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18 Mar 2025, Tue


Gilberto Gil, Chico Buarque e Caetano Veloso na época da ditadura
Imagem: Reprodução/Rádio PUC

Com o filme Ainda Estou Aqui premiado no Oscar e o País caminhando para o aniversário de 61 anos do golpe militar, o canal TVGGN, no Youtube, realizou uma live especial com dois pesquisadores que estudam o exílio de brasileiros nos anos de chumbo. O programa também é um esquenta para a quinta edição da Caminhada do Silêncio, que ocorrerá em São Paulo no dia

Apresentado por Maria Cláudia e César, do Núcleo de Preservação da Memória Política, o programa [assista abaixo] analisou o tema do exílio sob dois ângulo:

1º nas experiências de figuras proeminentes da música brasileira, como Gilberto Gil, Caetano Veloso e Chico Buarque – mostrando como o exílio, apesar de doloroso, também proporcionou novas experiências culturais e artísticas ao país

2º explorando o papel da Argélia como um refúgio para exilados políticos brasileiros durante a ditadura.

“O exílio político emergiu como uma política forçada de afastamento de brasileiros pela ditadura civil-militar”, lembra Maria Cláudia.

Os pesquisadores explicam no programa como brasileiros criaram mecanismos de atuação fora do país no combate à ditadura, analisando fatores determinantes, como o tipo de saída dos brasileiros do país, os países de exílio, o tipo de acolhimento aos exilados, a geopolítica da época, as relações entre os estados e a atuação dos organismos de direitos humanos.

As pesquisas também enfocam os atores institucionais que atuaram em favor da ditadura, como o Ministério das Relações Exteriores, consulados, embaixadas e centros de informação ligados ao Sistema Nacional de Informação (SNI), que monitoravam e restringiam a vida e a sobrevivência de exilados.

“A pesquisa sobre exílio é um tema que vem se constituindo como um rico campo de investigação no Brasil, enfatizando assuntos como o sentimento de exílio, a sobrevivência material e psíquica dos exilados, a produção teórico-crítica realizada fora do Brasil e as transições e alterações dos discursos políticos em democracias liberais desenvolvidas”, acrescenta Maria Cláudia.

Os pesquisadores

Os pesquisadores que participaram do programa são Rodrigo Pires Alves, historiador pela UNESP de Assis, mestre em sociologia pela Unicamp e doutor em história social pela USP, autor dos livros ‘Guardam Cravos para Mim: Os Exilados Brasileiros em Portugal’ e ‘Omissão um Tanto Forçada: Exílio e Retorno em Gilberto Gil, Caetano Veloso e Chico Buarque’; e Débora Strieder Kreuz, mestre em história pela Universidade Federal de Pelotas e doutora em história pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, com a tese intitulada Da ‘Meca da revolução’ a ‘um país vazio’: o exílio brasileiro na Argélia (1965-1979). Atualmente é professora no Instituto Federal de Sergipe e pesquisadora das temáticas relacionadas à ditadura civil-militar brasileira, exílio na Argélia, memória e assuntos correlatos.

O exílio dos artistas

Rodrigo Pires Alves, historiador, apresentou um panorama sobre o exílio de artistas brasileiros durante a ditadura militar, focando em Gilberto Gil, Caetano Veloso e Chico Buarque. Ele destacou que, apesar de o exílio ser uma experiência individual, ele se manifesta de formas diversas.

  • Gilberto Gil e Caetano Veloso:
    • Foram presos e banidos do Brasil, indo primeiro para Portugal e depois para Londres.
    • Em Londres, viveram o exílio de formas diferentes: Caetano se rendeu à depressão, enquanto Gil se envolveu na cena musical local.
  • Chico Buarque:
    • Saiu do Brasil para compromissos profissionais na Itália e, por medo de perseguição, não retornou.
    • Enfrentou dificuldades financeiras e o declínio de sua carreira na Itália.

Rodrigo também ressaltou a importância de considerar as diferentes experiências de exílio, especialmente para aqueles que não tinham recursos ou conexões profissionais.

Já a pesquisa sobre o exílio brasileiro na Argélia, de Débora Strieder Kreuz, revela um capítulo pouco explorado da história da ditadura militar no Brasil. A Argélia, então recém-independente da França, tornou-se um refúgio para brasileiros perseguidos pelo regime, destacando-se como um centro de resistência e articulação política.

Pontos chave da pesquisa:

  • Refúgio estratégico:
    • A Argélia, com sua política de apoio a movimentos revolucionários, acolheu exilados brasileiros, incluindo figuras como Miguel Arraes.
    • O país serviu como ponto de rearticulação para militantes que buscavam formas de resistir à ditadura.
  • Cooperação e reconstrução:
    • Exilados brasileiros contribuíram para a reconstrução da Argélia, compartilhando conhecimentos em diversas áreas, como engenharia e medicina.
    • A presença de profissionais brasileiros foi fundamental para o desenvolvimento do país no período pós-independência.
  • Resistência e denúncia:
    • A Argélia foi um espaço para a criação de boletins de denúncia das atrocidades da ditadura, como tortura e desaparecimentos.
    • Exilados mantiveram contato com movimentos de libertação em outras partes do mundo, ampliando a luta contra o regime.
  • Experiências e aprendizados:
    • O exílio na Argélia proporcionou aos brasileiros um contato com culturas africanas e árabes, expandindo seus horizontes.
    • A experiência do exílio foi marcada por dificuldades e sofrimentos, mas também por aprendizados e fortalecimento da luta pela democracia.
  • Monitoramento:
    • Os exilados foram sistematicamente monitorados e vigiados a partir das representações diplomáticas brasileiras.

A pesquisa destaca a importância de reconhecer o papel da Argélia como um espaço de resistência e solidariedade durante a ditadura militar brasileira, revelando um lado pouco conhecido do exílio.

Sobre a Quinta Caminhada do Silêncio, em São Paulo

A 5ª Caminhada do Silêncio para 2025, que relembra o terrorismo de Estado do período ditatorial entre 1964 e 1985, acontecerá no dia 6 de abril, a partir das 15 horas, iniciando com um ato político em frente à 36ª Delegacia de Polícia da Vila Mariana, local que sediou o antigo DOPS de São Paulo. Após o ato inicial, a caminhada em silêncio se dará em direção ao monumento em homenagem aos mortos e desaparecidos políticos, em frente ao portão 10 do Parque do Ibirapuera, em São Paulo.
Este movimento, ‘Vozes do Silêncio’, é organizado pelo Núcleo de Preservação da Memória Política, Núcleo Memória e Instituto Vladimir Herzog, com apoio da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SP), da Secretaria de Direitos Humanos e Cidadania de São Paulo e do Jornal GGN.

Assista ao programa abaixo:

Este artigo foi escrito com auxílio de Inteligência Artificial e editado por um jornalista do Jornal GGN.

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Gilberto Gil, Chico Buarque e Caetano Veloso na época da ditadura
Imagem: Reprodução/Rádio PUC

Com o filme Ainda Estou Aqui premiado no Oscar e o País caminhando para o aniversário de 61 anos do golpe militar, o canal TVGGN, no Youtube, realizou uma live especial com dois pesquisadores que estudam o exílio de brasileiros nos anos de chumbo. O programa também é um esquenta para a quinta edição da Caminhada do Silêncio, que ocorrerá em São Paulo no dia

Apresentado por Maria Cláudia e César, do Núcleo de Preservação da Memória Política, o programa [assista abaixo] analisou o tema do exílio sob dois ângulo:

1º nas experiências de figuras proeminentes da música brasileira, como Gilberto Gil, Caetano Veloso e Chico Buarque – mostrando como o exílio, apesar de doloroso, também proporcionou novas experiências culturais e artísticas ao país

2º explorando o papel da Argélia como um refúgio para exilados políticos brasileiros durante a ditadura.

“O exílio político emergiu como uma política forçada de afastamento de brasileiros pela ditadura civil-militar”, lembra Maria Cláudia.

Os pesquisadores explicam no programa como brasileiros criaram mecanismos de atuação fora do país no combate à ditadura, analisando fatores determinantes, como o tipo de saída dos brasileiros do país, os países de exílio, o tipo de acolhimento aos exilados, a geopolítica da época, as relações entre os estados e a atuação dos organismos de direitos humanos.

As pesquisas também enfocam os atores institucionais que atuaram em favor da ditadura, como o Ministério das Relações Exteriores, consulados, embaixadas e centros de informação ligados ao Sistema Nacional de Informação (SNI), que monitoravam e restringiam a vida e a sobrevivência de exilados.

“A pesquisa sobre exílio é um tema que vem se constituindo como um rico campo de investigação no Brasil, enfatizando assuntos como o sentimento de exílio, a sobrevivência material e psíquica dos exilados, a produção teórico-crítica realizada fora do Brasil e as transições e alterações dos discursos políticos em democracias liberais desenvolvidas”, acrescenta Maria Cláudia.

Os pesquisadores

Os pesquisadores que participaram do programa são Rodrigo Pires Alves, historiador pela UNESP de Assis, mestre em sociologia pela Unicamp e doutor em história social pela USP, autor dos livros ‘Guardam Cravos para Mim: Os Exilados Brasileiros em Portugal’ e ‘Omissão um Tanto Forçada: Exílio e Retorno em Gilberto Gil, Caetano Veloso e Chico Buarque’; e Débora Strieder Kreuz, mestre em história pela Universidade Federal de Pelotas e doutora em história pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, com a tese intitulada Da ‘Meca da revolução’ a ‘um país vazio’: o exílio brasileiro na Argélia (1965-1979). Atualmente é professora no Instituto Federal de Sergipe e pesquisadora das temáticas relacionadas à ditadura civil-militar brasileira, exílio na Argélia, memória e assuntos correlatos.

O exílio dos artistas

Rodrigo Pires Alves, historiador, apresentou um panorama sobre o exílio de artistas brasileiros durante a ditadura militar, focando em Gilberto Gil, Caetano Veloso e Chico Buarque. Ele destacou que, apesar de o exílio ser uma experiência individual, ele se manifesta de formas diversas.

  • Gilberto Gil e Caetano Veloso:
    • Foram presos e banidos do Brasil, indo primeiro para Portugal e depois para Londres.
    • Em Londres, viveram o exílio de formas diferentes: Caetano se rendeu à depressão, enquanto Gil se envolveu na cena musical local.
  • Chico Buarque:
    • Saiu do Brasil para compromissos profissionais na Itália e, por medo de perseguição, não retornou.
    • Enfrentou dificuldades financeiras e o declínio de sua carreira na Itália.

Rodrigo também ressaltou a importância de considerar as diferentes experiências de exílio, especialmente para aqueles que não tinham recursos ou conexões profissionais.

Já a pesquisa sobre o exílio brasileiro na Argélia, de Débora Strieder Kreuz, revela um capítulo pouco explorado da história da ditadura militar no Brasil. A Argélia, então recém-independente da França, tornou-se um refúgio para brasileiros perseguidos pelo regime, destacando-se como um centro de resistência e articulação política.

Pontos chave da pesquisa:

  • Refúgio estratégico:
    • A Argélia, com sua política de apoio a movimentos revolucionários, acolheu exilados brasileiros, incluindo figuras como Miguel Arraes.
    • O país serviu como ponto de rearticulação para militantes que buscavam formas de resistir à ditadura.
  • Cooperação e reconstrução:
    • Exilados brasileiros contribuíram para a reconstrução da Argélia, compartilhando conhecimentos em diversas áreas, como engenharia e medicina.
    • A presença de profissionais brasileiros foi fundamental para o desenvolvimento do país no período pós-independência.
  • Resistência e denúncia:
    • A Argélia foi um espaço para a criação de boletins de denúncia das atrocidades da ditadura, como tortura e desaparecimentos.
    • Exilados mantiveram contato com movimentos de libertação em outras partes do mundo, ampliando a luta contra o regime.
  • Experiências e aprendizados:
    • O exílio na Argélia proporcionou aos brasileiros um contato com culturas africanas e árabes, expandindo seus horizontes.
    • A experiência do exílio foi marcada por dificuldades e sofrimentos, mas também por aprendizados e fortalecimento da luta pela democracia.
  • Monitoramento:
    • Os exilados foram sistematicamente monitorados e vigiados a partir das representações diplomáticas brasileiras.

A pesquisa destaca a importância de reconhecer o papel da Argélia como um espaço de resistência e solidariedade durante a ditadura militar brasileira, revelando um lado pouco conhecido do exílio.

Sobre a Quinta Caminhada do Silêncio, em São Paulo

A 5ª Caminhada do Silêncio para 2025, que relembra o terrorismo de Estado do período ditatorial entre 1964 e 1985, acontecerá no dia 6 de abril, a partir das 15 horas, iniciando com um ato político em frente à 36ª Delegacia de Polícia da Vila Mariana, local que sediou o antigo DOPS de São Paulo. Após o ato inicial, a caminhada em silêncio se dará em direção ao monumento em homenagem aos mortos e desaparecidos políticos, em frente ao portão 10 do Parque do Ibirapuera, em São Paulo.
Este movimento, ‘Vozes do Silêncio’, é organizado pelo Núcleo de Preservação da Memória Política, Núcleo Memória e Instituto Vladimir Herzog, com apoio da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SP), da Secretaria de Direitos Humanos e Cidadania de São Paulo e do Jornal GGN.

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