Novo confronto em marcha liderada por Evo Morales na Bolívia deixa 8 feridos – Mundo – CartaCapital
O ex-presidente da Bolívia Evo Morales, acompanhado de um grupo estimado em 10 mil apoiadores, chegou nesta segunda-feira 23 à sede do governo em La Paz no desfecho de uma longa marcha contra o atual presidente do país, Luis Arce. Antes de chegar à capital, porém, a manifestação registrou um novo confronto com opositores. O balanço é de que oito pessoas ficaram feridas.
A mobilização que se encerra nesta terça-feira é um protesto, iniciado na semana passada, diante da crise econômica e de uma alegada tentativa de Arce de inviabilizar a candidatura de Morales nas eleições presidenciais de 2025.
Convocada por Morales como uma “Marcha para Salvar a Bolívia”, a ação reflete a crescente rivalidade entre os dois líderes, que já foram aliados históricos. Arce foi ministro da Economia durante os 13 anos de mandato de Morales (2006-2019), mas agora os dois disputam a nomeação pelo Movimento ao Socialismo (MAS) para a próxima eleição presidencial.
Apoiado por Morales, Arce venceu as eleições de 2020. Imagem: Aizar Raldes/AFP
Segundo o jornal boliviano La Razón, Morales foi recebido com gritos de “Evo presidente” por seus apoiadores ao chegar à capital. A confusão, que deixou os feridos, começou logo em seguida: os apoiadores do ex-presidente e defensores de Arce se desentenderam na entrada Central Obrera Boliviana (COB), que registrou uma tentativa de invasão.
Esse foi o terceiro confronto entre manifestantes e opositores ao longo da caminhada. Os outros dois embates também deixaram feridos de ambos os lados.
No primeiro incidente, ocorrido em 18 de setembro, 26 pessoas ficaram feridas em Vila Vila. Outro confronto, no dia 22, deixou mais oito feridos. Arce, em um discurso na TV boliviana, insinuou que Morales estava fomentando uma “guerra civil”, embora não tenha mencionado seu nome diretamente.
Manifestantes pedem por novas eleições. Foto: Aizar Raldes/AFP
Arce também acusa Morales de orquestrar bloqueios em estradas, principalmente nas vias que ligam La Paz ao lago Titicaca. Essa ação, argumenta o atual presidente, faria parte de uma “tentativa de golpe de Estado”. Morales, por sua vez, alega que o atual presidente está utilizando o sistema judiciário para barrar sua candidatura em 2025, após um tribunal ter decidido que a Constituição permite apenas uma reeleição consecutiva.
Apesar da decisão judicial, Morales afirma que pode concorrer, pois já passou um mandato afastado do poder. A disputa entre os ex-aliados pode representar uma fragmentação significativa no partido MAS, afetando o futuro político da Bolívia em um cenário de crescente instabilidade.
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