Diplomático e ligado à esquerda, novo ministro muda perfil do TSE

Paulistano de 67 anos, Antonio Carlos nunca frequentou os holofotes. A discrição, porém, é inversamente proporcional à influência que amealhou perante membros do Judiciário de diversas alas. Discreto, o ministro prefere atuar nos bastidores. Conquista amizades reunindo na sala de seu apartamento, em Brasília, advogados e ministros de tribunais superiores para tocar violão e cantar.

Embora representem ideologias díspares, Antonio Carlos e Nunes Marques costumam formar uma dupla assídua nas festas. O ministro dedilha as cordas do violão para o colega emprestar sua voz a canções antigas brasileiras — em especial, clássicos da Bossa Nova.

Os dois se conheceram em 2010, quando eram advogados. Na época, Antonio Carlos concorria a uma cadeira no STJ e Nunes Marques queria ir para o TRF (Tribunal Regional Federal) da 1ª Região, em Brasília. Ambos foram nomeados. Antonio Carlos frequenta a casa de Nunes Marques, que também é anfitrião de festas animadas.

Mendonça costuma ir às reuniões musicais promovidas por Antonio Carlos. São amigos também desde antes de chegarem às cortes superiores, quando Mendonça era concursado da AGU (Advocacia-Geral da União). Durante a campanha para chegar ao STF, o amigo do STJ chegou a pedir votos aos senadores para ajudar na aprovação de Mendonça.

Outro convidado desses encontros é Dias Toffoli, do STF, que assumirá uma cadeira no TSE em agosto de 2026, às vésperas da próxima eleição presidencial. Antonio Carlos conheceu Toffoli quando ele era subchefe para Assuntos Jurídicos da Casa Civil, cargo que ocupou entre 2003 e 2005, no primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva.

Antonio Carlos chega ao TSE com seu maior diferencial: o perfil diplomático. Com amigos em diversas alas do Judiciário, ele deve contribuir para o aprimoramento do diálogo e o melhor entendimento de integrantes da Corte — ainda que haja divergência nas votações em plenário.



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