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29 Apr 2025, Tue

Ibovespa cresce 0,55% com Petrobras e bancos em alta enquanto tarifas de Trump agitam mercados

Ibovespa


O mercado financeiro brasileiro viveu um dia de otimismo moderado nesta terça-feira, 29 de abril de 2025, com o Ibovespa registrando alta de 0,64% e alcançando 135.878,69 pontos, próximo da marca psicológica dos 136 mil pontos. A valorização foi impulsionada principalmente pelo desempenho de ações de peso como Petrobras (PETR4) e grandes bancos, como Itaú (ITUB4) e Bradesco (BBDC4), que reagiram positivamente ao cenário doméstico e internacional. Enquanto isso, o dólar comercial apresentou leve queda de 0,17%, cotado a R$ 5,638, refletindo a absorção de dados econômicos dos Estados Unidos e as negociações comerciais globais lideradas pelo governo de Donald Trump. O noticiário sobre tarifas automotivas e sanções contra Irã e China também esteve no radar dos investidores, que mantiveram a cautela diante das incertezas no comércio internacional.

O avanço do Ibovespa ocorreu em um contexto de oscilações no mercado global, com as bolsas americanas operando de forma mista. O Dow Jones subiu 0,50%, enquanto o S&P 500 e o Nasdaq registraram leves altas de 0,14% e 0,05%, respectivamente. Na Europa, os mercados fecharam em alta, impulsionados por balanços corporativos positivos de empresas como Deutsche Bank e HSBC. No Brasil, o destaque ficou com o setor financeiro e de energia, que compensaram as quedas em papéis de companhias aéreas, como Azul (AZUL4), que despencou 8,21%. O superávit primário do governo central, anunciado pelo Tesouro Nacional, também contribuiu para a confiança dos investidores, com um resultado de R$ 1,096 bilhão em março e R$ 54,532 bilhões no acumulado de 2025.

Além disso, o mercado reagiu a movimentações corporativas e decisões políticas. A Eletrobras (ELET3) aprovou um acordo com a União que encerra disputas judiciais e amplia a participação do governo em seu conselho, enquanto a Gerdau (GGBR4) manteve otimismo com encomendas de aço nos Estados Unidos, apesar das incertezas tarifárias. No cenário político, o líder do governo no Senado, Jaques Wagner, defendeu a redução de penas para envolvidos nos atos de 8 de janeiro, mas sem anistia aos financiadores, sinalizando esforços para aliviar tensões entre o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF).

  • Principais destaques do dia:
  • Ibovespa sobe 0,64%, aos 135.878,69 pontos.
  • Petrobras (PETR4) avança 0,92%, e grandes bancos, como Bradesco (BBDC4), sobem até 1,87%.
  • Dólar comercial cai 0,17%, cotado a R$ 5,638.
  • Superávit primário do governo central atinge R$ 1,096 bilhão em março.
  • Bolsas europeias fecham em alta com balanços corporativos positivos.

Setor financeiro lidera ganhos na bolsa brasileira

O setor financeiro foi o principal motor da alta do Ibovespa, com bancos de grande porte mostrando desempenho sólido ao longo do pregão. O Bradesco (BBDC4) avançou 1,87%, seguido pelo Santander (SANB11), com alta de 1,88%, e o Banco do Brasil (BBAS3), que subiu 1,06%. O Itaú (ITUB4), um dos papéis mais negociados do índice, registrou ganho de 0,60%. Esses movimentos refletem a confiança dos investidores no setor bancário, que tem se beneficiado de fundamentos sólidos, como margens de lucro estáveis e aumento na concessão de crédito, mesmo em um ambiente de juros elevados, com a Selic a 14,25% ao ano.

A força dos bancos também foi impulsionada por fatores macroeconômicos. O superávit primário do governo central, divulgado pelo Tesouro Nacional, trouxe alívio ao mercado, indicando maior controle fiscal. Em março, o superávit foi de R$ 1,096 bilhão, enquanto o acumulado de 2025 alcançou R$ 54,532 bilhões, um crescimento real de 154,2% em relação ao mesmo período de 2024. Esses números reforçam a percepção de que o governo está comprometido com a responsabilidade fiscal, o que reduz a pressão sobre os juros futuros e beneficia ativos sensíveis à política monetária, como os papéis dos bancos.

Por outro lado, o setor financeiro também enfrenta desafios. O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, destacou em entrevista coletiva que a dinâmica inflacionária permanece desafiadora, justificando a manutenção do ciclo de aperto monetário. A taxa Selic, elevada em um ponto percentual em março, deve sofrer novo ajuste em maio, embora em menor magnitude. Galípolo enfatizou que o Brasil convive com dinamismo econômico apesar dos juros altos, mas alertou que a transmissão da política monetária é menos fluida, exigindo cautela. Essa perspectiva pode limitar o espaço para valorizações mais expressivas no setor financeiro no curto prazo.

Petrobras e petroleiras juniores impulsionam o índice

A Petrobras (PETR4) também desempenhou um papel central na alta do Ibovespa, com suas ações preferenciais subindo 0,92% e as ordinárias (PETR3) avançando 0,55%. O desempenho positivo reflete a resiliência da companhia em um cenário de preços internacionais do petróleo relativamente estáveis e a expectativa de resultados sólidos no próximo balanço trimestral. Além disso, as petroleiras juniores, como PRIO (PRIO3), que subiu 3,31%, e 3R Petroleum (RECV3), com alta de 0,61%, contribuíram para o tom positivo do setor de energia.

O otimismo no segmento de petróleo e gás ocorre em um momento de volatilidade global, com os contratos futuros de gás natural caindo 0,15% na NYMEX e os preços de commodities sob pressão, conforme relatório do Banco Mundial. A instituição prevê uma queda de 12% nos preços globais de commodities em 2025, seguida por nova redução de 5% em 2026, atingindo os menores níveis da década em termos reais. Apesar disso, as petroleiras brasileiras têm se beneficiado de operações eficientes e da demanda interna, o que sustenta a valorização de seus papéis na bolsa.

  • Fatores que impulsionaram o setor de energia:
  • Estabilidade nos preços internacionais do petróleo.
  • Expectativa de resultados financeiros robustos da Petrobras.
  • Desempenho positivo de petroleiras juniores, como PRIO3 e RECV3.
  • Demanda interna resiliente no mercado brasileiro.

Desempenho misto em outros setores

Enquanto o setor financeiro e de energia puxava o Ibovespa para cima, outros segmentos apresentaram resultados mistos. O setor de varejo teve destaque com a disparada das ações do GPA (PCAR3), que subiram até 16% durante o pregão, alcançando a máxima intradia desde janeiro de 2024. A valorização está associada às expectativas de mudanças no conselho de administração da companhia, com a proposta do investidor Nelson Tanure para destituição do atual colegiado e eleição de novos membros. A assembleia marcada para 5 de maio deve deliberar sobre essas alterações, o que mantém os papéis do varejista sob forte volatilidade.

No setor de educação, as ações também apresentaram ganhos expressivos, com Cogna (COGN3) subindo 5,55%, Ser Educacional (SEER3) avançando 2,31% e Yduqs (YDUQ3) ganhando 1,72%. Esses movimentos refletem a percepção de que o segmento pode se beneficiar de um ambiente econômico mais estável no Brasil, com maior demanda por cursos superiores e profissionalizantes. Já o setor de papel e celulose operou de forma mista, com Klabin (KLBN11) subindo 0,48% e Suzano (SUZB3) recuando 0,77%.

Por outro lado, o setor aéreo enfrentou um dia de perdas significativas. A Azul (AZUL4) liderou as quedas do Ibovespa, com desvalorização de 8,21%, enquanto a Gol (GOLL4) caiu 0,77%. As companhias aéreas têm sido pressionadas pelas incertezas relacionadas às tarifas automotivas de Trump, que podem impactar o comércio global e a demanda por viagens internacionais. Além disso, a proposta de fusão entre Azul e Gol, que será discutida em audiência pelo Procon-SP, adiciona volatilidade aos papéis do setor.

Impacto das tarifas de Trump no mercado global

As negociações comerciais lideradas pelo governo de Donald Trump continuaram a influenciar os mercados globais. O presidente dos Estados Unidos anunciou a assinatura de um decreto que concede alívio parcial nas tarifas de 25% sobre automóveis, oferecendo créditos de até 15% para montadoras que produzem veículos no país. A medida, segundo o secretário de Comércio, Howard Lutnick, visa incentivar a transferência de cadeias de suprimento para os Estados Unidos, mas gera preocupações em setores como o automotivo e o varejo, que dependem de importações.

A Adidas, por exemplo, anunciou aumento de preços nos Estados Unidos devido às tarifas, enquanto empresas como General Motors e UPS revisaram suas projeções para 2025, com cortes de empregos e adiamento de reuniões com investidores. No México, a presidente Claudia Sheinbaum informou que o país recebeu cerca de 39 mil deportados dos Estados Unidos desde o início do governo Trump, destacando a intensificação das políticas migratórias americanas. Essas movimentações reforçam a percepção de um ambiente de incerteza no comércio global, que impacta diretamente os mercados emergentes, incluindo o Brasil.

No cenário geopolítico, os Estados Unidos impuseram sanções a uma rede sediada no Irã e na China, acusada de adquirir ingredientes para propulsores de mísseis balísticos. A ação, liderada pelo Departamento do Tesouro, visa aumentar a pressão sobre Teerã, mas também afeta as relações comerciais com a China, que suspendeu tarifas sobre importações de etano dos Estados Unidos. Esses desdobramentos mantêm os investidores atentos aos riscos de escalada em conflitos comerciais e geopolíticos.

  • Impactos das tarifas de Trump no mercado:
  • Aumento de preços de produtos importados, como anunciado pela Adidas.
  • Revisão de projeções por empresas americanas, como GM e UPS.
  • Intensificação de políticas migratórias, com reflexos no México.
  • Sanções contra Irã e China, afetando o comércio global.

Cenário econômico doméstico em foco

No Brasil, o cenário econômico foi marcado por indicadores mistos. O Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M), divulgado pela Fundação Getulio Vargas (FGV), registrou alta de 0,24% em abril, após queda de 0,34% em março, pressionado pelo avanço nos preços de produtos agropecuários. A alta inesperada reduz as expectativas de cortes mais agressivos na taxa Selic, reforçando a cautela dos investidores. O analista Sidney Lima, da Ouro Preto Investimentos, destacou que o ambiente inflacionário segue pressionado, o que pode limitar o apetite por risco no mercado acionário.

O Tesouro Nacional, por sua vez, trouxe notícias positivas ao divulgar o superávit primário do governo central. O resultado de R$ 1,096 bilhão em março e R$ 54,532 bilhões no acumulado de 2025 indica um esforço do governo para manter a disciplina fiscal, apesar das pressões por gastos públicos. O secretário do Tesouro, Rogério Ceron, destacou preocupações com a dinâmica do Benefício de Prestação Continuada (BPC) e justificou o adiamento no pagamento de precatórios como medida para aliviar a pressão fiscal.

No setor de energia, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou a recomendação de renovação da concessão da EDP Espírito Santo, a primeira de quase 20 distribuidoras com contratos próximos do vencimento. A decisão pode abrir caminho para a prorrogação de outras concessões, trazendo maior previsibilidade ao setor elétrico. Já a Eletrobras (ELET3) avançou na resolução de disputas com a União, aprovando um acordo que garante três assentos ao governo em seu conselho de administração e encerra litígios no STF.

Perspectivas para o mercado brasileiro

O desempenho do Ibovespa reflete um equilíbrio delicado entre fatores domésticos positivos, como o superávit fiscal e a força do setor financeiro, e incertezas globais, como as tarifas de Trump e a volatilidade nas commodities. A Gerdau (GGBR4), por exemplo, mantém otimismo com sua carteira de encomendas nos Estados Unidos, que supera 70 dias, mas reconhece os desafios impostos pelas políticas comerciais americanas. O vice-presidente de finanças da companhia, Rafael Dorneles Japur, destacou que os volumes de vendas permanecem robustos, especialmente em setores menos afetados pelas tarifas.

No setor de fundos imobiliários, o índice Ifix registrou alta de 0,29%, alcançando 3.404,84 pontos, sinalizando resiliência em um ambiente de juros elevados. Já o índice de volatilidade da bolsa brasileira (VXBR) subiu 0,53%, para 16,92 pontos, indicando que os investidores ainda lidam com incertezas no curto prazo. No mercado de câmbio, o dólar comercial oscilou ao longo do dia, com mínima de R$ 5,620 e máxima de R$ 5,662, mas fechou em leve queda, refletindo a absorção de dados econômicos dos Estados Unidos, como o relatório JOLTs, que mostrou desaceleração no mercado de trabalho americano.

  • Perspectivas para o mercado brasileiro:
  • Manutenção do ciclo de aperto monetário pelo Banco Central.
  • Resiliência do setor financeiro e de energia.
  • Impacto das tarifas americanas em setores como o aéreo e o automotivo.
  • Cautela com indicadores inflacionários, como o IGP-M.

Movimentações políticas e corporativas

No âmbito político, o líder do governo no Senado, Jaques Wagner, defendeu a redução de penas para os envolvidos nos atos de 8 de janeiro, mas sem anistia aos mandantes, em um esforço para aliviar tensões entre o Congresso e o STF. A proposta, articulada por Davi Alcolumbre e Hugo Motta, busca equilibrar a relação entre os poderes, mas enfrenta resistência de setores que defendem punições mais rigorosas. Já o presidente Luiz Inácio Lula da Silva parabenizou o primeiro-ministro do Canadá, Mark Carney, pela vitória nas eleições e expressou interesse em avançar nas negociações de um acordo comercial entre o Mercosul e o Canadá, o que pode abrir novas oportunidades para o Brasil no comércio internacional.

No cenário corporativo, a assembleia de acionistas da Eletrobras marcou um avanço significativo ao aprovar o acordo com a União, que encerra disputas judiciais e reforça a governança da companhia. A escolha de novos membros para o conselho de administração, incluindo nomes indicados pelo governo, como Maurício Tolmasquim, sinaliza maior alinhamento entre a empresa e o poder público. No setor de varejo, a volatilidade das ações do GPA (PCAR3) reflete as expectativas de mudanças estratégicas, enquanto a proposta de fusão entre Azul e Gol segue gerando debates, com o Procon-SP marcando audiência para discutir os impactos para os consumidores.

O setor de saneamento, por outro lado, apresentou quedas moderadas, com Copasa (CSMG3) recuando 0,19%, Sanepar (SAPR11) caindo 0,17% e Sabesp (SBSP3) perdendo 0,45%. Essas movimentações refletem a cautela dos investidores com os desafios regulatórios e os impactos de longo prazo das políticas tarifárias no setor. Já a B3 (B3SA3), operadora da bolsa brasileira, caiu 0,30%, para R$ 13,38, em um dia de menor volume de negociações.

Bolsa de valores ibovespa
Alf Ribeiro/Shutterstock.com

Indicadores econômicos e expectativas futuras

Os indicadores econômicos divulgados ao longo do dia trouxeram um panorama misto para o mercado brasileiro. O relatório JOLTs, que mede as ofertas de emprego nos Estados Unidos, mostrou 7,192 milhões de vagas em março, abaixo das expectativas de 7,490 milhões, sinalizando uma desaceleração no mercado de trabalho americano. A confiança do consumidor, medida pelo Conference Board, caiu para 86,0 em abril, contra 87,7 esperados, reforçando a percepção de cautela nos Estados Unidos. Esses dados impactam diretamente o Brasil, que depende do desempenho da economia americana para exportações e fluxos de capital.

No mercado de câmbio, o Banco Central informou a PTAX de fechamento com compra a R$ 5,6461 e venda a R$ 5,6467, refletindo a estabilidade relativa do dólar frente ao real. A dinâmica inflacionária, no entanto, segue no radar. O IGP-M de abril, com alta de 0,24%, indica pressões nos preços agropecuários, o que pode limitar as possibilidades de flexibilização monetária no curto prazo. O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, reforçou que a meta de inflação de 3% é factível, mas exigirá ajustes graduais na política monetária.

  • Principais indicadores econômicos do dia:
  • IGP-M sobe 0,24% em abril, pressionado por produtos agropecuários.
  • Superávit primário do governo central atinge R$ 54,532 bilhões em 2025.
  • JOLTs nos EUA registra 7,192 milhões de vagas em março.
  • Confiança do consumidor americano cai para 86,0 em abril.

O mercado financeiro brasileiro viveu um dia de otimismo moderado nesta terça-feira, 29 de abril de 2025, com o Ibovespa registrando alta de 0,64% e alcançando 135.878,69 pontos, próximo da marca psicológica dos 136 mil pontos. A valorização foi impulsionada principalmente pelo desempenho de ações de peso como Petrobras (PETR4) e grandes bancos, como Itaú (ITUB4) e Bradesco (BBDC4), que reagiram positivamente ao cenário doméstico e internacional. Enquanto isso, o dólar comercial apresentou leve queda de 0,17%, cotado a R$ 5,638, refletindo a absorção de dados econômicos dos Estados Unidos e as negociações comerciais globais lideradas pelo governo de Donald Trump. O noticiário sobre tarifas automotivas e sanções contra Irã e China também esteve no radar dos investidores, que mantiveram a cautela diante das incertezas no comércio internacional.

O avanço do Ibovespa ocorreu em um contexto de oscilações no mercado global, com as bolsas americanas operando de forma mista. O Dow Jones subiu 0,50%, enquanto o S&P 500 e o Nasdaq registraram leves altas de 0,14% e 0,05%, respectivamente. Na Europa, os mercados fecharam em alta, impulsionados por balanços corporativos positivos de empresas como Deutsche Bank e HSBC. No Brasil, o destaque ficou com o setor financeiro e de energia, que compensaram as quedas em papéis de companhias aéreas, como Azul (AZUL4), que despencou 8,21%. O superávit primário do governo central, anunciado pelo Tesouro Nacional, também contribuiu para a confiança dos investidores, com um resultado de R$ 1,096 bilhão em março e R$ 54,532 bilhões no acumulado de 2025.

Além disso, o mercado reagiu a movimentações corporativas e decisões políticas. A Eletrobras (ELET3) aprovou um acordo com a União que encerra disputas judiciais e amplia a participação do governo em seu conselho, enquanto a Gerdau (GGBR4) manteve otimismo com encomendas de aço nos Estados Unidos, apesar das incertezas tarifárias. No cenário político, o líder do governo no Senado, Jaques Wagner, defendeu a redução de penas para envolvidos nos atos de 8 de janeiro, mas sem anistia aos financiadores, sinalizando esforços para aliviar tensões entre o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF).

  • Principais destaques do dia:
  • Ibovespa sobe 0,64%, aos 135.878,69 pontos.
  • Petrobras (PETR4) avança 0,92%, e grandes bancos, como Bradesco (BBDC4), sobem até 1,87%.
  • Dólar comercial cai 0,17%, cotado a R$ 5,638.
  • Superávit primário do governo central atinge R$ 1,096 bilhão em março.
  • Bolsas europeias fecham em alta com balanços corporativos positivos.

Setor financeiro lidera ganhos na bolsa brasileira

O setor financeiro foi o principal motor da alta do Ibovespa, com bancos de grande porte mostrando desempenho sólido ao longo do pregão. O Bradesco (BBDC4) avançou 1,87%, seguido pelo Santander (SANB11), com alta de 1,88%, e o Banco do Brasil (BBAS3), que subiu 1,06%. O Itaú (ITUB4), um dos papéis mais negociados do índice, registrou ganho de 0,60%. Esses movimentos refletem a confiança dos investidores no setor bancário, que tem se beneficiado de fundamentos sólidos, como margens de lucro estáveis e aumento na concessão de crédito, mesmo em um ambiente de juros elevados, com a Selic a 14,25% ao ano.

A força dos bancos também foi impulsionada por fatores macroeconômicos. O superávit primário do governo central, divulgado pelo Tesouro Nacional, trouxe alívio ao mercado, indicando maior controle fiscal. Em março, o superávit foi de R$ 1,096 bilhão, enquanto o acumulado de 2025 alcançou R$ 54,532 bilhões, um crescimento real de 154,2% em relação ao mesmo período de 2024. Esses números reforçam a percepção de que o governo está comprometido com a responsabilidade fiscal, o que reduz a pressão sobre os juros futuros e beneficia ativos sensíveis à política monetária, como os papéis dos bancos.

Por outro lado, o setor financeiro também enfrenta desafios. O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, destacou em entrevista coletiva que a dinâmica inflacionária permanece desafiadora, justificando a manutenção do ciclo de aperto monetário. A taxa Selic, elevada em um ponto percentual em março, deve sofrer novo ajuste em maio, embora em menor magnitude. Galípolo enfatizou que o Brasil convive com dinamismo econômico apesar dos juros altos, mas alertou que a transmissão da política monetária é menos fluida, exigindo cautela. Essa perspectiva pode limitar o espaço para valorizações mais expressivas no setor financeiro no curto prazo.

Petrobras e petroleiras juniores impulsionam o índice

A Petrobras (PETR4) também desempenhou um papel central na alta do Ibovespa, com suas ações preferenciais subindo 0,92% e as ordinárias (PETR3) avançando 0,55%. O desempenho positivo reflete a resiliência da companhia em um cenário de preços internacionais do petróleo relativamente estáveis e a expectativa de resultados sólidos no próximo balanço trimestral. Além disso, as petroleiras juniores, como PRIO (PRIO3), que subiu 3,31%, e 3R Petroleum (RECV3), com alta de 0,61%, contribuíram para o tom positivo do setor de energia.

O otimismo no segmento de petróleo e gás ocorre em um momento de volatilidade global, com os contratos futuros de gás natural caindo 0,15% na NYMEX e os preços de commodities sob pressão, conforme relatório do Banco Mundial. A instituição prevê uma queda de 12% nos preços globais de commodities em 2025, seguida por nova redução de 5% em 2026, atingindo os menores níveis da década em termos reais. Apesar disso, as petroleiras brasileiras têm se beneficiado de operações eficientes e da demanda interna, o que sustenta a valorização de seus papéis na bolsa.

  • Fatores que impulsionaram o setor de energia:
  • Estabilidade nos preços internacionais do petróleo.
  • Expectativa de resultados financeiros robustos da Petrobras.
  • Desempenho positivo de petroleiras juniores, como PRIO3 e RECV3.
  • Demanda interna resiliente no mercado brasileiro.

Desempenho misto em outros setores

Enquanto o setor financeiro e de energia puxava o Ibovespa para cima, outros segmentos apresentaram resultados mistos. O setor de varejo teve destaque com a disparada das ações do GPA (PCAR3), que subiram até 16% durante o pregão, alcançando a máxima intradia desde janeiro de 2024. A valorização está associada às expectativas de mudanças no conselho de administração da companhia, com a proposta do investidor Nelson Tanure para destituição do atual colegiado e eleição de novos membros. A assembleia marcada para 5 de maio deve deliberar sobre essas alterações, o que mantém os papéis do varejista sob forte volatilidade.

No setor de educação, as ações também apresentaram ganhos expressivos, com Cogna (COGN3) subindo 5,55%, Ser Educacional (SEER3) avançando 2,31% e Yduqs (YDUQ3) ganhando 1,72%. Esses movimentos refletem a percepção de que o segmento pode se beneficiar de um ambiente econômico mais estável no Brasil, com maior demanda por cursos superiores e profissionalizantes. Já o setor de papel e celulose operou de forma mista, com Klabin (KLBN11) subindo 0,48% e Suzano (SUZB3) recuando 0,77%.

Por outro lado, o setor aéreo enfrentou um dia de perdas significativas. A Azul (AZUL4) liderou as quedas do Ibovespa, com desvalorização de 8,21%, enquanto a Gol (GOLL4) caiu 0,77%. As companhias aéreas têm sido pressionadas pelas incertezas relacionadas às tarifas automotivas de Trump, que podem impactar o comércio global e a demanda por viagens internacionais. Além disso, a proposta de fusão entre Azul e Gol, que será discutida em audiência pelo Procon-SP, adiciona volatilidade aos papéis do setor.

Impacto das tarifas de Trump no mercado global

As negociações comerciais lideradas pelo governo de Donald Trump continuaram a influenciar os mercados globais. O presidente dos Estados Unidos anunciou a assinatura de um decreto que concede alívio parcial nas tarifas de 25% sobre automóveis, oferecendo créditos de até 15% para montadoras que produzem veículos no país. A medida, segundo o secretário de Comércio, Howard Lutnick, visa incentivar a transferência de cadeias de suprimento para os Estados Unidos, mas gera preocupações em setores como o automotivo e o varejo, que dependem de importações.

A Adidas, por exemplo, anunciou aumento de preços nos Estados Unidos devido às tarifas, enquanto empresas como General Motors e UPS revisaram suas projeções para 2025, com cortes de empregos e adiamento de reuniões com investidores. No México, a presidente Claudia Sheinbaum informou que o país recebeu cerca de 39 mil deportados dos Estados Unidos desde o início do governo Trump, destacando a intensificação das políticas migratórias americanas. Essas movimentações reforçam a percepção de um ambiente de incerteza no comércio global, que impacta diretamente os mercados emergentes, incluindo o Brasil.

No cenário geopolítico, os Estados Unidos impuseram sanções a uma rede sediada no Irã e na China, acusada de adquirir ingredientes para propulsores de mísseis balísticos. A ação, liderada pelo Departamento do Tesouro, visa aumentar a pressão sobre Teerã, mas também afeta as relações comerciais com a China, que suspendeu tarifas sobre importações de etano dos Estados Unidos. Esses desdobramentos mantêm os investidores atentos aos riscos de escalada em conflitos comerciais e geopolíticos.

  • Impactos das tarifas de Trump no mercado:
  • Aumento de preços de produtos importados, como anunciado pela Adidas.
  • Revisão de projeções por empresas americanas, como GM e UPS.
  • Intensificação de políticas migratórias, com reflexos no México.
  • Sanções contra Irã e China, afetando o comércio global.

Cenário econômico doméstico em foco

No Brasil, o cenário econômico foi marcado por indicadores mistos. O Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M), divulgado pela Fundação Getulio Vargas (FGV), registrou alta de 0,24% em abril, após queda de 0,34% em março, pressionado pelo avanço nos preços de produtos agropecuários. A alta inesperada reduz as expectativas de cortes mais agressivos na taxa Selic, reforçando a cautela dos investidores. O analista Sidney Lima, da Ouro Preto Investimentos, destacou que o ambiente inflacionário segue pressionado, o que pode limitar o apetite por risco no mercado acionário.

O Tesouro Nacional, por sua vez, trouxe notícias positivas ao divulgar o superávit primário do governo central. O resultado de R$ 1,096 bilhão em março e R$ 54,532 bilhões no acumulado de 2025 indica um esforço do governo para manter a disciplina fiscal, apesar das pressões por gastos públicos. O secretário do Tesouro, Rogério Ceron, destacou preocupações com a dinâmica do Benefício de Prestação Continuada (BPC) e justificou o adiamento no pagamento de precatórios como medida para aliviar a pressão fiscal.

No setor de energia, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou a recomendação de renovação da concessão da EDP Espírito Santo, a primeira de quase 20 distribuidoras com contratos próximos do vencimento. A decisão pode abrir caminho para a prorrogação de outras concessões, trazendo maior previsibilidade ao setor elétrico. Já a Eletrobras (ELET3) avançou na resolução de disputas com a União, aprovando um acordo que garante três assentos ao governo em seu conselho de administração e encerra litígios no STF.

Perspectivas para o mercado brasileiro

O desempenho do Ibovespa reflete um equilíbrio delicado entre fatores domésticos positivos, como o superávit fiscal e a força do setor financeiro, e incertezas globais, como as tarifas de Trump e a volatilidade nas commodities. A Gerdau (GGBR4), por exemplo, mantém otimismo com sua carteira de encomendas nos Estados Unidos, que supera 70 dias, mas reconhece os desafios impostos pelas políticas comerciais americanas. O vice-presidente de finanças da companhia, Rafael Dorneles Japur, destacou que os volumes de vendas permanecem robustos, especialmente em setores menos afetados pelas tarifas.

No setor de fundos imobiliários, o índice Ifix registrou alta de 0,29%, alcançando 3.404,84 pontos, sinalizando resiliência em um ambiente de juros elevados. Já o índice de volatilidade da bolsa brasileira (VXBR) subiu 0,53%, para 16,92 pontos, indicando que os investidores ainda lidam com incertezas no curto prazo. No mercado de câmbio, o dólar comercial oscilou ao longo do dia, com mínima de R$ 5,620 e máxima de R$ 5,662, mas fechou em leve queda, refletindo a absorção de dados econômicos dos Estados Unidos, como o relatório JOLTs, que mostrou desaceleração no mercado de trabalho americano.

  • Perspectivas para o mercado brasileiro:
  • Manutenção do ciclo de aperto monetário pelo Banco Central.
  • Resiliência do setor financeiro e de energia.
  • Impacto das tarifas americanas em setores como o aéreo e o automotivo.
  • Cautela com indicadores inflacionários, como o IGP-M.

Movimentações políticas e corporativas

No âmbito político, o líder do governo no Senado, Jaques Wagner, defendeu a redução de penas para os envolvidos nos atos de 8 de janeiro, mas sem anistia aos mandantes, em um esforço para aliviar tensões entre o Congresso e o STF. A proposta, articulada por Davi Alcolumbre e Hugo Motta, busca equilibrar a relação entre os poderes, mas enfrenta resistência de setores que defendem punições mais rigorosas. Já o presidente Luiz Inácio Lula da Silva parabenizou o primeiro-ministro do Canadá, Mark Carney, pela vitória nas eleições e expressou interesse em avançar nas negociações de um acordo comercial entre o Mercosul e o Canadá, o que pode abrir novas oportunidades para o Brasil no comércio internacional.

No cenário corporativo, a assembleia de acionistas da Eletrobras marcou um avanço significativo ao aprovar o acordo com a União, que encerra disputas judiciais e reforça a governança da companhia. A escolha de novos membros para o conselho de administração, incluindo nomes indicados pelo governo, como Maurício Tolmasquim, sinaliza maior alinhamento entre a empresa e o poder público. No setor de varejo, a volatilidade das ações do GPA (PCAR3) reflete as expectativas de mudanças estratégicas, enquanto a proposta de fusão entre Azul e Gol segue gerando debates, com o Procon-SP marcando audiência para discutir os impactos para os consumidores.

O setor de saneamento, por outro lado, apresentou quedas moderadas, com Copasa (CSMG3) recuando 0,19%, Sanepar (SAPR11) caindo 0,17% e Sabesp (SBSP3) perdendo 0,45%. Essas movimentações refletem a cautela dos investidores com os desafios regulatórios e os impactos de longo prazo das políticas tarifárias no setor. Já a B3 (B3SA3), operadora da bolsa brasileira, caiu 0,30%, para R$ 13,38, em um dia de menor volume de negociações.

Bolsa de valores ibovespa
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Indicadores econômicos e expectativas futuras

Os indicadores econômicos divulgados ao longo do dia trouxeram um panorama misto para o mercado brasileiro. O relatório JOLTs, que mede as ofertas de emprego nos Estados Unidos, mostrou 7,192 milhões de vagas em março, abaixo das expectativas de 7,490 milhões, sinalizando uma desaceleração no mercado de trabalho americano. A confiança do consumidor, medida pelo Conference Board, caiu para 86,0 em abril, contra 87,7 esperados, reforçando a percepção de cautela nos Estados Unidos. Esses dados impactam diretamente o Brasil, que depende do desempenho da economia americana para exportações e fluxos de capital.

No mercado de câmbio, o Banco Central informou a PTAX de fechamento com compra a R$ 5,6461 e venda a R$ 5,6467, refletindo a estabilidade relativa do dólar frente ao real. A dinâmica inflacionária, no entanto, segue no radar. O IGP-M de abril, com alta de 0,24%, indica pressões nos preços agropecuários, o que pode limitar as possibilidades de flexibilização monetária no curto prazo. O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, reforçou que a meta de inflação de 3% é factível, mas exigirá ajustes graduais na política monetária.

  • Principais indicadores econômicos do dia:
  • IGP-M sobe 0,24% em abril, pressionado por produtos agropecuários.
  • Superávit primário do governo central atinge R$ 54,532 bilhões em 2025.
  • JOLTs nos EUA registra 7,192 milhões de vagas em março.
  • Confiança do consumidor americano cai para 86,0 em abril.

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