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8 Apr 2025, Tue

subir na bola vira falta antidesportiva com cartão garantido

CBF


A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) implementou uma mudança significativa nas regras do Campeonato Brasileiro, proibindo jogadores de subirem na bola durante as partidas. A decisão, comunicada aos árbitros pela Comissão de Arbitragem, estabelece que o gesto será considerado uma infração antidesportiva, resultando em cartão amarelo e tiro livre indireto para a equipe adversária. A medida entrou em vigor imediatamente após uma polêmica envolvendo o atacante holandês Memphis Depay, do Corinthians, na final do Campeonato Paulista contra o Palmeiras. O lance, ocorrido no último minuto do jogo, reacendeu debates sobre a legalidade e o impacto desse tipo de jogada no futebol brasileiro.

A orientação surge como resposta direta ao comportamento de Memphis, que subiu com os dois pés sobre a bola em um momento crucial da partida. A CBF justificou a decisão afirmando que o gesto demonstra “falta de respeito pelo futebol” e gera “transtornos no ambiente de jogo”. Embora o caso tenha ganhado destaque na final do Paulistão, a prática não é nova no Brasil. Em 2023, o venezuelano Soteldo, então no Santos, realizou movimento semelhante em duelo contra o Vasco pelo Brasileirão, mas na época não houve punição específica. Agora, a entidade busca uniformizar a interpretação da regra para evitar controvérsias futuras.

O objetivo da CBF é claro: coibir ações que possam ser vistas como provocativas ou desrespeitosas, além de garantir maior fluidez nas partidas. A nova diretriz já está valendo para todas as competições organizadas pela confederação, incluindo as séries A, B, C e D do Campeonato Brasileiro. Árbitros foram instruídos a agir com rigor, independentemente do contexto do jogo ou da intenção do jogador. A medida também reflete uma tentativa de alinhar o futebol brasileiro a padrões internacionais, onde esse tipo de jogada é frequentemente penalizado.

Como a polêmica de Memphis mudou o jogo

O incidente que motivou a nova regra aconteceu na final do Campeonato Paulista, disputada entre Corinthians e Palmeiras. Nos instantes finais, com o placar apertado, Memphis Depay, ex-jogador do Barcelona e da seleção holandesa, surpreendeu ao subir com os dois pés na bola. O gesto, interpretado como uma tentativa de ganhar tempo ou provocar o adversário, gerou reações imediatas em campo e fora dele. Jogadores do Palmeiras reclamaram com o árbitro, enquanto torcedores nas redes sociais dividiram opiniões: alguns elogiaram a ousadia, outros criticaram a atitude como antidesportiva.

A jogada não resultou em punição direta durante o jogo, mas a repercussão foi suficiente para chegar à cúpula da CBF. A Comissão de Arbitragem analisou o lance e concluiu que ele representava um problema recorrente no futebol brasileiro. Memphis, contratado pelo Corinthians em 2024, já havia chamado atenção por seu estilo irreverente, mas dessa vez o holandês acabou se tornando o estopim para uma mudança regulamentar. A decisão da CBF pegou muitos clubes de surpresa, especialmente porque o gesto não era amplamente punido até então.

Dias após o ocorrido, a entidade emitiu um comunicado interno aos árbitros, detalhando como proceder em casos semelhantes. A instrução é simples: ao identificar um jogador subindo na bola, o juiz deve interromper a partida, aplicar o cartão amarelo e marcar o tiro livre indireto. A medida também abre espaço para advertências adicionais, caso o jogador repita o comportamento ou haja agravantes, como provocações explícitas ao adversário.

Histórico de subir na bola no Brasil

Casos de jogadores subindo na bola não são novidade no futebol brasileiro, embora raramente tenham gerado punições consistentes. Em 2023, Soteldo protagonizou um momento marcante ao executar o gesto contra o Vasco, em partida válida pelo Campeonato Brasileiro. Na ocasião, o lance foi visto como uma exibição de habilidade e não resultou em advertência. O venezuelano, conhecido por seu estilo driblador, usou a jogada para escapar da marcação, mas o árbitro interpretou como parte do jogo, sem considerá-la infração.

Outro exemplo ocorreu em 2019, quando o meia Everton Ribeiro, do Flamengo, subiu na bola durante um clássico contra o Fluminense. O movimento, feito em um momento de pressão no ataque, foi aplaudido pela torcida rubro-negra, mas não houve consenso entre os árbitros sobre sua legalidade. Esses episódios mostram que a prática, embora esporádica, já fazia parte do repertório de alguns jogadores, especialmente em situações de tensão ou tentativa de controle do ritmo da partida.

Agora, com a nova orientação da CBF, o cenário muda drasticamente. A entidade busca padronizar a interpretação dos árbitros e evitar que lances como esses sejam tratados de forma subjetiva. A decisão também levanta questões sobre como os jogadores adaptarão suas estratégias, especialmente aqueles conhecidos por jogadas criativas ou provocativas.

Regras em detalhes: o que muda no campo

A nova regulamentação da CBF estabelece punições específicas para quem subir na bola, mas os detalhes da aplicação ainda geram curiosidade entre torcedores e analistas. A infração é classificada como conduta antidesportiva, enquadrada no artigo que trata de comportamentos contrários ao espírito do jogo. Isso significa que o gesto não precisa envolver contato físico com o adversário para ser punido, bastando que o jogador posicione os dois pés sobre a bola de maneira intencional.

  • Cartão amarelo: Obrigatório em todos os casos, exceto quando o jogador já tiver sido advertido anteriormente na partida, o que pode levar a expulsão.
  • Tiro livre indireto: Concedido ao time adversário no local onde a infração ocorreu, oferecendo uma chance imediata de retomada do jogo.
  • Contexto irrelevante: A punição será aplicada independentemente de a jogada ter propósito defensivo, ofensivo ou provocativo.

A medida já começou a ser implementada, e os árbitros passaram por sessões de treinamento para garantir uniformidade nas decisões. Clubes também foram notificados para orientar seus elencos sobre as consequências do gesto, que antes podia passar despercebido ou ser interpretado como mera exibição técnica.

Impacto nos clubes e jogadores

A proibição de subir na bola deve influenciar diretamente o comportamento dos jogadores em campo, especialmente em partidas de alta intensidade. Técnicos já começaram a ajustar suas estratégias, alertando os atletas sobre os riscos de receber advertências em momentos decisivos. Para clubes como o Corinthians, que contam com jogadores criativos como Memphis Depay, a mudança exige um cuidado extra para evitar desfalques por suspensões acumuladas.

No Palmeiras, adversário do Corinthians na final do Paulistão, a decisão foi bem recebida por parte da diretoria. Leila Pereira, presidente do clube, já havia manifestado insatisfação com o lance de Memphis, classificando-o como desrespeitoso. A nova regra alinha-se às demandas de equipes que priorizam um jogo mais disciplinado, mas pode gerar resistência entre times que valorizam a liberdade criativa dos atletas.

Jogadores conhecidos por dribles e jogadas ousadas, como Soteldo e Everton Ribeiro, também terão de se adaptar. A punição imediata elimina a possibilidade de usar o gesto como recurso para ganhar tempo ou desafiar a marcação, algo que era tolerado em alguns contextos. A longo prazo, a medida pode alterar o perfil técnico de certas posições, privilegiando disciplina tática em vez de improvisação.

Reação da arbitragem e treinamento

A Comissão de Arbitragem da CBF agiu rapidamente para preparar os juízes para a nova regra. Após o caso de Memphis Depay, reuniões emergenciais foram convocadas, e os árbitros receberam instruções detalhadas sobre como identificar e punir a infração. A entidade também disponibilizou vídeos de lances passados, como os de Soteldo e Everton Ribeiro, para ilustrar situações em que a advertência agora seria aplicada.

Wilton Pereira Sampaio, um dos principais árbitros brasileiros e finalista do prêmio de Melhor Árbitro do Mundo, esteve envolvido nas discussões internas. Apesar de afastado temporariamente de jogos da CBF por questões administrativas, ele defendeu a uniformização das decisões, destacando que a subjetividade em lances como esse prejudica a credibilidade da arbitragem. A nova diretriz é vista como um passo para reduzir polêmicas e aumentar a consistência nas partidas.

Os árbitros das séries inferiores, como a Série D, também foram orientados, já que a regra vale para todas as competições nacionais. A expectativa é que a aplicação rigorosa diminua a frequência do gesto logo nas primeiras rodadas, servindo de exemplo para os jogadores mais jovens.

Comparação com o futebol internacional

No cenário global, subir na bola já é tratado com rigor em diversas ligas. Na Premier League, por exemplo, o gesto é frequentemente punido como conduta antidesportiva, com árbitros aplicando cartão amarelo em casos semelhantes aos de Memphis. A FIFA também recomenda que as federações locais coíbam ações que possam comprometer o fair play, algo que influenciou a decisão da CBF.

Na Espanha, a La Liga adota uma abordagem parecida, embora a tolerância varie conforme o árbitro. Jogadores como Lionel Messi, em sua passagem pelo Barcelona, chegaram a usar o recurso em raras ocasiões, mas sempre com risco de advertência. A nova regra brasileira, portanto, aproxima o Brasileirão de padrões internacionais, respondendo a críticas de que o futebol local era permissivo demais em certos aspectos.

A Conmebol, responsável pelas competições sul-americanas, ainda não se pronunciou sobre uma possível adoção da medida em torneios como a Libertadores. No entanto, a pressão da CBF pode incentivar uma discussão mais ampla na região, especialmente após a visibilidade do caso de Memphis Depay.

Cronograma da nova regra no Brasileirão

A implementação da proibição de subir na bola segue um calendário imediato, impactando diretamente as próximas rodadas do futebol brasileiro. Confira os principais marcos da aplicação:

  • Abril: Orientação oficial emitida aos árbitros após a final do Paulistão.
  • Maio: Início da vigência nas partidas do Campeonato Brasileiro das séries A, B, C e D.
  • Junho: Avaliação inicial da CBF sobre os efeitos da regra nas primeiras rodadas.
  • Dezembro: Relatório final da Comissão de Arbitragem sobre a eficácia da medida.

A expectativa é que os primeiros meses sirvam como teste para ajustes, caso necessário. Clubes e torcedores acompanham de perto como a mudança afetará o ritmo e a emoção das partidas.

Debate entre torcedores e especialistas

A decisão da CBF dividiu opiniões no meio futebolístico. Entre os torcedores, há quem veja a medida como um exagero, argumentando que subir na bola é uma demonstração de habilidade e parte da cultura do futebol de rua brasileiro. Nas redes sociais, comentários como “Estão tirando a graça do jogo” e “Memphis só quis mostrar personalidade” ganharam força após o anúncio.

Por outro lado, especialistas em arbitragem e ex-jogadores como Ronaldo Fenômeno, que recentemente criticou a estrutura da CBF, apoiam a iniciativa. Ronaldo, em entrevista ao Charla Podcast, destacou a necessidade de modernizar o futebol brasileiro, embora seu foco estivesse na gestão da entidade. Para analistas táticos, a regra pode beneficiar equipes mais organizadas, reduzindo a imprevisibilidade de lances isolados.

A polêmica também reacendeu discussões sobre o papel da CBF na evolução do esporte. Enquanto alguns elogiam a tentativa de disciplinar o jogo, outros questionam se a entidade não deveria priorizar questões como a qualidade dos gramados ou a formação de árbitros.

Efeitos a longo prazo no futebol brasileiro

A proibição de subir na bola pode ter implicações duradouras no estilo de jogo praticado no Brasil. Historicamente conhecido por sua criatividade e irreverência, o futebol nacional enfrenta agora um momento de transição, equilibrando tradição e disciplina. Jogadores jovens, que muitas vezes aprendem esse tipo de gesto nas categorias de base, terão de repensar suas abordagens em campo.

Clubes de menor porte, que disputam as séries C e D, também sentirão o impacto. Nessas divisões, onde a parte física muitas vezes prevalece sobre a técnica, a regra pode aumentar o número de interrupções, afetando o ritmo das partidas. A CBF prevê que, com o tempo, o gesto desapareça do repertório dos atletas, tornando-se uma relíquia do passado.

A medida também reforça o poder da Comissão de Arbitragem em moldar as competições. Sob o comando de Ednaldo Rodrigues, presidente da CBF desde 2022, a entidade busca projetar uma imagem de seriedade, especialmente após anos marcados por controvérsias judiciais e administrativas. A estabilidade de Rodrigues no cargo, garantida por um acordo no STF até 2026, dá respaldo para decisões como essa.

Curiosidades sobre subir na bola

O gesto de subir na bola, agora proibido, carrega uma história interessante no futebol. Veja alguns fatos que marcaram sua trajetória:

  • Origem nas ruas: A prática é comum no futebol de rua, onde jogadores usam a bola como apoio para dribles ou provocações.
  • Fama internacional: Craques como Ronaldinho Gaúcho popularizaram o movimento em amistosos e propagandas, sem punição formal.
  • Raridade em jogos oficiais: Apesar de sua visibilidade, o gesto era pouco visto em partidas competitivas até os casos recentes.
  • Reação adversária: Adversários frequentemente interpretam o ato como desrespeito, o que já gerou confusões em campo.

Esses elementos mostram como uma jogada aparentemente simples ganhou peso simbólico, culminando na decisão da CBF.

Adaptação dos técnicos e estratégias

Técnicos das principais equipes do Brasileirão já discutem como orientar seus elencos diante da nova regra. No Corinthians, António Oliveira, treinador de Memphis Depay, afirmou que o holandês será instruído a evitar o gesto, mas sem perder sua essência criativa. A preocupação é que advertências desnecessárias comprometam a equipe em jogos decisivos.

No Flamengo, Tite, conhecido por seu estilo pragmático, vê a mudança com bons olhos. Para ele, a proibição favorece equipes que apostam em organização tática, reduzindo o espaço para improvisos que possam desequilibrar o planejamento. Já treinadores de divisões inferiores, como Marcelo Cabo, que passou pelo Capital-DF, alertam para a dificuldade de adaptar jogadores menos experientes, acostumados a um futebol mais livre.

A longo prazo, a regra pode influenciar até a formação de novos talentos. Escolinhas e categorias de base já começam a desencorajar o gesto, alinhando-se às diretrizes da CBF e preparando os atletas para um futebol mais regrado.

Pressão por mudanças adicionais

A decisão sobre subir na bola reacendeu debates sobre outras reformas no futebol brasileiro. Clubes e torcedores cobram da CBF medidas para melhorar a arbitragem, como a ampliação do uso do VAR em todas as divisões. A entidade já anunciou mudanças no comando da arbitragem em 2024, substituindo Wilson Seneme por um comitê internacional, mas os resultados ainda são questionados.

Outra demanda recorrente é a criação de uma liga unificada para gerir o Campeonato Brasileiro, algo prometido por Ednaldo Rodrigues em sua campanha. A proibição de subir na bola, embora pontual, é vista como parte de um esforço maior para modernizar o esporte no país, atendendo a pressões internas e externas.

A estabilidade de Rodrigues no cargo, reforçada pelo acordo no STF, dá à CBF margem para implementar essas reformas. Com mandato garantido até 2026 e possibilidade de reeleição até 2030, o presidente tem tempo para deixar sua marca, mas também enfrenta o desafio de equilibrar tradição e inovação no futebol brasileiro.



A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) implementou uma mudança significativa nas regras do Campeonato Brasileiro, proibindo jogadores de subirem na bola durante as partidas. A decisão, comunicada aos árbitros pela Comissão de Arbitragem, estabelece que o gesto será considerado uma infração antidesportiva, resultando em cartão amarelo e tiro livre indireto para a equipe adversária. A medida entrou em vigor imediatamente após uma polêmica envolvendo o atacante holandês Memphis Depay, do Corinthians, na final do Campeonato Paulista contra o Palmeiras. O lance, ocorrido no último minuto do jogo, reacendeu debates sobre a legalidade e o impacto desse tipo de jogada no futebol brasileiro.

A orientação surge como resposta direta ao comportamento de Memphis, que subiu com os dois pés sobre a bola em um momento crucial da partida. A CBF justificou a decisão afirmando que o gesto demonstra “falta de respeito pelo futebol” e gera “transtornos no ambiente de jogo”. Embora o caso tenha ganhado destaque na final do Paulistão, a prática não é nova no Brasil. Em 2023, o venezuelano Soteldo, então no Santos, realizou movimento semelhante em duelo contra o Vasco pelo Brasileirão, mas na época não houve punição específica. Agora, a entidade busca uniformizar a interpretação da regra para evitar controvérsias futuras.

O objetivo da CBF é claro: coibir ações que possam ser vistas como provocativas ou desrespeitosas, além de garantir maior fluidez nas partidas. A nova diretriz já está valendo para todas as competições organizadas pela confederação, incluindo as séries A, B, C e D do Campeonato Brasileiro. Árbitros foram instruídos a agir com rigor, independentemente do contexto do jogo ou da intenção do jogador. A medida também reflete uma tentativa de alinhar o futebol brasileiro a padrões internacionais, onde esse tipo de jogada é frequentemente penalizado.

Como a polêmica de Memphis mudou o jogo

O incidente que motivou a nova regra aconteceu na final do Campeonato Paulista, disputada entre Corinthians e Palmeiras. Nos instantes finais, com o placar apertado, Memphis Depay, ex-jogador do Barcelona e da seleção holandesa, surpreendeu ao subir com os dois pés na bola. O gesto, interpretado como uma tentativa de ganhar tempo ou provocar o adversário, gerou reações imediatas em campo e fora dele. Jogadores do Palmeiras reclamaram com o árbitro, enquanto torcedores nas redes sociais dividiram opiniões: alguns elogiaram a ousadia, outros criticaram a atitude como antidesportiva.

A jogada não resultou em punição direta durante o jogo, mas a repercussão foi suficiente para chegar à cúpula da CBF. A Comissão de Arbitragem analisou o lance e concluiu que ele representava um problema recorrente no futebol brasileiro. Memphis, contratado pelo Corinthians em 2024, já havia chamado atenção por seu estilo irreverente, mas dessa vez o holandês acabou se tornando o estopim para uma mudança regulamentar. A decisão da CBF pegou muitos clubes de surpresa, especialmente porque o gesto não era amplamente punido até então.

Dias após o ocorrido, a entidade emitiu um comunicado interno aos árbitros, detalhando como proceder em casos semelhantes. A instrução é simples: ao identificar um jogador subindo na bola, o juiz deve interromper a partida, aplicar o cartão amarelo e marcar o tiro livre indireto. A medida também abre espaço para advertências adicionais, caso o jogador repita o comportamento ou haja agravantes, como provocações explícitas ao adversário.

Histórico de subir na bola no Brasil

Casos de jogadores subindo na bola não são novidade no futebol brasileiro, embora raramente tenham gerado punições consistentes. Em 2023, Soteldo protagonizou um momento marcante ao executar o gesto contra o Vasco, em partida válida pelo Campeonato Brasileiro. Na ocasião, o lance foi visto como uma exibição de habilidade e não resultou em advertência. O venezuelano, conhecido por seu estilo driblador, usou a jogada para escapar da marcação, mas o árbitro interpretou como parte do jogo, sem considerá-la infração.

Outro exemplo ocorreu em 2019, quando o meia Everton Ribeiro, do Flamengo, subiu na bola durante um clássico contra o Fluminense. O movimento, feito em um momento de pressão no ataque, foi aplaudido pela torcida rubro-negra, mas não houve consenso entre os árbitros sobre sua legalidade. Esses episódios mostram que a prática, embora esporádica, já fazia parte do repertório de alguns jogadores, especialmente em situações de tensão ou tentativa de controle do ritmo da partida.

Agora, com a nova orientação da CBF, o cenário muda drasticamente. A entidade busca padronizar a interpretação dos árbitros e evitar que lances como esses sejam tratados de forma subjetiva. A decisão também levanta questões sobre como os jogadores adaptarão suas estratégias, especialmente aqueles conhecidos por jogadas criativas ou provocativas.

Regras em detalhes: o que muda no campo

A nova regulamentação da CBF estabelece punições específicas para quem subir na bola, mas os detalhes da aplicação ainda geram curiosidade entre torcedores e analistas. A infração é classificada como conduta antidesportiva, enquadrada no artigo que trata de comportamentos contrários ao espírito do jogo. Isso significa que o gesto não precisa envolver contato físico com o adversário para ser punido, bastando que o jogador posicione os dois pés sobre a bola de maneira intencional.

  • Cartão amarelo: Obrigatório em todos os casos, exceto quando o jogador já tiver sido advertido anteriormente na partida, o que pode levar a expulsão.
  • Tiro livre indireto: Concedido ao time adversário no local onde a infração ocorreu, oferecendo uma chance imediata de retomada do jogo.
  • Contexto irrelevante: A punição será aplicada independentemente de a jogada ter propósito defensivo, ofensivo ou provocativo.

A medida já começou a ser implementada, e os árbitros passaram por sessões de treinamento para garantir uniformidade nas decisões. Clubes também foram notificados para orientar seus elencos sobre as consequências do gesto, que antes podia passar despercebido ou ser interpretado como mera exibição técnica.

Impacto nos clubes e jogadores

A proibição de subir na bola deve influenciar diretamente o comportamento dos jogadores em campo, especialmente em partidas de alta intensidade. Técnicos já começaram a ajustar suas estratégias, alertando os atletas sobre os riscos de receber advertências em momentos decisivos. Para clubes como o Corinthians, que contam com jogadores criativos como Memphis Depay, a mudança exige um cuidado extra para evitar desfalques por suspensões acumuladas.

No Palmeiras, adversário do Corinthians na final do Paulistão, a decisão foi bem recebida por parte da diretoria. Leila Pereira, presidente do clube, já havia manifestado insatisfação com o lance de Memphis, classificando-o como desrespeitoso. A nova regra alinha-se às demandas de equipes que priorizam um jogo mais disciplinado, mas pode gerar resistência entre times que valorizam a liberdade criativa dos atletas.

Jogadores conhecidos por dribles e jogadas ousadas, como Soteldo e Everton Ribeiro, também terão de se adaptar. A punição imediata elimina a possibilidade de usar o gesto como recurso para ganhar tempo ou desafiar a marcação, algo que era tolerado em alguns contextos. A longo prazo, a medida pode alterar o perfil técnico de certas posições, privilegiando disciplina tática em vez de improvisação.

Reação da arbitragem e treinamento

A Comissão de Arbitragem da CBF agiu rapidamente para preparar os juízes para a nova regra. Após o caso de Memphis Depay, reuniões emergenciais foram convocadas, e os árbitros receberam instruções detalhadas sobre como identificar e punir a infração. A entidade também disponibilizou vídeos de lances passados, como os de Soteldo e Everton Ribeiro, para ilustrar situações em que a advertência agora seria aplicada.

Wilton Pereira Sampaio, um dos principais árbitros brasileiros e finalista do prêmio de Melhor Árbitro do Mundo, esteve envolvido nas discussões internas. Apesar de afastado temporariamente de jogos da CBF por questões administrativas, ele defendeu a uniformização das decisões, destacando que a subjetividade em lances como esse prejudica a credibilidade da arbitragem. A nova diretriz é vista como um passo para reduzir polêmicas e aumentar a consistência nas partidas.

Os árbitros das séries inferiores, como a Série D, também foram orientados, já que a regra vale para todas as competições nacionais. A expectativa é que a aplicação rigorosa diminua a frequência do gesto logo nas primeiras rodadas, servindo de exemplo para os jogadores mais jovens.

Comparação com o futebol internacional

No cenário global, subir na bola já é tratado com rigor em diversas ligas. Na Premier League, por exemplo, o gesto é frequentemente punido como conduta antidesportiva, com árbitros aplicando cartão amarelo em casos semelhantes aos de Memphis. A FIFA também recomenda que as federações locais coíbam ações que possam comprometer o fair play, algo que influenciou a decisão da CBF.

Na Espanha, a La Liga adota uma abordagem parecida, embora a tolerância varie conforme o árbitro. Jogadores como Lionel Messi, em sua passagem pelo Barcelona, chegaram a usar o recurso em raras ocasiões, mas sempre com risco de advertência. A nova regra brasileira, portanto, aproxima o Brasileirão de padrões internacionais, respondendo a críticas de que o futebol local era permissivo demais em certos aspectos.

A Conmebol, responsável pelas competições sul-americanas, ainda não se pronunciou sobre uma possível adoção da medida em torneios como a Libertadores. No entanto, a pressão da CBF pode incentivar uma discussão mais ampla na região, especialmente após a visibilidade do caso de Memphis Depay.

Cronograma da nova regra no Brasileirão

A implementação da proibição de subir na bola segue um calendário imediato, impactando diretamente as próximas rodadas do futebol brasileiro. Confira os principais marcos da aplicação:

  • Abril: Orientação oficial emitida aos árbitros após a final do Paulistão.
  • Maio: Início da vigência nas partidas do Campeonato Brasileiro das séries A, B, C e D.
  • Junho: Avaliação inicial da CBF sobre os efeitos da regra nas primeiras rodadas.
  • Dezembro: Relatório final da Comissão de Arbitragem sobre a eficácia da medida.

A expectativa é que os primeiros meses sirvam como teste para ajustes, caso necessário. Clubes e torcedores acompanham de perto como a mudança afetará o ritmo e a emoção das partidas.

Debate entre torcedores e especialistas

A decisão da CBF dividiu opiniões no meio futebolístico. Entre os torcedores, há quem veja a medida como um exagero, argumentando que subir na bola é uma demonstração de habilidade e parte da cultura do futebol de rua brasileiro. Nas redes sociais, comentários como “Estão tirando a graça do jogo” e “Memphis só quis mostrar personalidade” ganharam força após o anúncio.

Por outro lado, especialistas em arbitragem e ex-jogadores como Ronaldo Fenômeno, que recentemente criticou a estrutura da CBF, apoiam a iniciativa. Ronaldo, em entrevista ao Charla Podcast, destacou a necessidade de modernizar o futebol brasileiro, embora seu foco estivesse na gestão da entidade. Para analistas táticos, a regra pode beneficiar equipes mais organizadas, reduzindo a imprevisibilidade de lances isolados.

A polêmica também reacendeu discussões sobre o papel da CBF na evolução do esporte. Enquanto alguns elogiam a tentativa de disciplinar o jogo, outros questionam se a entidade não deveria priorizar questões como a qualidade dos gramados ou a formação de árbitros.

Efeitos a longo prazo no futebol brasileiro

A proibição de subir na bola pode ter implicações duradouras no estilo de jogo praticado no Brasil. Historicamente conhecido por sua criatividade e irreverência, o futebol nacional enfrenta agora um momento de transição, equilibrando tradição e disciplina. Jogadores jovens, que muitas vezes aprendem esse tipo de gesto nas categorias de base, terão de repensar suas abordagens em campo.

Clubes de menor porte, que disputam as séries C e D, também sentirão o impacto. Nessas divisões, onde a parte física muitas vezes prevalece sobre a técnica, a regra pode aumentar o número de interrupções, afetando o ritmo das partidas. A CBF prevê que, com o tempo, o gesto desapareça do repertório dos atletas, tornando-se uma relíquia do passado.

A medida também reforça o poder da Comissão de Arbitragem em moldar as competições. Sob o comando de Ednaldo Rodrigues, presidente da CBF desde 2022, a entidade busca projetar uma imagem de seriedade, especialmente após anos marcados por controvérsias judiciais e administrativas. A estabilidade de Rodrigues no cargo, garantida por um acordo no STF até 2026, dá respaldo para decisões como essa.

Curiosidades sobre subir na bola

O gesto de subir na bola, agora proibido, carrega uma história interessante no futebol. Veja alguns fatos que marcaram sua trajetória:

  • Origem nas ruas: A prática é comum no futebol de rua, onde jogadores usam a bola como apoio para dribles ou provocações.
  • Fama internacional: Craques como Ronaldinho Gaúcho popularizaram o movimento em amistosos e propagandas, sem punição formal.
  • Raridade em jogos oficiais: Apesar de sua visibilidade, o gesto era pouco visto em partidas competitivas até os casos recentes.
  • Reação adversária: Adversários frequentemente interpretam o ato como desrespeito, o que já gerou confusões em campo.

Esses elementos mostram como uma jogada aparentemente simples ganhou peso simbólico, culminando na decisão da CBF.

Adaptação dos técnicos e estratégias

Técnicos das principais equipes do Brasileirão já discutem como orientar seus elencos diante da nova regra. No Corinthians, António Oliveira, treinador de Memphis Depay, afirmou que o holandês será instruído a evitar o gesto, mas sem perder sua essência criativa. A preocupação é que advertências desnecessárias comprometam a equipe em jogos decisivos.

No Flamengo, Tite, conhecido por seu estilo pragmático, vê a mudança com bons olhos. Para ele, a proibição favorece equipes que apostam em organização tática, reduzindo o espaço para improvisos que possam desequilibrar o planejamento. Já treinadores de divisões inferiores, como Marcelo Cabo, que passou pelo Capital-DF, alertam para a dificuldade de adaptar jogadores menos experientes, acostumados a um futebol mais livre.

A longo prazo, a regra pode influenciar até a formação de novos talentos. Escolinhas e categorias de base já começam a desencorajar o gesto, alinhando-se às diretrizes da CBF e preparando os atletas para um futebol mais regrado.

Pressão por mudanças adicionais

A decisão sobre subir na bola reacendeu debates sobre outras reformas no futebol brasileiro. Clubes e torcedores cobram da CBF medidas para melhorar a arbitragem, como a ampliação do uso do VAR em todas as divisões. A entidade já anunciou mudanças no comando da arbitragem em 2024, substituindo Wilson Seneme por um comitê internacional, mas os resultados ainda são questionados.

Outra demanda recorrente é a criação de uma liga unificada para gerir o Campeonato Brasileiro, algo prometido por Ednaldo Rodrigues em sua campanha. A proibição de subir na bola, embora pontual, é vista como parte de um esforço maior para modernizar o esporte no país, atendendo a pressões internas e externas.

A estabilidade de Rodrigues no cargo, reforçada pelo acordo no STF, dá à CBF margem para implementar essas reformas. Com mandato garantido até 2026 e possibilidade de reeleição até 2030, o presidente tem tempo para deixar sua marca, mas também enfrenta o desafio de equilibrar tradição e inovação no futebol brasileiro.



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