Tesla amplia a produção das células 4680, enquanto a BYD anuncia a plataforma 1000V, prometendo 300 km de autonomia em 5 minutos de carga.
Essa linha do tempo mostra como a BYD evoluiu de fornecedora a concorrente direta, enquanto a Tesla mantém o foco em tecnologia de ponta.
Impactos no mercado: quem ganha com essas diferenças?
Analisando o mercado, as estratégias se traduzem em públicos distintos. A Tesla domina o segmento premium, com veículos como o Model S e o Cybertruck, que demandam alta potência e autonomia. Seus 614.679 veículos vendidos nos dois primeiros meses de 2025 mostram um crescimento de 90% em relação ao ano anterior, mas a BYD não fica atrás, liderando em volume com preços acessíveis. Modelos como o Han, com até 662 km de autonomia urbana, competem diretamente com a Tesla, enquanto o Atto 3 atrai consumidores preocupados com custo-benefício.
Para os consumidores, as diferenças têm implicações práticas:
- Autonomia: A Tesla oferece maior alcance, ideal para longas viagens.
- Custo: A BYD reduz o preço final, atraindo mercados emergentes.
- Segurança: A química LFP da BYD é mais resistente a incêndios, um diferencial em regiões com regulamentações rígidas.
- Recharge rápida: A plataforma 1000V da BYD promete superar os Superchargers da Tesla em velocidade.
Esses fatores moldam a experiência do usuário e a concorrência global.
Além das células: o que o futuro reserva
Olhando adiante, as inovações continuam. A BYD planeja lançar em 2025 os modelos Han L e Tang L com a plataforma 1000V, que suporta cargas de até 600 kW e promete revolucionar o tempo de recarga. Já a Tesla avança na integração estrutural das baterias 4680, usando-as como parte do chassi para reduzir peso e aumentar eficiência. Ambas as empresas exploram baterias de estado sólido, mas a adoção em massa ainda está distante.
No campo da sustentabilidade, a BYD ganha pontos por evitar cobalto e níquel, materiais com cadeias de suprimento controversas. A Tesla, embora dependente desses metais, investe em reciclagem e parcerias para mitigar impactos ambientais.
A rivalidade entre essas gigantes reflete uma corrida tecnológica que vai além das baterias. Com a Tesla focada em performance e a BYD em acessibilidade, o mercado elétrico se diversifica, oferecendo opções para diferentes perfis de consumidores.

A evolução dos veículos elétricos ganhou um novo capítulo com a análise detalhada das baterias da Tesla e da BYD, dois gigantes que dominam o setor. Pesquisadores da Universidade de Aix-la-Chapelle, na Alemanha, desmontaram as células 4680 da Tesla e as Blade Cells da BYD, expondo diferenças marcantes em design, desempenho e filosofia de produção. Enquanto a Tesla aposta em alta densidade energética para maximizar autonomia, a BYD foca em eficiência térmica, segurança e custo reduzido, estratégias que refletem os objetivos distintos de cada fabricante no competitivo mercado global. Os resultados, publicados na revista Cell Reports Physical Science, trazem dados inéditos que podem influenciar o desenvolvimento futuro das baterias automotivas.
No centro dessa análise está a composição química das baterias. A Tesla utiliza a combinação NMC811 (níquel, manganês e cobalto), alcançando 241 Wh/kg, enquanto a BYD opta pelo LFP (lítio-ferro-fosfato), com 160 Wh/kg. Apesar da diferença em densidade energética, as abordagens mostram prioridades claras: desempenho bruto versus durabilidade e acessibilidade.
Além disso, os métodos de construção revelam escolhas técnicas opostas. A Tesla adota o formato cilíndrico “jelly roll” em suas células 4680, enquanto a BYD emprega um empilhamento em Z nas Blade Cells, impactando diretamente a eficiência e a segurança das baterias.
O que há dentro das baterias da Tesla e da BYD? pic.twitter.com/Fky13VBSTM
— Olhar Digital (@olhardigital) March 8, 2025
Revelações sob o capô: o que os cientistas descobriram
Quando os pesquisadores alemães abriram as baterias, encontraram semelhanças surpreendentes e diferenças gritantes. Ambas as empresas evitam o uso de silício nas anodes, um material comum para aumentar a densidade energética, e utilizam soldagem a laser para conectar as folhas de eletrodos, garantindo flexibilidade e escalabilidade na produção. Contudo, as estratégias divergem em aspectos cruciais. A Tesla emprega um liant para solidificar os materiais ativos dos eletrodos, enquanto a BYD comprime os bordos do separador entre as eletrodos, resultando em uma bateria mais estável termicamente, mas com menor eficiência energética devido ao caminho mais longo da eletricidade.
A densidade energética é um dos pontos mais destacados. A célula 4680 da Tesla, extraída de um Model Y 2022, atinge 643,3 Wh/l, quase o dobro dos 355,26 Wh/l da Blade Cell da BYD, retirada de um fornecedor chinês. Isso explica a vantagem da Tesla em autonomia, mas também revela um custo: a célula americana gera o dobro de calor por volume durante a carga rápida, exigindo sistemas de refrigeração mais robustos. Já a BYD, com sua química LFP, prioriza uma gestão térmica mais simples, o que reduz custos e aumenta a segurança, embora sacrifique desempenho em aceleração e alcance.
Outro dado surpreendente é o custo por kWh. A bateria da BYD sai por 25 euros/kWh, contra 36 euros/kWh da Tesla, uma diferença explicada pela escolha de materiais mais baratos, como a ausência de cobalto e níquel na composição chinesa. Esses números mostram como a BYD consegue oferecer veículos mais acessíveis, enquanto a Tesla mantém o foco em um público que valoriza performance premium.
Filosofia em camadas: Tesla busca potência, BYD mira custo
A abordagem da Tesla reflete sua posição como pioneira no mercado de luxo elétrico. Com as células 4680, introduzidas em larga escala no Model Y, a empresa americana busca maximizar a energia em um espaço reduzido, ideal para longas distâncias e acelerações impressionantes. A estrutura em “rolo de gelatina” permite um fluxo elétrico mais direto, otimizando o desempenho, mas também eleva a temperatura durante cargas rápidas – um desafio que exige soluções avançadas de refrigeração. Em testes, a célula da Tesla mostrou-se capaz de suportar altas taxas de carga e descarga, mas ao custo de maior complexidade na produção e no gerenciamento térmico.
Por outro lado, a BYD adota uma visão pragmática, alinhada à sua ascensão como líder em vendas globais de elétricos. O empilhamento em Z das Blade Cells aumenta a durabilidade e a resistência térmica, tornando-as menos propensas a superaquecimento ou incêndios. Embora isso resulte em menor densidade energética, a química LFP garante uma vida útil superior, com estimativas de mais de 80% de capacidade após 3000 ciclos de carga – o equivalente a mais de 1 milhão de quilômetros em condições ideais.
Números que falam: comparando desempenho e eficiência
Os dados técnicos fornecem uma visão clara das prioridades de cada fabricante. A Tesla alcança 241 Wh/kg e 643,3 Wh/l, números que sustentam autonomias maiores, como os 455 km do Model Y Propulsion fabricado em Xangai. Já a BYD, com 160 Wh/kg e 355,26 Wh/l, foca em eficiência volumétrica e custo, oferecendo veículos como o Atto 3 com preços competitivos. Em termos de carga, a bateria Blade da BYD pode atingir 80% em cerca de 37 minutos, enquanto o Model Y com bateria BYD, produzido em Berlim, faz o mesmo de 10% a 80% em apenas 20 minutos, mostrando como a integração varia entre os modelos.
A gestão térmica também diferencia as baterias. Durante uma carga de 70 kW em uma bateria de 70 kWh, as células da Tesla aquecem duas vezes mais que as da BYD, o que impacta a longevidade e a segurança. Esse contraste reflete escolhas estratégicas: a Tesla aceita o calor extra para priorizar desempenho, enquanto a BYD minimiza riscos e custos operacionais.
Caminhos opostos na produção: inovação e escala
Na linha de montagem, as diferenças se aprofundam. A Tesla investe em integração vertical, produzindo suas células 4680 em gigafábricas como a de Austin, no Texas, e Berlim, na Alemanha. Esse controle permite ajustes rápidos, mas eleva os custos iniciais. A BYD, por sua vez, aproveita sua experiência como fabricante de baterias – atividade que antecede sua entrada no setor automotivo – para otimizar a produção em massa. Suas Blade Cells, fabricadas pela subsidiária FinDreams, são projetadas para serem baratas e escaláveis, atendendo tanto seus próprios veículos quanto parceiros como a Tesla, que já utiliza baterias BYD em alguns Model Y europeus.
A cronologia da inovação também destaca essa dualidade:
- 2003: A BYD inicia sua trajetória como fabricante de baterias, dominando o mercado de lítio antes de entrar no setor automotivo.
- 2008: Warren Buffett investe na BYD, impulsionando sua expansão.
- 2010: A Tesla lança o Roadster, pioneiro no uso de baterias de íon-lítio em larga escala.
- 2022: A BYD ultrapassa a Tesla em vendas globais de elétricos e começa a fornecer baterias Blade para o Model Y em Berlim.
- 2023: A Tesla amplia a produção das células 4680, enquanto a BYD anuncia a plataforma 1000V, prometendo 300 km de autonomia em 5 minutos de carga.
Essa linha do tempo mostra como a BYD evoluiu de fornecedora a concorrente direta, enquanto a Tesla mantém o foco em tecnologia de ponta.
Impactos no mercado: quem ganha com essas diferenças?
Analisando o mercado, as estratégias se traduzem em públicos distintos. A Tesla domina o segmento premium, com veículos como o Model S e o Cybertruck, que demandam alta potência e autonomia. Seus 614.679 veículos vendidos nos dois primeiros meses de 2025 mostram um crescimento de 90% em relação ao ano anterior, mas a BYD não fica atrás, liderando em volume com preços acessíveis. Modelos como o Han, com até 662 km de autonomia urbana, competem diretamente com a Tesla, enquanto o Atto 3 atrai consumidores preocupados com custo-benefício.
Para os consumidores, as diferenças têm implicações práticas:
- Autonomia: A Tesla oferece maior alcance, ideal para longas viagens.
- Custo: A BYD reduz o preço final, atraindo mercados emergentes.
- Segurança: A química LFP da BYD é mais resistente a incêndios, um diferencial em regiões com regulamentações rígidas.
- Recharge rápida: A plataforma 1000V da BYD promete superar os Superchargers da Tesla em velocidade.
Esses fatores moldam a experiência do usuário e a concorrência global.
Além das células: o que o futuro reserva
Olhando adiante, as inovações continuam. A BYD planeja lançar em 2025 os modelos Han L e Tang L com a plataforma 1000V, que suporta cargas de até 600 kW e promete revolucionar o tempo de recarga. Já a Tesla avança na integração estrutural das baterias 4680, usando-as como parte do chassi para reduzir peso e aumentar eficiência. Ambas as empresas exploram baterias de estado sólido, mas a adoção em massa ainda está distante.
No campo da sustentabilidade, a BYD ganha pontos por evitar cobalto e níquel, materiais com cadeias de suprimento controversas. A Tesla, embora dependente desses metais, investe em reciclagem e parcerias para mitigar impactos ambientais.
A rivalidade entre essas gigantes reflete uma corrida tecnológica que vai além das baterias. Com a Tesla focada em performance e a BYD em acessibilidade, o mercado elétrico se diversifica, oferecendo opções para diferentes perfis de consumidores.
